O Finisgeekis,\u00a0Dissid\u00eancia Pop<\/a>,\u00a0\u00c9 S\u00f3 um Desenho<\/a>\u00a0e\u00a0Anime21\u00a0<\/a>compraram um desafio. Toda a semana, at\u00e9 o final da temporada, teremos um novo quadro a voc\u00eas.<\/p>\n Depois das agruras do dia, cheio de escrita, pesquisa e trabalho, n\u00f3s nos sentaremos para um bom caf\u00e9, uma poltrona confort\u00e1vel \u2013 e um bate papo sobre o melhor da temporada.<\/p>\n Pe\u00e7a uma x\u00edcara voc\u00ea tamb\u00e9m, e mergulhe conosco no d\u00e9cimo epis\u00f3dio de\u00a0Girls Last Tour:<\/em><\/strong>
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\nBem vindos a Girls’ Last Tour, o anime sobre as maravilhas do transporte p\u00fablico — e fur\u00f5es de gelatina que se comunicam por ondas de r\u00e1dio.<\/li>\n
\nS\u00f3 pra j\u00e1 tirar isso do caminho: a frente quadrada daquele trem me incomoda pelo qu\u00e3o aerodinamicamente ineficiente ela seria no mundo real<\/li>\n
\nDependendo da velocidade, o atrito com o ar \u00e9 pouco ou nada relevante para o consumo energ\u00e9tico de um trem. Por isso trens urbanos, metropolitanos, podem ter qualquer formato. E parecia ser o caso daquele – um servi\u00e7o metropolitano de transporte de passageiros e carga.
\nE eu n\u00e3o acho que a lingui\u00e7a se comunique por FM. Foi a primeira coisa que a Chito pensou porque ele estava, afinal, falando, e estava em cima do r\u00e1dio. Depois ela se surpreende: essa coisa est\u00e1 falando?
\nE de fato vemos o movimento da boca dele v\u00e1rias vezes.<\/li>\n
\nMais um belo epis\u00f3dio de Girls und Panzer!<\/em>!! Ops… acho que \u00e9 o anime errado…
\nGostei deste epis\u00f3dio, com direito a um “gato” p\u00f3s-apocal\u00edptico e uma elucidativa aula de f\u00edsica b\u00e1sica.<\/li>\n
\nPor onde come\u00e7ar? Acho que esse foi um dos epis\u00f3dios mais bonitos, falando de pura carga est\u00e9tica. \u00c9 dif\u00edcil apontar o que o anime n\u00e3o faz de excelente, mas creio que sua m\u00fasica supera todas as expectativas. Primeiro foi a bel\u00edssima sequ\u00eancia da chuva, depois a dan\u00e7a embriagada da Yuu e da Chi. E agora essa tomada super delicada, em um ponto de sua jornada – como o cen\u00e1rio d\u00e1 a entender – que pode bem ser um momento de virada.
\nComo cereja do bolo, a \u201cm\u00fasica triste\u201d que escutam no r\u00e1dio at\u00e9 se parece com o tema de Nausicaa<\/a>: outro grande anime p\u00f3s-apocal\u00edptico:<\/li>\n
\nA trilha sonora \u00e9 um dos pontos mais fortes de Girls’ Last Tour<\/em>, e considerando o qu\u00e3o bom \u00e9 esse anime isso certamente \u00e9 dizer muito. N\u00e3o me dei ao trabalho de procurar o compositor ou compositora do anime, mas seja quem for: est\u00e1 de parab\u00e9ns.
