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{"id":13402,"date":"2016-12-06T19:10:01","date_gmt":"2016-12-06T21:10:01","guid":{"rendered":"http:\/\/finisgeekis.com\/?p=13402"},"modified":"2019-02-25T14:02:36","modified_gmt":"2019-02-25T17:02:36","slug":"the-crown-por-que-elizabeth-ii-e-tao-importante","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/2016\/12\/06\/the-crown-por-que-elizabeth-ii-e-tao-importante\/","title":{"rendered":"“The Crown”: Por que Elizabeth II \u00e9 t\u00e3o importante"},"content":{"rendered":"

\n

Algumas hero\u00ednas s\u00e3o \u00f3bvias. Outras, nem tanto.<\/p>\n

Todos n\u00f3s estamos acostumados a garotas m\u00e1gicas e guerreiras de capa e collant<\/em>. Nos \u00faltimos tempos, anti-her\u00f3inas e vil\u00e3s carism\u00e1tica tamb\u00e9m marcaram presen\u00e7a. N\u00e3o parece ter sido o suficiente para a Netflix, que resolveu pensar fora da caixa.<\/p>\n

E nos trazer uma her\u00f3ina bastante <\/strong>diferente.<\/p>\n

<\/p>\n

\"the<\/p>\n

\u00c0 primeira vista, Elizabeth II n\u00e3o parece ser uma pessoa muito emocionante. Para n\u00f3s, que nos acostumamos a encar\u00e1-la como uma velhinha simp\u00e1tica, \u00e9 dif\u00edcil imagin\u00e1-la fora das colunas sociais. Muito menos como protagonista de uma nova s\u00e9rie, prevista para durar\u00a0seis temporadas.<\/p>\n

Apenas \u00e0 primeira vista.<\/p>\n

Como nos mostra o seriado The Crown<\/em> (que cont\u00e9m at\u00e9 um brasileiro entre os produtores), Elizabeth II foi (e ainda \u00e9) uma das mulheres mais poderosas da atualidade, com um dedo em v\u00e1rios dos mais importantes epis\u00f3dios hist\u00f3ricos do s\u00e9culo XX.<\/p>\n

N\u00e3o deixem os vestidos, j\u00f3ias e corgis engan\u00e1-los. A rainha \u00e9 badass<\/em>.<\/p>\n

\"elizabeth

Bem, n\u00e3o exatamente desse jeito<\/p><\/div>\n

\u201cMas como?\u201d muitos, inclusive eu pr\u00f3prio, j\u00e1 devem ter perguntado. O cargo de monarca n\u00e3o \u00e9 apenas cerimonial? O que as fofocas sobre o Pr\u00edncipe William\u00a0t\u00eam a ver com grandeza e hero\u00edsmo? Porque os brit\u00e2nicos insistem na monarquia, enquanto que tantos outros pa\u00edses j\u00e1 a abandonaram?<\/p>\n

Acontece que h\u00e1 muito mais na rainha do que coroas e pal\u00e1cios. A “Coroa” que d\u00e1 nome ao seriado \u00e9 muito mais que uma j\u00f3ia. \u00c9 um princ\u00edpio t\u00e3o importante que, sem ele, o Reino Unido n\u00e3o consegue funcionar.<\/p>\n

\u00c9 o que me conta meu grande amigo Rafael Andrade, que conhece o assunto melhor que ningu\u00e9m.<\/p>\n

Intrigado pela s\u00e9rie, resolvi procur\u00e1-lo para escrever um artigo especial para o finisgeekis, nos contando porque Elizabeth II \u00e9 t\u00e3o importante \u2013 e porque n\u00f3s, ao assistir The Crown<\/em>,\u00a0estamos perdoados se terminarmos de queixo ca\u00eddo.<\/p>\n

Confiram\u00a0abaixo:<\/p>\n

A hero\u00edna que a Inglaterra merece<\/strong><\/h3>\n

\"claire-foy-the-queen1.jpg\"<\/p>\n

Qual, afinal, \u00e9 a fun\u00e7\u00e3o da rainha? A resposta mais simples \u00e9 que ela desempenha um papel\u00a0constitucional\u00a0<\/strong>na Inglaterra.<\/p>\n

