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{"id":19958,"date":"2018-01-30T19:10:59","date_gmt":"2018-01-30T21:10:59","guid":{"rendered":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/?p=19958"},"modified":"2019-02-24T10:42:36","modified_gmt":"2019-02-24T13:42:36","slug":"carbono-alterado-ha-espaco-para-o-noir-nos-dias-de-hoje","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/2018\/01\/30\/carbono-alterado-ha-espaco-para-o-noir-nos-dias-de-hoje\/","title":{"rendered":"“Carbono Alterado”: h\u00e1 espa\u00e7o para o noir nos dias de hoje?"},"content":{"rendered":"

Literatura e cinema tem uma afinidade bastante conhecida. Desde os prim\u00f3rdios da s\u00e9tima arte, foram dos livros que tiraram suas maiores inspira\u00e7\u00f5es \u2013 e aos livros que recorreram para construir seus universos expandidos.<\/p>\n

Estudiosos de cinema<\/a>, no entanto, sabem que livros possuem uma afinidade parecida com outra m\u00eddia: a TV. Com sua longa dura\u00e7\u00e3o e capacidade de lidar com tramas paralelas, a s\u00e9rie \u00e9 um ve\u00edculo ideal para destrinchar romances complexos.<\/p>\n

<\/p>\n

A Era de Ouro da TV americana, em sua encarna\u00e7\u00e3o streaming<\/em>, parece ter aprendido a li\u00e7\u00e3o. De Philip K. Dick a Margaret Atwood, n\u00e3o s\u00e3o poucos os grandes da literatura que se viram adaptados (com propriedade) \u00e0 telinha.<\/p>\n

Com Carbono Alterado, <\/em>a Netflix acrescenta \u00e0 sua grade uma das hist\u00f3rias mais eletrizantes (e cinematogr\u00e1ficas) de seu g\u00eanero.<\/p>\n

<\/p>\n

Romance de estreia de Richard Morgan, Carbono Alterado <\/em>nos leva a um futuro quase irreconhec\u00edvel. \u00a0Avan\u00e7os na tecnologia permitiram isolar a consci\u00eancia de uma pessoa e transferi-la a outros corpos. Pagando o pre\u00e7o apropriado, qualquer um pode comprar ou clonar um novo corpo \u2013 ou \u201cmanga\u201d \u2013 e viver indefinidamente.<\/p>\n

A morte, antes um destino inexor\u00e1vel, se tornou exclusiva dos marginalizados.<\/p>\n

N\u00e3o demora para que a tecnologia transforme irreversivelmente a sociedade humana. Pris\u00f5es s\u00e3o substitu\u00eddas pelo sequestro de corpos. Quando um criminoso \u00e9 condenado, sua consequ\u00eancia \u00e9 armazenada em um banco de dados e seu corpo \u00e9 oferecido como manga a quem se dispuser a pagar. Ao final de sua pena (que pode durar s\u00e9culos), ele ter\u00e1 de se contentar com o corpo de outrem, ou gastar fortunas em mangas sint\u00e9ticas.<\/p>\n

Na outra ponta da pir\u00e2mide social, milion\u00e1rios, pol\u00edticos e outros influentes colecionam mangas. Socialites trocam de rosto com o passar das modas. Homens de neg\u00f3cios criam doppelgangers <\/em>em pa\u00edses (ou planetas) diferentes, para n\u00e3o perderem tempo em viagem.<\/p>\n

O sonho p\u00f3s-humano, herdado da cibern\u00e9tica, parece ter se tornado uma realidade. O ser humano, finalmente, aprendeu a se libertar de seu corpo.<\/p>\n

Para alguns, no entanto, a ben\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 uma escolha. Soldados s\u00e3o \u201cuploadados\u201d onde quer que a guerra os chame, em corpos geneticamente modificados para n\u00e3o sentir dor ou empatia.<\/p>\n

Carbono Alternado <\/em>nos apresenta esse futuro sob os olhos de Takeshi Kovacs, ex-membro de uma tropa de elite das for\u00e7as armadas conhecida como Os Emiss\u00e1rios. Preso durante um servi\u00e7o como mercen\u00e1rio, ele \u00e9 trazido de volta \u00e0 vida para desempenhar um servi\u00e7o ao milion\u00e1rio chamado Laurens Bancroft.<\/p>\n

