Warning: Use of undefined constant CONCATENATE_SCRIPTS - assumed 'CONCATENATE_SCRIPTS' (this will throw an Error in a future version of PHP) in /home/finisgeekis/www/wp-config.php on line 98

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/finisgeekis/www/wp-config.php:98) in /home/finisgeekis/www/wp-includes/feed-rss2.php on line 8
The Ancient Magus’ Bride – finisgeekis https://www.finisgeekis.com O universo geek para além do óbvio Wed, 27 Feb 2019 12:27:44 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.7.11 https://i2.wp.com/www.finisgeekis.com/wp-content/uploads/2019/02/cropped-logo_square.jpg?fit=32%2C32&ssl=1 The Ancient Magus’ Bride – finisgeekis https://www.finisgeekis.com 32 32 139639372 As heroínas torturadas de Kore Yamazaki https://www.finisgeekis.com/2017/12/11/as-heroinas-torturadas-de-kore-yamazaki/ https://www.finisgeekis.com/2017/12/11/as-heroinas-torturadas-de-kore-yamazaki/#comments Mon, 11 Dec 2017 20:18:57 +0000 http://www.finisgeekis.com/?p=19848 Kore Yamazaki não é uma mangaká das mais conhecidas. Introspectiva, com apenas um título adaptado às telas, a autora bem poderia tocar uma vida pacata longe dos holofotes.

Poderia, se o título em questão não fosse Mahoutsukai no Yome. Sucesso editorial que lhe rendeu a fama no estrangeiro, a história de afeto entre um mago monstruoso e sua aprendiz repete a magia como um dos destaques da temporada.

Não é difícil entender o apelo. The Ancient Magus’ Bride, como a série chegou ao Ocidente, é uma das adições mais peculiares ao gênero de fantasia.

Não apenas por trazer um mundo original e efervescente, com referências que vão de xxxHolic aos contos de H.P. Lovecraft; de Harry Potter ao Judeu Errante. Yamazaki também consegue, com uma facilidade que parece bruxesca, confundir nossos termômetros morais.

O mangá conta a história de Chise, uma garota depressiva que resolve se vender como escrava. Quem a compra é um mago chamado Elias Ainsworth. Seu motivo? Fazer dela a sua aprendiz – e noiva.

O argumento em si já eriça os cabelos de muitos leitores. A surpresa só não é maior do que a de constatar que Chise não deseja abandonar Elias, mesmo depois de conhecer sua verdadeira natureza e de encontrar aqueles que a ajudariam na fuga.

A decisão de Chise, de fato, é o maior mistério de Mahoutsukai no Yome, superando em muito suas referências ao folclore a à magia.

Um mistério, no entanto, que se torna mais claro ao explorarmos as outras obras escritas pela autora.

O desejo da obediência

A vida de Chise em Mahoutsukai no Yome é difícil. Abandonada pelos pais, sem um lar para chamar de seu, Chise deseja apenas alguma segurança. Se a liberdade for o preço para obtê-la, é uma quantia que ela está disposta a pagar.

Sua trajetória é espinhosa. Comparada com outras heroínas de Yamazaki, no entanto, é tudo menos incomum.

Frau Faust, também lançado no Ocidente, nos traz uma versão livre da lenda de Fausto, com referências suficientes à demonologia e ocultismo para não fazer feio à fábula de Chise e Elias.

O mangá acompanha uma versão feminina do diabólico doutor – Johanna – que se torna professora de um garoto. A heroína fez um pacto com o demônio Mefistófeles e entrou na mira da Inquisição. Tal como a Chise de Mahoutsukai, no entanto, sua relação com o “mestre” vai bem além do contratual.

Johanna é a Chise para o Elias de Mefisto, mas desempenha também o papel de mestre. Marion, o garoto que aceita tutelar, é um jovem desiludido, criado por uma família à beira da falência. Na sua devoção à professora, vemos ecos de Alice, aprendiz de Renfred, rival de Elias em Mahoutsukai no Yome.

