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Yoru wa Mijikashi Aruke Yo Otome – finisgeekis https://www.finisgeekis.com O universo geek para além do óbvio Wed, 22 Sep 2021 23:54:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.7.11 https://i2.wp.com/www.finisgeekis.com/wp-content/uploads/2019/02/cropped-logo_square.jpg?fit=32%2C32&ssl=1 Yoru wa Mijikashi Aruke Yo Otome – finisgeekis https://www.finisgeekis.com 32 32 139639372 “Tatami Galaxy”, ou por que devo desculpas a Tomihiko Morimi https://www.finisgeekis.com/2021/09/22/tatami-galaxy-ou-por-que-devo-desculpas-a-tomihiko-morimi/ https://www.finisgeekis.com/2021/09/22/tatami-galaxy-ou-por-que-devo-desculpas-a-tomihiko-morimi/#comments Wed, 22 Sep 2021 23:54:33 +0000 http://www.finisgeekis.com/?p=23027 Aconteceu no meu primeiro ano da faculdade.

Foi a melhor época da minha vida até o momento, mas também a mais estressante. Farto até a medula de simulados e aulas de decoreba, decidi que tinha chegado a hora de aproveitar minha vida ao máximo. Tudo o que sentia vontade de fazer fiz questão de levar a cabo. Ao mesmo tempo.

Toquei violino em uma orquestra de câmara amadora. Comecei minha iniciação científica. Entrei em turmas de latim e japonês. Nas horas vagas, saía com minha namorada ou meus dois círculos de amigos: os novos, da faculdade, e os antigos da escola.

Minha rotina era uma montanha-russa entre o sentimento de realização e a iminência de um burnout. Nunca me sentira tão completo e, ao mesmo tempo, tão cansado.

Foi então que escutei de um colega da aula de japonês:

“Quer dizer que você não vai em festas? Você não tem medo de deixar essa oportunidade passar e viver com remorso pelo resto da vida?”

Eu travei. Menos, imagino, por ter visto sabedoria em suas palavras que por ter escutado uma frase tão absurda de alguém que, para todos os fins, era até então um desconhecido. Tirando os “bons dias” e os exercícios de diálogo que fazíamos na aula, aquela era a conversa mais longa que já tínhamos tido.

Senti vontade de responder que estudava na FFLCH-USP, que pouco tinha a ver com o campus cor-de-rosa das comédias românticas americanas. E que meus colegas eram menos conhecidos por festas que por ocuparem a reitoria durante greves e se vestirem de mendigo em tempo integral. (Era um clichê, obviamente, mas todo clichê tem uma ponta de verdade).

Mas apenas desconversei com uma desculpa qualquer, chocado pela minha própria fraqueza diante de um comentário tão estúpido. Eu já estava dando tudo de mim. Não havia mais horas no dia para fazer qualquer outra coisa. Será que mesmo assim estava desperdiçando meus anos de juventude?

Se você curte animes deve reconhecer meu drama no protagonista de The Tatami Galaxy, anime de Masaaki Yuasa baseado no romance de Tomihiko Morimi. Assistindo a série pela primeira vez no esquenta para uma sequência já anunciada, me dei conta de uma coisa.

Quando resenhei Night is Short, Walk on Girl, livro anterior de Morimi que serve de prequel a Tatami Galaxy, teci comentários um tanto duros. Decepção que atribuí ao próprio Morimi, cujo infanto-juvenil Penguin Highway me deixou com um gosto ainda mais amargo na boca.

Assistindo a Tatami Galaxy, percebo que cometi um erro de julgamento. E está na hora de retificá-lo.

Por uma vida cor-de-rosa

Antes de mais nada, uma introdução. Tatami Galaxy – para o caso, não improvável, de você nunca ter ouvido falar desse nome – é a história de um rapaz em um alojamento estudantil de uma universidade de Kyoto. Seu sonho, como o de tantos outros de sua idade, é curtir a “vida cor-de-rosa” dos anos de faculdade o mais intensamente que pode. O destino, porém, tem outros planos. Cada tentativa de dar sentido a sua graduação termina da mesma forma: largando-o sozinho em seu quarto, frustrado, perguntando-se como conseguiu deixar o melhor da juventude escapar pelos dedos.

