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{"id":6944,"date":"2016-06-20T21:09:13","date_gmt":"2016-06-21T00:09:13","guid":{"rendered":"http:\/\/finisgeekis.com\/?p=6944"},"modified":"2019-02-25T14:25:43","modified_gmt":"2019-02-25T17:25:43","slug":"koe-no-katachi-um-novo-olhar-sobre-o-bullying","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/2016\/06\/20\/koe-no-katachi-um-novo-olhar-sobre-o-bullying\/","title":{"rendered":"“Koe no Katachi”: um novo olhar sobre o bullying"},"content":{"rendered":"

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Quem acompanha a cena de mang\u00e1s j\u00e1 deve ter ouvido falar\u00a0de uma pequena p\u00e9rola que tem ganhado os holofotes nos \u00faltimos tempos.\u00a0Koe no Katachi,\u00a0<\/em>conhecido em ingl\u00eas como\u00a0A Silent Voice<\/em>, \u00e9 um dos destaques\u00a0mais badalados de mem\u00f3ria recente.<\/p>\n

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Originalmente um one-shot,<\/em>\u00a0depois\u00a0<\/em>expandido a\u00a0uma s\u00e9rie completa, a obra faturou o Pr\u00eamio Osamu Tezuka<\/a> para\u00a0novos artistas\u00a0em 2015, foi indicada para o Pr\u00eamio Eisner de 2016<\/a> e ganhou uma anima\u00e7\u00e3o<\/a>, que chegar\u00e1 aos cinemas em setembro. Tanto fora quanto dentro do Jap\u00e3o,\u00a0o mang\u00e1 da autora Yoshitoki Oima tem sido\u00a0um sucesso retumbante.<\/p>\n

N\u00e3o havia como ser diferente.\u00a0Koe no Katachi,\u00a0<\/em>afinal, de contas, trata\u00a0de umas poucas quest\u00f5es que jovens de todos os pa\u00edses e culturas j\u00e1 devem ter testemunhado: o\u00a0bullying<\/em>.<\/p>\n

O que torna o mang\u00e1 t\u00e3o excepcional (e diferente de tantos outros\u00a0seriados sobre a adolesc\u00eancia)\u00a0\u00e9 o seu ponto de vista. Em vez nos\u00a0introduzir ao cotidiano da v\u00edtima, Oima conta sua hist\u00f3ria sob os olhos, justamente, do\u00a0bully.<\/em><\/p>\n

Seu enredo soar\u00e1 familiar a qualquer f\u00e3 de slice of life<\/em>. Uma garota, Shouko Nishimiya, acaba de se transferir para uma nova escola. Tudo estaria bem, n\u00e3o fosse por um pequeno detalhe: Shouko \u00e9 surda.<\/p>\n

\"koe<\/p>\n

Diferente, ela se torna o assunto da vez. Por n\u00e3o conseguir falar direito, o professor a dispensa das atividades orais. A turma sente que ela est\u00e1 sendo privilegiada e resolve atorment\u00e1-la.<\/p>\n

Shouya Ishida, um garoto bagunceiro, dos que passam mais tempo na diretoria do que na sala de aula, v\u00ea em Nishimiya uma oportunidade de ouro. Com crueldade de sobra e v\u00edtimas de menos, ele v\u00ea na colega um alvo perfeito: fraca, impopular e vulner\u00e1vel.<\/p>\n

Insatisfeito em ignor\u00e1-la ou ridiculariz\u00e1-la na frente dos outros, ele escreve insultos em sua carteira, joga seu caderno na \u00e1gua e destr\u00f3i seus aparelhos de surdez.<\/p>\n

\"koe<\/p>\n

Para a surpresa de Ishida (e para a schadenfreude<\/em> de todos que passaram por momentos parecidos) o feiti\u00e7o se volta contra o feiticeiro. Nishimiya muda de escola. O col\u00e9gio \u00e9 obrigado a pagar indeniza\u00e7\u00e3o pelos aparelhos quebrados. A turma e os professores, que antes se divertiam com as pe\u00e7as que Ishida pregava, se voltam contra ele e fazem que com receba toda a culpa.<\/p>\n