Renfred e Alice de Mahoutsukai no Yome

Toumei Hakubutsukan (“O Museu Transparente”) one-shot lançado como extra de Frau Faust,  repete no conto o que o mangá faz na série. Ele nos conta a história de Asaki, uma garota que arranja um emprego em um museu muito particular. Os objetos exibidos, cansados dos olhares dos visitantes, decidem “desaparecer”.

Numa trama que se passaria por pastiche de Uma Noite no Museu, Asaki precisa encontrar as “obras” e convencê-las a voltar a seus expositores.

Não é preciso muito para entendermos que o “museu” do título é tudo menos literal. A partir de uma premissa fantástica, Yamazaki constrói uma fábula sobre empatia, solidão e pressão social.

Asaki, logo percebemos, está procurando um emprego porque seus pais enfrentam um divórcio. Para isto, cai nas garras de um diretor de museu que a trata como uma cobaia e a manuseia como uma boneca.

Esse desejo de subserviência que aparece até em suas obras não fantásticas. Futari no Renai Shoka é uma história de amor entre Kanako, uma vendedora de livros, e Akio, um leitor adolescente que compartilha seu gosto por literatura.

O romance não envolve leilões de escravos ou bofes monstruosos, mas traz afetos torturados que nos arrepiam da mesma forma.

Kanako é uma adulta que parece não ter fugido da adolescência. Vive sozinha e é incapaz de lidar com as tarefas domésticas. Sua mãe faleceu tragicamente. Seu pai, em luto, tornou-se distante e negligente.

Aiko, muito embora seja um estudante, torna-se a figura paterna que a vida lhe tolheu. O garoto, no entanto, também arrasta seus próprios demônios. Seus pais estão sempre ausentes a “trabalho”, uma daquelas coincidências inverossímeis de animes que exigem de seus heróis que cresçam mais rápido do que a vida lhes quer.

 

É inegável que Yamazaki conta suas histórias com sensibilidade. É inegável, também, que elas provocam um grande desconforto.

Há um limite de vezes que podemos evocar uma mensagem até que a descrição se confunda com a apologia. Para a autora de Mahoutsukai no Yome, tal fetiche parece estar em uma postura masoquista e conformista.

Ou seria mesmo?

Feridas que se fecham

Lendo suas histórias com atenção, percebemos que a realidade é um tanto mais complicada.

Embora algumas de suas personagens estejam em posição de poder e outras buscam a submissão, é difícil apontar, no final das contas, quem de fato está no comando de quem.

Chise de Mahoutsukai no Yome é a aprendiz por excelência: a “estranha em uma terra estranha” amparada em um mestre inumano. Para ela, a obediência não é uma escolha. É a diferença entre a vida e a morte.

Ao longo dos capítulos, no entanto, percebemos que também Elias é uma espécie de aprendiz. Dividido entre o mundo das fadas e dos humanos, o mago “desperta” para suas emoções na mesma medida em que Chise descobre seus próprios poderes mágicos.

Chise não é uma cria que “cultiva” do zero, mas alguém que encontra na encruzilhada de jornadas opostas.  A garota deseja abrir mão de sua humanidade; o mago, tornar-se uma pessoa.

Para tanto, precisa tomar a discípula de muleta para conhecer a si mesmo. Um aprendizado que se torna cruel quando Chise faz nascer suas próprias asas, e Elias precisa enfrentar, sozinho, a dor do ciúmes e da solidão.

Como disse Yamazaki em uma entrevista:

Para mim, o mais importante é mostrar que dois seres, mesmo que sejam muito diferentes (já que uma é humana e outro uma espécie de besta, ou ao menos um não-humano) podem compartilhar as coisas.

Embora eles pareçam completos opostos, algo os força a se aproximar; talvez não completamente, mas há sempre uma margem. Dois seres que no início não se compreendem, não se apreciam, que são estranhos um ao outro podem se aproximar em um dado momento. Esta é uma das mensagens principais que eu gostaria de passar com esse mangá.”

