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{"id":17360,"date":"2017-07-07T17:41:23","date_gmt":"2017-07-07T20:41:23","guid":{"rendered":"http:\/\/finisgeekis.com\/?p=17360"},"modified":"2019-02-24T12:59:48","modified_gmt":"2019-02-24T15:59:48","slug":"uma-aventura-no-japao-8-finalmente-hiroshima","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/2017\/07\/07\/uma-aventura-no-japao-8-finalmente-hiroshima\/","title":{"rendered":"Uma aventura no Jap\u00e3o #8: finalmente Hiroshima"},"content":{"rendered":"

Se voc\u00ea tivesse uma \u00fanica oportunidade de ir ao Jap\u00e3o, que lugar que voc\u00ea n\u00e3o deixaria de visitar em hip\u00f3tese alguma?<\/p>\n

Para mim e para minha esposa, a resposta sempre foi \u00f3bvia: Hiroshima.<\/p>\n

<\/p>\n

Existem lugares que todo historiador deve conhecer para fazer jus ao diploma. Existem lugares aos quais devemos o mundo moderno. Hiroshima est\u00e1 no topo de ambas as listas.<\/p>\n

Como todos sabem, a cidade foi obliterada pela primeira bomba at\u00f4mica j\u00e1 utilizada militarmente. O horror acelerou a rendi\u00e7\u00e3o japonesa \u2013 e, no longo prazo, alimentou os pesadelos da Guerra Fria.<\/p>\n

De minha parte, no entanto, confesso que tinha motivos ulteriores para visitar a cidade. Como j\u00e1 disse diversas vezes no blog, japoneses t\u00eam uma rela\u00e7\u00e3o complicada com o seu passado.<\/p>\n

Ningu\u00e9m duvida que a bomba at\u00f4mica \u00e9 uma arma desumana, nem que o Jap\u00e3o pagou \u2013 com juros \u2013 pelo sofrimento que dispensou durante a Segunda Guerra. Ao mesmo tempo, poucos epis\u00f3dios hist\u00f3ricos j\u00e1 foram t\u00e3o contestados como a detona\u00e7\u00e3o que inaugurou o p\u00f3s-guerra.<\/p>\n

Teria a bomba sido uma crueldade imensur\u00e1vel? Ou apenas o \u00faltimo domin\u00f3 em uma longa fila de viol\u00eancias que come\u00e7ou em 1937, com a 2\u00aa Guerra Sino-Japonesa<\/a>? Ou ainda antes, em 1922, com o Tratado Naval de Washington<\/a>? \u00c9 poss\u00edvel falar de uma trag\u00e9dia humana em termos t\u00e3o anal\u00edticos?<\/p>\n

Decidi ir eu mesmo \u00e0 Hiroshima para descobrir.<\/p>\n

\"DSC_6728.JPG\"

Memorial da Paz em Hiroshima<\/p><\/div>\n

Talvez o mais surpreendente em andar pelas ruas de cidade \u00e9 imaginar que esta \u00e9 a mesma metr\u00f3pole destru\u00edda pela bomba mais famosa do mundo. Seus bairros n\u00e3o foram apenas reconstru\u00eddos: eles possuem uma identidade pr\u00f3pria, uma vibe particular<\/em>, atra\u00e7\u00f5es distintas, que valeriam uma visita independente de seu passado assombroso.<\/p>\n

Algumas cidades, tocadas por grandes traumas, param no tempo. Hiroshima ressuscitou, <\/strong>no sentido quase org\u00e2nico da palavra. Seu okonomiyaki, <\/em>o melhor do Jap\u00e3o, est\u00e1 de prova.<\/p>\n

\"mv_okonomiyaki.jpg\"

Fonte<\/a><\/p><\/div>\n

Isso n\u00e3o significa que haja uma falta de marcos lembrando o dia mais fat\u00eddico da hist\u00f3ria japonesa.<\/p>\n

