Warning: Use of undefined constant CONCATENATE_SCRIPTS - assumed 'CONCATENATE_SCRIPTS' (this will throw an Error in a future version of PHP) in /home/finisgeekis/www/wp-config.php on line 98

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/finisgeekis/www/wp-config.php:98) in /home/finisgeekis/www/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1648

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/finisgeekis/www/wp-config.php:98) in /home/finisgeekis/www/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1648

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/finisgeekis/www/wp-config.php:98) in /home/finisgeekis/www/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1648

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/finisgeekis/www/wp-config.php:98) in /home/finisgeekis/www/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1648

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/finisgeekis/www/wp-config.php:98) in /home/finisgeekis/www/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1648

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/finisgeekis/www/wp-config.php:98) in /home/finisgeekis/www/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1648

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/finisgeekis/www/wp-config.php:98) in /home/finisgeekis/www/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1648

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/finisgeekis/www/wp-config.php:98) in /home/finisgeekis/www/wp-includes/rest-api/class-wp-rest-server.php on line 1648
{"id":21996,"date":"2019-10-01T17:20:04","date_gmt":"2019-10-01T20:20:04","guid":{"rendered":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/?p=21996"},"modified":"2019-10-02T05:23:19","modified_gmt":"2019-10-02T08:23:19","slug":"3-coisas-que-games-de-estrategia-erram-sobre-o-passado-e-3-formas-de-conserta-las","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/2019\/10\/01\/3-coisas-que-games-de-estrategia-erram-sobre-o-passado-e-3-formas-de-conserta-las\/","title":{"rendered":"3 coisas que games de estrat\u00e9gia erram sobre o passado – e 3 formas de consert\u00e1-las."},"content":{"rendered":"

Levante a m\u00e3o quem nunca usou uma ovelha para explorar o mundo em\u00a0Age of Empires 2.\u00a0<\/em>Ou “venceu” uma batalha em qualquer jogo\u00a0Total War\u00a0<\/em>fugindo de seu inimigo at\u00e9 o tempo acabar.<\/p>\n

Jogos de estrat\u00e9gia podem representar o passado, mas \u00e9 \u00f3bvio que n\u00e3o podem acertar tudo. E nem precisam.<\/p>\n

Como dizia Bruce Shelley<\/a>, um dos criadores de\u00a0AoE<\/em>, a principal fun\u00e7\u00e3o de um game n\u00e3o \u00e9 educar, mas divertir. Se isso significa derrubar muralhas com golpes de lan\u00e7a ou conquistar a Inglaterra e convert\u00ea-la ao Zoroastrismo, muito que bem.<\/p>\n

\"\"

E nem vamos falar do Cobra<\/p><\/div>\n

O que significa que, de vez em quanto, eles erram algumas coisas em que realmente poderiam ter acertado. E n\u00e3o falo de coisas pequenas, como um ou outro modelo de armadura que n\u00e3o bate com o registro hist\u00f3rico. Mas de escolhas grandes, enraizadas no g\u00eanero, que distorcem completamente como nossa sociedade de fato funciona.<\/p>\n

Felizmente, para tudo h\u00e1 uma alternativa.<\/p>\n

<\/p>\n

1) O mundo n\u00e3o \u00e9 um tabuleiro de\u00a0War<\/em><\/strong><\/h3>\n
\"\"

Total War: Three Kingdoms<\/p><\/div>\n

Jogos de grande estrat\u00e9gia v\u00eam em todos os tipos, formatos, cores e sabores. Mas boa parte deles, independente da proposta, incluem um mapa como esse de cima.<\/p>\n

Seja o mundo nosso pr\u00f3prio planeta, ou um universo alien\u00edgena, em jogos de grande estrat\u00e9gia ele est\u00e1 quase sempre dividido em prov\u00edncias. Algumas s\u00e3o regi\u00f5es administrativas. Outras, pa\u00edses inteiros.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Ven\u00e7a uma ou duas batalhas, por\u00e9m, e elas se tornam inteiramente suas. De um turno para o outro cada cidade, vilarejo, estrada, montanha e pessoa daquele territ\u00f3rio se torna seu, num piscar de olhos.<\/p>\n