\"koe<\/p>\n

O que se segue \u00e9 algo que Ishida jamais imaginaria. Na falta de uma v\u00edtima \u00f3bvia como Nishimiya, seus antigos colegas o escolhem como o novo alvo de bullying<\/em>. De garoto descolado, bad boy <\/em>da sala, Ishida vive o inferno que preparara para Nishimiya. Ele termina a escola sem amigos, desprezado pelos professores e assediado dia ap\u00f3s dia.<\/p>\n

\"koe<\/p>\n

Para a sorte do garoto, o destino tinha uma \u00faltima brincadeira \u00e0 sua espera. O que poderia ser uma li\u00e7\u00e3o de moral sobre o karma se transforma em uma hist\u00f3ria de reden\u00e7\u00e3o. Anos depois, j\u00e1 no ensino m\u00e9dio, o ex-bagunceiro amargurado se encontra com sua antiga v\u00edtima.<\/p>\n

Atormentado pelo remorso, Ishida decide que se tornar\u00e1 uma outra pessoa. Ele aprende linguagem de sinais, retoma contato com seus colegas de inf\u00e2ncia e se compromete a reatar\u00a0com Nishimiya. E, quem sabe, obter ele pr\u00f3prio um\u00a0pouco de paz.<\/p>\n

Justamente por ser um tema t\u00e3o delicado, o bullying <\/em>\u00e9 muitas vezes\u00a0tratado de forma sentimental\u00f3ide.\u00a0Eu mesmo, que entrei em contato com Koe no Katachi <\/em>na mesma \u00e9poca em que escrevi sobre\u00a0The Gods Lie.<\/a><\/em>, demorei para me arriscar no mang\u00e1.<\/p>\n

Ao ler a sinopse, tive a impress\u00e3o de que a hist\u00f3ria degringolaria para uma repeti\u00e7\u00e3o de clich\u00eas vazios sobre a import\u00e2ncia da empatia\u00a0ou\u00a0alguma outra\u00a0platitude.<\/p>\n

Aqueles que sentem uma resist\u00eancia parecida podem respirar aliviados. Koe no Katachi<\/em>\u00a0\u00e9 uma hist\u00f3ria incrivelmente bem contada, sem vil\u00f5es ou mensagens \u00f3bvias.<\/p>\n

Como o que h\u00e1 de\u00a0melhor na fic\u00e7\u00e3o, Yoshitoki Oima\u00a0prefere mostrar a julgar. Em uma de seus decis\u00f5es mais criativas (e sens\u00edveis, em um\u00a0mang\u00e1\u00a0sobre surdez),\u00a0ela deixa o visual contar a\u00a0hist\u00f3ria.<\/p>\n

Ap\u00f3s ser eleito\u00a0o novo bode expiat\u00f3rio da sala, Ishida se torna um adolescente quieto, solit\u00e1rio e revoltado. Sem saber quem responsabilizar pelo sofrimento, ele resolve culpar a todos e viver a vida por conta pr\u00f3pria. Oima\u00a0nos apresenta sua decis\u00e3o como um \u201cX\u201d metaf\u00f3rico sobre os rostos das pessoas.<\/p>\n

\"koe<\/p>\n

Na medida em que Ishida muda e reata a amizade com seus antigos colegas, seus r\u00f3tulos\u00a0come\u00e7am a cair.<\/p>\n

\"koe<\/p>\n

Em outro momento,\u00a0Oima\u00a0nos d\u00e1 uma amostra do universo\u00a0de Nishimiya.\u00a0No espa\u00e7o de algumas p\u00e1ginas, somos convivados a \u201cescutar\u201d o mundo como a garota: frases incompletas e entrecortadas, filtradas pelo seu aparelho de surdez.<\/p>\n