“Tentativas”, no plural. Cada episódio termina com a tomada de um relógio girando em reverso. O episódio seguinte nos devolve a um momento anterior, mostrando um contrafatual do que aconteceria se tivesse aproveitado uma oportunidade diferente. A “galáxia de tatami” de seu título não é uma referência apenas ao seu alojamento (tatami, além daquele tipo de piso japonês, é uma medida de tamanho usado em residências). É também o leque das suas próprias experiências universitárias, que ele é forçado a reviver como em um Dia da Marmota.

Em temas, não só em estilo visual, o anime é uma versão expandida de Night is Short, Walk On Girl, história sobre a falta de sorte de um universitário tentando se aproximar de sua garota dos sonhos em uma noite fantástica quando tudo acontece.

O fato de que nenhum de seus protagonistas tenha nome diz mais que todas as elucubrações que eles de fato fazem, metralhadas em um ritmo tão alucinante que obriga espectadores a pausar o vídeo para entendê-las. O narrador de ambas as histórias é um everyman representando todos os jovens homens com hormônios nas alturas que já experimentaram em desespero por não encontrarem o prazer que mereciam. Prazer esse que envolve, invariavelmente, uma bela moça de cabelos negros.

Como Virgens Suicidas, em uma versão ainda mais pop e millennial, são histórias sobre o olhar masculino: sobre a necessidade de homens de ter seus prazeres atendidos e a indignação com que reagem quando esse privilégio lhes é negado.

Mas se Virgens Suicidas se tornou um clássico contemporâneo por questionar, criticamente, o que significa ser um “objeto” do olhar de outrem. Night is Short, Walk on Girl é frenético demais para colocar seu protagonista debaixo de uma lupa. Saímos do livro incertos se devemos tirar sarro do protagonista ou simpatizar com sua cruzada fracassada, por mais repreensível que ela seja. Problema este que incomoda ainda mais em Penguin Highway, outro livro de Morimi com um enredo duas vezes menos interessante e um protagonista triplamente mais chauvinista.

Quando seu “herói” se orgulha de desenhar os peitos de mulheres que conhece, você sabe que tem um problema).

Tatami Galaxy, porém, vira a falta de simpatia de sua personagem central de ponta cabeça. E de uma maneira que me fez entender que essas obras tem mais sabedoria do que aparentam à primeira vista.

Parte desse mérito vem da maneira como equilibra os impulsos sexuais de seu narrador com um enredo mais vago sobre a dificuldade de encontrar seu lugar no mundo. Parte, também, vem do fato de que esse narrador não é o verdadeiro protagonista de sua história.

Ao longo dos onze episódios, sua história é entrecruzada com a de outras pessoas com suas próprias agendas: Jougasakai, galã da turma que esconde um romance com uma boneca sexual; Ozu, colega que insiste em levá-lo para o mau caminho; Akashi, a “garota de seus olhos” – mas também uma mulher que não hesita em lhe pregar peças quando lhe convém; Higuchi, mistura de youkai e Grande Lebowski que parece puxar as cordas de seu destino, mas também viver um dia por vez, sem dar satisfações a qualquer um.

Na medida em que vemos as relações entre essas personagens evoluírem, fica difícil saber se estamos de fato assistindo à história do narrador ou as suas histórias, pelos olhos dele. Ironia que não escapa ao próprio narrador, que sofre para entender como pessoas tão imperfeitas, tão distantes de seu ideal de masculinidade, conseguem ter a vida cor-de-rosa que tanto persegue.

