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{"id":21746,"date":"2019-05-01T14:25:02","date_gmt":"2019-05-01T17:25:02","guid":{"rendered":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/?p=21746"},"modified":"2019-05-01T15:19:09","modified_gmt":"2019-05-01T18:19:09","slug":"4-coisas-que-we-the-revolution-nos-ensina-sobre-populismo","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/2019\/05\/01\/4-coisas-que-we-the-revolution-nos-ensina-sobre-populismo\/","title":{"rendered":"4 coisas que “We. The Revolution” nos ensina sobre populismo"},"content":{"rendered":"

“Populismo” \u00e9 uma palavra quente do momento. Em v\u00e1rios pa\u00edses, pelas mais variadas raz\u00f5es, pessoas t\u00eam tomado as ruas, as urnas e (em alguns casos) as armas contra as injusti\u00e7as do status quo.<\/p>\n

At\u00e9 agora, o resultado foram pol\u00edticos ineptos ou demagogos afastados do\u00a0mainstream\u00a0<\/em>eleitoral. E a sensa\u00e7\u00e3o desconfort\u00e1vel de que algo deu errado.<\/p>\n

<\/p>\n

Se em 2013<\/a> a\u00e7\u00f5es de massa eram vistas com olhos otimistas, hoje em dia n\u00e3o s\u00e3o poucos os que encaram multid\u00f5es com receio. A ideia de que pessoas unidas s\u00e3o capazes de muito – inclusive, de muita besteira – nunca despertou tanta desconfian\u00e7a.<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 de se espantar, portanto, que esses medos fossem chegar aos games.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

We. The Revolution,\u00a0<\/em>da polonesa Polyslash, n\u00e3o \u00e9 o primeiro game a refletir sobre os perigos de uma turba irada. Nem de situ\u00e1-los em um epis\u00f3dio hist\u00f3rico. No caso, a Revolu\u00e7\u00e3o Francesa.<\/p>\n

Ele \u00e9, no entanto, um dos retratos mais contundes de um pa\u00eds \u00e0 merc\u00ea de seu povo.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

O game nos coloca nos p\u00e9s de Alexis Fid\u00e8le, um juiz do tribunal revolucion\u00e1rio. No in\u00edcio, agimos como meros funcion\u00e1rios da lei, enviando bandidos comuns \u00e0 cadeia. Com o tempo, percebemos que algo sinistro nos espera das sombras.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Na medida em que o Terror<\/a> pinta Paris de vermelho, Fid\u00e8le se ver\u00e1 jogado no olho do furac\u00e3o. Por meio de suas m\u00e3os, protagonizaremos os maiores eventos da Revolu\u00e7\u00e3o Francesa, do julgamento de Lu\u00eds XVI \u00e0 batalha do 13 Vendemi\u00e1rio,<\/a>\u00a0que lan\u00e7ou Napole\u00e3o Bonaparte \u00e0 vida pol\u00edtica.<\/p>\n

Mais do que uma aula de hist\u00f3ria, o jogo \u00e9 uma verdadeira li\u00e7\u00e3o sobre as causas – e consequ\u00eancias- do populismo.<\/p>\n

1) A a\u00e7\u00e3o humana \u00e9 limitada. Suas consequ\u00eancias n\u00e3o<\/strong><\/h3>\n

 <\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Um dos maiores apelos do populismo \u00e9 o sentimento de que quase tudo \u00e9 poss\u00edvel. Os problemas do mundo existem n\u00e3o por serem complicados, mas \u00fanica e exclusivamente por m\u00e1 vontade. As solu\u00e7\u00f5es est\u00e3o escondidas em uma pasta, debaixo do traseiro de pol\u00edticos incompetentes. Cabe ao povo traz\u00ea-las \u00e0 luz do dia.<\/p>\n

Em\u00a0We. The Revolution,\u00a0<\/em>\u00e9 f\u00e1cil pensar que n\u00f3s, tamb\u00e9m, desfrutamos desse poder. Em especial quando, com a for\u00e7a de guilhotina, conseguimos implementar mudan\u00e7as que nem os pr\u00f3prios revolucion\u00e1rios foram capazes de fazer.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Essa impress\u00e3o, infelizmente, logo se dissipa.<\/p>\n

Por um lado, We the Revolution <\/em>coloca em nossas m\u00e3os um poder que burocrata nenhum seria capaz de exercer. De juiz arbitrando casos pequenos logo nos transformamos em um carrasco, padrinho pol\u00edtico, mestre do submundo e at\u00e9 general.<\/p>\n

