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{"id":5293,"date":"2016-05-17T08:56:36","date_gmt":"2016-05-17T11:56:36","guid":{"rendered":"http:\/\/finisgeekis.com\/?p=5293"},"modified":"2019-03-02T16:38:16","modified_gmt":"2019-03-02T19:38:16","slug":"3-jogos-para-entender-a-primeira-guerra-mundial-antes-de-battlefield-1","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/2016\/05\/17\/3-jogos-para-entender-a-primeira-guerra-mundial-antes-de-battlefield-1\/","title":{"rendered":"3 jogos para entender a Primeira Guerra Mundial (antes de ‘Battlefield 1’)"},"content":{"rendered":"

No mundo dos games existem alguns mandamentos n\u00e3o-escritos. At\u00e9 pouco tempo atr\u00e1s, “N\u00e3o ambientar\u00e1s teu jogo na Primeira Guerra Mundial” estava no topo da lista.<\/p>\n

De fato, se a Segunda Guerra Mundial \u00e9 um dos per\u00edodos hist\u00f3ricos mais abordados<\/a>\u00a0de todo o meio, a Primeira sempre mereceu\u00a0notas de rodap\u00e9. Ou, no melhor das hip\u00f3teses, uma men\u00e7\u00e3o indireta\u00a0em algum t\u00edtulo\u00a0grand strategy<\/em>.<\/p>\n

<\/p>\n

As raz\u00f5es<\/a> j\u00e1 foram ditas e repetidas. Batalhas em trincheiras s\u00e3o paradas demais. Os motivos que levaram \u00e0\u00a0guerra s\u00e3o complexos, e n\u00e3o h\u00e1 nenhum Hitler\u00a0para nos servir de vil\u00e3o \u00f3bvio.<\/p>\n

\"wolfenstein-3d-hitler-ebf85\"<\/p>\n

At\u00e9, claro, Battlefield 1.\u00a0<\/em>O novo hit da DICE , anunciado para outubro, promete finalmente tirar\u00a0a “Guerra para Acabar com Todas as Guerras” do esquecimento.<\/p>\n

Isso tudo \u00e9\u00a0verdade, mas nem tanto.\u00a0A despeito da falta de amor do mercado AAA, muitos desenvolvedores ao longo dos anos\u00a0arrega\u00e7aram as mangas para criar jogos interessant\u00edssimos sobre o primeiro grande conflito total.<\/p>\n

Sem as algemas de or\u00e7amentos milion\u00e1rios ou a press\u00e3o midi\u00e1tica da\u00a0E3, alguns est\u00fadios\u00a0\u00a0conseguiram produzir jogos que n\u00e3o s\u00f3 n\u00e3o ignoraram\u00a0o que fez a Primeira Guerra t\u00e3o peculiar, como tiveram sucesso\u00a0justamente por isso.<\/p>\n

Estejam voc\u00eas ansiosos por\u00a0Battlefield 1,\u00a0<\/em>ou apenas animados\u00a0em ver a Primeira Guerra finalmente conquistar os holofotes,\u00a0abaixo\u00a0v\u00e3o tr\u00eas jogos (dos mais diferentes g\u00eaneros)\u00a0para\u00a0entender por que 1914-1918 foram os anos que inauguraram o mundo contempor\u00e2neo.<\/p>\n

1) Verdun 1914-1918\u00a0<\/strong><\/h3>\n

\"`Verdun<\/p>\n

De todos os games da lista, Verdun 1914-18<\/a> <\/em>certamente \u00e9 o que chega mais perto do que esperamos de Battlefield 1. <\/em>Tal como o novo lan\u00e7amento da DICE, o game \u00e9 um FPS ambientado na Primeira Guerra.<\/p>\n