É impossível não lembrar de um trecho de Norwegian Wood, o belíssimo e melancólico romance de Haruki Murakami:

“Da direção do prédio do centro estudantil vinha o som de uma voz grossa praticando escalas. Aqui e ali estavam grupos de quatro ou cinco estudantes expressando quaisquer opiniões eles vinham a ter, rindo e gritando um ao outro. No estacionamento, um punhado de rapazes andavam de skate. Um professor com uma maleta de couro cruzou o estacionamento, evitando os skatistas. No pátio, uma estudante de capacete se ajoelhava, pintando grandes caracteres em um cartaz com algo sobre o imperialismo americano invadindo a Ásia. Era uma típica cena da universidade na hora do almoço, mas na medida em que me sentei assistindo-a com atenção redobrada, eu me dei conta de um certo fato. Cada pessoa que eu enxergava diante de mim estava feliz na sua própria maneira. Se eles estavam realmente felizes ou simplesmente pareciam estar eu não podia dizer. Mas eles pareciam alegres nesse agradável começo de tarde no final de setembro, e por conta disso eu senti um tipo de solidão que me era novo, como se eu fosse o único ali que não pertencesse de fato à cena.

Em minha resenha de Night is Short, Walk on Girl, critiquei seu “compromisso, quase militante, em não se comprometer com nada”.

“Enquanto que outros escritores usam o absurdo para questionar a realidade ou endereçar traumas, Morimi parece, como sua protagonista, querer apenas curtir o momento.”

Tatami Galaxy nos ensina que “curtir o momento”, muitas vezes, é a melhor forma de questionar a realidade. Ensinamento valioso em qualquer instante da vida, mas que adquire uma importância fundamental em tempos de crise como estes em que vivemos.

Ao contrário do narrador do anime de Yuasa, o relógio de nossas próprias vidas jamais voltará para nos dar uma segunda chance.

Meu antigo colega de japonês – de cujo nome, confesso, nem mais me lembro – talvez tenha custado a entender essa verdade. Gosto de pensar que a alfinetada que me deu naquele dia foi, em alguma medida, um recado a si próprio. Quem é esse sujeito que joga fora das minhas regras, mas esbanja a mesma alegria que suo tanto para obter?

Não posso dizer que nunca mais pensei no que ele me disse, sobretudo nessa fase da vida, em que estou mais próximo a voltar à faculdade como professor do que como aluno. Mas de uma coisa não tenho a menor dúvida: meus anos de campus não poderiam ter sido mais rosados.

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“The Night is Short, Walk on Girl”: O gênio eufórico (e aéreo) de Tomihiko Morimi https://www.finisgeekis.com/2019/08/26/the-night-is-short-walk-on-girl-o-genio-euforico-e-aereo-de-tomihiko-morimi/ https://www.finisgeekis.com/2019/08/26/the-night-is-short-walk-on-girl-o-genio-euforico-e-aereo-de-tomihiko-morimi/#respond Mon, 26 Aug 2019 19:35:31 +0000 http://www.finisgeekis.com/?p=21956 Primeiras impressões, diz o ditado, são as que ficam. E meu primeiro contato com Tomihiko Morimi, um dos “mais populares escritores contemporâneos do Japão” segundo quem entende do mercado, não foi positivo.

Penguin Highway, sobre o qual escrevi aqui, passou longe de me impressionar. Sua prosa era insossa; sua história, soterrada sob a voz de um protagonista antipático. Para o autor de não um, mas dois romances adaptados pelo celebrado Masaaki Yuasa, ver sua estreia em águas ocidentais na forma de um romance tão insípido não foi o melhor cartão de visita.

Aparentemente, o Deus dos Livros deve ter ouvido minhas preces. Yoru wa Mijikashi Aruke Yo Otome (The Night is Short, Walk on Girl) uma de suas parceirias com Yuasa, acaba de ser publicada em inglês. Ansioso pela oportunidade de dar ao escritor uma segunda chance, só pude interpretar o lançamento como um sinal do destino.