Sua miss\u00e3o? Descobrir quem o matou.<\/p>\n

Uma das mangas de Bancroft foi misteriosamente executada dentro de sua mans\u00e3o. Vivo h\u00e1 mais de tr\u00eas s\u00e9culos, com um verdadeiro arm\u00e1rio de corpos sobressalentes, o milion\u00e1rio n\u00e3o se assusta com a morte. Por orgulho, no entanto, deseja passar a limpo o atentado contra sua pessoa.<\/p>\n

Na medida em que investiga o caso, contudo, Kovacs se enxerga perdido em uma conspira\u00e7\u00e3o envolvendo as altas c\u00fapulas da ONU, o submundo da prostitui\u00e7\u00e3o e uma figura misteriosa de seu pr\u00f3prio passado.<\/p>\n

Do\u00a0noir\u00a0<\/em>ao cyberpunk<\/em><\/strong><\/h3>\n
\"\"

Joel Kinnaman como Takeshi Kovacs na adapta\u00e7\u00e3o da Netflix<\/p><\/div>\n

Carbono Alternado <\/em>trar\u00e1 flashbacks aos habituados ao neo-noir hardboiled<\/em><\/a>. Seu protagonista meandra por becos escuros povoados por traficantes e prostitutas, entrela\u00e7ados pelas maquina\u00e7\u00f5es do crime organizado.<\/p>\n

A policial Kristin Ortega, a mercen\u00e1ria Trepp e Miriam Bancroft, mulher de seu cliente, interpretam as obrigat\u00f3rias femmes fatales<\/em>, afogando o protagonista com tens\u00e3o sexual \u2013 em um dos casos, literalmente.<\/p>\n

Os clich\u00e9s n\u00e3o passam despercebidos ao pr\u00f3prio autor. Em um exemplo de ironia metanarrativa, Kovacs \u00e9 transferido ao corpo de um fumante compulsivo. Contra sua vontade, \u00e9 obrigado a enfrentar o crime com um cigarro entre os l\u00e1bios, evocando as tomadas fumacentas do cinema noir.<\/em><\/p>\n

\"\"

Philip Marlowe, um dos mais famosos personagens do cinema noir<\/p><\/div>\n

Morgan imita at\u00e9 mesmo a linguagem visual que fez de Raymond Chandler<\/a>, mestre do estilo, um \u00edcone liter\u00e1rio. Um rob\u00f4 ri \u201ccomo um gordo afogando em mela\u00e7o\u201d. O condicionamento de Kovacs o acomete como um \u201cv\u00f4o baixo de ca\u00e7as de ataque, desenhando mentiras de fuma\u00e7a de combust\u00edvel\u201d. A imagem de um companheiro morto o assombra \u201ccomo um familiar demon\u00edaco irrequieto\u201d.<\/p>\n

Os tributos ao cyberpunk <\/em>n\u00e3o s\u00e3o menos evidentes. Carbono Alterado<\/em> foi chamado de \u201co primeiro grande romance cyberpunk <\/em>do s\u00e9culo XXI\u201d. O livro, de fato, destila o que h\u00e1 de mais marcante no g\u00eanero, de implantes cerebrais e intrigas corporativas ao verniz nip\u00f4nico de Blade Runner. <\/em><\/p>\n

Isso faz com que seu futuro especulativo pare\u00e7a familiar demais para seu pr\u00f3prio bem. Mesmo assim, ele nunca falha em nos divertir, mesmo em cenas que parecem xerocadas de obra cl\u00e1ssicas.<\/p>\n

Uma visita a um fabricante de armas traz \u00e0 mente o ateli\u00ea de Q da franquia 007. O h\u00e1bito de Kovacs de explicar seu racioc\u00ednio aos vil\u00f5es o faz parecer, \u00e0s vezes, um Hercule Poirot do espa\u00e7o.<\/p>\n