O edif\u00edcio que mais chama a aten\u00e7\u00e3o \u00e9 sem d\u00favida o Memorial da Paz, colosso em ru\u00ednas do que antes foi um centro de conven\u00e7\u00f5es da cidade. Localizado exatamente abaixo do hipocentro (ponto de detona\u00e7\u00e3o) ele absorveu o impacto da onda de choque, preservando sua forma original.<\/p>\n

O Memorial encara um parque pontilhado de monumentos, pequenos ou imponentes, que dividem o seu fardo. Paradoxalmente, ao caminhar entre eles somos lembrados da principal raz\u00e3o que levou Hiroshima ao seu destino.<\/p>\n

\"Hiroshima<\/p>\n

Uma ponte pode n\u00e3o dizer muito, a n\u00e3o ser que voc\u00ea more no Jap\u00e3o dos anos 1940.<\/p>\n

Isso porque Hiroshima n\u00e3o possui uma ponte, mas v\u00e1rias. <\/strong>A cidade \u00e9 situada na foz de um rio. Sua \u00e1rea urbana est\u00e1 quase inteiramente disposta entre as ilhas, entrecortada por cursos d\u2019\u00e1gua.<\/p>\n

Durante a Segunda Guerra, isso fez com que fosse poupada dos ataques a\u00e9reos americanos. Bombas incendi\u00e1rias de napalm, usadas para grande efeito em outras metr\u00f3poles japonesas, teriam pouco efeito em uma cidade em que nenhuma casa estava longe de um balde d\u2019\u00e1gua.<\/p>\n

A sorte de Hiroshima se provou mortal. Para potencializar o efeito surpresa, os Estados Unidos escolheram cidades n\u00e3o-bombardeadas<\/strong> para testar sua nova arma. Seus canais, outrora uma feliz coincid\u00eancia, a colocaram no topo da lista de alvos potenciais.<\/p>\n

\"hiroshima

Mapa de Hiroshima, em que fica vis\u00edvel a foz do rio<\/p><\/div>\n

Os jardins, contudo, s\u00e3o apenas um aquecimento antes do cora\u00e7\u00e3o de qualquer visita: o imponente Museu da Paz. Se voc\u00ea leu meu artigo sobre o santu\u00e1rio Yasukuni<\/a> e ficou apavorado com a apologia que prega ao fascismo, o centro de exibi\u00e7\u00f5es \u00e9 um ant\u00eddoto quase perfeito.<\/p>\n

Ao contr\u00e1rio do museu militar Yushukan, ele n\u00e3o esconde que o Jap\u00e3o se colocou na guerra por culpa pr\u00f3pria, iniciando uma guerra de agress\u00e3o contra a China. Em vez de justificar as pol\u00edticas de Hirohito, ele foca no sofrimento humano: nas pessoas normais que foram pegas no fogo cruzado.<\/p>\n

\u00c9 uma mensagem poderosa, f\u00e1cil de simpatizar. Para eu, que cresci ouvindo minha av\u00f3 falar sobre os bombardeios aliados no sul da It\u00e1lia, os testemunhos tinham um qu\u00ea de pessoal.<\/p>\n

Militantes fan\u00e1ticos adoram falar no \u201clado certo da Hist\u00f3ria\u201d, mas a verdade \u00e9 que, se a hist\u00f3ria tem mesmo um \u201clado\u201d, s\u00f3 descobrimos qual \u00e9 o nosso quando as ogivas come\u00e7am a cair.<\/p>\n

Ideologias v\u00eam e v\u00e3o, mas o sofrimento, tal como a arte, \u00e9 atemporal.<\/p>\n

O Museu da Paz, contudo, talvez tenha passado essa mensagem bem demais. De tanto insistir na excepcionalidade da bomba, ela parece quase alheia da guerra \u2013 e da \u00e9poca hist\u00f3rica \u2013 na qual foi concebida.<\/p>\n

Hiroshima era sede de uma importante base militar japonesa. Foi isso, juntamente \u00e0 geografia favor\u00e1vel, que a levou a ser escolhida para o bombardeio.<\/p>\n

Sua exposi\u00e7\u00e3o, entretanto, foca quase que exclusivamente nas crian\u00e7as em idade escolar. A Segunda Guerra \u00e9 narrada em cartazes, mas as imagens e artefatos s\u00e3o cacos (em alguns casos, melodram\u00e1ticos) de inf\u00e2ncias perdidas.<\/p>\n