A mangaká Kore Yamazaki

É o mesmo dilema de Johanna, dividida entre a “educação” que recebe de Mefistófeles e a “educação” que ela mesmo confere àqueles que vieram a depender dela.

É o dilema dos jovens amantes de Futari no Renai Shoka. Entre Aiko, a vítima de negligência, e Kanako, o resultado do abandono após anos de indiferença.

Se obras como Umibe na Onnanoko e The Gods Lie nos mostram como feridas podem surgir, Yamazaki nos sugere como podem ser fechadas.

A hora de crescer

Para a maior parte dos críticos, a primeira obra que vem à mente quando falamos de Mahoutsukai no Yome é A Bela e a Fera.

Não para mim. De minha parte, não consigo pensar em outra que não Leon, história de amor entre um assassino de aluguel e uma órfã (interpretada por uma Natalie Portman então com 11 anos).

Mathilda, a órfã, teve os pais assassinatos pela polícia. Deseja tornar-se uma atiradora para poder vingá-los. Léon, o assassino, sabe melhor. Sua estreia no crime foi movida por um trauma similar, cuja dor nunca deixou de sentir. Até encontrar Mathilda.

Na medida em que ensina à garota sua profissão, “mestre” e “discípulo” se invertem. Enfrentar o mundo aos 11 anos, descobrimos, requer muito mais força que matar alguém a sangue-frio.

“Eu já cresci tudo o que tinha que crescer” ela nos diz. “Agora, só fico mais velha”.

“Comigo, é o contrário” ele responde “Já estou velho o suficiente. Está na hora de crescer”. Uma confissão que não seria estranha nas bocas de Elias, Kanako ou Johanna.

“Não se pode amar apenas a si mesma”; Ruth, o familiar de Chise, lhe diz em certo momento. Não se pode viver, tampouco, amando apenas aos outros. Sem amor próprio, pouco resta da vida além da espera pela morte.

Encontrar o equilíbrio entre os dois talvez seja o grande segredo. A essência, tão elusiva, do que significa afirmar-se como indivíduo.

]]>
https://www.finisgeekis.com/2017/12/11/as-heroinas-torturadas-de-kore-yamazaki/feed/ 6 19848
Café com Anime: expectativas para a temporada https://www.finisgeekis.com/2017/10/05/cafe-com-anime-expectativas-para-a-temporada/ https://www.finisgeekis.com/2017/10/05/cafe-com-anime-expectativas-para-a-temporada/#respond Thu, 05 Oct 2017 21:03:38 +0000 http://finisgeekis.com/?p=18966 Ah… o que é melhor que se sentar em um café com amigos, trocando experiências e aprendendo coisas novas? Ainda mais se o assunto é aquilo que tanto amamos: animação japonesa.

O Finisgeekis, Dissidência Pop, É Só um Desenho e Anime21 compraram um desafio. Toda a semana, até o final da temporada, teremos um novo quadro a vocês.

Depois das agruras do dia, cheio de escrita, pesquisa e trabalho, nós nos sentaremos para um bom café, uma poltrona confortável – e um bate papo sobre o melhor da temporada.

Peça uma xícara você também, e bons animes para as semanas que virão!


