![\"\"](\"https:\/\/i0.wp.com\/www.finisgeekis.com\/wp-content\/uploads\/2020\/07\/click-here-2.png?resize=788%2C123\")
<\/figure><\/a>\n\n\n\nQuando fazemos um game hist\u00f3rico, certas coisas s\u00e3o dif\u00edceis de acertar porque s\u00e3o complicadas ou abstratas demais para fazer caber em um jogo.<\/p>\n\n\n\n
J\u00e1 outras s\u00e3o dif\u00edceis porque n\u00e3o parecem fazer o menor sentido.<\/strong><\/p>\n\n\n\n A diplomacia na Irlanda medieval \u00e9 uma delas.<\/p>\n\n\n\n Esse \u00e9 um problema que salta aos olhos a qualquer um que se aventure a ler Os Triunfos de Tarlac<\/em>, a saga em que nosso jogo \u00e9 baseado. Embora estejamos lidando com uma guerra civil entre duas dinastias\u2013 que continuaram basicamente as mesmas do in\u00edcio ao fim \u2013 as coaliz\u00f5es que as apoiavam parecem ter sido montadas por uma dan\u00e7a das cadeiras ap\u00f3s uma festa com muito \u00e1lcool.<\/p>\n\n\n\n S\u00e3o casos de aliados atacando aliados, inimigos virando a casaca, fac\u00e7\u00f5es que at\u00e9 ent\u00e3o n\u00e3o sab\u00edamos que existiam aparecendo de \u00faltima hora, personagens hist\u00f3ricas que consider\u00e1vamos protagonistas sumindo de vista. Como muitos dos envolvidos tinham nomes id\u00eanticos, \u00e9 at\u00e9 dif\u00edcil entender quem est\u00e1 lutando contra quem \u2013 e por qu\u00ea.<\/p>\n\n\n\n O que fazer para transformar uma confus\u00e3o dessas em um jogo? De onde n\u00f3s tiramos que poder\u00edamos ensinar aos nossos jogadores um pouco de hist\u00f3ria se n\u00f3s mesmo est\u00e1vamos arrancando os cabelos em desespero?<\/p>\n\n\n\n H\u00e1 algo de louco aqui, sem d\u00favida. Mas h\u00e1 uma dose de loucura envolvida na cria\u00e7\u00e3o de todos os games. Ap\u00f3s meses de pesquisa, esbo\u00e7os descartados e fins de semana debru\u00e7ados na frente do tabuleiro, conseguimos, ainda que timidamente, dar alguma ordem ao caos.<\/p>\n\n\n\n A hist\u00f3ria de como chegamos a uma solu\u00e7\u00e3o foi t\u00e3o complicada que bem mereceria uma saga pr\u00f3pria.<\/p>\n\n\n\n\n\n\n\n Dan\u00e7a das cadeiras<\/strong><\/p>\n\n\n\n O primeiro desafio era decidir o que est\u00e1vamos eu estava chamando de \u201cla\u00e7os diplom\u00e1ticos\u201d. E aqui a quest\u00e3o, que j\u00e1 era espinhosa, tornava-se complicada a ponto de nos convidar a virar a mesa.<\/p>\n\n\n\n Para come\u00e7ar, como j\u00e1 adiantei no \u00faltimo di\u00e1rio, certas fac\u00e7\u00f5es tinham la\u00e7os de vassalagem <\/strong>com outras, o que implicada no dever de providenciar servi\u00e7o militar. <\/strong>Contudo, \u201cdever\u201d n\u00e3o \u00e9 sin\u00f4nimo de \u201cquerer\u201d, e vassalos n\u00e3o tinham escr\u00fapulos para dar as costas a certos reis em favor de seus rivais.