\nJ\u00e1 sobre ser o epis\u00f3dio mais visualmente bonito… eu concordo, mas mais porque Girls’ Last Tour<\/em> n\u00e3o tem muitas cenas amplas e belas como a desse epis\u00f3dio, sendo geralmente bem mais claustrof\u00f3bico. N\u00e3o entendam mal: quando elas aparecem s\u00e3o mesmo incr\u00edveis, mas s\u00e3o momentos em meio a cen\u00e1rios bem mais… hum, “fechados” acho que \u00e9 a palavra ideal.<\/li>\n
\n\u00c9 verdade. Girls’ Last Tour<\/em> n\u00e3o \u00e9 um anime de grandes paisagens ou tomadas deslumbrantes. Fico me perguntando se agora que elas est\u00e3o em um n\u00edvel mais alto isso ira mudar. At\u00e9 agora, v\u00e1rios dos momentos mais impactantes estiveram associados justamente \u00e0 subida: as luzes da cidade ap\u00f3s o encontro com Kanazawa, o v\u00f4o (e queda) da Ishii. \u00c9 um recurso narrativo interessante, “pautando” os momentos de grande impacto com vislumbres do mundo real, tal como um sol que aparece entre nuvens carregadas.
\nClaro, podemos ver da pr\u00f3pria cena que elas ainda est\u00e3o bem longe do topo – se \u00e9 que existe, afinal, um “topo”. Mas achei – e talvez seja s\u00f3 impress\u00e3o minha – que o elevador desse epis\u00f3dio foi um “ponto sem retorno” ainda mais agressivo que os outros na s\u00e9rie at\u00e9 agora.<\/li>\n
\nTalvez eu esteja enganado, mas eu tenho minhas d\u00favidas se elas conseguiram chegar ao topo daquele mundo antes do final do anime. Pelo que deu para v\u00ea, ainda h\u00e1 muito o que subir ali. O que \u00e9 fato \u00e9 que realmente o quanto mais se sobre mais a tecnologia parece avan\u00e7ada. Se no n\u00edvel atual h\u00e1 rob\u00f4s com uma intelig\u00eancia artificial bem programada, imagina nos pr\u00f3ximos n\u00edveis.<\/li>\n
\nTalvez descubramos com o tempo que no topo est\u00e1 ainda um novo assentamento humano, agora com uma tecnologia ainda mais avan\u00e7ada do que tudo o que vimos at\u00e9 ent\u00e3o. Bom, ou n\u00e3o… E se eventualmente isso rolar, \u00e9 o tipo de twist<\/em> que esperaria para o final do mang\u00e1, n\u00e3o desse anime rs. Na verdade, e com apenas dois epis\u00f3dios sobrando, arriscaria dizer que chegamos ao mais alto que chegaremos no anime.<\/li>\n
\nEu nem queria trazer esse ponto agora, mas j\u00e1 que o Diego mencionou, n\u00e3o vamos negar fogo: o que voc\u00eas esperam do final desse anime? Acham que os cr\u00e9ditos simplesmente subir\u00e3o? Que teremos alguma \u00faltima cena tocante de ending<\/em>, igual \u00e0 da chuva ou do epis\u00f3dio da bebedeira? Ou ALGUM tipo de resolu\u00e7\u00e3o?<\/li>\n
\nEstou c\u00e9tico no que tange esperar alguma resolu\u00e7\u00e3o, tanto pelo estilo da obra, que \u00e9 mais simb\u00f3lica do que qualquer outra coisa, como pelo fato de que o mang\u00e1 ainda est\u00e1 em publica\u00e7\u00e3o. Ou inventam um final pr\u00f3prio, ou vai acabar como come\u00e7ou, em alguma cena melanc\u00f3lica com os cr\u00e9ditos subindo.<\/li>\n
\nEsse tipo de obra quase que por natureza tende a ter finais de estilo “e a aventura continua”, ent\u00e3o eu n\u00e3o realmente espero qualquer tipo de resolu\u00e7\u00e3o da obra, em parte pelo que o Gato falou, mas tamb\u00e9m porque eu n\u00e3o acho que haja algo para se concluir aqui.
\nNossas personagens n\u00e3o possuem nenhum objetivo determinado, e n\u00e3o \u00e9 como se houvesse algum drama ou tens\u00e3o inerente entre elas que precisasse ser resolvido. De certa forma, podemos dizer que Girls’ Last Tour<\/em> \u00e9 uma hist\u00f3ria sem conflito, e como tal ela n\u00e3o exatamente necessita de uma resolu\u00e7\u00e3o.