Conquistadores, da antiguidade ao presente, adorariam que as coisas fossem assim. Infelizmente para eles, a realidade \u00e9 um tanto mais complicada.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Hoje, na era dos controles de passaporte e alf\u00e2ndegas, \u00e9 f\u00e1cil entender que fronteiras pol\u00edticas significam alguma coisa. Tente cruzar uma divisa, onde quer que seja, e cedo ou tarde encontr\u00e1 algu\u00e9m para par\u00e1-lo. Nem que o que tenha do outro lado seja apenas uma terra de ningu\u00e9m.<\/p>\n

\"\"

Fronteira entre Pol\u00f4nia e R\u00fassia<\/p><\/div>\n

No passado, contudo, as coisas eram diferentes.\u00a0\u00a0Segundo o cientista pol\u00edtico James C. Scott<\/a>, a maioria das pessoas\u00a0sequer sabia (ou se importava com) qual era o imp\u00e9rio\u00a0<\/strong>que as reivindicava como “s\u00faditas”.<\/p>\n

Aqueles que pretendiam conquistar o mundo conquistavam, na melhor das hip\u00f3teses, p\u00f3los nas regi\u00f5es de f\u00e1cil acesso, ao lado de rios ou litorais. Da\u00ed que o\u00a0imp\u00e9rio eg\u00edpcio se limitava \u00e0s margens do Nilo. O Romano, ao Mediterr\u00e2neo e a sua rede de estradas. Os tantos imp\u00e9rios da Era Moderna, a entrepostos comerciais constru\u00eddos ao longo de rotas conhecidas.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

N\u00e3o seria um exagero dizer que os “imp\u00e9rios” eram, em si, essas rotas de comunica\u00e7\u00e3o,\u00a0<\/strong>n\u00e3o as linhas imagin\u00e1rias que tra\u00e7amos num mapa moderno. Aquilo que ficava de fora – montanhas, p\u00e2ntanos, florestas, desertos – era t\u00e3o dif\u00edcil de se conquistar<\/strong> que a maioria dos governantes\u00a0sequer tentava<\/strong>.<\/p>\n

Em vez de gastar recursos correndo atr\u00e1s de rebeldes escondidos, era mais barato fazer algum tipo de acordo com seus l\u00edderes e cobrar um tributo peri\u00f3dico. Durante boa parte da hist\u00f3ria humana, governantes n\u00e3o “governavam” terras, mas pessoas.\u00a0<\/strong>E raramente em perigo integral.<\/p>\n

O resultado fala por si s\u00f3: a maior parte do planeta permaneceu inexplorada por estes imp\u00e9rios at\u00e9 muito recentemente.<\/p>\n

\"\"

Detalhe do mapa da \u00c1frica de John Cary (1805). Notem o descompasso entre a terra conhecida e o tamanho do continente<\/p><\/div>\n

Jogos de estrat\u00e9gia raramente abordam essa nuance. Seus mundos s\u00e3o como um velho tabuleiro de War, como se a divis\u00e3o pol\u00edtica moderna tivesse surgido junto com a Terra, 4,5 bilh\u00f5es de anos atr\u00e1s. E estivesse destinada a permanecer a mesma, n\u00e3o importe quantos povos surjam e deixem de existir.<\/p>\n

Solu\u00e7\u00e3o: foque em comunica\u00e7\u00f5es e recursos, n\u00e3o fronteiras<\/strong><\/h3>\n

\"\"<\/p>\n

Uma alternativa manda abra\u00e7os do passado. Age of Empires 2<\/em> – e toda a gera\u00e7\u00e3o de RTS que inspirou<\/a> – mostram que \u00e9 poss\u00edvel largar m\u00e3o das fronteiras duras. Basta apenas pensar fora da caixa.<\/p>\n