  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino: 
    Olá! Aqui é o Vinicius do blog Finisgeekis.
    E estamos aqui para embarcar juntos nessa nova temporada de outono, que promete bastante
  • buniiito4Fábio “Mexicano”: 
    Fábio “Mexicano” (não sou mexicano) do Anime21 o/
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Oi, sou o Gato de Ulthar do Dissidência Pop. Será que essa temporada promete bastante? Pelo menos mais que a anterior eu acho que sim.
  • diego gonçalvesDiego:
    Diego, do É Só Um Desenho \o/
    E vou dizer que pelo menos os animes que escolhemos certamente prometem rs
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    Pois bem, e por que não vamos direto a eles? Àqueles que nos lêem, nós quatro aceitamos a difícil tarefa de acompanhar cinco das maiores promessas da temporada. São elas Mahou Tsukai no Yome, Kujira  no Kora wa Sajou ni Utau (Children of the Whales), Kino no Tabi, Anime Gataris e Girls’ Last Tour
    Comecemos por Mahou Tsukai no Yome. O que, para vocês, mais chamou a atenção nessa série?
    The-Ancient-Magus-Bride-Feature-Image.png
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Fantasia, cabeça de esqueleto, menina bonita noiva
  • diego gonçalvesDiego:
    Sinceramente, no meu caso o que mais atraiu em Mahou Tsukai foi a arte mesmo. Parece que vai ser um anime bem bonito, visualmente falando.
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Ah sim, e tudo isso é bonito, claro – e, não vou mentir, o hype alheio me influenciou
  • cat ultharGato de Ulthar:
    A arte de Mahou Tsukai é muito bonita, e gostei do conceito meio a “Bela e a Fera”.
  • diego gonçalvesDiego:
    O hype alheio DEFINITIVAMENTE me afetou um pouco também. Falam muito bem do mangá, então tenho alguma expectativa para o anime.
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    Eu AMO o mangá original. Essa mistura de folclore britânico com um tempero nipônico é algo contra que não tenho defesas
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Acho que essa é daquelas obras que o próprio título já chama muito a atenção, não é? “A noiva do velho mago”
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    O conceito é BEM chamativo – e no mal sentido. É a história, afinal, de uma escrava vendida para um casamento arranjado. Que ele consiga tirar disso uma história fofa é um de seus maiores méritos
  • diego gonçalvesDiego:
    Eu só quero ver como a obra vai lidar justamente com esse tema da menina ter sido vendida para o mago, e como tirar algo fofo disso sem soar como uma naturalização da escravidão lol
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Será que o anime irá lidar com isso? Já teve os OVAs, afinal
  • cat ultharGato de Ulthar:
    O título por si só é curioso e a premissa interessante.  No início é um pouco chocante a ideia de uma menina ser vendida como escrava para um mago, as conotações disso são muito negativas, mas o próprio trailer desconstrói um pouco essa imagem inicial.
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Eu tô até me sentindo mal aqui agora porque todo mundo parece ter levado bem a sério o tema “escrava vendida”, mas eu demorei muito para sequer dar bola pra isso 😛
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    É uma história que está na margem do “humano” e do “não-humano”. Literalmente: Chise, a protagonista, é uma espécie de ponte para o mundo das fadas. Acho que esse é o segredo da leveza. Ela habita um mundo tão bizarro que as próprias definições desses termos acabam se borrando
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Minha noiva inclusive ficou horrorizada, levei um tempo para convencê-la a dar uma chance ao anime. O que conquistou ela foi a bela arte.
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Se o material de divulgação em qualquer momento tivesse destacado a estupidez da escravidão, mas só me lembro de imagens de uma garota saudável, curiosa e solitária em um ambiente estranho para ela, e cheio de livros
    Não me parece que em momento algum a história se preocupe com a tal da escravidão, tirando por isso
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    É por que ela não é bem uma “escrava”. Mas dizer mais seria spoiler do mangá, então ficarei quieto
  • cat ultharGato de Ulthar:
    O que dá a imagem negativa é a sinopse e só o começo dela. Depois as coisas se ajeitam naturalmente no sentido de mostrar uma imagem mais mística da situação.
    Diego:
    Bom, acho que vou ter de esperar e assistir pra saber como me sinto.
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Bom, acho que é isso então, não vamos nos estender demais para não entediar o leitor 😃
    E Kujira no Kora wa Sajou ni Utau?
    children-of-whales-450x320
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Um nome bem grande.
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Também conhecido como “O anime das baleias”
  • diego gonçalvesDiego: Novamente: Me atraiu mais pela arte que por qualquer outra coisa.
    Baleias DA AREIA, isso é  muito importante de lembrar (ou não)
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Pelo trailer o que posso dizer o anime? Uma arte bonita, e muito choro, parece que daria para transformar aquele deserto em um oceano. Tenho um pouco medo disso.