Quão irônico, portanto, que o romance verse justamente sobre Deuses dos Livros e preces e sinais do destino.  E quão feliz que sua prosa, ágil, criativa e cheia de coração, tenha subvertido completamente meus preconceitos.

A trama

“O Senhor Todou é um homem de meia-idade, o astuto gerente do Centro de Carpas Todou em Rokujiro e um filósofo sobre o sentido da vida. Quando, no final de maio, eu saí em busca de um drinque, o Sr. Todou foi a primeira pessoa que encontrei. Se eu não tivesse trombado com ele, eu não teria terminado em um certo bar em Kiyamachi, eu não teria sido bolinada, eu não teria sido resgatada pela Srta. Hanuki, eu não teria conhecido o admirável Sr. Higuchi, eu não teria conhecido o Sr. Rihaku, ou o presidente, ou qualquer um dos outros, e meu mundo continuaria tão pequeno quanto a testa de um gato.”

Sabemos que estamos diante de um livro singular quando não conseguimos sequer resumir seu enredo. Eufórica e hilária, a trama de The Night is Short parece fugir de uma definição simples com o mesmo empenho que suas personagens fogem da normalidade para viver a melhor noite de suas vidas.

Isso não significa que o romance não tenha foco. Pelo contrário, sua história é estruturada com um esmero quase acadêmico, dividida em quatro partes que representam quatro episódios memoráveis na vida de duas pessoas: uma estudante universitária e seu veterano.

A garota tem uma personalidade inconfundível, um otimismo contagiante e uma resistência sobrenatural à bebida.   “Num mundo cheio de atores tentando […] se manejar até o papel principal”, o veterano escreve, “ela era estrela da noite sem ao menos tentar”.  O rapaz, como seu tom não deixa mentir, está apaixonado por ela. Ao longo de um ano, em aventuras cada vez mais absurdas, ele fará de tudo para ganhar seu coração.

Em um romance menos inspirado, poderia ser apenas o pretexto da cruzada de um homem em busca de sua musa. Morimi, porém, dá a voz a ambos, transformando-os em narradores – e protagonistas – de suas vidas.

Os cortes não seguem uma periodicidade clara, e Morimi dá pouca indicação de quem estamos ouvindo. São as próprias personagens, disputando nossa atenção como numa roda de conversa, que se revezam para nos contar as proezas de uma noite inesquecível.

E que noite! De uma festa de casamento que degringola em um pub crawl em Ponto-Cho, tradicional bar boêmio de Kyoto, os encontros e desencontros dessas duas personagens eventualmente tomam proporções épicas. Suas confusões nos levam a feiras de livros, tornados repentinos, pimentas alucinógenas; à companhia de um “agiota tão inumano que não derramava nem sangue nem lágrimas”, mas confiscava livros de valor sentimental;  de um clone endiabrado do Conte do Monte Cristo e até mesmo de um Deus dos Resfriados que ameaça adoecer toda a humanidade.

Bairro de Ponto-Cho, em Quioto. Fonte

“Como um tofu de amêndoas”

Dizer que sua prosa é visual é quase um desserviço para a imaginação e bom-humor que saltam de cada página. Morimi pinta não apenas com cores, mas também com gostos, cheiros, texturas e ruídos. Encontrar um lugar comum em seu texto é tão difícil quanto achar as chaves de casa após uma noite de bebedeira. E, tal como em uma madrugada bem curtida, nem sempre temos certeza do que estamos experimentando.

“Sábios leitores” diz o veterano no capítulo de abertura “saboreiem a fofura [da garota] e a minha estupidez; desfrutem  o sabor sutil e requintado da vida, não muito diferente daquele de um tofu de amêndoas.”

Annin tofu ou tofu de amêndoas. Espécie de manjar típico da culinária chinesa

Todou, um quarentão pervertido, sorria como “um pedaço de papel amassado”. Seu rosto “tinha uma notável semelhança com a ponta de um pepino coberta de limalhas de ferro.”