Como aqueles que se lembram do cl\u00e1ssico sabem, o jogo n\u00e3o traz fronteiras de qualquer esp\u00e9cie. Seu “imp\u00e9rio” numa dada partida \u00e9 t\u00e3o somente a soma das pessoas e edif\u00edcios que voc\u00ea coloca no mapa.<\/p>\n

Apesar de ser poss\u00edvel cercar tudo o que voc\u00ea controla com uma muralha, isto nem sempre \u00e9 necess\u00e1rio – ou prefer\u00edvel. Basta controlar os pontos de travessia \u2013 e os principais recursos do mapa \u2013 que seus inimigos n\u00e3o ter\u00e3o como machuc\u00e1-lo.<\/p>\n

\"\"

Boa sorte para minerar esse ouro<\/p><\/div>\n

Suas\u00a0sequels,\u00a0<\/em>como\u00a0Age of Mythology <\/em>e\u00a0Age of Empires III\u00a0<\/em>levaram esse princ\u00edpio ainda mais al\u00e9m. Para explorar recursos, s\u00e3o necess\u00e1rios alde\u00f5es. Para treinar alde\u00f5es, precisamos de um centro da cidade, que s\u00f3 pode ser constru\u00eddo em um assentamento.\u00a0 Ao estabelecerem pontos espec\u00edficos em que \u00e9 poss\u00edvel construir esse tipo de edif\u00edcio, o controle do espa\u00e7o se torna ainda mais cr\u00edtico. Ocupe estes pontos, e seu inimigo n\u00e3o ter\u00e1 como expandir.<\/p>\n

2) “Conquistar o mundo” \u00e9 f\u00e1cil na teoria. Na pr\u00e1tica, nem tanto<\/strong><\/h3>\n

\"\"<\/p>\n

A maioria de n\u00f3s leva vidas bastante mon\u00f3tonas. Quando chegamos em casa para jogar, n\u00e3o queremos encarnar um avatar que, como n\u00f3s, passa seus dias sentado no escrit\u00f3rio. Buscamos experi\u00eancias excitantes, protagonizadas por her\u00f3is poderosos.<\/p>\n

Nenhum g\u00eanero leva isso mais a s\u00e9rio do que jogos de estrat\u00e9gia. Dependendo da franquia, estes games nos colocam no controle de um rei, imperador, quando n\u00e3o at\u00e9 mesmo de um Deus em controle de toda uma sociedade.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Por um motivo ou por outro, esse “poder” quase sempre se manifesta como viol\u00eancia. “Vencer” nesses jogos significa “pintar o mapa” com as nossas cores. Com tantas batalhas, cercos e mortes quanto necess\u00e1rio.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

A f\u00f3rmula at\u00e9 possui um nome: 4X<\/em>, sigla para ex<\/strong>plorar (explore<\/em>), ex<\/strong>pandir, ex<\/strong>plorar (exploit<\/em>) e ex<\/strong>terminar. N\u00e3o importa se o l\u00edder de sua fac\u00e7\u00e3o \u00e9 um dos \u00edcones mundiais do pacifismo, famoso por suas t\u00e1ticas de n\u00e3o-viol\u00eancia. Se as regras do jogo exigirem, at\u00e9 ele n\u00e3o pensar\u00e1 suas vezes em fritar seus inimigos com m\u00edsseis bal\u00edsticos.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

A f\u00f3rmula 4X se tornou conhecida com a s\u00e9rie\u00a0Civilization,<\/em>\u00a0mas j\u00e1 criou ra\u00edzes por todo tipo de jogo. N\u00e3o obstante as cr\u00edticas de que seria uma apologia ao imperialismo<\/a>, justificando o percurso das grandes pot\u00eancias do Ocidente como o “normal” que todos os povos devem seguir.<\/p>\n