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    A arte é um primor, mas a ideia de um povo  meio nômade em um cenário desolado é algo que me fascina
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Esse me conquistou pelo nome também, “A canção que as baleias cantam na areia”, ou algo assim
    O nome internacional parece que é, em inglês, “Filhos das Baleias”, tô certo?
  • diego gonçalvesDiego:
    Eu tenho um fraco por essa coloração em tons pastéis desde que vi Hourou Musuko, então foi imediatamente atraído pelo anime
    Dito isso, ele é uma adaptação de light novel, não? Nesse sentido, não tenho expectativas muito altas, pois já imagino um final bem em aberto (um medo que também tenho para Mahou tsukai, aliás, dado que o mangá segue em lançamento)
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Todos os que escolhemos provavelmente terminarão em aberto, com exceção de um, que provavelmente será o pior deles, então relaxa 😃
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    Sinto uma vibe Children Who Chase Lost Voices do Makoto Shinkai. Uma história bem melancólica sobre responsabilidades, decadência e lugares fantásticos
  • diego gonçalvesDiego:
    Sei de qual você fala, Fábio, mas tem mais um que também pode ter um final mais conclusivo, a depender de como for feita a adaptação.
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Adoro melancolia e cenários distópicos
    O nome me chamou a atenção e a sinopse me comprou
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Adaptação de light novel? Isso explica um pouco o nome grande. A ideia de cidades deslizantes na areia é muito bacana. Esse cenário desértico me lembrou o clássico Duna, mesmo que eu não espere algo muito tenso. O trailer demonstra que será uma obra bem focada no relacionamento os protagonistas.
  • diego gonçalvesDiego:
    A arte e o trailer me compraram a tal ponto que acho que nem li a sinopse. Acho que é o segundo anime para o qual estou mais empolgado nessa temporada, mesmo com receio do final.
    Tendo um bom visual e personagens interessantes já me considerarei satisfeito.
    Oh, preciso me corrigir! Na verdade o anime é baseado em um mangá, não uma light novel!
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    O último anime no deserto que eu assisti foi aquele fiasco de ficção científica do Leiji Matsumoto, Ozma
    Espero muito das criança que canta baleia, ou das baleia criança que canta, ou das baleias que cantam crianças, ou …
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Eu não espero muita coisa, mas sinto que vou me divertir.
  • diego gonçalvesDiego:
    Falando em cantar, eu fui rever um pouco do trailer e só digo que se a trilha sonora for metade do que o trailer promete é capaz de ser uma das melhores do ano
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    Falando em crianças, melancolia e distopia: o que acham de Girls’ Last Tour?
    Girls-Last-Tour-Featured.png
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Garotas sofrendo ❤
    Desculpa, tenho um fraco muito grande por esse tipo de história
  • diego gonçalvesDiego:
    Arte diferente e sinopse interessante. Nem tenho muito o que dizer, mas parece que vai ser bom.
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    Com um traço contrastante, misturando cartunesco e realista, como Made in Abyss
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Se bem que elas não parecem estar necessariamente sofrendo, mas a situação é atroz, então o sentimento é parecido
  • diego gonçalvesDiego:
    Até mais extremo que Made in Abyss, eu diria.
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Eu li um pouco do mangá, parece um slice-of-life interessante. E como o Fábio, adoro essa temática sofredora com um traço diferente. Uma combinação muito interessante.
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    Estou indo completamente às cegas para esse anime, para dizer a verdade. Mas só o poster já mexe nas minhas entranhas. Talvez seja a indumentária inspirada nos uniformes da época das guerras mundiais. Muito embora uma esteja vestida de britânica e a outra, de alemã
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Se eu entendi a sinopse, é um mundo pós-apocalítico e só existem elas
    Imagina, no mundo inteiro só sobraram as duas garotas, duas crianças. Que passam os dias andando por aí, curiando, e, claro, sobrevivendo (essa parte imagino que tenha potencial para ser muito tensa)
  • diego gonçalvesDiego:
    Eu quero só ver se realmente só sobraram as duas ou se isso é só a impressão delas.
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Espero que seja alguma coisa  no sentido de começar leve e ir se tornando algo mais obscuro ou sofredor, como vários animes semelhantes. Sim, essa não é uma temática original. Nesse sentido eu poderia citar Made in Abyss, Alien 9,  Gakkou Gurashi, etc…
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Se só sobraram elas, a humanidade acabou 😃
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    Não deixa de ser um argumento interessante ☺
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Elas podem encontrar um banco de esperma preservado e se fecundarem.
  • diego gonçalvesDiego:
    Eu espero que seja algo mais introspectivo do que gore, honestamente. A ideia de ter só elas andando por ai me agrada bem mais do que ter elas se desmembrando por ai rs
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    Eu sinto uma vibe “Planetarian”. Com menos robôs, talvez
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Não me considero um especialista em animes, só um cara que assistiu pra caramba, mas acho que essa temática (e em particular essa reviravolta em direção ao desespero) se tornou moda com Madoka Magica, não foi? Não que não existisse antes, mas Madoka foi o sucesso estrondoso que inspirou mentes criativas e bolsos gulosos a enveredarem por esse caminho
  • diego gonçalvesDiego:
    De fato, parece que isso se popularizou com Madoka.
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Sim, creio que Madoka foi o divisor de águas deste tipo de narrativa.
    Pois de fato há obras mais antigas que abordam isso. Por exemplo, a partir da saga Tokyo Revelations,  Tsubasa RESERVoir CHRoNiCLE fica 100% mais pesado, dá uma reviravolta grande. tanto e que essa saga foi só animada em OVA.
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Dito isso, há diferenças; algumas, como Madoka em si, se alimentam de desespero. Outras obras, e acho que Made in Abyss é um excelente exemplo porque muito bom e muito recente, apenas reconhecem que o desespero faz parte do mundo, mas a história em si ainda consegue ter um tom positivo e sugere haver uma lição maior a ser aprendida ali
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    Penso que Girls’ Last Tour vai pender para o primeiro caso. Mas isso descobriremos com o tempo
  • diego gonçalvesDiego:
    Bom, passemos para o próximo então. /o/
    Kino no Tabi. O que esperam da mais nova adaptação da light novel de Keiichi Sigsawa?
    kino-no-tabi-2.jpg
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Eu espero que seja bom porque muita gente diz que é bom
    Sim, não sei nada sobre
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    Acho que é oficial né? Essa é a temporada dos protagonistas itinerantes
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Bem, eu não vi o original, nem li nada da obra. Entretanto, espero que seja bom.
  • diego gonçalvesDiego:
    Eu gosto bastante de histórias sobre viagens, então essa temporada de fato promete bastante para mim rs
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Tudo que eu li sobre Kino me fez entender que é uma obra muito legal, com muitas mensagens bacanas e etc. Sempre quis ver esse anime. Agora com a adaptação, verei esse novo Kino e depois verei o anime antigo, farei o caminho inverso.
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Apesar de já haver um anime antigo, eu só soube que era um road anime (é correto chamar assim?) recentemente, com as notícias sobre a nova temporada
  • diego gonçalvesDiego:
    Até bem pouco tempo atrás eu não via praticamente ninguém falando de Kino. Os fãs meio que começaram a falar sobre acho que desde o anúncio do novo anime.
    Não que seja algo ruim, claro. O que é bom merece ser conhecido, e pelo menos o antigo anime de Kino é certamente BOM.
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    Gostei do verniz “moderno” que o anime recebeu. Nunca vi a primeira animação, mas ela me parecia um tanto datada – como tantos bons animes dessa mesma época
  • diego gonçalvesDiego:
    Vou dizer que a arte é uma das únicas coisas que me desagradou nessa nova adaptação. Digo, ela é bonita, mas também me parece muito… “anime”. A arte antiga tinha bem mais identidade. Tirasse um print de qualquer cena e qualquer um poderia identificar como “Kino”. Nesse novo a arte está bem mais… normal, digamos assim.
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Um dos meus animes preferidos, que sempre vai aparecer em qualquer top que me pedir para fazer, Michiko & Hatchin, é um road anime. É um formato excelente para desenvolvimento de personagem: as dificuldades e conflitos são físicos, relacionados à própria viagem. Não tem como não perceber
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Não me preocupo com adaptação datada, e mesmo não vendo o anime antigo também senti o que o Diego narrou, que esse novo Kino ficou muito “comum” por assim dizer, perdendo um pouco da identidade.
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    É meio brega, mas costuma acabar sendo algo como “viajar para encontrar algo apenas para descobrir que aquilo já estava dentro de você / ao seu lado o tempo todo”
  • diego gonçalvesDiego:
    Mas vou dizer que vou tentar manter minhas expectativas baixas para Kino. O anime antigo é O meu anime favorito, e realmente não espero que este novo tome esse posto dele rs.
    Acho que Kino não é bem comparável algo como Michiko to Hatchin porque o foco nunca foi o desenvolvimento da Kino, a protagonista, mas sim explorar certas ideias e conceitos através dos países que a Kino visita.
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Acho interessante esse anime ser analisado pela gente, pois há aqueles que viram o anime antigo, como o Diego, e aqueles que não viram, então teremos dois estilos de análise do novo anime.
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    “Explorar ideias e conceitos” ficou meio esotérico para mim, mas vamos ver. Ainda vale o que eu disse primeiro: decidi assistir porque muita gente que eu respeito gosta e eu fiquei curioso