\"koe<\/p>\n

Bullying: um problema japon\u00eas?\u00a0<\/strong><\/h3>\n

N\u00e3o \u00e9 dif\u00edcil entender a popularidade de Koe no Katachi. <\/em>Junto com as mortes por excesso de trabalho<\/a>\u00a0e os adultos que se recusam a sair de casa<\/a>,\u00a0bullying <\/em>no Jap\u00e3o \u00e9 um daqueles temas que ganha com frequ\u00eancia um espa\u00e7o nas manchetes.<\/p>\n

O pa\u00eds, que j\u00e1 tem um enorme \u00edndice de suic\u00eddio, registra um recorde de mortes de jovens <\/a>em 1\u00ba de setembro, dia de volta \u00e0s aulas ap\u00f3s as f\u00e9rias de ver\u00e3o. Para alguns, o motivo\u00a0\u00e9 justamente\u00a0a\u00a0crueldade dos\u00a0colegas de sala.<\/p>\n

Bullying\u00a0<\/em>\u00e9 um problema universal, mas\u00a0os abusos que os jovens japoneses sofrem n\u00e3o s\u00e3o necessariamente iguais aos de seus colegas em outros pa\u00edses. O\u00a0ijime\u00a0<\/em>(como a pr\u00e1tica \u00e9 conhecida no\u00a0Jap\u00e3o) tem algumas peculiaridades.<\/p>\n

L\u00e1, o ass\u00e9dio\u00a0\u00e9 muito mais psicol\u00f3gico<\/a>\u00a0do que f\u00edsico e geralmente acontece entre alunos de uma mesma turma. Ao contr\u00e1rio do clich\u00ea americano, ele n\u00e3o \u00e9 praticado por um ou dois \u201cvalent\u00f5es\u201d, mas por grupos muito grandes de pessoas, quando n\u00e3o por uma classe inteira. Em alguns casos, com participa\u00e7\u00e3o at\u00e9 mesmo do professor.<\/p>\n

Curiosamente, a despeito da agress\u00e3o f\u00edsica\u00a0retratada em\u00a0Koe no Katachi<\/em>, essa vers\u00e3o “dissimulada” do\u00a0Ijime\u00a0<\/em>parece muito mais pr\u00f3xima do que a pr\u00f3pria autora se lembra de seus anos de col\u00e9gio. Como ela disse em uma entrevista<\/a>:<\/p>\n

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Kodansha Comics:\u00a0<\/strong> Voc\u00ea tem alguma experi\u00eancia pessoal com\u00a0bullying,\u00a0<\/em>ou com ser v\u00edtima de\u00a0bullying<\/em>?<\/p>\n

Yoshitoki Oima:\u00a0<\/strong>Na vida real,\u00a0bullying\u00a0<\/em>n\u00e3o \u00e9 muito vis\u00edvel na superf\u00edcie. \u00c0s vezes voc\u00ea pode dizer que algu\u00e9m est\u00e1 falando pelas suas costas, mas eu nunca fui longe o suficiente para confirmar. Ent\u00e3o eu n\u00e3o sei. Eu n\u00e3o encararia aquilo como\u00a0bullying,\u00a0<\/em>mas eu ainda tenho umas impress\u00f5es negativas daquilo. Eu pararia por ali.<\/p>\n<\/blockquote>\n

O ijime<\/em> tamb\u00e9m pode durar muito mais tempo do que o bullying <\/em>com que estamos acostumados. Enquanto que no Ocidente \u00e9 comum que bullies <\/em>se \u201ccansem\u201d ou escolham outras v\u00edtimas, no Jap\u00e3o um indiv\u00edduo pode ser abusado dia ap\u00f3s dia durante toda a sua vida escolar.<\/p>\n

Para alguns<\/a>, esse tipo de bullying <\/em>\u00e9 um problema que vai al\u00e9m dos muros da escola.\u00a0H\u00e1 uma press\u00e3o t\u00e3o grande para que pessoas se juntem ao grupo, sejam parecidas e se comportem do mesmo jeito que aqueles que se sobressaem\u00a0se tornam\u00a0\u00a0v\u00edtimas de ataque.<\/p>\n