\"Resultado<\/p>\n

Ao mesmo tempo, nossa ag\u00eancia \u2013 nossa capacidade, efetiva, de escrever nossa pr\u00f3pria hist\u00f3ria\u2013 diminui a cada turno.<\/p>\n

Cada veredito que assinamos provoca uma rea\u00e7\u00e3o nos revolucion\u00e1rios, nos monarquistas e nas pessoas comuns. Se qualquer um destes grupos se sentir incomodado, o resultado pode ser uma facada das costas.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

N\u00e3o que temos tempo para pesar nossas decis\u00f5es. T\u00e3o cedo nos familiarizamos com suas mec\u00e2nicas o jogo introduz um rel\u00f3gio. Cada pergunta que fazemos torna o povo mais irrequieto. Se a insatisfa\u00e7\u00e3o passar dos limites, recebemos uma penalidade severa \u00e0 nossa reputa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Mesmo que voc\u00ea tente jogar como um funcion\u00e1rio \u201cjusto\u201d da Revolu\u00e7\u00e3o, cedo ou tarde parar\u00e1 de preocupar com o \u201ccerto\u201d e o \u201cerrado\u201d. Afagar as fac\u00e7\u00f5es, decapitando bodes expiat\u00f3rios e inocentando aliados, se torna nossa \u00fanica prioridade. N\u00e3o respeit\u00e1-la \u00e9 arriscar o game over<\/em>.<\/p>\n

Aqueles que criticaram<\/a> o jogo por \u201crailroading<\/em>\u201d n\u00e3o entenderam o tipo de obra com que est\u00e3o lidando. Nem, talvez, a mensagem que quis passar.<\/p>\n

We. The Revolution<\/em> \u00e9 um game em que parecemos fazer muito, mas que nos constrange mais e mais a cada mec\u00e2nica que introduz. Uma sensa\u00e7\u00e3o n\u00e3o muito diferente daquela sentida por revolucion\u00e1rios da vida real, \u00e0 merc\u00ea de um movimento que eles podem ter criado, mas nem por isso sabem controlar.<\/p>\n

\"\"

Manifesta\u00e7\u00e3o dos gilets jaunes na Fran\u00e7a. Fonte<\/a><\/p><\/div>\n

Qualquer semelhan\u00e7a com populistas dos nossos tempos, que prometem mundos para depois ceder aos piores v\u00edcios do establishment, <\/em>n\u00e3o \u00e9 mera coincid\u00eancia.<\/p>\n

2) A tirania dos melhores leva \u00e0 ditadura dos piores<\/strong><\/h3>\n

\"\"<\/p>\n

Para o irland\u00eas Edmund Burke<\/a>, o maior cr\u00edtico da Revolu\u00e7\u00e3o Francesa, um dos principais crimes do movimento foi ter empoderado uma classe vil: os advogados e homens de lei. A mesma classe que encarnamos na pessoa de Alexis Fid\u00e8le ao longo de We. The Revolution:<\/em><\/p>\n

Quem poderia reivindicar a si que esses homens, subitamente e, como o foram, por encantamento, retirados dos mais humildes escal\u00f5es da subordina\u00e7\u00e3o n\u00e3o acabariam intoxicados por sua grandeza despreparada? Quem poderia conceber que homens que s\u00e3o habitualmente bisbilhoteiros, ousados, sutis, ativos, de disposi\u00e7\u00f5es litigiosas e mentes inquietas reincidiriam facilmente na sua antiga condi\u00e7\u00e3o de obscuro antagonismo e laboriosa, baixa e improf\u00edcua trapa\u00e7a? Quem poderia duvidar que, \u00e0s custas do Estado, de que eles conheciam nada, eles deveriam atender a seus interesses pessoais, de que eles conheciam demais?<\/em><\/p><\/blockquote>\n

Burke tinha seus pr\u00f3prios motivos para querer o povo comum longe do poder. Poucos dos quais, eu imagino, soam muito convincentes aos seus leitores contempor\u00e2neos. Mesmo assim, \u00e9 dif\u00edcil ler seu Reflex\u00f5es sobre a Revolu\u00e7\u00e3o Francesa<\/a>\u00a0<\/em>sem pensar em Alexis Fid\u00e8le.<\/p>\n