  • diego gonçalvesDiego:
    Sem dúvida, Cat. Aliás, em termos de ter experiência prévia com a obra estamos muito bem com os títulos escolhidos, né? Cat conhece o mangá das garotas no mundo apocaliptico, Vinicius leu o mangá da noiva da caveira e eu assisti o antigo anime da garota e sua moto falante 😃
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    E eu não conheço nada
    Indo para o último anime que comentaremos: Animegataris
    É o único anime original que comentaremos também, e esse foi o único motivo pelo qual o escolhemos
    Anime-Gataris-Visual.jpg
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Do que ele se trata mesmo?
  • diego gonçalvesDiego:
    Esse realmente eu não sei o que esperar. Pode ser engraçado e divertido ou pode ser só a encarnação em anime da vergonha alheia. Acho que é a nossa maior aposta nessa temporada, no sentido de ou isso vai ser divertido ou vai ser um horror, sem meio termo.
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Mas vamos falar dos nossos motivos mais elevados também 😃
    É um escolar sobre um clube de anime e a protagonista é novata nessa coisa de anime
    Tipo, a gente poderia ensinar coisas para ela
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    Tenho um carinho particular por animes “meta” sobre cultura otaku. Desde a época de Haruhi Suzumiya
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Ahh lembrei, a garota que vira otaku e seus amigos otakus. Não sei o que esperar. Pode ser uma comédia engraçada. O trailer não diz absolutamente nada. É um tiro no escuro.
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    É uma ideia muito normal, padrão, e pode acabar sendo só mais um escolar como qualquer outro, talvez divertido, talvez um saco, bem como pode entrar na lista de animes que satirizam a própria mídia, e aí eu acho que vai ser muito interessantes – mesmo se “der errado”
    Teve um que saiu em janeiro, baseado em game se não me engano, chamado Akiba’s Trip, que tira sarro de várias coisas da cultura otaku japonesa (a japonesa, ou seja, é muito mais do que anime e mangá)
    Acho-o muito divertido, mas ainda não terminei de assistir 😛
  • diego gonçalvesDiego:
    Que você não terminou de ver algo que saiu em janeiro não me dá muita segurança não 😃
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    É porque eu acabei não acompanhando em janeiro, fui assistir depois, e aí ele tem prioridade zero na minha distribuição de tempo
  • diego gonçalvesDiego:
    Ah, faz sentido então
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Mas é uma comédia super-divertida, a cada episódio o protagonista vira viciado em uma coisa diferente (games, montar o próprio PC, rádio amador!!), recomendo demais
  • diego gonçalvesDiego:
    Talvez um dia eu confira (ou não)
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Espero algo com o mesmo … sentimento? Em Animegataris
    Igual não vai ser, aquele é um anime nonsense pervertido, e lida com vários temas
  • diego gonçalvesDiego:
    Sinceramente, eu só espero um garotas fofinhas vendo anime. E não sei se isso será bom ou ruim 😛
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Mas assistiram Gamers? Se for algo parecido com o último episódio, onde a única não gamer do grupo ficou o episódio inteiro questionando como eles podem gostar de games, porque é caro, e ainda tem DLC, etc, eu já acharia ótimo
  • diego gonçalvesDiego:
    Eu vi, e de fato é um anime bem divertido.
    Mas bem, acho que podemos partir para nossos pensamentos finais, não?
    Sobre a temporada, algum anime em específico, e sobre o quadro como um todo, digam ai o que esperam disso tudo o/
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Eu espero que seja tão divertido para o leitor nos acompanhar conversando sobre os animes quanto é para nós conversarmos, mesmo que os animes em si se provem chatos pra caramba (o que não acho que será o caso de todo modo)
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    Espero que nós (e os leitores) nos divirtamos mesmo com os animes mais escalafobéticos. Mas estou contente de ver que escolhemos séries bem diferentes uma da outra
  • cat ultharGato de Ulthar:
    Sim, escolhemos animes bem variados, acho que nos divertiremos muito analisando eles.
  • diego gonçalvesDiego:
    De fato temos uma seleção bem eclética. Acredito que renderá boas conversas, e também espero que os leitores se divirtam nos lendo (e que vejam os animes também, é lógico 😃)
  • buniiito4Fábio “Mexicano”:
    Então é isso aí. Muito obrigado, até semana que vem! E lembre-se: as discussões serão individuais por anime, distribuídas pelos blogs
    Ao Anime21 cabe publicar as conversas sobre Kujira no Kora e Animegataris
  • diego gonçalvesDiego:
    O É Só Um Desenho publicará as discussões sobre Kino no Tabi o/
  • cat ultharGato de Ulthar:
    O Dissidência Pop ficará com a responsabilidade de publicar sobre Mahou Tsukai no Yome. Quero agradecer a oportunidade a todos os meus camaradas blogueiros aqui presentes.
  • booker finisgeekis 1Vinicius Marino:
    E o Finisgeekis publicará sobre Girls’ Last Tour. Acho que por hoje é isso! Uma boa temporada a todos!
    The-Ancient-Magus-Bride-Feature-Image