Felizmente, essas diatribes n\u00e3o chegam a cansar, menos pela eloqu\u00eancia de Kovacs que pelas ideias com que brinca. Mais do que qualquer outro romance nos \u00faltimos anos, Carbono Alterado <\/em>disseca um conceito chave ao g\u00eanero cyberpunk.<\/em><\/p>\n

Nosso futuro p\u00f3s-humano<\/strong><\/h3>\n

<\/p>\n

Transhumanismo<\/a> \u00e9 a doutrina de que podemos usar a tecnologia para aprimorar a esp\u00e9cie humana. Corrigir defeitos biol\u00f3gicos, libertar-nos das limita\u00e7\u00f5es do f\u00edsico. Eventualmente, superar a pr\u00f3pria mortalidade, o individualismo, os grilh\u00f5es da moralidade.<\/p>\n

Carbono Alterado <\/em>veste o transhumanismo como uma segunda pele \u2013 ou, em seus pr\u00f3prios termos, uma manga. Que o livro tenha sido lan\u00e7ado no mesmo ano que Nosso Futuro P\u00f3s-Humano<\/a>, <\/em>uma advert\u00eancia contra os perigos da doutrina, n\u00e3o \u00e9 mera coincid\u00eancia. Suas p\u00e1ginas est\u00e3o recheadas com os sonhos e pesadelos que fervilharam a virada do mil\u00eanio.<\/p>\n

Na sua jornada pelo submundo, Kovacs encontra uma sociedade que superou de tal maneira a \u201chumanidade\u201d que at\u00e9 o senso comum parece ter sido relegado \u00e0s latas de lixo.<\/p>\n

O exemplo mais curioso \u00e9 seu retrato da Igreja Cat\u00f3lica, que parece ter resistido contra todas as expectativas. Cat\u00f3licos n\u00e3o acreditam no upload de consci\u00eancias. A alma, professam, reside no corpo e n\u00e3o pode ser transferida.<\/p>\n

A cren\u00e7a os torna presas f\u00e1ceis de criminosos e exploradores. Em uma terra de cegos, quem tem um olho \u00e9 rei. Em uma terra de eternos, mortais est\u00e3o fadados a serem p\u00e1rias:<\/p>\n

\n

\u00a0\u201cKovacs, eu odeio esses loucos malditos. Eles existem h\u00e1 quase dois mil\u00eanios e meio. Eles foram respons\u00e1veis por mais mis\u00e9ria que qualquer outra organiza\u00e7\u00e3o na hist\u00f3ria. Voc\u00ea sabe que eles sequer deixam seus adeptos praticarem contracep\u00e7\u00e3o, pelo amor de Deus, e eles resistiram a todos os avan\u00e7os significativos da medicina dos \u00faltimos cinco s\u00e9culos.\u201d<\/p>\n<\/blockquote>\n

Loucos eles podem ser. Por\u00e9m, em tempos insanos, ami\u00fade s\u00e3o os birutas quem t\u00eam raz\u00e3o. Em Carbono Alternado<\/em> n\u00e3o \u00e9 diferente. Sua humanidade futurista tem corpos sint\u00e9ticos, naves espaciais e armas de energia, mas nada que se aproxime de uma alma.<\/p>\n

A imortalidade barateou a morte. O suic\u00eddio se tornou pr\u00e1tica comum \u2013 para fraudes elaboradas ou mesmo fetiches.<\/p>\n

Tr\u00eas s\u00e9culos de vida tornaram Laurens Bancroft, contratante de Kovacs, incapaz de sentir prazer convencionalmente. Para aliviar seus impulsos, precisa descer ao mais chulo dos bord\u00e9is e simuladores sexuais, experimentando fantasias cada vez mais s\u00f3rdidas.<\/p>\n

Sem a perspectiva da morte para dissuadir criminosos, a puni\u00e7\u00e3o retorna ao sofrimento. V\u00edtimas tem a consci\u00eancia transferida a realidades virtuais, onde podem ser interrogadas ou torturadas por mil\u00eanios.<\/p>\n

N\u00e3o h\u00e1 limites para crueldade, coisa que Morgan deixa assombrosamente claro em sua prosa. Uma cena espec\u00edfica chegou a ser cortada<\/a> da adapta\u00e7\u00e3o da Netflix por conta do seu conte\u00fado gr\u00e1fico.<\/p>\n

