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{"id":1441,"date":"2015-12-21T21:05:41","date_gmt":"2015-12-21T23:05:41","guid":{"rendered":"http:\/\/finisgeekis.com\/?p=1441"},"modified":"2019-02-25T14:39:23","modified_gmt":"2019-02-25T17:39:23","slug":"o-mais-do-mesmo-por-que-paramos-de-odiar-as-sequels","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/2015\/12\/21\/o-mais-do-mesmo-por-que-paramos-de-odiar-as-sequels\/","title":{"rendered":"O “mais do mesmo”: Por que paramos de odiar as sequels?"},"content":{"rendered":"

\n

N\u00e3o faz tanto tempo que a falta de criatividade de Hollywood e seu h\u00e1bito de explorar franquias de sucesso era motivo de chacota. De Volta para o Futuro 2<\/em> ilustrou isso bem ao pintar um 2015 fict\u00edcio em que Tubar\u00e3o 19<\/em> chegava aos cinemas. O pr\u00f3prio filme se tornou v\u00edtima da \u201cmaldi\u00e7\u00e3o\u201d em seu terceiro cap\u00edtulo, considerado por todos o mais fraco.<\/p>\n

<\/p>\n

\"back<\/p>\n

N\u00e3o faz tanto tempo, de fato, que sequels<\/em> eram t\u00e3o mal vistas que apenas sobreviviam (e olhe l\u00e1) gra\u00e7as \u00e0s locadoras. O Escorpi\u00e3o Rei<\/em>, ele mesmo um spin-off<\/em> de uma sequel<\/em>\u00a0de A M\u00famia<\/em>, ganhou duas<\/a> sequ\u00eancias<\/a> pr\u00f3prias. Dr. Dolittle, <\/em>sucesso de Eddie Murphy, bateu o recorde com QUATRO sequels<\/em>, tr\u00eas das quais sem a participa\u00e7\u00e3o do ator principal.<\/p>\n

\"dr<\/p>\n

O caso est\u00e1 longe de ser o primeiro \u2013 ou o mais rid\u00edculo. Nem Psicose, <\/em>obra-prima de Alfred Hitchcock, escapou da gan\u00e2ncia dos produtores. Acredite ou n\u00e3o, o terror\u00a0deu origem a uma franquia com o pr\u00f3prio nome.<\/p>\n

\"psycho<\/p>\n

Ao avan\u00e7ar a fita para os dias de hoje, no entanto, parece que o mundo virou de ponta cabe\u00e7a. O que antes era visto com desprezo ou sarcasmo virou motivo de orgulho. Sequels, reboots, spin-offs<\/em>, \u201csucessores espirituais\u201d e todo tipo de continua\u00e7\u00e3o tornaram-se campe\u00f5es de cr\u00edtica e bilheteria.<\/p>\n

Basta navegar alguns minutos em p\u00e1ginas nerds para encontrar imagens como a abaixo\u00a0em meio a coment\u00e1rios efusivos de que \u201cessa \u00e9 a melhor \u00e9poca para estar vivo.\u201d<\/p>\n

\"disney<\/p>\n

Reparem que entre as listas dos \u201ccelebrados\u201d est\u00e3o at\u00e9 continua\u00e7\u00f5es de franquias zumbificadas (Piratas do Caribe<\/em>) e de filmes malhados pela cr\u00edtica (Alice no Pa\u00eds das Maravilhas<\/em>).<\/p>\n

Em outras \u00e9pocas, isso seria motivo de risada. Hoje, aplaudimos de p\u00e9. O que, afinal de contas, aconteceu?<\/p>\n

Para responder a essa pergunta, \u00e9 preciso voltar no tempo.<\/p>\n

A hist\u00f3ria das sequels<\/em><\/strong><\/h3>\n

Ao contr\u00e1rio do que dizem os puristas de plant\u00e3o, n\u00e3o h\u00e1 nada de novo nas mal-faladas \u201cmodinhas\u201d. \u00a0Ryan Lambie<\/a> encontra o \u201cpecado\u201d j\u00e1 na obra de \u00a0George M\u00e8lies, um dos primeiros cineastas. Seu Viagem ao Imposs\u00edvel <\/em>nada mais seria do que uma tentativa de capitalizar em cima de seu filme mais conhecido, Viagem \u00e0 Lua. <\/em><\/p>\n