Claro, antes de comentar isso, \u00e9 preciso entender o\u00a0que \u00e9 exatamente<\/strong>,<\/em>\u00a0a constitui\u00e7\u00e3o brit\u00e2nica.<\/p>\n

Ao contr\u00e1rio da maioria das monarquias constitucionais do mundo, o que torna o Reino Unido um caso ainda mais sui generis<\/em> \u00e9 que o pa\u00eds n\u00e3o possui uma constitui\u00e7\u00e3o formal. A\u00ed voc\u00ea pode se perguntar: mas pera a\u00ed, o tempo todo eles falam na constitui\u00e7\u00e3o durante a s\u00e9rie, o que isso quer dizer?<\/p>\n

Pois bem, o que quer dizer \u00e9 que, no Reino Unido, ao inv\u00e9s de um s\u00f3 documento constitucional r\u00edgido, como funciona nos Estados Unidos, no Brasil e praticamente todos os outros pa\u00edses do mundo, quatro fontes de entendimento constitucional s\u00e3o adotadas:<\/p>\n

Elas s\u00e3o a common law<\/em> (leis baseadas na tradi\u00e7\u00e3o e nas decis\u00f5es tomadas anteriormente por ju\u00edzes e cortes de justi\u00e7a), a statute law<\/em> (leis estabelecidas para legislar pontos importantes que contrariem a common law<\/em> ou que precisem de legisla\u00e7\u00e3o mais r\u00edgida), conven\u00e7\u00f5es parlamentares (que tratam do funcionamento do parlamento) e, por fim, os works of authority<\/em> (uma cole\u00e7\u00e3o de obras fundamentais para o entendimento da lei, incluindo\u00a0\u201cA Constitui\u00e7\u00e3o Inglesa\u201d de Bagehot<\/a>, que \u00e9 citada o tempo todo na s\u00e9rie e que \u00e9 uma das obras estudadas por todos os herdeiros do trono ingl\u00eas, como tamb\u00e9m vimos na s\u00e9rie).<\/p>\n

\"the-crown-classes\"<\/p>\n

Como n\u00e3o poderia deixar de ser, todas as quatro fontes de poder \u00a0s\u00e3o intimamente ligadas \u00e0 figura do soberano.<\/p>\n

A common law<\/em>\u00a0vem diretamente da sua autoridade\u00a0como representante das tradi\u00e7\u00f5es inglesas, chefe da Igreja Anglicana e, at\u00e9 2005<\/a>, \u00a0por ter a prerrogativa de apontar o chefe do sistema judici\u00e1rio ingl\u00eas, sob aconselhamento do primeiro ministro.<\/p>\n

A statute law,<\/em> assim como a common law,<\/em> tamb\u00e9m prov\u00e9m da autoridade do soberano, mas de maneira diferente. Apesar de serem aprovadas em \u00faltima inst\u00e2ncia pelo monarca, essas leis tradicionalmente limitam o poder que ele exerce.<\/p>\n

Esse tem sido o caso desde a Magna Carta de 1297<\/a>\u00a0at\u00e9 o recente ato parlamentar de 2011<\/a>. Apesar disso, \u00e9 a autoridade e continuidade da institui\u00e7\u00e3o da monarquia que permite que documentos do s\u00e9culo XIII ou XVII sejam citados em tribunais brit\u00e2nicos at\u00e9 os dias de hoje.<\/p>\n

As conven\u00e7\u00f5es do parlamento e os works of authority<\/em>, apesar de n\u00e3o serem ligados diretamente \u00e0 monarquia, tamb\u00e9m dizem respeito ao soberano, na medida em que discutem suas prerrogativas e a pr\u00f3pria natureza do poder real.<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 pouca coisa, e n\u00e3o \u00e9 \u00e0 toa que George VI exige que Elizabeth passe\u00a0toda a sua inf\u00e2ncia\u00a0<\/strong>estudando apenas esses fundamentos. A jovem rainha pode se incomodar por n\u00e3o \u00a0ter estudado conhecimentos gerais, mas tudo existe por um motivo.<\/p>\n

