a anima\u00e7\u00e3o \u00e9 uma arte adulta<\/a>.<\/p>\nAcho que no mundo inteiro temos essa no\u00e7\u00e3o de que “desenhos s\u00e3o para crian\u00e7as”, e com a quantia brutalmente maior de obras em anima\u00e7\u00e3o saindo para esse p\u00fablico do que para qualquer outro, acho que \u00e9 dif\u00edcil n\u00e3o haver, nas pessoas, pelo menos uma no\u00e7\u00e3o de que a maioria das anima\u00e7\u00f5es \u00e9 mesmo para crian\u00e7as.<\/p>\n
Isso dito, eu acho que n\u00e3o podemos tratar os animes da mesma forma que tratamos, digamos, os desenhos americanos. Porque a anima\u00e7\u00e3o japonesa \u00e9 quase que uma m\u00eddia pr\u00f3pria, por assim dizer. E dentro dessa m\u00eddia voc\u00ea vai, sim, ter os animes mais voltados para crian\u00e7as e adolescentes, como Naruto, Dragon Ball, One Piece, Death Note e por ai vai.<\/p>\n
Mas ao mesmo tempo voc\u00ea tem obras que eu duvido que fossem entreter algu\u00e9m muito jovem. E eu nem me refiro a coisas como Showa ou Joker Game, embora possa incluir, mas penso em coisas como Kino no Tabi, Mushishi, ou mesmo animes que s\u00e3o ridiculamente complexos e intrincados, como Ghost In The Shell Stand Alone Complex, ou Mawaru Penguindrum, s\u00e3o obras que se voc\u00ea der pra uma crian\u00e7a ver, mesmo pra um adolescente (digamos, at\u00e9 uns 15, 16 anos), a crian\u00e7a n\u00e3o vai entender nada.<\/p>\n
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Na minha opini\u00e3o, anime n\u00e3o “\u00e9” de faixa et\u00e1ria alguma, temos obras para todas as idades, desde criancinhas na pr\u00e9 escola (Hamtaro<\/em>), passando por adolescentes (Naruto, Dragon Ball<\/em>), jovens adultos (digamos, Joker Game<\/em>), at\u00e9 mesmo adultos para l\u00e1 dos 30 anos (Master Keaton<\/em>, por exemplo).<\/p>\nIsso dito, eu vou encerrar com uma pequena provoca\u00e7\u00e3o, que \u00e9 a seguinte: que fosse, ent\u00e3o, algo de crian\u00e7a, haveria ai algum problema? Por que temos essa no\u00e7\u00e3o que o que \u00e9 “para crian\u00e7as” \u00e9, de alguma forma, inferior aos demais? Ser “para adultos” \u00e9 algum tipo de “atestado de qualidade” ou de respeito?<\/p>\n
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F\u00e1bio:<\/strong>\u00a0O pr\u00f3prio Vinicius, ao abrir essa conversa, e o Diego depois, trouxeram v\u00e1rios dados, entre estat\u00edsticos e factuais, que mostram sem muito espa\u00e7o para d\u00favidas que pelo menos parte da produ\u00e7\u00e3o de animes, inclusive da produ\u00e7\u00e3o mainstream (ou seja, o anime para TV, ou se preferirem, os “animes de temporada”), tem como p\u00fablico alvo pessoas adultas.<\/p>\nSe elas s\u00e3o apenas hikikomoris<\/em> e outros rejeitos sociais contados em centenas de milhares (um n\u00famero pequeno para o tamanho da popula\u00e7\u00e3o japonesa) eu n\u00e3o vou debater por enquanto, mas ainda assim que se note:\u00a0hikikomoris\u00a0e qualquer um que por qualquer raz\u00e3o desvie do padr\u00e3o da sociedade, vivendo ora dentro dela em posi\u00e7\u00e3o desconfort\u00e1vel, ora como um p\u00e1ria \u00e0 sua margem, continuam sendo adultos.<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n
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Antes de qualificarmos os adultos que assistem anime precisamos primeiro chegar a um acordo sobre eles existirem ou n\u00e3o. E eles existem. E existem animes de conte\u00fado adulto que portanto s\u00f3 podem ser produzidos para eles. O que veio primeiro: adultos consumindo anime ou animes produzidos para consumo adulto?<\/p>\n
Essa quest\u00e3o \u00e9 relevante mas n\u00e3o tratarei dela nessa introdu\u00e7\u00e3o. Se e quando a discuss\u00e3o chegar nesse ponto vamos argumentar e pesquisar sobre isso.<\/p>\n
Sendo isso apenas uma introdu\u00e7\u00e3o, introduzir-me-ei: como muitos brasileiros, meu primeiro anime foi\u00a0Cavaleiros do Zod\u00edaco<\/em>. Eu ainda n\u00e3o sabia o que era anime e portanto n\u00e3o sabia que\u00a0Cavaleiros<\/em>\u00a0era isso. Juro, eu n\u00e3o tinha consci\u00eancia de que aquilo vinha do Jap\u00e3o.<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n
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Claro, devo ter notado isso em alguns momentos, como quando parava para pensar nos nomes deles ou no fato da base de opera\u00e7\u00f5es dos her\u00f3is ser no Jap\u00e3o, mas n\u00e3o \u00e9 como se nosso pa\u00eds tivesse uma tradi\u00e7\u00e3o em anima\u00e7\u00f5es mesmo e eu cresci assistindo-as de toda parte do mundo. Bom, basicamente dos EUA com Hanna Barbera,\u00a0Looney Tunes,\u00a0Ducktales,\u00a0Tom & Jerry<\/em>\u00a0e\u00a0Pica-Pau<\/em>, principalmente, mas como tamb\u00e9m sempre fui f\u00e3 da TV Cultura assistia com alguma frequ\u00eancia desenhos de origem europeia.<\/p>\nBom, a maioria era chato, pensando bem, mas o ponto n\u00e3o \u00e9 esse: anima\u00e7\u00e3o, “desenho”, era algo necessariamente estrangeiro, poderia vir de qualquer lugar do mundo, ent\u00e3o mesmo quando eu percebia a, er, “japonicidade” de\u00a0Cavaleiros do Zod\u00edaco<\/em>, isso simplesmente n\u00e3o me dizia nada.<\/p>\nEu j\u00e1 era adolescente quando assisti\u00a0Cavaleiros do Zod\u00edaco<\/em>. S\u00f3 fui ter consci\u00eancia da ind\u00fastria de anima\u00e7\u00e3o japonesa como algo especial anos depois, assistindo anime em VHS pirata de famosa loja de animes piratas que j\u00e1 sustentou sozinha eventos de anime no bairro da Liberdade por alguns anos.<\/p>\nSaber Marionette J<\/em>\u00a0e\u00a0Love Hina<\/em>, foram esses os primeiros animes que assisti. Em japon\u00eas com legendas em portugu\u00eas, com plena consci\u00eancia de que eram animes (“e n\u00e3o desenhos”, o que levei uns anos para desaprender) e de que isso fazia deles algo especial, diferente das anima\u00e7\u00f5es com as quais eu estava acostumado at\u00e9 ent\u00e3o.<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n
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