Mesmo jogos que n\u00e3o abra\u00e7am esse modelo geralmente os incorpora de alguma maneira. Em games de estrat\u00e9gia, ser maior quase sempre \u00e9 uma vantagem. <\/strong>Mesmo que tudo o que voc\u00ea decida fazer com seu tamanho seja sentar sobre um tesouro, como um Smaug \u00e0 espera da tela de vit\u00f3ria.<\/p>\n

\"Resultado<\/p>\n

Como explica o historiador Robert Houghton<\/a>, o n\u00edvel de poder que exercemos em jogos de estrat\u00e9gia \u00e9\u00a0completamente absurdo<\/strong>\u00a0para um l\u00edder do passado.<\/p>\n

Esses l\u00edderes, que mal conseguiam mapear seus territ\u00f3rios, jamais conseguiriam exterminar um povo inteiro, ou converter cada s\u00fadito de seu imp\u00e9rio a outra cultura ou religi\u00e3o. Mesmo que pudessem,\u00a0isso jamais passaria pela suas cabe\u00e7as.\u00a0<\/strong><\/p>\n

Um rei do passado que gastasse suas for\u00e7as para “conquistar o mundo” cedo ou tarde veria seu povo morrer de fome, seu imp\u00e9rio sucumbir \u00e0 anarquia e sua pr\u00f3pria cabe\u00e7a numa estaca – quando n\u00e3o num manic\u00f4nimo.<\/p>\n

“Uma estrat\u00e9gia vencedora em\u00a0Medieval: Total War”<\/em>ele escreve<\/a>\u00a0“produziria um rei imensamente ineficaz na Idade M\u00e9dia”. O mesmo vale para literalmente qualquer personagem hist\u00f3rico que n\u00e3o seja um Cecil Rhodes<\/a> no auge do Imp\u00e9rio Brit\u00e2nico. E olhe l\u00e1.<\/p>\n

\"\"

O colonizador ingl\u00eas Cecil Rhodes em charge da Punch de 1892<\/p><\/div>\n

Solu\u00e7\u00e3o: Crie objetivos que fariam sentido \u00e0s pessoas do passado<\/strong><\/h3>\n

\u00c9 dif\u00edcil for\u00e7ar um gamer a n\u00e3o jogar um jogo de uma certa maneira. Mesmo assim, h\u00e1 uma s\u00e9rie de truques que podem ser usadas para incentivar jogadores a n\u00e3o serem genocidas.<\/p>\n

A solu\u00e7\u00e3o de Houghton \u00e9 fazer objetivos\u00a0que correspondam ao que um l\u00edder daquela \u00e9poca tentaria de fato alcan\u00e7ar.<\/strong><\/p>\n

Para um cl\u00e3 de guerreiros, pode ser algo t\u00e3o simples quanto vencer uma batalha. Para um rei medieval, construir um mosteiro e tramar para que seus parentes virem abades.\u00a0 Para um l\u00edder corrupto de uma rep\u00fablica das bananas, encher uma mala de dinheiro e dar o fora antes que a Interpol coloque uma algema no seu bra\u00e7o.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Tal como jogadores podem ganhar novos objetivos, tamb\u00e9m as fac\u00e7\u00f5es do jogo podem ser programadas para batalhar por coisas diferentes. Uma rep\u00fablica de mercadores desejar\u00e1 se manter longe de guerras e fazer neg\u00f3cios com todo mundo. Fan\u00e1ticos religiosos querer\u00e3o matar infi\u00e9is a todo custo – mesmo que isso acabe por conden\u00e1-los no longo prazo.<\/p>\n

Al\u00e9m de tornar os jogos mais desafiadores, experimentar com esse tipo de objetivo pode ajudar gamers a entender decis\u00f5es de personagens hist\u00f3ricas que n\u00e3o parecem fazer sentido \u00e0s sensibilidades contempor\u00e2neas .Por exemplo, por que l\u00edderes da Idade M\u00e9dia se importavam tanto em agradar ao Vaticano. Ou por que alguns rei dividiam seus t\u00edtulos entre seus filhos em vez de manter suas posses intactas.<\/p>\n