Poder apenas simb\u00f3lico, mas nem tanto<\/strong><\/h3>\n

\"crown<\/p>\n

Mas como funciona o poder real? O que Elizabeth pode e n\u00e3o pode fazer?<\/p>\n

Os direitos constitucionais mais importantes do soberano, aqueles que s\u00e3o aplicados com maior frequ\u00eancia, s\u00e3o: o direito de ser consultado, o direito de encorajar e o direito de avisar (que tamb\u00e9m foram teorizados por Bagehot).<\/p>\n

Esses direitos representam a influ\u00eancia pessoal que o monarca, s\u00edmbolo das institui\u00e7\u00f5es do Reino Unido pode ter em suas reuni\u00f5es com o primeiro-ministro, chefe do governo de Sua Majestade e s\u00e3o vistos com clareza durante a s\u00e9rie.<\/p>\n

Ao longo dos epis\u00f3dios,\u00a0Elizabeth se re\u00fane diversas vezes com Churchill, que acaba se considerando uma esp\u00e9cie de professor da\u00a0jovem rainha.<\/p>\n

\"the-crown-audience\"<\/p>\n

Quanta influ\u00eancia que o monarca de fato exerce no governo do pa\u00eds \u00e9 dif\u00edcil de medir. Afinal, n\u00f3s, meros mortais, n\u00e3o temos acesso exato ao que \u00e9 conversado entre as quatro paredes do Pal\u00e1cio de Buckingham entre o primeiro-ministro e seu soberano.<\/p>\n

Temos, no entanto, v\u00e1rios ind\u00edcios<\/a> de um poder de influ\u00eancia forte, apesar de exercido com parcim\u00f4nia.<\/p>\n

Por exemplo, durante a Crise da Rod\u00e9sia<\/a>, quando o pa\u00eds\u00a0africano, (atual Zimb\u00e1bue) declarou-se independente da Coroa, a\u00a0rainha teve uma atua\u00e7\u00e3o extremamente importante<\/a>, cooperando com o gabinete para lidar com a ex-col\u00f4nia rebelde.<\/p>\n

\u00c9, ali\u00e1s, nas rela\u00e7\u00f5es exteriores em que o poder simb\u00f3lico do monarca fica ainda mais aparente. Como Chefe de Estado e representante do poder emanado pelo governo brit\u00e2nico, o soberano desempenha pap\u00e9is cerimoniais em v\u00e1rios eventos, espalhados pelo territ\u00f3rio da Commonwealth<\/em>, assim como visitas de estado em v\u00e1rios pa\u00edses, como o pr\u00f3prio Brasil, que foi visitado pela ilustre Rainha em 1968.<\/p>\n

Em\u00a0The Crown<\/em>, n\u00e3o \u00e9 por acaso que George VI coloca tanta import\u00e2ncia na\u00a0Commonwealth Tour,\u00a0<\/em>a rodada oficial de visitas \u00e0s col\u00f4nias brit\u00e2nicas. Nem que Elizabeth, quando vista a sua coroa, fa\u00e7a o mesmo.<\/p>\n

No epis\u00f3dio 8,\u00a0Orgulho e Alegria<\/em>, sua rela\u00e7\u00e3o com o marido amea\u00e7a degringolar porque se recusa a encurtar a viagem. Tudo por uma boa causa: como diz um de seus assessores, os “ventos da independ\u00eancia” sopram pelo continente.<\/p>\n

\"commonwealth<\/p>\n

Al\u00e9m das fun\u00e7\u00f5es cerimoniais, o poder de influ\u00eancia \u00e9 clar\u00edssimo, como demonstrado pela pr\u00f3pria s\u00e9rie no epis\u00f3dio em que o presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower, \u00e9 for\u00e7ado a aceitar o convite da rainha para um banquete de Estado.<\/p>\n