\"melies

Dada a semelhan\u00e7a do cen\u00e1rio, \u00e9 dif\u00edcil negar<\/p><\/div>\n

Conforme o cinema ganhou for\u00e7a \u2013 e os p\u00fablicos aumentaram \u2013 a pr\u00e1tica se tornou comum. Fundamental neste processo foi James Bond<\/em>, uma das primeiras grandes franquias cinematogr\u00e1ficas. Quando os livros de Ian Fleming acabaram, os produtores precisaram encontrar uma solu\u00e7\u00e3o para sustentar o her\u00f3i. A solu\u00e7\u00e3o foram filmes sem uma cronologia espec\u00edfica, ambientados em um mesmo universo, com temas parecidos e um protagonista em comum. Desta forma, 007<\/em> foi tamb\u00e9m o pai improv\u00e1vel dos fillers <\/em>do anime.<\/p>\n

\"godfather-part-2-movie-poster-1974-1010464987\"A \u201cera das sequels\u201d, <\/em>no entanto, n\u00e3o come\u00e7ou at\u00e9 os anos 1970<\/a>. A d\u00e9cada popularizou o h\u00e1bito \u2013 que nos persegue at\u00e9 hoje \u2013 de empregar n\u00fameros nos t\u00edtulos dos filmes.<\/p>\n

A moda se espalhou depois do lan\u00e7amento de O Poderoso Chef\u00e3o 2<\/em>, n\u00e3o apenas um lan\u00e7amento de peso, mas uma das poucas sequ\u00eancias (at\u00e9 os dias de hoje) a ter se igualado ao original em qualidade.<\/p>\n

Por\u00e9m, nem todos s\u00e3o o Coppola, e a popularidade de O Poderoso Chef\u00e3o <\/em>trouxe mais lixo do que luxo. E n\u00e3o falo apenas de\u00a0O Poderoso Chef\u00e3o 3<\/em>, mas daquilo que alguns cr\u00edticos apelidaram de \u201csequels <\/em>lix\u00e3o<\/a>\u201d: tentativas despudoradas de \u201csecar\u201d uma franquia at\u00e9 que todo o glamour tenha sido monetizado.<\/p>\n

A cr\u00edtica de De Volta para o Futuro <\/em>a Tubar\u00e3o <\/em>se encaixa aqui. Tubar\u00e3o 4<\/em> foi um dos grandes exemplos de sequel-<\/em>lix\u00e3o, mas nem de longe o \u00fanico: Superman 4 <\/em>e Karate Kid 4 <\/em>(que substituiu Daniel-san por uma ainda desconhecida Hillary Swank) competem no p\u00f3dio.<\/p>\n

\"karate-kid-poster\"

E n\u00e3o vamos nem tocar nesse assunto<\/p><\/div>\n

No entanto, o fundo do po\u00e7o ainda estava para chegar.\u00a0Ele viria com o formato direct-to-video<\/a><\/em>, a cria\u00e7\u00e3o de filmes de baixo or\u00e7amento feitos especificamente para o VHS \u2013 e, depois, o DVD. A ideia parecia maluca a princ\u00edpio, mas passou na prova dos nove em 1994 com O Retorno de Jafar<\/a>, sequel <\/em>de Aladdin<\/em>.<\/p>\n

O filme foi t\u00e3o \u201cbarato\u201d que chegou a contratar outros dubladores e compositores. Todavia, ele faturou US$ 7 milh\u00f5es no primeiro m\u00eas de venda, uma fortuna para os padr\u00f5es dos anos 1990. O resultado foi uma verdadeira tradi\u00e7\u00e3o de sequels <\/em>obscuras dos maiores cl\u00e1ssicos da Disney.<\/p>\n