Encarnando soldados alem\u00e3es, franceses, americanos, ingleses ou canadenses, jogadores podem reviver algumas das batalhas mais sangrentas do Front Ocidental. Combates\u00a0em trincheiras n\u00e3o s\u00e3o coisa f\u00e1cil de se reproduzir em videogames, mas Verdun <\/em>faz um \u00f3timo trabalho em retratar a claustrofobia e carnificina da guerra de atrito.<\/p>\n

\"verdun<\/p>\n

Em seu principal modo de partida, Frontlines<\/em>, os jogadores precisam defender suas posi\u00e7\u00f5es e ganhar terreno sobre as linhas inimigas.<\/p>\n

Em dados momentos, ordens de avan\u00e7o s\u00e3o proferidas, e os soldados devem escalar suas trincheiras e investir contra seus inimigos. Se o ataque for mal sucedido, a debandada \u00e9 soada, e os jogadores tem de correr de volta ao seu ref\u00fagio e defend\u00ea-lo a todo custo.<\/p>\n

\"verdun<\/p>\n

O \u201cpulo do gato\u201d \u00e9 que obedecer aos comandos n\u00e3o \u00e9 uma alternativa. Recusar-se a recuar ou atacar as linhas inimigas pode fazer\u00a0com que o jogador seja automaticamente executado por deser\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

O resultado \u00e9 um jogo incrivelmente tenso, que captura com vigor\u00a0o desespero\u00a0de avan\u00e7ar contra balas\u00a0de metralhadora, ou de escutar os assobios das bombas e saber que a trincheira onde estamos presos\u00a0est\u00e1 prestes a ser obliterada.<\/p>\n

Adicione a isso arame farpado, g\u00e1s venenoso, po\u00e7as de lama e ataques noturnos e temos um jogo que reproduz como poucos outros o estresse do front. Verdun <\/em>pode dar nos nervos de quando em quando, mas nunca falha em nos deixar colados ao monitor.<\/p>\n

\"verdun<\/p>\n

O game n\u00e3o possui uma campanha single-player nem um bot mode<\/em>, mas isso n\u00e3o deve dissuadir f\u00e3s de Battlefield<\/em>. Afinal, desde o original 1942<\/em>\u00a0o carro chefe da franquia foi sempre as batalhas coletivas.<\/p>\n

2) Valiant Hearts: The Great War<\/strong><\/h3>\n

\"Valiant-Hearts-The-Great-War-Franzosen-im-Angriff.jpg\"<\/p>\n

Valiant Hearts <\/em>\u00e9 um adventure game<\/em> com tra\u00e7o cartunesco que n\u00e3o tem nada de inocente. Por meio de quebra-cabe\u00e7as e uma narrativa visual e minimalista, o jogo nos empurra para a brutalidade das trincheiras, a mis\u00e9ria dos civis e os\u00a0milh\u00f5es que perderam a vida entre 1914 e 1918.<\/p>\n

\"valiant<\/p>\n

Produzido na Fran\u00e7a e lan\u00e7ado em 2014, exatos 100 anos ap\u00f3s o in\u00edcio do conflito, ele\u00a0\u00a0<\/em>\u00e9 o jogo \u201coficial\u201d da Primeira Grande Guerra: foi lan\u00e7ado em parceria com a Mission Centenaire 14-18<\/a>, <\/em>uma iniciativa do governo franc\u00eas para preservar a mem\u00f3ria do conflito.<\/p>\n

O game\u00a0acompanha a vida de quatro pessoas unidas pelo embate. Karl, um alem\u00e3o que vive na Fran\u00e7a, \u00e9 for\u00e7ado a retornar ao seu pa\u00eds natal e lutar contra a fam\u00edlia que o acolheu. Seu sogro, \u00c9mile, \u00e9 enviado \u00e0 trincheira oposta. Anna \u00e9 uma estudante belga que se torna enfermeira, e Freddie, um volunt\u00e1rio americano em busca de vingan\u00e7a.<\/p>\n