\nImagino que o epis\u00f3dio final ser\u00e1 algo semelhante ao final do epis\u00f3dio 5 – alguma cena mais bonitinha, com uma OST combinando, que nos d\u00ea a sensa\u00e7\u00e3o de que a hist\u00f3ria dessas duas ainda tem muitas p\u00e1ginas a correr.<\/li>\n
\nN\u00e3o espero um final para esse anime, com o mang\u00e1 ainda em andamento. E parece que j\u00e1 h\u00e1 material suficiente para mais meia temporada ainda. Devem escolher um epis\u00f3dio emocionante, como o da dan\u00e7a, para encerrar e \u00e9 isso a\u00ed.
\nMas o topo me interessa! Existe um curta chamado Tsukimi no Ie<\/a> (La Maison en Petits Cubes)<\/em> que \u00e9 sobre construir literalmente em cima de onde est\u00e1vamos antes. Eu imagino que as civiliza\u00e7\u00f5es em Girls’ Last Tour<\/em> n\u00e3o realmente desistiram ou deixaram de existir, elas apenas continuaram construindo em cima e para cima.
\nMetaforicamente, \u00e9 o que fazemos, n\u00e3o \u00e9? Para o bem ou para o mal, depois de vit\u00f3rias ou de trag\u00e9dias, continuamos construindo “em cima” do passado. E evolu\u00edmos no processo – talvez quando a Chito e a Yuuri encontrarem a civiliza\u00e7\u00e3o, ela j\u00e1 n\u00e3o seja mais composta por seres humanos como os conhecemos. J\u00e1 temos alguma dificuldade para reconhecer peixes e batatas, e ainda n\u00e3o aceitei que “aquilo” \u00e9 um gato.
\nTalvez o verdadeiro infort\u00fanio delas – e de todos que est\u00e3o nos n\u00edveis inferiores – n\u00e3o seja o fim da humanidade, mas terem nascido nas franjas esquecidas dela. Por tudo o que vimos e sabemos, talvez os humanos da “verdadeira civiliza\u00e7\u00e3o”, bem no topo dessa mega-cidade ol\u00edmpica, se pare\u00e7am com magos ou com deuses.
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\nEsse \u00e9 um ponto interessant\u00edssimo, at\u00e9 porque \u00e9 a mais pura verdade. Na hist\u00f3ria da humanidade, n\u00f3s estamos sempre construindo para “cima”. Isso pode soar estranho para n\u00f3s brasileiros, mas em locais como a Europa, Oriente M\u00e9dio e parte da \u00c1sia, as pessoas vivem nas mesmas cidades h\u00e1 mil\u00eanios.
\nEu participei de uma viagem a campo com arque\u00f3logos brit\u00e2nicos em 2010, e eles me mostraram que algumas das casas ocupadas at\u00e9 hoje possuem funda\u00e7\u00f5es romanas! Basta tirar um detector de metais que voc\u00ea encontra torques e armas bret\u00e3s enterradas no ch\u00e3o.
\nE isso sem falar em cidades como Roma, que mal conseguem fazer t\u00fanel de metr\u00f4, pois sempre que come\u00e7am a cavar encontram algum tesouro da antiguidade.
\nAcho que o que mais me impressionou, no entanto, foram os restos humanos. O passeio dos arque\u00f3logos foi centrado em uma igreja do s\u00e9culo XIII, que por sua vez foi constru\u00edda sobre um antigo assentamento romano.
\nEla ficava em cima de um morro (que talvez j\u00e1 existisse desde a \u00e9poca dos povos pr\u00e9-hist\u00f3ricos), e que o guia nos disse ser uma verdadeira pilha de esqueletos. Dezenas de milhares de pessoas haviam sido enterradas ali ao longo dos mil\u00eanios, de forma que em dias de chuva forte n\u00e3o era raro ver ossos descobertos ou levados pela enxurrada.