Apesar de n\u00e3o ser um mais um colosso diplom\u00e1tico como foi sua trisav\u00f3, a Rainha Vit\u00f3ria, apelidada carinhosamente de \u201cav\u00f3 da Europa\u201d, em uma era onde as monarquias s\u00e3o cada vez mais raras e as oportunidade para o monarca de influenciar diretamente a diplomacia do pa\u00eds por via de casamentos reais s\u00e3o, consequentemente, cada vez mais escassas, a influ\u00eancia exercida pela atual Rainha \u00e9 sentida e imp\u00f5e um respeito intang\u00edvel nos Chefes de Estados estrangeiros.<\/p>\n

\"buckingham

O staff do Pal\u00e1cio de Buckingham que o diga<\/p><\/div>\n

A parte mais importante do poder simb\u00f3lico real, entretanto, \u00e9 o senso de continuidade passada pela institui\u00e7\u00e3o. Ele \u00e9 refletido nas cerim\u00f4nias oficiais, como a coroa\u00e7\u00e3o e a abertura do parlamento.<\/p>\n

A s\u00e9rie passa bem isso na cena da coroa\u00e7\u00e3o, apesar de n\u00e3o entrar em todos os pormenores que os amantes da monarquia adoram discutir.<\/p>\n

Por exemplo, voc\u00ea sabia que o trono de madeira simples <\/a>\u00a0no qual a Rainha sentou durante sua coroa\u00e7\u00e3o, o que foi replicado fielmente na s\u00e9rie, \u00e9 um trono comissionado pelo Rei Eduardo I (sim, ele mesmo, o \u201cMartelo dos Escoceses\u201d, vil\u00e3o do filme Cora\u00e7\u00e3o Valente<\/a>) e cont\u00e9m uma pedra ancestral capturada pelo Rei durante suas guerras na Esc\u00f3cia e antes utilizada nas cerim\u00f4nias de coroa\u00e7\u00e3o dos reis escoceses?<\/p>\n

Quem assistiu ao filme\u00a0O Discurso do Rei\u00a0<\/em>deve se lembrar de uma cena engra\u00e7ada envolvendo ele. No longa, o fonoaudi\u00f3logo do rei George VI\u00a0se senta no trono\u00a0<\/strong>para motivar o monarca, que \u00e9 gago, a falar.<\/p>\n

O truque d\u00e1 certo, e o soberano, fulo com a insol\u00eancia, consegue superar sua gaguice.<\/p>\n

\"the-kings-speech-32.jpg\"<\/p>\n

E essa \u00e9 apenas uma de tantas rel\u00edquias utilizadas na cerim\u00f4nia, que visa a acentuar ainda mais esse senso de continuidade.<\/p>\n

Se um dia voc\u00ea, leitor, tiver a oportunidade de visitar a Abadia ou o Parlamento de Westminster (a sede do governo brit\u00e2nico), repare em como o ambiente \u00e9 constru\u00eddo para valorizar a continuidade. Tudo foi extremamente pensado para te passar a impress\u00e3o da monarquia \u00e9 a mesma institui\u00e7\u00e3o inquebrant\u00e1vel da Inglaterra Anglo-Sax\u00e3 medieval at\u00e9 os dias de hoje.<\/p>\n

\"westminster-abbey-interior1215.jpg\"

Abadia de Westminster, em Londres<\/p><\/div>\n

Minha cena favorita na s\u00e9rie, inclusive, diz respeito a isso. No epis\u00f3dio 4,\u00a0Elizabeth procura o conselho de sua av\u00f3, Mary, e as duas conversam sobre o \u201cdireito divino\u201d. A jovem rainha acaba mencionando que, para seu marido, nas monarquias modernas h\u00e1 de existir uma separa\u00e7\u00e3o entre Igreja e Estado (o que muitas vezes n\u00e3o cai t\u00e3o bem<\/a> na monarquia, mas essa \u00e9 uma hist\u00f3ria para outra ocasi\u00e3o).<\/p>\n