\"valian<\/p>\n

Valiant Hearts <\/em>\u00e9 um jogo militar tanto quanto O T\u00famulo dos Vagalumes<\/a> <\/em>\u00e9 um filme de guerra. Dizer que \u00e9 \u201cpacifista\u201d n\u00e3o \u00e9 exatamente errado, mas n\u00e3o chega perto de sua proposta. Entre 1914 e 1918, n\u00e3o existiam vil\u00f5es \u00f3bvios, e a produ\u00e7\u00e3o da Ubisoft deixa claro que todos estavam \u00e0 merc\u00ea de\u00a0uma situa\u00e7\u00e3o\u00a0sobre a qual n\u00e3o tinham poder.<\/p>\n

Como eu mesmo disse em uma das primeiras colunas do Finisgeekis<\/a>, a\u00a0inten\u00e7\u00e3o do game n\u00e3o \u00e9 passar uma li\u00e7\u00e3o de moral, ou nos ensinar “a hist\u00f3ria” para que ela n\u00e3o se repita. \u00c9, t\u00e3o e simplesmente,\u00a0\u00a0celebrar a dor e o sacrif\u00edcio daqueles que viveram \u2013 e morreram \u2013 nesse per\u00edodo t\u00e3o sombrio.<\/p>\n

\"valiant<\/p>\n

Como era de se esperar do selo Ubi Art (que tamb\u00e9m trouxe o excelente Child of Light<\/a><\/em>), Valiant Hearts <\/em>\u00e9 acess\u00edvel sem ser boc\u00f3 e entrega\u00a0tanto\u00a0para\u00a0veteranos de adventure games <\/em>quanto para\u00a0gamers mais casuais.<\/p>\n

Que o jogo tenha tido a coragem de abordar um tema t\u00e3o s\u00e9rio de maneira t\u00e3o leve \u00e9 uma fa\u00e7anha \u2013 e uma li\u00e7\u00e3o a ser estudada\u00a0pela ind\u00fastria.\u00a0 Em um mercado infestado de refer\u00eancias batidas aos anos 1990 e ladainhas\u00a0adolescentes de hipsters de 30 anos, Valiant Hearts <\/em>nos emociona com uma hist\u00f3ria que chora por ser contada, e que prova acima de qualquer suspeita que h\u00e1 espa\u00e7o para arte nos games.<\/p>\n

\"Valiant-Hearts-Gameplay-6\"<\/p>\n

Quando falo em \u201cemocionar\u201d, n\u00e3o estou sendo leviano. O game\u00a0<\/em>tem um dos finais mais belos e depressivos\u00a0da hist\u00f3ria da m\u00eddia\u00a0e\u00a0levou at\u00e9 cr\u00edticos profissionais<\/a> \u00e0s l\u00e1grimas. Embarque com f\u00e9 nesse trem de feels<\/em>, mas n\u00e3o se esque\u00e7a da caixa de len\u00e7os.<\/p>\n

\u00a0<\/strong><\/p>\n

3) Commander: The Great War<\/strong><\/h3>\n

\"commander<\/p>\n

Fidelidade hist\u00f3rica e dificuldade excruciante geralmente s\u00e3o coisas que atribu\u00edmos \u00e0 Paradox. De fato, o est\u00fadio que trouxe Europa Universalis <\/em>n\u00e3o deixou a Grande Guerra batida. Victoria II<\/a> <\/em>permite que acompanhemos qualquer na\u00e7\u00e3o do globo entre 1836 e 1936. J\u00e1 Darkest Hour: A Hearts of Iron Game<\/a> <\/em>\u00e9 um mod de Hearts of Iron II <\/em>que nos joga de cabe\u00e7a no conflito de 1914.<\/p>\n

Para quem j\u00e1 gabaritou os games do est\u00fadio, ou apenas deseja buscar novos ares, pode experimentar Commander: The Great War<\/a>. <\/em>Trata-se, sem mais nem menos, do\u00a0jogo definitivo para quem n\u00e3o tem medo de complexidade ou de telas de game over.<\/p>\n