F\u00e9 nenhuma no progresso<\/h3>\n

Carbono Alterado <\/em>\u00e9 o oposto diametral de San Junipero, <\/em>o mais popular, otimista e fantasioso epis\u00f3dio da s\u00e9rie Black Mirror<\/em>. Se o \u00faltimo prop\u00f5e que at\u00e9 a morte pode ser driblada com a dose certa de megalomania cibern\u00e9tica, o romance de Morgan nos mostra o desfecho inevit\u00e1vel de transformar pessoas em dados:<\/p>\n

\n

\u201cA ra\u00e7a humana tem sonhado com o c\u00e9u e o inferno por mil\u00eanios. Prazer ou dor infinitos, inacab\u00e1veis e irrestritos pelos grilh\u00f5es da vida e da morte. Gra\u00e7as \u00e0 formata\u00e7\u00e3o digital, essas fantasias hoje podem existir. Tudo o que \u00e9 preciso \u00e9 um gerador de capacidade industrial. N\u00f3s de fato fizemos o inferno \u2013 e o c\u00e9u \u2013 na terra.\u201d.<\/p>\n<\/blockquote>\n

\u00c9 verdade, embora saber onde come\u00e7a um e termina o outro seja mais dif\u00edcil do que parece. H\u00e1 muito de infernal e muito pouco de paradis\u00edaco no futuro dist\u00f3pico de Kovacs. \u00c9 dif\u00edcil imaginar um cen\u00e1rio diferente, a despeito dos esfor\u00e7os de Morgan para pincelar seu texto com ambiguidade.<\/p>\n

Nem a morte, nem a dor, muito menos a perda. \u00c9 a imortalidade a mais terr\u00edvel das maldi\u00e7\u00f5es. Os \u201cloucos malucos\u201d de que Morgan zomba sabem disso h\u00e1 s\u00e9culos.<\/a><\/p>\n

<\/p>\n

Carbono Alterado <\/em>\u00e9 um eco \u00e0 arrog\u00e2ncia dos p\u00f3s-modernos, na sua cruzada quase religiosa para libertar a humanidade do passado\u2013 destruindo-o, se preciso for.<\/p>\n

Confrontados com a verdade de que seus sonhos s\u00e3o fantasias, pretendem mudar a pr\u00f3pria realidade para encaix\u00e1-la nos seus del\u00edrios. Mesmo que em seu \u201cadmir\u00e1vel mundo novo\u201d n\u00e3o haja espa\u00e7o para a vida:<\/p>\n

\n

\u00a0\u201cA vida humana n\u00e3o tem valor. Voc\u00ea ainda n\u00e3o aprendeu isso, Takeshi, depois de tudo o que voc\u00ea j\u00e1 viu? N\u00e3o tem valor intr\u00ednseco a si mesma. M\u00e1quinas custam dinheiro para construir. Mat\u00e9rias primas custam dinheiro para serem extra\u00eddas. Mas pessoas? (…) voc\u00ea pode sempre conseguir mais pessoas. Elas se reproduzem como c\u00e9lulas cancer\u00edgenas, queira voc\u00ea ou n\u00e3o. Elas s\u00e3o abundantes, Takeshi. Por que elas seriam preciosas?\u201d<\/p>\n<\/blockquote>\n

A frase vem da boca de uma vil\u00e3, mas \u00e9 de uma brutal veracidade. Brutal porque escancara como essa distopia n\u00e3o precisa de \u00f3dio, intento ou maldade para existir. Ao reduzir pessoas a carbono, \u00e9 inevit\u00e1vel que se tornem commodities<\/em>, pareadas \u00e0 insignific\u00e2ncia pela lei da oferta e da demanda.<\/p>\n

Infelizmente, essa n\u00e3o \u00e9 uma dire\u00e7\u00e3o que Morgan explora. Fiel aos mandamentos do cyberpunk<\/em>, o autor v\u00ea a culpa no homem, n\u00e3o na tecnologia. Fiel \u00e0 cartilha do\u00a0noir<\/em>, sua narrativa n\u00e3o tem her\u00f3is, e a moralidade \u00e9 um jogo dos poderosos.<\/p>\n