Ao ouvir isso a Rainha Mary, do alto de sua dignidade, dispara: \u201cSim, mas ele representa uma Fam\u00edlia Real de aventureiros e novos-ricos que remonta o qu\u00ea? 90 anos?\u00a0 O que ele sabe de Alfredo, o Grande<\/a>, o Cetro da Igualdade e Caridade<\/a>, Eduardo, o Confessor<\/a>, Guilherme o Conquistador<\/a>\u00a0ou Henrique VIII<\/a>?\u201d<\/p>\n

\"the<\/p>\n

A no\u00e7\u00e3o de que uma institui\u00e7\u00e3o representa, e tem representado a na\u00e7\u00e3o durante toda sua hist\u00f3ria \u00e9 extremamente poderosa.<\/p>\n

Poder real, mas nem tanto<\/strong><\/h3>\n

\"the<\/p>\n

Al\u00e9m do poder simb\u00f3lico, a Coroa ainda possu\u00ed uma gama de prerrogativas que utiliza para exercer poder de fato sobre o governo.\u00a0 O problema \u00e9 que, como j\u00e1 falamos antes, a natureza da constitui\u00e7\u00e3o brit\u00e2nica n\u00e3o \u00e9 formal e escrita, o que torna muito, mas muito dif\u00edcil<\/strong> saber at\u00e9 onde v\u00e3o as prerrogativas.<\/p>\n

Em 2004, o governo brit\u00e2nico tornou algumas delas p\u00fablicas. Entre as\u00a0mais importantes s\u00e3o a prerrogativa da miseric\u00f3rdia (o famoso \u201cperd\u00e3o real\u201d), a prerrogativa de declarar guerra (na pr\u00e1tica \u00e9 sempre exercida pelo primeiro-ministro em nome do monarca, e foi objeto de pol\u00eamica quando utilizada por Tony Blair em 2002 na participa\u00e7\u00e3o brit\u00e2nica na guerra do Iraque) e a prerrogativa de demiss\u00e3o de um primeiro ministro.<\/p>\n

Em The Crown, <\/em>vemos Elizabeth tentada a fazer uso dessa \u00faltima prerrogativa para demitir Churchill durante o Grande Nevoeiro de 1952<\/a>. N\u00e3o \u00e9 \u00e0 toa que ela pensa duas vezes: ela \u00e9 extremamente poderosa<\/strong>. Da \u00faltima vez em que foi utilizada (em 1834!) resultou em desastre pol\u00edtico.<\/p>\n

Como os monarcas sabem muito bem, com grandes poderes v\u00eam grandes responsabilidades.<\/p>\n

\"the_crown__discover_the_real_great_smog_that_brought_london_to_a_standstill\"<\/p>\n

H\u00e1 ainda a prerrogativa mais poderosa de todas: o consentimento real. Ela \u00e9 importante porque \u00e9 a base do poder do monarca. Basicamente, quando uma das casas do parlamento (Casa dos Lordes ou Casa dos Comuns) deseja passar uma lei, ela primeiro tem que ser votada na casa que a iniciou, depois na outra casa e, por fim, passar pelo aceite real.<\/p>\n

\"act

O caminho da lei at\u00e9 ser aceita. Fonte<\/a><\/p><\/div>\n

Por conven\u00e7\u00e3o, a rainha aprova todas as leis que saem do parlamento. No entanto, o direito de veto \u00e9 uma das prerrogativas reais. Ou seja: em teoria, o soberano tem direito constitucional de vetar uma lei que considere contr\u00e1ria ao interesse nacional. Isso \u00e9 absolutamente poderoso <\/strong>e a \u00faltima vez que aconteceu no Reino Unido foi no long\u00ednquo ano de 1704.<\/p>\n

Mesmo assim, temos um exemplo recente<\/a>\u00a0de uso do veto em outra monarquia constitucional: o Gr\u00e3o-Ducado de Luxemburgo.<\/p>\n