\u00c9 bem mais f\u00e1cil assistir ao fim de seu imp\u00e9rio quando n\u00e3o temos um AAR de domina\u00e7\u00e3o mundial para escrever nos f\u00f3rums da Paradox.<\/p>\n

3) “Progresso”, na hist\u00f3ria, \u00e9 bem mais lento do que imaginamos. E nem sempre desej\u00e1vel<\/strong><\/h3>\n

\"\"<\/p>\n

A hist\u00f3ria humana, diz a sabedoria dos nossos tempos, \u00e9 uma hist\u00f3ria de progresso. Cada era traz suas pr\u00f3prias conquistas e inven\u00e7\u00f5es, aproximando-nos de uma sociedade ut\u00f3pica \u00e0 la\u00a0Star Trek<\/em>.<\/p>\n

Jogos de estrat\u00e9gia reproduzem esse ju\u00edzo com um de seus elementos mais cl\u00e1ssicos:\u00a0a \u00e1rvore tecnol\u00f3gica<\/strong>. \u00c9 praticamente uma certeza, ao encontrarmos um sistema desses, que nossa civiliza\u00e7\u00e3o, ao final do jogo, n\u00e3o ter\u00e1 nada de parecido com a do seu come\u00e7o.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Alguns jogos levam isso aos limites do absurdo. Em Napoleon: Total War<\/em>, ambientado nas Guerras Napole\u00f4nicas<\/a>\u00a0(1796-1815), o jogador que se empenhe pode construir coura\u00e7ados a vapor, inventados nos anos 1850. Se voc\u00ea jogar com os prussianos, pode ainda construir a Coluna da Vit\u00f3ria<\/a>, monumento que, na vida real, seria completado em 1873 e nada tinha a ver com Napole\u00e3o.<\/p>\n

Outro Total War, Thrones of Britannia<\/em>, foi ainda mais longe. Para contornar o fato de que a guerra do s\u00e9culo IX era uma grande mesmice, o jogo misturou mil anos de hist\u00f3ria (e lenda) em uma mesma tela de recrutamento.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Se voc\u00ea jogar com os irlandeses, tr\u00eas dos soldados dispon\u00edveis no seu\u00a0roster\u00a0<\/em>s\u00e3o os\u00a0fianna<\/em>, kerns <\/em>e gallowglass.\u00a0<\/em>Na realidade, fianna\u00a0<\/em>eram bandos de mercen\u00e1rios contratados pelos reinos irlandeses no come\u00e7o da Idade M\u00e9dia.\u00a0Kerns\u00a0<\/em>eram tropas inspiradas nos\u00a0fianna,\u00a0<\/em>desenvolvidas tempos depois quando a sociedade irlandesa come\u00e7ou a se militarizar em larga escala. Gallowglass,<\/em> por sua vez, eram mercen\u00e1rios escoceses que s\u00f3 deram as caras a partir de 1259 e espalharam-se por toda a Irlanda apenas na Renascen\u00e7a.<\/p>\n

A chance desses tr\u00eas tipos de soldado terem dividido um campo de batalha \u00e9 a mesma de ver um bandeirante lutar ao lado de um drag\u00e3o da independ\u00eancia e um soldado contempor\u00e2neo do ex\u00e9rcito brasileiro.<\/p>\n

\"\"

Esse sim \u00e9 o dream team<\/p><\/div>\n

Historiadores podem arreganhar os dentes, mas decis\u00f5es como essa fazem muito sentido<\/strong>. Games, como os jogos de azar em que s\u00e3o inspirados<\/a>, s\u00e3o criados para nos fazer querer sempre mais. Mais dinheiro, mas recursos, mais pontos, mais poder.<\/p>\n

Quando jogamos, n\u00e3o queremos apenas chegar ao fim. Precisamos sentir que evolu\u00edmos de alguma forma. Queremos saber que a nossa cidade \u00e9 melhor, mais forte e mais bonita que a aldeiazinha de onde come\u00e7amos. Queremos novas habilidades, mais impressionantes e poderosas, n\u00e3o apenas uma vers\u00e3o colorida de alguma coisa que j\u00e1 temos.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

