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{"id":124,"date":"2015-03-23T08:33:02","date_gmt":"2015-03-23T11:33:02","guid":{"rendered":"http:\/\/finisgeekis.com\/?p=124"},"modified":"2019-02-25T15:15:25","modified_gmt":"2019-02-25T18:15:25","slug":"a-guerra-que-enlouquece-os-homens","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.finisgeekis.com\/2015\/03\/23\/a-guerra-que-enlouquece-os-homens\/","title":{"rendered":"A guerra que enlouquece os homens"},"content":{"rendered":"

Na semana passada<\/a> eu falei sobre guerra e coisas que as pessoas preferem esquecer. Como tudo na vida, h\u00e1 sempre um contr\u00e1rio. Se animes como Shingeki no Kyojin <\/em>simplificam o conflito aos seus ingredientes mais b\u00e1sicos, outros parecem batalhar desesperadamente para que nada se perca. Alguns acontecimentos s\u00e3o dolorosos demais para ser lembrados. Outros, ainda piores, s\u00e3o dolorosos demais para serem esquecidos.<\/p>\n

Na anima\u00e7\u00e3o japonesa, trabalhos assim aparecem de quando em quando. O recente Giovanni no Shima <\/em><\/a>\u00e9 um exemplo. Por\u00e9m, a maior refer\u00eancia continua sem sombra de d\u00favidas O T\u00famulo dos Vagalumes<\/em>, de Isao Takahata. O filme se tornou um marco do Studio Ghibli, do mundo do anime e da anima\u00e7\u00e3o de uma forma geral, a ponto de ter eclipsado um pouco o diretor, cuja obra inclui o Kaguya Hime <\/em><\/a>de que falei h\u00e1 tempos (e \u00e9 aqui que o leitor come\u00e7a a ver um padr\u00e3o nas coisas de que escrevo).<\/p>\n

<\/p>\n

A dor de pessoas comuns<\/strong><\/h3>\n

A trama abre com o narrador, o garoto Seita, anunciando a data de sua morte. Em um flashback, somos levados ao Jap\u00e3o de alguns anos antes, em que Seita, junto \u00e0 sua irm\u00e3, Setsuko, se tornam \u00f3rf\u00e3os depois de sua cidade ser destru\u00edda por um bombardeio incendi\u00e1rio. A hist\u00f3ria ent\u00e3o nos\u00a0mostra a luta dos irm\u00e3os para sobreviver sozinhos num pa\u00eds devastado pela guerra, com um pequeno (e terr\u00edvel) detalhe: sabemos que nenhum dos dois sobreviveu, e que em algum momento do filme n\u00f3s presenciaremos seu \u00faltimo suspiro.<\/p>\n

\"grave-fireflies\"<\/a>O filme \u00e9 de uma tristeza visceral, e seu poder est\u00e1 n\u00e3o apenas no sentimento de impot\u00eancia que ati\u00e7a em n\u00f3s, mas na escolha de temas. Este n\u00e3o \u00e9 o lugar para a discuss\u00e3o de estrat\u00e9gias, cenas de batalha ou personagens famosas. A guerra \u00e9 mostrada vista \u201cde baixo\u201d, sem julgamento quanto a seus motivos ou causas. \u00c9 a for\u00e7a das imagens, pura e simplesmente, que faz o truque: Seita tentando distrair a irm\u00e3 ap\u00f3s sua cidade, bombardeada, ter virado p\u00f3. Corpos desfigurados pelo fogo jogados em valas comuns. Setsuko sucumbindo \u00e0 inani\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Um cr\u00edtico insens\u00edvel talvez apontasse que, no final, O T\u00famulo dos Vagalumes <\/em>n\u00e3o \u00e9 l\u00e1 t\u00e3o diferente de Attack on Titan<\/em>. Afinal, ele foca na parte \u201cconveniente\u201d da guerra (o sofrimento aos japoneses) ignorando as decis\u00f5es nefastas que levaram o Jap\u00e3o \u00e0 guerra em primeiro lugar. Contudo, a mera for\u00e7a dram\u00e1tica do filme derruba tais argumentos. Trata-se de um lamento sobre o sofrimento humano, que de t\u00e3o forte e sincero \u00e9 capaz de comover qualquer um, em qualquer \u00e9poca e contexto.<\/p>\n