\"commander<\/p>\n

Commander: The Great War<\/em> \u00e9\u00a0 wargame <\/em>das antigas, com direito a um grid hexagonal, turnos longos e um visual retr\u00f4 mimetizando um tabuleiro.<\/p>\n

N\u00e3o deixem a apar\u00eancia datada intimid\u00e1-los. O jogo \u00e9 um verdadeiro triunfo de gameplay balanceado e tem sucesso em\u00a0um feito raro: suas mec\u00e2nicas s\u00e3o incrivelmente f\u00e1ceis de se aprender, mas estupidamente dif\u00edceis de se dominar.<\/p>\n

Da poltrona dos generais, temos uma vis\u00e3o \u201ca\u00e9rea\u201d do conflito, mobilizando regimentos e orientando a produ\u00e7\u00e3o industrial. O sistema de batalhas \u00e9 intuitivo e divertido. A \u00e1rvore tecnol\u00f3gica \u00e9 simples, e as\u00a0poucas mec\u00e2nicas de economia n\u00e3o chegam aos p\u00e9s do hermetismo t\u00edpico do grand strategy.<\/em><\/p>\n

\"commander<\/p>\n

O diferencial, no entanto, <\/em>\u00e9 a escala das coisas. Se na maioria dos games controlamos pa\u00edses, Commander: The Great War <\/em>nos obriga a assumir todas as fac\u00e7\u00f5es mobilizadas<\/strong>.<\/p>\n

Jogadores devem controlar a for\u00e7a de todas<\/strong> as a\u00e7\u00f5es da Tr\u00edplice Entente ou dos Poderes Centrais em todos<\/strong> os teatros de guerra. Escalar as trincheiras inimigas n\u00e3o \u00e9 suficiente. \u00c9 necess\u00e1rio ter olhos abertos para o B\u00e1ltico, o Oriente M\u00e9dio, os Balkans e os Estados Unidos. Tudo ao mesmo tempo. <\/strong><\/p>\n

N\u00e3o importa qu\u00e3o experiente voc\u00ea seja: n\u00e3o espere uma blitzkrieg <\/em>t\u00edpica dos jogos Total War<\/em>. Commander: The Great War <\/em>deixa muito claro o que \u00e9 uma guerra de atrito. Avan\u00e7os s\u00e3o lentos, unidades causam poucos danos, vit\u00f3rias t\u00e1ticas s\u00e3o ef\u00eameras. Para triunfar, \u00e9 preciso pensar no longo prazo \u2013 contra uma\u00a0intelig\u00eancia artificial demon\u00edaca, mesmo na dificuldade mais piedosa.<\/p>\n

O jogo \u00e9 t\u00e3o, mas t\u00e3o realista que\u00a0torna\u00a0at\u00e9 dif\u00edcil “desviar” da hist\u00f3ria. Se nos games da\u00a0Paradox \u00a0\u00e9 poss\u00edvel resistir aos mong\u00f3is, descobrir a Am\u00e9rica com os romanos\u00a0ou transformar o Imp\u00e9rio do Brasil na grande pot\u00eancia do globo,\u00a0em\u00a0Commander: The Great War\u00a0<\/em>reescrever o final da guerra exige esfor\u00e7o monumental.<\/p>\n

N\u00e3o importa quanto nos esforcemos: o reino da S\u00e9rvia dificilmente resistir\u00e1 \u00e0 \u00c1ustria-Hungria. Os russos sempre sucumbir\u00e3o ao bolchevismo. Os rebeldes \u00e1rabes e suas armas pr\u00e9-hist\u00f3ricas funcionam como\u00a0bucha de canh\u00e3o contra os igualmente jur\u00e1ssicos otomanos,\u00a0mas jamais\u00a0resistir\u00e3o a um ex\u00e9rcito avan\u00e7ado.<\/p>\n