O jogo abre com Alexis e seu mentor, Raymond D\u00e9voy\u00e9, chegando ao f\u00f3rum ap\u00f3s uma noite de bebedeira. Raymond vomita no ch\u00e3o e limpa sua boca na bandeira francesa.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Uma vez no tribunal, descobrimos que o \u201ccaso\u201d, em quest\u00e3o, \u00e9 uma lavagem de roupa suja entre os pr\u00f3prios Fid\u00e8le. Seu ca\u00e7ula, Fr\u00e9deric, bateu em um colega que acusou seu pai de ser um b\u00eabado.<\/p>\n

Antes mesmo de aprendermos suas mec\u00e2nicas, We the Revolution <\/em>nos ensina que seu protagonista \u00e9 um beberr\u00e3o irrespons\u00e1vel, que n\u00e3o consegue botar ordem em sua pr\u00f3pria casa.<\/p>\n

Horas depois, veremos esse mesmo beberr\u00e3o \u00e0 frente da guilhotina, controlando o destino de milhares de parisienses.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Fid\u00e8le n\u00e3o \u00e9 o \u00fanico. Os rivais que enfrenta ao longo do jogo s\u00e3o pessoas terrivelmente normais, motivadas pelos interesses mais f\u00fateis. Um buf\u00e3o controlado pela esposa. Um bispo que paga de ateu para escapar da guilhotina. Um pol\u00edtico corrupto que deseja construir uma ponte. Um militar cabe\u00e7a quente que decide dispersar um protesto na bala.<\/p>\n

Que milhares de pessoas tenham de morrer por canalhas t\u00e3o comuns n\u00e3o seria t\u00e3o not\u00e1vel se a pr\u00f3pria revolu\u00e7\u00e3o n\u00e3o fosse obcecada com o fim m\u00e1gico de todos os v\u00edcios humanos. Um del\u00edrio de virtude personificado por seu l\u00edder, o \u201cincorrupt\u00edvel\u201d Maximilien Robespierre<\/a>.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Enebriados pela pr\u00f3pria grandeza, Fid\u00e8le e seus comparsas n\u00e3o entendem que eles pr\u00f3prios podem ser parte do problema. E que o sistema que defendem, feitos para homens perfeitos, n\u00e3o tem conting\u00eancia para o erro humano.<\/p>\n

Os \u201crevolucion\u00e1rios\u201d, afinal, s\u00e3o sempre bons, de forma que os ruins s\u00f3 podem ser monarquistas disfar\u00e7ados. Nada diferente de tantos \u201c-ismos\u201d contempor\u00e2neos, que se livram de militantes problem\u00e1ticos rotulando-os de ap\u00f3statas. N\u00e3o sem antes usar de seu servi\u00e7o sujo para levar \u00e0 cabo as ambi\u00e7\u00f5es do movimento.<\/p>\n

E se os revolucion\u00e1rios s\u00e3o sempre bons, tamb\u00e9m a \u201cRevolu\u00e7\u00e3o\u201d deve ser sempre boa. De forma que se algo est\u00e1 errado, deve ser culpa do que veio antes. Mesmo que este \u201cantes\u201d sejam as regras b\u00e1sicas que nos separam da anarquia.<\/p>\n

Segundo um outro Alexis<\/a>, o problema n\u00e3o \u00e9 a hipocrisia, mas o idealismo em excesso:<\/p>\n

Por mais divididos que eles pudessem ter estado no resto do caminho, todos eles se agarraram a esse mesmo ponto de partida: todos eles pensaram que era correto substituir os costumes complexos e tradicionais que guiavam a sociedade de seu tempo com as regras simples e elementares emprestadas da raz\u00e3o e da lei natural.<\/em><\/p><\/blockquote>\n

Impedidos de participar da pol\u00edtica, as pessoas da \u00e9poca cultivaram ideias infantis sobre como se rege uma sociedade.<\/p>\n

As pessoas de hoje n\u00e3o t\u00eam a mesma desculpa. Mesmo assim, elas ainda invocam del\u00edrios parecidos, acreditando que qualquer problema pode ser resolvido se eles tiverem carta branca para apagar as regras que n\u00e3o entendem.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Mal sabem eles que a borracha ser\u00e1 brandida n\u00e3o por eles pr\u00f3prios, mas pelos Alexis Fid\u00e8les da vida. E que, sem as normas retr\u00f3gradas para proteger seus direitos fundamentais, apenas a boa-vontade dos carrascos os salvar\u00e1 da guilhotina.<\/p>\n