\u00c9 f\u00e1cil conciliar esses objetivos com uma sociedade moderna, materialista e din\u00e2mica, que busca sempre o crescimento e o progresso. Menos f\u00e1cil quando a sociedade em quest\u00e3o\u00a0n\u00e3o mede esfor\u00e7os para permanecer igual.<\/strong><\/p>\n

\"\"

Fam\u00edlia s\u00e1mi, minoria \u00e9tnica nativa da Lap\u00f4nia, em foto de 1900<\/p><\/div>\n

Se \u00e9 verdade que algumas \u00e9pocas foram marcadas por grandes avan\u00e7os, em outras o mesmo status quo perdurou por s\u00e9culos,\u00a0quando n\u00e3o mil\u00eanios.\u00a0<\/strong>E mesmo em \u00e9pocas de grandes mudan\u00e7as h\u00e1 aqueles que fazem de tudo para fre\u00e1-las, seja porque colocam em risco seu modo de vida, seja porque seu pr\u00f3prio ambiente come\u00e7a a dizer chega.<\/p>\n

\"\"

Navios encalhados no Mar de Aral<\/a>. Obras de irriga\u00e7\u00e3o empreendidas na era sovi\u00e9tica fizeram o corpo d’\u00e1gua literalmente secar.<\/p><\/div>\n

Solu\u00e7\u00e3o: explore o dinamismo do ambiente, n\u00e3o s\u00f3 da tecnologia.<\/strong><\/h3>\n

\"\"<\/p>\n

A tecnologia humana nem sempre avan\u00e7ou no passo acelerado dos dias de hoje. O ambiente em que vivemos, por\u00e9m, muitas vezes mudou. E bastante.<\/p>\n

Mudan\u00e7a clim\u00e1tica \u00e9 um tema do momento, mas seria ingenuidade acreditar que esta \u00e9 a primeira vez que o planeta nos passa uma rasteira.<\/p>\n

No ano de 535, por exemplo, \u00a0estudos de an\u00e9is de \u00e1rvores indicam que a Terra passou por um longo per\u00edodo de escurid\u00e3o<\/a>. Ningu\u00e9m ter certeza do que aconteceu. Segundo alguns, a erup\u00e7\u00e3o de um supervulc\u00e3o cobriu a atmosfera com uma nuvem de poeira. Para outro, fomos atingidos por um meteoro. Os resultados, por\u00e9m, s\u00e3o inequ\u00edvocos: cat\u00e1strofe agr\u00edcola e falta de alimentos.<\/p>\n

A partir do s\u00e9culo XIV, o planeta passou por um esfriamento global conhecido como a Pequena Era do Gelo.<\/a> A mudan\u00e7a no clima devastou as colheitas, provocando uma crise conhecida como a Grande Fome de 1315-1322<\/a>.<\/p>\n

Mesmo varia\u00e7\u00f5es ambientais pequenas podem se tornar belos desafios em jogos de estrat\u00e9gia.\u00a0 \u00c9 dif\u00edcil imaginar, mas antes do surgimento do asfalto poucas estradas<\/strong> funcionavam durante o ano inteiro<\/strong>. Esta\u00e7\u00f5es chuvosas podiam deixar regi\u00f5es inteiras ilhadas. \u00c0s vezes, por meses a fio.<\/p>\n

\"\"

Navio preso no gelo no Porto de Toronto<\/p><\/div>\n

Mesmo nos dias de hoje, certos mares e rios congelam no inverno<\/strong>, impedindo o tr\u00e1fego mar\u00edtimo. Tempestades e nevoeiros frequentemente obrigam barcos a mudarem de curso e aeroportos a cancelarem v\u00f4os<\/p>\n