\"disney<\/p>\n

J\u00e1 que estamos falando de fundos de po\u00e7o, h\u00e1 aqui uma men\u00e7\u00e3o honrosa: filmes \u201cfor\u00e7ados\u201d a virar sequels <\/em>de outros\u00a0com os quais n\u00e3o t\u00eam nada a ver. O mercado de cinema \u00e9 super competitivo, e muitas vezes est\u00fadios compram roteiros muito parecidos. Para capitalizar com a bilheteria\u00a0dos filmes de maior sucesso, mais de uma vez o t\u00edtulo das obras\u00a0foi mudado para dar a impress\u00e3o de que se tratava de um spin-off<\/em>.<\/p>\n

\"sequel<\/p>\n

N\u00e3o seria isso tudo ind\u00edcio de que n\u00e3o h\u00e1 nada de novo sobre o sol? Que os cr\u00edticos das sequels<\/em>, militando por um passado perfeito em que Hollywood s\u00f3 tinha ideias originais, est\u00e3o falando de uma \u00e9poca que nunca existiu? Em parte. H\u00e1, no entanto, uma diferen\u00e7a gritante.<\/p>\n

As sequels <\/em>nunca antes fizeram tanto dinheiro.<\/p>\n

A vit\u00f3ria\u00a0da repeti\u00e7\u00e3o<\/h3>\n

\"Grand_army_formation\"<\/p>\n

Se antes sequels <\/em>eram quase sempre relegadas a mercados de nicho, elas se tornaram as vacas leiteiras da ind\u00fastria contempor\u00e2nea. Jurassic World <\/a><\/em>\u00e9 o terceiro filme mais visto da hist\u00f3ria. Velozes e Furiosos 7 <\/em>est\u00e1 na 5\u00aa posi\u00e7\u00e3o, Vingadores 2 <\/em>na 6\u00aa, e a sequel-<\/em>da-sequel<\/em> Harry Potter e as Rel\u00edquias da Morte: Parte II <\/em>em 7\u00ba.<\/p>\n

E isso sem contar\u00a0O Despertar da For\u00e7a<\/em>, cujos n\u00fameros ainda n\u00e3o foram computados, mas que tem potencial para se tornar o filme mais visto da hist\u00f3ria.<\/p>\n

N\u00e3o se trata apenas de apelo com o p\u00fablico. Os cr\u00edticos, tamb\u00e9m, passaram a amar o que antes odiavam. O ranking das sequels <\/em>no Rotten Tomatoes <\/em>fala por si s\u00f3:<\/p>\n

\"sequels<\/p>\n

O que teria provocado a mudan\u00e7a? Algumas raz\u00f5es s\u00e3o \u00f3bvias. Est\u00fadios se tornaram muito mais protetores com suas propriedades intelectuais e menos dispostos a estragar franquias com sequels-<\/em>lix\u00e3o. O sucesso de O Senhor dos An\u00e9is <\/em>e Harry Potter <\/em>\u2013 incluindo a avalanche de Oscars para O Retorno do Rei – <\/em>mostrou que sequels <\/em>entregam no grande circu\u00edto. Com o universo cinem\u00e1tico da Marvel, a habilidade de cineastas de lidar com hist\u00f3rias paralelas cresceu. Em suma, as sequels <\/em>simplesmente ficaram melhores.<\/p>\n

Mesmo assim, acredito que haja uma outra raz\u00e3o, muito mais profunda. E que diz respeito n\u00e3o apenas \u00e0 qualidade dos filmes, mas a n\u00f3s mesmos como pessoas.<\/p>\n

O medo do novo<\/strong><\/h3>\n

\"Lone_Wanderer\"<\/p>\n

Em um texto intitulado As Sequels e a Morte da Novidade<\/em>, o comentarista de games Shamus Young fez uma cr\u00edtica pesada<\/a> \u00e0s sequ\u00eancias no mundo dos jogos. Para ele, a depend\u00eancia em continua\u00e7\u00f5es acabou com a magia da descoberta.<\/p>\n

O exemplo que d\u00e1 \u00e9 o de Fallout<\/em>. No primeiro game, o jogador, encarnando uma personagem que viveu a vida toda sob a terra, precisa desbravar um mundo desconhecido. Do tutorial at\u00e9 os cr\u00e9ditos finais, tudo o que via era novo, maravilhoso, amedrontador.<\/p>\n