3) O pessoal \u00e9 pol\u00edtico. O inverso… n\u00e3o necessariamente.<\/strong><\/h3>\n

\"\"<\/p>\n

As v\u00edboras da revolu\u00e7\u00e3o e a voz da turba n\u00e3o s\u00e3o as \u00fanicas press\u00f5es com que Fid\u00e8le precisa lidar. Em We. The Revolution, <\/em>precisamos tamb\u00e9m cuidar de uma fam\u00edlia que est\u00e1 prestes a se desintegrar.<\/p>\n

Alexis e sua esposa Mathilde vivem um casamento complicado. Seu filho mais velho, Bernard, \u00e9 um revolucion\u00e1rio apaixonado, enquanto que seu pai, Alaric, v\u00ea a pol\u00edtica com receio. Alexis \u00e9 seu filho mais novo. O primog\u00eanito, Bruno, teve o nome manchado na justi\u00e7a e foi enviado para morrer nas guerras da revolu\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Do conflito entre essas personagens surge um drama poderoso que servir\u00e1 de enredo \u00e0 carreira de Fid\u00e8le.<\/p>\n

Cada decis\u00e3o que tomamos afeta sua vida pessoal de alguma forma. Alguns r\u00e9us despertar\u00e3o a raiva ou a simpatia de sua fam\u00edlia. Uma senten\u00e7a desfavor\u00e1vel pode ganhar seu favor \u2013 ou perd\u00ea-lo para sempre.<\/p>\n

Quanto mais Fid\u00e8le paga pelos v\u00edcios da revolu\u00e7\u00e3o, mais dif\u00edcil fica conciliar as posi\u00e7\u00f5es de de pai e juiz. Infelizmente para ele, as engrenagens da pol\u00edtica giram independente de seus esfor\u00e7os.<\/p>\n

Em dado momento, percebemos que investir em sua vida pessoal \u00e9 uma causa perdida. A Revolu\u00e7\u00e3o cobra tudo e n\u00e3o oferece nada em retorno. Nada, pelo menos, que sirva de alento a sua fam\u00edlia.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Um biscoito para quem, ao vestir os sapatos de Fid\u00e8le, n\u00e3o se lembrou das tantas fam\u00edlias reais que a \u00faltima elei\u00e7\u00e3o desuniu. Divididas por ide\u00f3logos que pouco se preocupam com as pessoas que os apoiam, e que, nos momentos de dificuldade, jamais erguer\u00e3o um dedo para consertar as rela\u00e7\u00f5es que destru\u00edram.<\/p>\n

De t\u00e3o preocupados que estivemos arrumando briga com nossa fam\u00edlia, \u00e9 capaz de termos esquecido que \u00e9 de rixas como essas que extremistas nascem.<\/p>\n

Sem ningu\u00e9m para acolh\u00ea-los, militantes t\u00eam as duas orelhas livres para escutar as ideias mais odiosas. E rancor de sobra – contra o sistema, mas tamb\u00e9m contra seus entes queridos – para p\u00f4-las em pr\u00e1tica.<\/p>\n

4) O rancor \u00e9 o motor da hist\u00f3ria. Ignor\u00e1-lo \u00e9 ser seu c\u00famplice<\/strong><\/h3>\n

\"\"<\/p>\n

\u201cN\u00f3s est\u00e1vamos encantados pela ideia da liberdade\u201d diz Fid\u00e8le no in\u00edcio do jogo. Com o filho pequeno no pesco\u00e7o, ele observa um homem ser linchado e enforcado em pra\u00e7a p\u00fablica. Ao seu lado, uma mulher ri do espet\u00e1culo.<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 preciso muito para adivinhar que bem mais que uma “ideia” \u00e9 necess\u00e1ria para que as coisas cheguem a esse ponto. Ideias s\u00e3o bonitas, mas, para motivar as pessoas a fazer o pior, \u00e9 necess\u00e1rio algo mais forte.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

We. The Revolution,\u00a0<\/em>de fato, pinta a Revolu\u00e7\u00e3o como uma batalha de rancores. Rancores do povo, manipulado por demagogos convincentes, mas tamb\u00e9m rancores pessoais, na medida em que Fid\u00e8le acumula v\u00edtimas.<\/p>\n

Nas\u00a0cutscenes\u00a0<\/em>do jogo, esses sentimentos s\u00e3o representados como uma infec\u00e7\u00e3o. Um v\u00edrus, um c\u00e2ncer rubro que se alastra do agressor ao agredido, do demagogo ao doutrinado at\u00e9 enlouquecer toda a sociedade.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