A garota acha sua mão feia como “uma massa no formato de uma folha de maple”. O “amuleto” que recebe de um colecionador de arte erótica “não era nem um canhão nem uma carpa, mas inconfundivelmente o monstro do desenho – isto é, por mais que eu hesitasse em dizer, um espécime da assim chamada masculinidade”.

Um gênio eufórico… e aéreo

Como categorizar um escritor desses? Sua prosa é mais rebuscada que uma light novel, mais despretensiosa que o politizado realismo mágico, mais deliberadamente “japonesa” que a fantasia urbana, despatriada de seu conterrâneo Haruki Murakami.

Uma de suas personagens cria carpas ornamentais, que em vários momentos chovem sobre as personagens em cenas dignas de Kafka à Beira Mar. Outra, uma jovem cujo passatempo é invadir festas e lamber desesperadamente quem encontra pela frente, é descrita como uma “mulher-peixe”.

O boêmio Higuchi, amigo de Hanuki,  tinha “a pose de um grande Buda reclinado” e sorria com a “expressão enrugada de uma máscara de teatro Noh”. Ele diz que sua profissão é ser um tengu. Vendo suas façanhas ao longo do livro, — que incluem conjurar carpas da boca e maneki nekos de seus ouvidos – começamos a nos perguntar se não pode ser verdade.

Várias sub-tramas dizem respeito a um grupo de colecionadores de Shunga – nas palavras da heroína, “homens e mulheres entrelaçados como anéis de quebra-cabeça e algum tipo de monstro enrolado em volta das suas partes pudentas.” Boa sorte para ler esse livro em público sem cair em gargalhada.

Podemos apenas imaginar quantas outras referências e jogos de palavra não se perderam na tradução. A versão para o inglês de Emily Balistrieri é leve e fluida, mas peca pelo excesso de didatismo, acompanhando termos japoneses por seus equivalentes ocidentais:  “Eu sou um goblin tengu”; “[ele] relaxava em uma yukata, uma roupa tradicional”; “eu olhei de volta para a cara feia de um boneco Daruma – um boneco japonês redondo e vermelho de um homem ranzinza e barbado”.

Por um lado, é realmente impossível acompanhar o romance sem dominar essas referências. Por outro, é questionável até que ponto um leitor que não saiba o que é um boneco Daruma conseguirá sobreviver no Bairro da Liberdade animado que é a prosa de Morimi.

Produtos japoneses em loja do Bairro da Liberdade. Fonte

 

 

Se The Night is Short entrega menos do que promete é no seu compromisso, quase militante, em não se comprometer com nada.

Enquanto que outros escritores usam o absurdo para questionar a realidade ou endereçar traumas, Morimi parece, como sua protagonista, querer apenas curtir o momento.

Sua escrita não pesa com nenhuma angústia profunda, nenhuma grande questão que precise de resposta.

Inferior como é em qualidade literária, Penguin Highway pelo menos continha uma fábula consistente sobre o fim da infância e o despertar sexual. Em comparação, The Night is Short parece levar à risca as lições de uma de suas personagens:

Eu estava voando sem preocupações sobre Ponto-Cho.

Higuchi, o tengu estudante, me ensinou de um jeito que não poderia ter sido mais vago. Ele invadiu a casa de um dono de sebo que ele conhecia, saiu pelo varal e então apontou para o céu:A questão é viver sem deixar seus pés tocarem o chão. Aí sim você consegue voar.”

Eu achei que ele estava tirando sarro de mim até que eu imaginei um futuro completamente impraticável para mim: um dia, eu vou escavar aquela montanha lá na casa dos meus pais, encontrar petróleo, nadar na grana, me tornar um trilhardário, largar a universidade e viver uma vida feliz até eu morrer. Meu corpo rapidamente se tornou mais leve, e subitamente eu estava flutuando acima da varanda.

Morimi, como Higuchi, nos ensina apenas a flutuar. Não é o romance mais profundo que você lerá na vida. Mas quão surreal é Ponto-cho visto de cima!

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