Isso pode ser bom ou ruim, dependendo do que o f\u00e3 de estrat\u00e9gia tiver como prioridade.\u00a0S\u00f3 n\u00e3o espere terminar o jogo r\u00e1pido, ou\u00a0derrot\u00e1-lo de primeira. Se existisse um trof\u00e9u\u00a0“git gud”\u00a0<\/em>de sadismo em videogames,\u00a0Commander: The Great War\u00a0<\/em>seria\u00a0hors concours.\u00a0<\/em><\/p>\n

B\u00f4nus:\u00a0Bioshock Infinite e Red Dead Redemption<\/strong><\/h3>\n

\"bioshock<\/p>\n

Como quem a jogou sabe muito bem, a sequel <\/em>da obra-prima de Ken Levine n\u00e3o \u00e9 um game sobre a Primeira Guerra. No entanto, o jogo \u00e9 uma das reflex\u00f5es mais interessantes \u2013 e menos \u00f3bvias \u2013 do grande conflito de 100 anos atr\u00e1s.<\/p>\n

Bioshock: Infinite <\/em>se passa em 1912, mas seu futurismo steampunk <\/em>antecipa muito da tecnologia que se tornaria habitual entre 1914 e 1918. No jogo, a pistola nada mais \u00e9 do que a Mauser C96<\/a>, uma das armas mais famosas do ex\u00e9rcito alem\u00e3o. O sniper<\/a> \u00e9 o\u00a0Springfield 1903<\/a>, fuzil padr\u00e3o da infantaria americana em 1917. E o ic\u00f4nico Triple R<\/a> \u00e9 a Bergmann MP18<\/a>, uma submetralhadora experimental usada pelos alem\u00e3es no final da guerra.<\/p>\n

\"Triple-r_ad_1<\/p>\n

\"bergmann\"<\/p>\n

F\u00e3s de FPSs contempor\u00e2neos poder\u00e3o estranhar a tecnologia centen\u00e1ria que Battlefield 1 <\/em>quer trazer \u00e0 tona. Veteranos da saga de Booker de Witt, no entanto, sentir-se-\u00e3o em casa no game da DICE.<\/p>\n

A maior refer\u00eancia do jogo, por\u00e9m, n\u00e3o est\u00e1\u00a0em seus detalhes,\u00a0mas em seus temas. Bioshock: Infinite <\/em>nos leva a uma cidade fict\u00edcia que encarna \u00e0s \u00faltimas consequ\u00eancias do extremismo pol\u00edtico do in\u00edcio do s\u00e9culo XX.<\/p>\n

O mesmo extremismo que, com o assassinato do Arquiduque Ferdinando, levaria a uma espiral de destrui\u00e7\u00e3o nunca antes vista na hist\u00f3ria.\u00a0\u00c9, entre outras coisas, a \u00e9poca em que os EUA, ent\u00e3o um pa\u00eds isolacionista, come\u00e7ava a mostrar\u00a0as garras como futura pot\u00eancia mundial.<\/p>\n

\"bioshock\"<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 \u00e0 toa que boa parte da iconografia da cidade voadora de Columbia \u00e9 baseada diretamente em material contempor\u00e2neo \u00e0 Grande Guerra. Inclusive um de seus mais famosos p\u00f4steres de propaganda:<\/p>\n

\"daddy<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 \u00e0 toa, tamb\u00e9m, que Zachary Comstock, o l\u00edder da metr\u00f3pole voadora de Columbia, fez sua carreira na Rebeli\u00e3o dos Boxers<\/a>. Foi, n\u00e3o por acaso,\u00a0uma das primeiras interven\u00e7\u00f5es militares americanas em terras estrangeiras. Interven\u00e7\u00f5es que, com os 14 Pontos<\/a> de Woodrow Wilson e a Liga das Na\u00e7\u00f5es<\/a>, se tornariam a nova regra.<\/p>\n