N\u00e3o s\u00e3o poucos os movimentos que prometem acabam com as injusti\u00e7as, extinguir os privil\u00e9gios, punir os culpados.\u00a0 Mal sabem eles que at\u00e9 boas a\u00e7\u00f5es podem levar ao inferno. E que a melhor das inten\u00e7\u00f5es n\u00e3o impede a bala de matar um inocente, os direitos de uma pessoa de serem violados, um indiv\u00edduo a pagar por crimes que n\u00e3o cometeu.<\/p>\n

Essas pessoas n\u00e3o est\u00e3o interessadas em “males menores”, “fatalidades” ou “rea\u00e7\u00f5es leg\u00edtimas”. E ao se depararem com ide\u00f3logos arrogantes, protegidos por um sistema c\u00famplice, elas buscar\u00e3o os ouvidos de quem estiver disposto a escut\u00e1-las. Mesmo que estes sejam os piores fan\u00e1ticos que a humanidade produziu.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

We, the Revolution <\/em>\u00e9 a par\u00e1bola perfeita para quem acredita que \u201csocar nazistas\u201d (ou qualquer outro indesej\u00e1vel) \u00e9 o caminho para construir uma sociedade melhor. Levando esta estrat\u00e9gia a cabo, Fid\u00e8le transforma uma Paris rec\u00e9m-libertada\u00a0 em uma zona de guerra \u00e0 merc\u00ea da barb\u00e1rie.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

A salva\u00e7\u00e3o, quando chega, vem pelo fuzil de\u00a0um certo militar<\/a>. Um homem, o pr\u00f3prio jogo nos lembra, que estaria fadado a se tornar um ditador.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

“Quem ser\u00e1 o pr\u00f3ximo?” pergunta o narrador.\u00a0 Ele n\u00e3o est\u00e1 falando de Napole\u00e3o Bonaparte. A pergunta, afinal, n\u00e3o \u00e9 para Fid\u00e8le. \u00c9 para n\u00f3s.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

We. The Revolution\u00a0<\/em>\u00e9 uma f\u00e1bula para nossos tempos. Uma cr\u00edtica incisiva – e emocional – sobre os danos da polariza\u00e7\u00e3o pol\u00edtica no esp\u00edrito humano.<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 uma coincid\u00eancia que o game tenha vindo justamente da Pol\u00f4nia, pa\u00eds que conhece, melhor que poucos, o que \u00e9 viver sob o jugo da tirania \u2013 venha ela da esquerda ou da direita. E que sofre, nos dias de hoje, com sua pr\u00f3pria dose de populismo.<\/p>\n

\"\"

Passeata do Ruch Narodowy<\/a>, partido de extrema-direita polon\u00eas. Fonte<\/a><\/p><\/div>\n

De This War of Mine <\/em>a Frostpunk<\/em><\/a>, passando pelo monumental The Witcher<\/em><\/a>, a ind\u00fastria polonesa tem mostrado ao mundo que tem uma voz pr\u00f3pria. Calcada na modera\u00e7\u00e3o, no perd\u00e3o, no apelo – quase desesperado – aos melhores anjos da nossa natureza.<\/p>\n

Resta saber se estamos dispostos a escut\u00e1-la.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

“Populismo” \u00e9 uma palavra quente do momento. Em v\u00e1rios pa\u00edses, pelas mais variadas raz\u00f5es, pessoas t\u00eam tomado as ruas, as urnas e (em alguns casos) as armas contra as injusti\u00e7as do status quo. At\u00e9 agora, o resultado foram pol\u00edticos ineptos ou demagogos afastados do\u00a0mainstream\u00a0eleitoral. E a sensa\u00e7\u00e3o desconfort\u00e1vel de que algo deu errado.<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":21751,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"spay_email":"","jetpack_publicize_message":"","jetpack_is_tweetstorm":false},"categories":[580,21],"tags":[175,316,605,606,427,604],"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/i1.wp.com\/www.finisgeekis.com\/wp-content\/uploads\/2019\/04\/042019-revolution-5.jpg?fit=1040%2C632&ssl=1","jetpack_publicize_connections":[],"jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/p9rUzW-5EK","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/21746"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=21746"}],"version-history":[{"count":9,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/21746\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":21781,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/21746\/revisions\/21781"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media\/21751"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=21746"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=21746"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=21746"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}