Uma sociedade em que tampinhas de refrigerante se tornaram moeda de troca. Uma seita semi-religiosa que luta para proteger a tecnologia perdida no apocalipse. Escorpi\u00f5es gigantes, modificados pela radia\u00e7\u00e3o das bombas nucleares. Uma criatura poderos\u00edssima e misteriosa chamada Deathclaw<\/em>.<\/p>\n

Por\u00e9m, ap\u00f3s mais de 5 sequels<\/em>, o que antes era um mundo paralelo tornou-se um playground. Os elementos ic\u00f4nicos viraram presen\u00e7a garantida, de maneira que um jogador veterano j\u00e1 sabe o que vai encontrar antes mesmo de ligar o monitor.<\/p>\n

A descoberta se tornou uma lista de compras, em que \u201cticamos\u201d os itens na hora em que aparecem. No caso de Fallout 4<\/em>, nem \u00e9 preciso esperar muito: tudo o que h\u00e1 de cl\u00e1ssico na s\u00e9rie \u00e9 introduzido na miss\u00e3o inicial.<\/p>\n

Young falava de jogos, mas o mesmo vale para o cinema. Sob a bandeira da \u201cnostalgia\u201d ou do \u201crespeito aos cl\u00e1ssicos\u201d, as\u00a0sequels <\/em>de hoje em dia\u00a0oferecem meras \u201clista de compras\u201d indicando os momentos em que devemos dar gritinhos de alegria no cinema.<\/p>\n

(aqueles que n\u00e3o assistiram a’<\/em>O Despertar da For\u00e7a e que<\/em> n\u00e3o querem<\/em> SPOILERS, pulem para a pr\u00f3xima se\u00e7\u00e3o.<\/em>)<\/p>\n

O Despertar da For\u00e7a <\/em>\u00e9 uma verdadeira li\u00e7\u00e3o desse cinema \u201clista de compras\u201d. Luke, Leia e Han? Conferem. Planeta deserto? Confere. Estrela da Morte? Confere. Base Rebelde em planeta tropical? Confere. CP30 e R2 D2? Confere. Tie Fighters e X-Wings? Conferem Almirante Ackbar? Confere. \u00a0Sullustano gen\u00e9rico de O Retorno de Jedi<\/em>? Confere. Tal como Fallout 4<\/em>, o filme n\u00e3o entrega nada que j\u00e1 n\u00e3o tenha sido feito em outro lugar \u2013 e melhor, dir\u00e3o alguns.<\/p>\n

O fato\u00a0\u00e9 que o filme \u2013 e tantos outros que seguem a mesma f\u00f3rmula \u2013 s\u00e3o um sucesso absoluto. F\u00e3s internet afora o defendem dizendo que a \u201clista de compras\u201d \u00e9 o exato motivo que os leva a assistir Star Wars<\/em>. Cada revela\u00e7\u00e3o da pel\u00edcula levou os espectadores \u00e0 polvorosa nos cinemas. Cr\u00edticos o amaram. E a Disney, j\u00e1 antecipando o sucesso, disse que pretende manter o trem do saudosismo para todo o sempre. \u00c9 isso mesmo. Star Wars <\/em>ser\u00e1 a \u201cfranquia eterna<\/a>\u201d.<\/p>\n

N\u00e3o se trata apenas do \u201cmais do mesmo\u201d. Pelo contr\u00e1rio, h\u00e1 uma vontade disseminada de que as coisas parem de mudar<\/em>.<\/p>\n

O\u00a0presente que nunca acaba<\/strong><\/h3>\n

\"carrossel\"<\/p>\n

Se digo que vejo um motivo escondido por tr\u00e1s disso, \u00e9 porque historiadores j\u00e1 notaram a mesma coisa em outros contextos:\u00a0Nossa \u00e9poca, mais do que qualquer outra, tem um enorme medo da mudan\u00e7a.<\/p>\n

Para esses<\/a> estudiosos<\/a>, tudo come\u00e7ou por volta dos anos 1980. Com o progresso tecnol\u00f3gico e todas as reviravoltas do final do s\u00e9culo XX, ganhou for\u00e7a a impress\u00e3o de que viv\u00edamos em tempos de incerteza.<\/p>\n