\nPuxando a sardinha filos\u00f3fica do F\u00e1bio, poder\u00edamos argumentar que estamos todos na posi\u00e7\u00e3o da Chi e da Yuu: “enterrando” um mundo que se acabou e subindo a um futuro desconhecido. Pois o passado, tal como o p\u00f3s-apocalipse, \u00e9 um mundo desprovido de pessoas.<\/li>\n
\nSem d\u00favida nos locais de ocupa\u00e7\u00e3o humana cont\u00ednua mais antiga isso \u00e9 mais vis\u00edvel, mas mesmo aqui no nosso relativamente jovem pa\u00eds nossas cidades j\u00e1 est\u00e3o em cima, literalmente, da hist\u00f3ria.
\nDesde os paralelep\u00edpedos que existem por baixo do asfalto nas ruas de v\u00e1rios bairros aos trilhos enterrados das antigas linhas de bonde, e at\u00e9 ainda antes em cacos e restos de habita\u00e7\u00f5es do per\u00edodo colonial.
\nN\u00e3o \u00e9 raro que obras p\u00fablicas fiquem paradas por meses aguardando inesperados trabalhos arqueol\u00f3gicos. Nesse caso, o nosso “consolo” \u00e9 n\u00e3o sermos Roma ou Atenas.<\/li>\n
\nInteressante o paralelo levantado pelo Vinicius. O mundo em que a Chi e a Yuu vivem \u00e9 apenas uma extrapola\u00e7\u00e3o do nosso. Tenho um exemplo pr\u00e1tico disso. na cidade em que moro foi iniciada uma obra de expans\u00e3o do museu municipal, e por incr\u00edvel que possa parecer, o museu estava em cima de achados arqueol\u00f3gicos e ningu\u00e9m havia se dado conta! Mais especificamente um sambaqui ind\u00edgena.
\nMas nem s\u00f3 de camadas humanas se pode fazer essa compara\u00e7\u00e3o, pois se levarmos em considera\u00e7\u00e3o, h\u00e1 solos mais novos e outros mais antigos, com v\u00e1rias camadas de sedimentos e forma\u00e7\u00f5es rochosas de diversas eras.<\/li>\n
\nSambaquis s\u00e3o uns tro\u00e7os bem antigos que temos na Am\u00e9rica do Sul, n\u00e3o s\u00e3o? Lembro vagamente disso. Que doideira.
\nE que ironia, justamente um museu em cima<\/li>\n
\nSambaquis s\u00e3o uma esp\u00e9cie de dep\u00f3sitos fossilizados de conchas e utens\u00edlios muito antigos de povos ind\u00edgenas que viveram no litoral.
\nMas n\u00e3o somente na Am\u00e9rica do Sul, h\u00e1 uns sambaquis bem mirrados nos EUA tamb\u00e9m.
\nEm compara\u00e7\u00e3o com os brasileiros claro.<\/li>\n
\nCompara\u00e7\u00f5es com estratos arqueol\u00f3gicos certamente s\u00e3o bem v\u00e1lidas, mas o que n\u00e3o faltam em nossas cidades s\u00e3o constru\u00e7\u00f5es para cima. Inclusive, n\u00e3o havia planos de se construir, acredito que na \u00edndia, uma leg\u00edtima cidade arranha-c\u00e9u?
\nUm imenso pr\u00e9dio de apartamentos que seria praticamente uma pequena cidade em si mesma? Girls’ Last Tour<\/em> bem poderia ser uma extrapola\u00e7\u00e3o disso, onde ao inv\u00e9s de mini-cidades em formato de pr\u00e9dio temos leg\u00edtimas cidades umas sobre as outras.<\/li>\n
\nO Gato j\u00e1 teve ter visto esse tipo de coisa, mas para o F\u00e1bio e o Diego talvez seja novidade: essa \u00e9 a reconstitui\u00e7\u00e3o de um sambaqui tal como era na pr\u00e9-hist\u00f3ria:
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