Um jogo que incorpore essa din\u00e2mica n\u00e3o precisa de avan\u00e7os tecnol\u00f3gicos para manter o jogador interessado. O simples desafio de manter uma sociedade funcionante em um meio-ambiente cada mais vez hostil far\u00e1 com que nenhuma miss\u00e3o seja igual a outra.<\/p>\n

\"\"

Banished<\/p><\/div>\n

Aqui, jogos de grande estrat\u00e9gia t\u00eam muito a aprender com os city builders<\/em>, que brincam com esses princ\u00edpios desde seus prim\u00f3rdios.<\/p>\n

\u00c9 o caso de Pharaoh, <\/em>ambientado\u00a0no Antigo Egito. Suas miss\u00f5es contam com uma s\u00e9rie de fen\u00f4menos naturais e acidentes humanos, como tempestades de areia, secas, inunda\u00e7\u00f5es e pestes.<\/p>\n

Uma cidade enriquecida pelo com\u00e9rcio pode empobrecer da noite para o dia se as estradas forem bloqueadas por um deslizamento de pedra. Uma popula\u00e7\u00e3o que dependa da agricultura pode morrer de fome se o Nilo resolver n\u00e3o inundar.<\/p>\n

O jogo se desdobra por um per\u00edodo de mais de dois mil anos, mas reproduz pouqu\u00edssimas inova\u00e7\u00f5es tecnol\u00f3gicas. Com algumas exce\u00e7\u00f5es, os edif\u00edcios e unidades ao nosso dispor no Novo Imp\u00e9rio s\u00e3o os mesmos do Per\u00edodo Pr\u00e9-Din\u00e1stico.<\/p>\n

Mesmo assim, nunca temos a impress\u00e3o de estar pisando no molhado. Seu ambiente \u00e9 t\u00e3o diversificado – e desafiador – que nos mant\u00e9m grudados ao bot\u00e3o de\u00a0pause<\/em> da primeira \u00e0 \u00faltima miss\u00e3o.<\/p>\n

\"\"

Pharaoh<\/p><\/div>\n

V\u00e1rios jogos recentes do g\u00eanero exibem alguma varia\u00e7\u00e3o desse princ\u00edpio.\u00a0Banished\u00a0<\/em>possui tornados, inc\u00eandios, pestes e epidemias de animais.\u00a0Cities: Skyline\u00a0<\/em>ganhou uma expans\u00e3o dedicada a desastres naturais.\u00a0Frostpunk <\/em>\u00e9 ambientado em uma distopia congelada, e o resultado foi um dos games de estrat\u00e9gia mais criativos dos \u00faltimos anos<\/a>.<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 t\u00e3o rom\u00e2ntico quanto guiar um civiliza\u00e7\u00e3o da Idade da Pedra \u00e0 Corrida Espacial. Mas nos ajuda a entender o que acontecer\u00e1 conosco se continuarmos a acreditar que os recursos do nosso planeta n\u00e3o t\u00eam limite.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Levante a m\u00e3o quem nunca usou uma ovelha para explorar o mundo em\u00a0Age of Empires 2.\u00a0Ou “venceu” uma batalha em qualquer jogo\u00a0Total War\u00a0fugindo de seu inimigo at\u00e9 o tempo acabar. Jogos de estrat\u00e9gia podem representar o passado, mas \u00e9 \u00f3bvio que n\u00e3o podem acertar tudo. E nem precisam. Como dizia Bruce Shelley, um dos criadores […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":22028,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"spay_email":"","jetpack_publicize_message":"","jetpack_is_tweetstorm":false},"categories":[580,21],"tags":[36,627,625,142,175,628,626,629,427,450],"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/i1.wp.com\/www.finisgeekis.com\/wp-content\/uploads\/2019\/10\/20191001-tw-3-kingdoms-cover.jpg?fit=1920%2C1080&ssl=1","jetpack_publicize_connections":[],"jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/p9rUzW-5IM","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/21996"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=21996"}],"version-history":[{"count":7,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/21996\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":22032,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/21996\/revisions\/22032"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media\/22028"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=21996"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=21996"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=21996"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}