\u00a0\"Grave_of_the_Fireflies\"<\/a><\/p>\n

O l\u00fadico e o tr\u00e1gico<\/strong><\/h3>\n

Videogames t\u00eam mais dificuldade em falar de guerra, e n\u00e3o por acaso. N\u00e3o \u00e9 \u00e0 toa que o primeiro grande livro<\/a> sobre jogos tenha sido publicado \u00e0s v\u00e9speras da Segunda Guerra Mundial, com a conclus\u00e3o de que o l\u00fadico \u00e9 incompat\u00edvel com a guerra total. N\u00e3o importa qu\u00e3o perspicaz, forte ou capaz com uma arma um soldado seja: nada o salvar\u00e1 de uma bala perdida, de uma bomba at\u00f4mica, da gripe espanhola ou de um campo de concentra\u00e7\u00e3o. A\u00a0sobreviv\u00eancia depende do acaso e de for\u00e7a maior, e \u201cvit\u00f3ria\u201d \u00e9 algo que poucos encontram (ou mesmo buscam em primeiro lugar). Para uma m\u00eddia naturalmente competitiva e dependente de recompensas, traduzir esses dramas n\u00e3o \u00e9 f\u00e1cil. Tirar o poder do jogador frequentemente leva a jogos chatos, mas \u00e9 justamente a falta de poder (sobre as balas inimigas, a liberdade de ir e vir, a pr\u00f3pria declara\u00e7\u00e3o da guerra) que marca a ang\u00fastia de um soldado. O resultado s\u00e3o batalhas horrendas mas nem tanto<\/em>,\u00a0em que \u00e9 poss\u00edvel \u201cvencer\u201d fazendo as coisas certas na hora certa.<\/p>\n

\"rangers_in_battle_at_point_du_hoc_x9e\"<\/a>

Os que se lembram dessa batalha em Call of Duty 2 sabem do que estou falando<\/p><\/div>\n

H\u00e1 claro, quem tenha tentado mesmo assim. This War of Mine<\/em> retrata a guerra do ponto de vista de civis, usando elementos de randomiza\u00e7\u00e3o (parecidos com os de Sunless Sea<\/a>) e mec\u00e2nicas de sobreviv\u00eancia j\u00e1 vistas em games de zumbi. No entanto, ele \u00e9 abstrato, retratando um conflito fict\u00edcio em um pa\u00eds gen\u00e9rico (e vagamente eslavo). Mais pr\u00f3ximo de O T\u00famulo dos Vagalumes <\/em>\u00e9 o franc\u00eas Soldats Inconnus<\/em>, ou Valiant Hearts.<\/em> O t\u00edtulo da Ubisoft Montpellier n\u00e3o esconde suas inten\u00e7\u00f5es. Lan\u00e7ado em julho do ano passado, no mesmo m\u00eas e exatos cem anos depois do come\u00e7o da Primeira Guerra Mundial, \u00e9 um esfor\u00e7o para que novas gera\u00e7\u00f5es n\u00e3o se esque\u00e7am do grande confronto. O apelo \u00e9 compreens\u00edvel.<\/p>\n

Se \u00e9 imposs\u00edvel chegar \u00e0 idade escolar sem ouvir da Segunda Guerra, a Primeira \u00e9 condenada \u00e0s notas de rodap\u00e9 (j\u00e1 ouvi de um professor que ela teria sido \u201cinsignificante\u201d). Sua representa\u00e7\u00e3o no entretenimento \u00e9 tamb\u00e9m m\u00ednima, e apesar de ter sido tema de uma gera\u00e7\u00e3o de escritores e artistas variados, \u00e9 dif\u00edcil ver qualquer refer\u00eancia a essa produ\u00e7\u00e3o fora de um jogo do Ken Levine (o mesmo professor me confessou nunca ter ouvido falar de seus escritores). N\u00e3o h\u00e1 d\u00favidas, portanto, de que Valiant Hearts <\/em>come\u00e7ou bem se queria impressionar.<\/p>\n