Como disse uma aluna entrevistada<\/a> pela CNN:<\/p>\n

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No Jap\u00e3o, voc\u00ea precisa entrar na linha das outras pessoas. E se voc\u00ea n\u00e3o consegue fazer isso, voc\u00ea \u00e9 ignorada ou sofre bullying. <\/em>[Todo mundo] precisa ter uma opini\u00e3o unificada, e isto destroi o que h\u00e1 de \u00fanico em cada pessoa.<\/p>\n<\/blockquote>\n

O problema, como Koe no Katachi <\/em>mostra t\u00e3o bem, \u00e9 que essa mentalidade torna quase imposs\u00edvel combater o bullying. <\/em>Em um lugar em que todos devem abaixar a cabe\u00e7a e se misturar \u00e0 multid\u00e3o, chamar a aten\u00e7\u00e3o (ou mesmo tentar ajudar) uma crian\u00e7a que sofre ijime <\/em>pode causar mais estragos do que n\u00e3o fazer nada.<\/p>\n

\u00c9 o que o mang\u00e1 de Oima\u00a0nos prova\u00a0logo de\u00a0in\u00edcio. Para tentar integrar Shouko \u00e0 turma, uma das professoras de sua escola decide for\u00e7ar os alunos a aceit\u00e1-la no coral da classe. Shouko, que \u00e9 surda, n\u00e3o tem a menor capacidade de cantar e acaba estragando a performance da sala.<\/p>\n

\"nishimiya<\/p>\n

Os alunos ficam com raiva e passam a odi\u00e1-la. O que era para ser uma tentativa de unir a turma acaba transformando Shouko na inimiga da sala, algu\u00e9m que, aos olhos do colega \u201cmerece\u201d\u00a0tudo o que sofre.<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 por acaso que, ao longo da hist\u00f3ria, Shouko continuamente pede desculpas a seus colegas e (quase) nunca deixa escapar a sua tristeza. O que pode parecer uma certa \u201cnobreza de esp\u00edrito\u201d \u00e9, na verdade, a culpa por ter bagun\u00e7ado o status quo. Shouko se sente perseguida menos por ser surda do que por ser aquela que, mesmo sem querer, foi a respons\u00e1vel por tanta confus\u00e3o.<\/p>\n

\"koe<\/p>\n

Um excesso de disciplina?<\/strong><\/h3>\n

Quando pensamos em comportamentos como esse, \u00e9 f\u00e1cil\u00a0colocar a culpa na desordem. Afinal de contas, se tudo corresse segundo as regras, abusos como os sofridos por Shouko\u00a0n\u00e3o aconteceriam.<\/p>\n

Curiosamente, alguns estudiosos<\/a> acreditam que o problema seja justamente o contr\u00e1rio. Por mais estranho que possa parecer, jovens japoneses torturam seus colegas porque seu ensino funciona (ao menos no papel)\u00a0bem demais.<\/strong><\/p>\n

As escolas japonesas t\u00eam hierarquias muito fortes, regras em excesso\u00a0e pouca intimidade entre estudantes\u00a0e professores. Os alunos\u00a0n\u00e3o devem cuidar apenas de seus estudos, mas do pr\u00f3prio col\u00e9gio. Tarefas comuns, como limpeza, n\u00e3o s\u00e3o feitas por funcion\u00e1rios, mas pelos pr\u00f3prios jovens.<\/p>\n

Se por um lado isso estimula um sentimento de comunidade, por outro cria a ideia de que o \u201cbem da escola\u201d \u00e9 maior do que as preocupa\u00e7\u00f5es de um \u00fanico aluno. Com tantas obriga\u00e7\u00f5es e metas para cumprir, o desconforto de um \u00fanico estudante se torna um problema \u201cmenor\u201d dentro das preocupa\u00e7\u00f5es do col\u00e9gio.<\/p>\n