Em 2008, o \u00a0Gr\u00e3o-Duque Henri se recusou a dar o consentimento a uma lei que legalizava a eutan\u00e1sia no pa\u00eds, alegando que assinar uma lei dessas ia contra sua liberdade de consci\u00eancia. Comprou uma briga com seu parlamento e perdeu. Depois de 60% da popula\u00e7\u00e3o se declarar contr\u00e1ria \u00e0 sua atitude<\/a>, foi aberta uma sess\u00e3o para emenda constitucional no parlamento luxemburgu\u00eas e o Gr\u00e3o-Duque perdeu seu direito de veto.<\/p>\n

Portanto, \u00e9 dif\u00edcil saber se as prerrogativas conhecidas s\u00e3o meramente te\u00f3ricas ou se teriam utilidade pr\u00e1tica se fossem usadas \u00e0 revelia do parlamento. Em todo o caso, elas s\u00e3o estritamente controladas e servem mais como um poder extra em caso de grave crise nacional ou guerra.<\/p>\n

Caso um monarca fa\u00e7a mal uso delas, certamente enfrentar\u00e1 uma crise constitucional de enormes propor\u00e7\u00f5es e por\u00e1 em risco n\u00e3o s\u00f3 sua pr\u00f3pria posi\u00e7\u00e3o como a pr\u00f3pria monarquia.<\/p>\n

\"the-crown-margaret\"

Pois \u00e9, Margaret. N\u00e3o adianta chorar<\/p><\/div>\n

Apenas em momentos de atrito entre o governo e a coroa, como o ocorrido em Luxemburgo, descobriremos se a maioria das prerrogativas realmente tem efeito no mundo moderno (al\u00e9m do uso como poder de exce\u00e7\u00e3o durante crises, que j\u00e1 foi comprovado).<\/p>\n

Enquanto isso, os ingleses rezam para que esse dia nunca chegue, pois um confronto entre Sua Majestade e seu governo traria resultados catastr\u00f3ficos para o pa\u00eds – qualquer que fosse o resultado.<\/p>\n

A protagonista de The Crown<\/em>\u00a0pode n\u00e3o usar uma capa. Mesmo assim, \u00e9 evidente que, em termos de responsabilidade, n\u00e3o perde de nenhuma super-hero\u00edna.<\/p>\n

\"The-Crown-la-serie-qui-a-rendu-accro-les-seriephiles-en-moins-de-4-jours-!_portrait_w674.png\"<\/p>\n

E aqui chega ao fim esse post especial. Gostaria de fazer um agradecimento especial ao Rafael pela colabora\u00e7\u00e3o. E a voc\u00ea, leitor e f\u00e3 de The Crown<\/em>, por ter chegado at\u00e9 aqui. At\u00e9 a pr\u00f3xima!<\/p>\n

Ou, como diriam os brit\u00e2nicos, godspeed<\/em>!<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Algumas hero\u00ednas s\u00e3o \u00f3bvias. Outras, nem tanto. Todos n\u00f3s estamos acostumados a garotas m\u00e1gicas e guerreiras de capa e collant. Nos \u00faltimos tempos, anti-her\u00f3inas e vil\u00e3s carism\u00e1tica tamb\u00e9m marcaram presen\u00e7a. N\u00e3o parece ter sido o suficiente para a Netflix, que resolveu pensar fora da caixa. E nos trazer uma her\u00f3ina bastante diferente.<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":13406,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"spay_email":"","jetpack_publicize_message":"","jetpack_is_tweetstorm":false},"categories":[580,20],"tags":[123,175,258,266,316,387,410],"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/i1.wp.com\/www.finisgeekis.com\/wp-content\/uploads\/2016\/12\/the-crown-header.jpg?fit=1120%2C630&ssl=1","jetpack_publicize_connections":[],"jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/p9rUzW-3ua","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13402"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=13402"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13402\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":21269,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/13402\/revisions\/21269"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media\/13406"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=13402"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=13402"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=13402"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}