Os velhos RPGs de mesa n\u00e3o s\u00e3o o hobby mais popular do momento. As regras s\u00e3o complicadas, os veteranos nem sempre s\u00e3o receptivos aos iniciantes e a simples proeza de se reunir regularmente com um grupo de amigos por horas a fio \u00e9 um desafio a qualquer adulto. Mesmo assim, h\u00e1 uma raz\u00e3o para avivarem a nostalgia dos que cresceram com eles e a curiosidade dos\u00a0novatos. Suas possibilidades s\u00e3o t\u00e3o vastas quando desejaram os jogadores. As regras existem como pretexto, nunca como jaula. Mais do que qualquer outro tipo de jogo, eles t\u00eam limites apenas na imagina\u00e7\u00e3o de seus participantes. E sess\u00e3o ap\u00f3s sess\u00e3o, na medida em que uma hist\u00f3ria coletiva \u00e9 esbo\u00e7ada, o tradicional \u201cjogo de interpreta\u00e7\u00e3o\u201d se aproxima das brincadeiras de faz-de-conta que todos curtimos na inf\u00e2ncia.<\/p>\n
\u00c9 compreens\u00edvel, portanto, que tanto egressos de RPGs de mesa quando saudosos de faz-de-conta se sintam ligeiramente insatisfeitos com o mundo dos videogames. Por mais sofisticado que seja, um software \u00e9 sempre um software, e seus limites jamais ser\u00e3o p\u00e1reo a uma mente f\u00e9rtil. Um mundo virtual \u00e9 sempre o mesmo, independente de quantas vezes o visitamos. A ilus\u00e3o de escolha sacia a imagina\u00e7\u00e3o, mas apenas por um tempo. Basta um pouco de familiaridade para percebermos que as a\u00e7\u00f5es de nosso avatares s\u00e3o cont\u00e1veis; seus caminhos, bin\u00e1rios, e os desfechos de sua jornada, predestinados. Quanto mais os jogos se estabelecem como sucessores do cinema e os gamers se rendem aos confortos da linguagem cinematogr\u00e1fica (com suas trilhas sonoras, dublagem e arcos narrativos l\u00f3gicos), mais o jogador, de protagonista, passa a espectador.<\/p>\n
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