Com os professores n\u00e3o \u00e9 diferente. Como nos conta<\/a> um\u00a0americano que trabalhou dando\u00a0aulas no Jap\u00e3o, os docentes t\u00eam tantas obriga\u00e7\u00f5es que simplesmente carecem de\u00a0tempo para lidar com os problemas dos alunos.<\/p>\n

Pior: em raros casos, eles ativamente encorajam <\/strong>o bullying <\/em>para manter a turma em ordem. Diante de turmas bagunceiras e sem autoridade para dar um basta nas maldades, alguns professores elegem um \u201cpalha\u00e7o\u201d e permitem que os alunos de divirtam \u00e0s custas dele.<\/p>\n

\u00c9 justamente essa crueldade\u00a0que\u00a0Koe no Katachi\u00a0<\/em>nos mostra sem rodeios.\u00a0A diretoria\u00a0s\u00f3 toma provid\u00eancias em rela\u00e7\u00e3o a Nishimiya quando a pr\u00f3pria escola passa a correr risco de ser investigada. O professor a considera um problema e chama a m\u00e3e de “ego\u00edsta” por jog\u00e1-la nos bra\u00e7os dos outros. O bem da turma, afinal de contas, vem em primeiro lugar.<\/p>\n

\"koe<\/p>\n

Mesmo Ishida, o\u00a0bully\u00a0<\/em>por excel\u00eancia, n\u00e3o \u00e9 um simples mau-car\u00e1ter. O garoto \u00e9 filho de uma m\u00e3e solteira que passa o dia inteiro trabalhando. Sem uma fam\u00edlia que funcione como tal, ele n\u00e3o tem ningu\u00e9m em quem se espelhar… ou \u00a0com quem passar o tempo.<\/p>\n

\"koe<\/p>\n

Oima provavelmente s\u00f3 estava pensando no seu enredo, mas fez um trabalho digno de uma tese de sociologia.\u00a0Segundo alguns psic\u00f3logos<\/a>, crian\u00e7as criadas em fam\u00edlias sem pais (em japon\u00eas,\u00a0tanshinfunin<\/em>) t\u00eam uma predisposi\u00e7\u00e3o a virarem\u00a0bullies<\/em>.<\/p>\n

Com a rotina de trabalho endiabrada do Jap\u00e3o e as press\u00f5es do mundo corporativo, fam\u00edlias t\u00eam menos oportunidades para exercer autoridade. \u00a0Tal como os professores de\u00a0Ishida e Nishiyima, filhos\u00a0problem\u00e1ticos s\u00e3o um fardo que\u00a0s\u00e3o obrigadas a delegar.<\/p>\n

\u00c9 uma justificativa\u00a0bem clemente dos\u00a0bullies,\u00a0<\/em>mas talvez nisto esteja a maior for\u00e7a do mang\u00e1. \u00c9 muito f\u00e1cil tomar partido contra as injusti\u00e7as, criticar a maldade, desejar dar as m\u00e3os aos nossos amigos e construir um mundo melhor.<\/p>\n

Bem mais dif\u00edcil \u00e9 encarar o mundo pelos olhos dos pr\u00f3prios “injustos” e entender\u00a0qu\u00e3o sutil \u00e9 realmente a “maldade”. \u00c9 desconfort\u00e1vel descobrir\u00a0como mesmo pessoas boas s\u00e3o capazes de ferir outras, e pessoas ruins podem provocar um sofrimento imenso fazendo apenas\u00a0bondades.<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 f\u00e1cil equilibrar essas nuances com toda a emo\u00e7\u00e3o de um\u00a0slice of life <\/em>de\u00a0melodrama<\/a>.\u00a0Koe no Katachi<\/em>, felizmente, n\u00e3o \u00e9 um mang\u00e1\u00a0como\u00a0qualquer outro.<\/p>\n

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