Seu futuro \u00e9 menos uma especula\u00e7\u00e3o que um espelho distorcido da pr\u00f3pria humanidade.<\/p>\n

Homens praticam o mal porque esta \u00e9 a sua sina. Para isto, utilizar\u00e3o os instrumentos que tiverem em m\u00e3os, sejam eles paus e pedras ou salas virtuais de tortura.<\/p>\n

\n

\u201cKristin, nada muda de verdade\u201d (…) \u201cVoc\u00ea sempre ter\u00e1 babacas como esses, engolindo sistemas de pensamento inteiros para n\u00e3o ter de pensar por si mesmos. Voc\u00ea sempre ter\u00e1 pessoas como Kawahara e os Bancrofs para apertar seus bot\u00f5es e lucrar com o programa. Pessoas para garantir que jogo siga funcionando e que as regras s\u00e3o sejam quebradas com muita frequ\u00eancia. (…) Essa \u00e9 a verdade, Kristin. Tem sido a verdade desde quando eu nasci, cento e cinquenta anos atr\u00e1s e pelo que eu li nos livros de hist\u00f3ria, nunca foi diferente. Melhor se acostumar a isso.\u201d<\/p>\n<\/blockquote>\n

A ideia de que o pr\u00f3prio sistema seja respons\u00e1vel pelos bugs, que a tecnologia n\u00e3o apenas exacerbe, mas piore <\/strong>a \u00edndole das pessoas, n\u00e3o \u00e9 cogitada.<\/p>\n

Morgan, que j\u00e1 se declarou<\/a> uma “propaganda ambulante do argumento\u00a0Nature Not Nurture<\/em> (a ideia de que a natureza, n\u00e3o a cultura determina o car\u00e1ter)”, tem pouca f\u00e9 em “progressos” ou “retrocessos”. Perguntado sobre qual seria a mensagem por tr\u00e1s de\u00a0Carbono Alterado<\/em>, sua resposta<\/a> foi mais eloquente que todo o romance: “N\u00e3o visitem a Terra”.\u00a0<\/strong><\/p>\n

\"\"

O escritor Richard K. Morgan<\/p><\/div>\n

Morgan escreveu um romance que se insere t\u00e3o bem no c\u00e2none de seu g\u00eanero que acabou engolido por ele. Isto poderia ser o bastante em 1964, quando sua premissa n\u00e3o passava de um experimento de pensamento<\/a>. Ou, talvez, ainda em 2002, quando da publica\u00e7\u00e3o original do livro.<\/p>\n

Hoje, por\u00e9m, o cen\u00e1rio \u00e9 outro. O harboiled\u00a0<\/em>old-school<\/em>,\u00a0c\u00ednico, derrotista e violento sempre ter\u00e1 o seu lugar. No entanto, em\u00a0um presente no qual uma parte cada vez maior da experi\u00eancia humana \u00e9 irreversivelmente digitalizada, precisamos de verdades mais s\u00f3lidas que as invectivas sarc\u00e1sticas de um mercen\u00e1rio c\u00ednico.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Literatura e cinema tem uma afinidade bastante conhecida. Desde os prim\u00f3rdios da s\u00e9tima arte, foram dos livros que tiraram suas maiores inspira\u00e7\u00f5es \u2013 e aos livros que recorreram para construir seus universos expandidos. Estudiosos de cinema, no entanto, sabem que livros possuem uma afinidade parecida com outra m\u00eddia: a TV. Com sua longa dura\u00e7\u00e3o e […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":19960,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"spay_email":"","jetpack_publicize_message":"","jetpack_is_tweetstorm":false},"categories":[580,17],"tags":[448,134,226,449],"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/i2.wp.com\/www.finisgeekis.com\/wp-content\/uploads\/2018\/01\/cover-altered-carbon.png?fit=1722%2C1064&ssl=1","jetpack_publicize_connections":[],"jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/p9rUzW-5bU","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19958"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=19958"}],"version-history":[{"count":6,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19958\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":21119,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/19958\/revisions\/21119"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media\/19960"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=19958"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=19958"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=19958"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}