\"valiant<\/a>Seu maior acerto, por\u00e9m, \u00e9 ter optado por um tra\u00e7o inocente de desenho animado. Como mostraram os quadrinhos de her\u00f3is dos anos 1990 (e, \u00e0 sua maneira, o \u00faltimo Batman<\/em> de Christopher Nolan), a est\u00e9tica \u201cs\u00e9ria e sombria\u201d est\u00e1 sempre a um passo do rid\u00edculo \u2013 ou, o que \u00e9 pior, da li\u00e7\u00e3o de moral. Por outro lado, como prova o sucesso do pacifismo at\u00e9 caricato de Miyazaki, uma paleta de cor mais rica e um pouco de fofura fazem milagres na hora de passar uma mensagem.<\/p>\n

\"Karl<\/a>Valiant Hearts <\/em>segue a hist\u00f3ria de quatro pessoas dos dois lados do conflito. N\u00e3o h\u00e1 \u201cinimigos\u201d propriamente ditos: todos, PCs e NPCs, \u00a0s\u00e3o de algum modo inocentes, for\u00e7ados a se matar por raz\u00f5es que nem eles nem (eu suspeito) os desenvolvedores do jogo entendem muito bem. O enredo consegue escapar do boc\u00f3, e n\u00e3o \u00e9 dif\u00edcil entender por qu\u00ea. Por um lado, o game passa longe dos clich\u00e9s pacifistas de cr\u00edtica \u00e0 “maldade humana”. N\u00e3o h\u00e1 ningu\u00e9m\u00a0puxando as cordinhas: \u00e9 o pr\u00f3prio maquin\u00e1rio da guerra que move, quase que sozinho, as coisas rumo a sua destrui\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Ao mesmo tempo, ele n\u00e3o nos poupa de nenhum detalhe. Ao longo das 4 horas de jogos vemos soldados metralhados e envenenados por bombas de g\u00e1s, pilhas de corpos usadas como escudo humano, cidades arrasadas e mais. A est\u00e9tica \u201ccute\u201d n\u00e3o oferece nenhum consolo \u2013 pelo contr\u00e1rio, s\u00f3 torna o horror mais horripilante. Nas miss\u00f5es finais, os quicktime events <\/em>e quebra-cabe\u00e7as que comp\u00f5em o gameplay passam uma sensa\u00e7\u00e3o de urg\u00eancia raramente vista\u00a0no g\u00eanero. Modelar um campo de batalha \u00e9 f\u00e1cil. Fazer o jogador se sentir em um (com uma jogabilidade que se limita a andar para os lados e clicar em coisas) merece um aplauso de p\u00e9.<\/p>\n

\"valiant<\/a><\/p>\n

\u00c9 uma pena, pois, que a narrativa \u00a0insista pelo batido. Para um jogo com tanta \u00eanfase no acaso e na complexidade da guerra, Valiant Hearts<\/em> nos faz perseguir um vil\u00e3o de desenho animado, com direito a um chap\u00e9u de caveira, risadas mal\u00e9ficas e um cientista de estima\u00e7\u00e3o respons\u00e1vel por todas as inven\u00e7\u00f5es da \u00e9poca, do g\u00e1s cloro ao tanque de guerra. Her\u00f3is que socam vil\u00f5es na boca e g\u00eanios malucos que descobrem a fus\u00e3o nuclear\u00a0enquanto cantam no chuveiro funcionam em um gibi do Capit\u00e3o Am\u00e9rica, mas aqui s\u00e3o destoantes. \u00c9 como ver Totoro voando com sua folha ao lado dos avi\u00f5es Zero de Vidas ao Vento. <\/em><\/p>\n

\"Hist\u00f3ria<\/a>

Hist\u00f3ria errada, Freddie<\/p><\/div>\n

Apesar dos pesares, as d\u00fazias de v\u00eddeos de YouTube de marmanj\u00f5es chorando com o final da trama provam que o jogo funciona. N\u00e3o \u00e9 qualquer coisa que sensibiliza um gamer. Mas se h\u00e1 algo que O T\u00famulo dos Vagalumes <\/em>e Valiant Hearts <\/em>nos ensinam \u00e9 que a guerra n\u00e3o \u00e9 <\/em>qualquer coisa.<\/p>\n