\"Hiroshima-Peace-Memorial-Museum-Tricycle-Burnt.jpg\"

Brinquedo destru\u00eddo na exposi\u00e7\u00e3o do museu. Fonte<\/a><\/p><\/div>\n

\u00c9 como se a bomba deixasse de ser uma arma de guerra para se tornar algo mais: uma met\u00e1fora das vidas tolhidas no conflito, da gera\u00e7\u00e3o de adultos que nunca existiu, pois foram obliterados ainda no ber\u00e7o.<\/p>\n

Se digo que me incomodo com isso, n\u00e3o \u00e9 porque acredito que os respons\u00e1veis devam ser \u201cperdoados\u201d. Pelo contr\u00e1rio, \u00e9 para que possamos entender a verdadeira dimens\u00e3o desse horror.<\/p>\n

Hiroshima n\u00e3o se tornou not\u00e1vel pela contagem de corpos nem pelo sofrimento imediato \u2013 nisso, os bombardeios incendi\u00e1rios de T\u00f3quio<\/a>, dramatizados em O T\u00famulo dos Vagalumes<\/em>, levam a coroa.<\/p>\n

Era um sofrimento, acima de tudo, com que o Estado estava disposto a arcar. Sob seu regime totalit\u00e1rio, imperava o ju\u00edzo de que todas as \u201cvidas\u201d pertenciam ao imperador \u2013 e poderiam ser \u201cgastas\u201d, sem parcim\u00f4nia, para o esfor\u00e7o de guerra.<\/p>\n

\u201cCem milh\u00f5es de pessoas morrer\u00e3o juntas\u201d, foi o slogan <\/em>fascista em voga em 1945. Se o Jap\u00e3o n\u00e3o pudesse vencer a guerra, ele resistiria at\u00e9 o \u00faltimo suspiro de seu \u00faltimo cidad\u00e3o. O museu Yushukan celebra esse esp\u00edrito at\u00e9 hoje.<\/p>\n

\"tojo.jpg\"

Hideki Tojo, primeiro ministro fascista do Jap\u00e3o, no mang\u00e1\u00a0Showa\u00a0<\/a><\/em>de Shigeru Mizuki<\/a><\/p><\/div>\n

O Museu da Paz enfatiza a perda de vida humana, mas n\u00e3o explica que os anos 1940 foram um per\u00edodo em que o valor de uma \u201cvida\u201d se tornou perigosamente pequeno.<\/p>\n

Sem essa explica\u00e7\u00e3o, n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel entender como o que mundo virou de pernas para o ar em 1937-39. Nem como uma trag\u00e9dia como essa p\u00f4de ser cogitada – e levada a cabo.<\/p>\n

Contudo, \u00e9 mesmo poss\u00edvel esperar diferente? Muito provavelmente n\u00e3o.<\/p>\n

N\u00f3s historiadores somos pagos para racionalizar fen\u00f4menos, dissec\u00e1-los em padr\u00f5es sist\u00eamicos. Para aqueles como eu que usam m\u00e9todos das ci\u00eancias sociais, literalmente reduzir a realidade a uma equa\u00e7\u00e3o.<\/strong><\/p>\n

Nisso, muitas vezes esquecemos que certos epis\u00f3dios t\u00eam uma voz pr\u00f3pria. O Museu da Paz pode n\u00e3o fazer jus \u00e0 complexidade causal daquele dia fat\u00eddico. N\u00e3o explica como o mundo eclodiu em guerra, nem o paradoxo da \u201cpaz\u201d que se seguiu (garantida, at\u00e9 os dias de hoje, pelas pr\u00f3prias bombas at\u00f4micas que condena).<\/p>\n

Ele mostra, n\u00e3o obstante, o pre\u00e7o que foi pago para assegurar a calmaria que hoje damos por natural. Isto, por si s\u00f3, \u00e9 uma mensagem que merece ser contada.<\/p>\n

\"hiroshima<\/p>\n

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