O mundo mudava t\u00e3o r\u00e1pido que se tornou imposs\u00edvel de acompanhar. Um pa\u00eds poderoso podia tombar em uma crise da noite para o dia. Uma moeda podia perder todo o seu valor. Nossa profiss\u00e3o podia deixar de existir antes mesmo de terminarmos a faculdade, substitu\u00edda por outra que ainda n\u00e3o fora inventada. Uma nova tecnologia podia mudar a forma como nos relacionamos, levar uma ind\u00fastria inteira \u00e0 fal\u00eancia ou extingir ve\u00edculos inteiros de comunica\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

\"2001<\/p>\n

\"manchete<\/p>\n

O resultado foi a sensa\u00e7\u00e3o de que n\u00e3o temos mais controle sobre nossas pr\u00f3prias vidas. Que o mundo se tornou t\u00e3o incerto, complexo e imprevis\u00edvel que fatos aleat\u00f3rios podem alterar\u00a0completamente nosso rumo. A ideia de que indiv\u00edduos podem mudar\u00a0uma sociedade inteira perdeu for\u00e7a. O efeito borboleta<\/a> tornou-se a palavra\u00a0da vez<\/p>\n

Tudo isso, obviamente, trouxe ang\u00fastia. Como disse certa vez Roger Ebert<\/a>, \u00e9 humilhante saber que a exist\u00eancia n\u00e3o gira ao redor do nosso umbigo. Pior ainda \u00e9 descobrir que ela n\u00e3o gira em volta de nada. Que estamos todos \u00e0 merc\u00ea do acaso, da \u201cconjuntura global\u201d, de um zilh\u00e3o de fen\u00f4menos que n\u00e3o entendemos, mas que podem mudar tudo \u00e0 nossa volta em um piscar de olhos.<\/p>\n

\"fukuyama\"Para alguns historiadores, isso deu origem ao \u201cpresentismo\u201d. Trata-se da f\u00e9 de que agora <\/em>a mudan\u00e7a acabou, que chegamos finalmente no fim da hist\u00f3ria, que nossa civiliza\u00e7\u00e3o \u00e9 a \u00faltima e que descobrimos a grande verdade. Por consequ\u00eancia, a f\u00e9 de que por mais que as coisas mudem daqui para a frente, elas sempre continuar\u00e3o as mesmas.<\/p>\n

No presentismo, n\u00e3o h\u00e1 \u201cfuturo\u201d, h\u00e1 apenas varia\u00e7\u00f5es do presente. Nossa\u00a0inf\u00e2ncia \u00e9 A Inf\u00e2ncia, que continuar\u00e1 sempre a mesma porque ensinaremos nossos filhos a ser como n\u00f3s. Os Anos Noventa nunca acabar\u00e3o, pois n\u00f3s continuaremos assistindo \u00e0s mesmas coisas, j\u00e1 que\u00a0temos o poder de repeti-las para sempre. \u00a0Ao decretar que n\u00f3s \u201cn\u00e3o viveremos para ver o fim de Star Wars<\/em>\u201d, a nova diretora<\/a> da Lucasfilm n\u00e3o disse apenas que vai preservar a franquia: ela prometeu controlar o futuro.<\/p>\n

No presentismo, tamb\u00e9m n\u00e3o existe \u201cpassado\u201d, apenas \u201cpresentes\u201d imperfeitos. Existem os valores certos, que s\u00e3o os nossos, e os errados, que s\u00e3o os \u201cultrapassados\u201d. N\u00f3s vencemos porque estamos do \u201clado certo da hist\u00f3ria\u201d; os outros perderam \u2013 ou precisam perder \u2013 porque se recusam a \u201cevoluir\u201d.<\/p>\n

N\u00e3o existem problemas contempor\u00e2neos: tudo o que h\u00e1 de ruim na face da Terra s\u00e3o \u201cresqu\u00edcios\u201d de um passado horroroso que custa a morrer. \u201cOs tempos mudaram\u201d diz o presentista, \u201cSe n\u00e3o gostou, volte para o passado.\u201d A id\u00e9ia de que pontos de vista diferentes podem habitar uma mesma \u00e9poca\u00a0n\u00e3o \u00e9 mais levada em conta.<\/p>\n