\"red

“Strange times we live in, partner. Strange times.”<\/p><\/div>\n

Red Dead Redemption,<\/em>\u00a0o faroeste mundo-aberto da\u00a0Rockstar,\u00a0<\/em>aborda essa mudan\u00e7a de forma ainda mais expl\u00edcita. A trama se inicia em 1910 e nos leva at\u00e9 1914, quando a guerra tinha acabado de ser declarada, e os americanos a encaravam ainda como um pequeno conflito que acabaria em algumas semanas.<\/p>\n

\"red<\/p>\n

John Marston, nosso protagonista, n\u00e3o \u00e9 um fora da lei no sentido de que \u00e9 um criminoso (mesmo que j\u00e1 tenha participado de uma gangue), mas porque est\u00e1 \u201cfora do sistema\u201d em um mundo industrializado onde n\u00e3o mais tem espa\u00e7o.<\/p>\n

A transi\u00e7\u00e3o de New\u00a0Austin e M\u00e9xico para West Elizabeth, no terceiro ato do jogo, \u00e9 tamb\u00e9m a evolu\u00e7\u00e3o dos Estados Unidos da fronteira e liberdade irrestrita ao Estado forte e militarizado da Prohibition<\/em>, da linha de montagem e das guerras mundiais.<\/p>\n

\u00c9 simb\u00f3lico que Marston comece sua jornada com o rifle Winchester<\/a>, a arma que “conquistou o oeste”, e a termine a bordo de\u00a0um carro blindado da Primeira Guerra, fuzilando inimigos com uma metralhadora Browning<\/a>.<\/p>\n

\"red<\/p>\n

Talvez o mais interessante na Primeira Guerra n\u00e3o sejam nem os tanques, os ataques com baioneta ou os duelos a\u00e9reos do Bar\u00e3o Von Richthofen, mas essas\u00a0\u00a0consequ\u00eancias mais sutis.<\/p>\n

\u00c9 verdade que a Segunda Guerra Mundial foi o conflito mais mort\u00edfero da hist\u00f3ria. E \u00e9 tamb\u00e9m verdade que a Guerra Fria nos colocou no lugar em que estamos hoje.<\/p>\n

Contudo, o conflito de 1914-1918 foi o chacoalh\u00e3o que nos lan\u00e7ou ao mundo moderno, que enterrou os velhos imp\u00e9rios e inaugurou os novos pa\u00edses, que ditou que a industrializa\u00e7\u00e3o, era o caminho, que as cidades ultrapassariam o campo e que a vida pacata de outrora, daqui para a frente, \u00a0s\u00f3 existiria\u00a0na fantasia<\/a>.<\/p>\n

Que a “nova moda” da Primeira Guerra – se moda ela de fato se tornar – seja uma oportunidade para vermos n\u00e3o apenas Mark 1<\/a>s e Fokkers<\/a>, mas tudo isso com maior frequ\u00eancia.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

No mundo dos games existem alguns mandamentos n\u00e3o-escritos. At\u00e9 pouco tempo atr\u00e1s, “N\u00e3o ambientar\u00e1s teu jogo na Primeira Guerra Mundial” estava no topo da lista. De fato, se a Segunda Guerra Mundial \u00e9 um dos per\u00edodos hist\u00f3ricos mais abordados\u00a0de todo o meio, a Primeira sempre mereceu\u00a0notas de rodap\u00e9. Ou, no melhor das hip\u00f3teses, uma men\u00e7\u00e3o […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":5411,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"spay_email":"","jetpack_publicize_message":"","jetpack_is_tweetstorm":false},"categories":[580,21],"tags":[65,94,158,175,330,420,422,427],"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/i2.wp.com\/www.finisgeekis.com\/wp-content\/uploads\/2016\/05\/battlefield-1.jpg?fit=1377%2C864&ssl=1","jetpack_publicize_connections":[],"jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/p9rUzW-1nn","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/5293"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=5293"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/5293\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":21652,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/5293\/revisions\/21652"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media\/5411"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=5293"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=5293"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=5293"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}