<\/p>\n\n\n\n Para contornar esse problema, uma solu\u00e7\u00e3o era arranjar casamentos<\/strong> entre as fam\u00edlias em quest\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n Outra solu\u00e7\u00e3o popular era entregar crian\u00e7as<\/strong> para serem apadrinhadas <\/strong>por um vassalo. Parece estranho para nossas sensibilidades contempor\u00e2neas, mas na Irlanda medieval crian\u00e7as muitas vezes viviam com os pais apenas durante a primeira inf\u00e2ncia. Depois, eram enviados para outra fam\u00edlia, que terminava sua cria\u00e7\u00e3o. A ideia \u00e9 que o padrinho e a crian\u00e7a desenvolveriam um v\u00ednculo que perduraria mesmo depois que o protegido crescesse.<\/p>\n\n\n\n Obviamente, n\u00e3o era poss\u00edvel apostar o sucesso de uma alian\u00e7a somente em la\u00e7os como esses. De onde acordos eram geralmente selados com a entrega de ref\u00e9ns. <\/strong>Para provar que estavam dispostos a cumprir o prometido, vassalos cediam um membro da fam\u00edlia para viver com seus suserano. Se a alian\u00e7a se rompesse, sua cabe\u00e7a rolaria.<\/p>\n\n\n\n Quer dizer, isso era o plano. Como todos que j\u00e1 sobreviveram a uma ceia de natal em fam\u00edlia sabem, h\u00e1 parentes e h\u00e1 parentes. \u00c0s vezes, acontecia de um rei entregar de prop\u00f3sito membros pouco importantes (ou problem\u00e1ticos) da fam\u00edlia sabendo que seriam mortos.<\/p>\n\n\n\n Por fim, havia a quest\u00e3o dos aliados externos. <\/strong>Ingleses de outras partes da Irlanda \u00e0s vezes se aliavam a reis irlandeses, seja por meio de casamentos, seja por meio de v\u00ednculos mais informais. Outros, por\u00e9m, serviam em ex\u00e9rcitos irlandeses como mercen\u00e1rios. <\/strong>E nem sempre \u00e9 f\u00e1cil saber quando uma coisa come\u00e7a e outra termina: as fontes, muitas vezes, chamam ambos apenas de \u201camigos\u201d.<\/p>\n\n\n\n N\u00e3o havia d\u00favidas: para fazer o jogo sair do papel, n\u00f3s ter\u00edamos de simplificar muita coisa. O problema \u00e9 que a diplomacia medieval era t\u00e3o complicada que nem sab\u00edamos por onde come\u00e7ar.<\/p>\n\n\n\n Nosso game se passa em uma \u00fanica regi\u00e3o da Irlanda. Mas casamentos \u2013 para citar apenas um exemplo \u2013 raramente s\u00e3o quest\u00f5es locais. N\u00e3o era raro que um rei ga\u00e9lico casasse com uma princesa de outra parte da ilha \u2013 ou mesmo de fora da Irlanda. No caso de Thomond, n\u00f3s nem conseguimos ao certo saber de onde vinham essas mulheres, pois elas mal aparecem nas fontes.<\/p>\n\n\n\n No caso dos ref\u00e9ns, a situa\u00e7\u00e3o era ainda pior. Os reis irlandeses eram polig\u00e2micos. Por conta disto, tinham muitos filhos<\/strong> \u2013 e mais ainda parentes pr\u00f3ximos. Boa parte deles sequer aparece nas fontes, exceto vez ou outra na lista de baixas de alguma batalha.<\/p>\n\n\n\n Como n\u00f3s poder\u00edamos representar o \u00f4nus de entregar um parente se nem sab\u00edamos quantos familiares <\/strong>um rei tinha? E como, ainda por cima, decidir quais eram \u201cimportantes\u201d ou n\u00e3o?<\/p>\n\n\n\n Simplificando as coisas…<\/strong><\/p>\n\n\n\n![\"\"](\"https:\/\/i0.wp.com\/www.finisgeekis.com\/wp-content\/uploads\/2021\/05\/20210505-flip-the-table.jpg?resize=1000%2C563\")
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