No mundo do entretenimento, o saldo s\u00e3o vis\u00f5es de um futuro que nada mais fazem do que \u201ccelebrar\u201d um presente\u00a0saudoso. Ou ent\u00e3o vis\u00f5es da hist\u00f3ria que \u201cmodernizam\u201d o passado, ou que enviam at\u00e9 ele um her\u00f3i contempor\u00e2neo<\/a>, para que ele nos mostre qu\u00e3o horr\u00edvel era a vida antes do \u201cpresente\u201d acontecer.<\/p>\n

Da\u00ed tamb\u00e9m o h\u00e1bito, que j\u00e1 pega for\u00e7a entre os cr\u00edticos brasileiros, de usar \u201catual\u201d e \u201ccontempor\u00e2neo\u201d como elogios. Refletir o \u201cnosso tempo\u201d nunca rendeu tantas estrelinhas nos guias de cinema.<\/p>\n

E quando o \u201cpresente\u201d acabar?<\/strong><\/h3>\n

\"flat-earth-3\"<\/p>\n

Steven Spielberg recentemente causou pol\u00eamica<\/a> ao dizer que os filmes de super her\u00f3is est\u00e3o com os dias contados. Nenhum ciclo criativo dura para sempre, ele disse, por mais que queiramos acreditar no contr\u00e1rio. O cinema western<\/em> um dia dominou Hollywood inteira, mas hoje \u00e9 um g\u00eanero de nicho. Para o diretor de E.T.,<\/em> \u00e9 quase certo que o mesmo aconte\u00e7a com o Capit\u00e3o Am\u00e9rica e os X-Men.<\/p>\n

Spielberg n\u00e3o deu um exemplo qualquer. O western <\/em>n\u00e3o se tornou o g\u00eanero dominante s\u00f3 por causa do talento de John Ford ou da popularidade de John Wayne. O cinema de faroeste encarnava valores de sua \u00e9poca \u2013 o individualismo do cowboy, <\/em>a selvageria da fronteira, o perigo dos \u00edndios \u2013 que pararam de ressonar com o p\u00fablico.<\/p>\n

Erra quem pensa que o nosso cinema \u00e9 mais \u201cneutro\u201d do que os cl\u00e1ssicos dos anos 1950. A diferen\u00e7a \u00e9 que ele carrega valores com os quais (pelo menos por enquanto) n\u00f3s concordamos.<\/p>\n

O problema \u00e9 que, tal como tempo dos cowboys<\/em>, o nosso tamb\u00e9m vai acabar. E O Despertar da For\u00e7a<\/em>, hoje queridinho da cr\u00edtica, p\u00fablico e ide\u00f3logos de Facebook, soar\u00e1 t\u00e3o \u201cerrado\u201d quanto Rastros de \u00d3dio<\/a><\/em>.<\/p>\n

Quando isso acontecer, \u00e9 bom torcermos para que o futuro seja mais tolerante com a gente do que n\u00f3s somos com aqueles que nos precederam. Afinal de contas, como nos ensinou um certo filme<\/a>, \u201cn\u00f3s podemos romper com o passado, mas o passado nunca rompe conosco.\u201d<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

N\u00e3o faz tanto tempo que a falta de criatividade de Hollywood e seu h\u00e1bito de explorar franquias de sucesso era motivo de chacota. De Volta para o Futuro 2 ilustrou isso bem ao pintar um 2015 fict\u00edcio em que Tubar\u00e3o 19 chegava aos cinemas. O pr\u00f3prio filme se tornou v\u00edtima da \u201cmaldi\u00e7\u00e3o\u201d em seu terceiro […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":1444,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"spay_email":"","jetpack_publicize_message":"","jetpack_is_tweetstorm":false},"categories":[580,20],"tags":[53,86,175,367,369],"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/i1.wp.com\/www.finisgeekis.com\/wp-content\/uploads\/2015\/12\/force-awakens-poster.jpg?fit=1458%2C996&ssl=1","jetpack_publicize_connections":[],"jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/p9rUzW-nf","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1441"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1441"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1441\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":21329,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1441\/revisions\/21329"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media\/1444"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1441"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1441"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1441"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}