 

 

]]>
https://www.finisgeekis.com/2017/10/05/cafe-com-anime-expectativas-para-a-temporada/feed/ 0 18966
O fascínio dos animes com a magia ocidental https://www.finisgeekis.com/2016/03/15/o-fascinio-dos-animes-com-a-magia-ocidental/ https://www.finisgeekis.com/2016/03/15/o-fascinio-dos-animes-com-a-magia-ocidental/#comments Tue, 15 Mar 2016 17:09:27 +0000 http://finisgeekis.com/?p=2797  

Quem tem o hábito de acompanhar mangás e animes já deve ter reparado que esse meio tem um pé no esotérico. Ao lado de mechas, uniformes escolares e doces baratos – muitas vezes, ao mesmo tempo – a cultura pop japonesa parece ter uma queda por magia e ocultismo.

Não qualquer magia, mas uma bastante específica – e distintamente ocidental. Cartas de tarot, círculos mágicos, símbolos do zodíaco, palavras em latim, referências bíblicas, nomes ingleses ou germânicos, sociedades secretas, trajes e apetrechos inspirados na maçonaria. Certos animes pagam tanto tributo ao ocultismo estrangeiro que poderiam se passar por um museu esotérico. De preferência, em algum lugar de Londres, ou na antiga “pequena Inglaterra” da Ásia: Hong Kong.

Clow_and_Eriol.png

Sim, é de vocês mesmo que estou falando

Em alguns casos, o misticismo está lá em doses homeopáticas, para dar aquele twist de estranheza. Madoka, por exemplo, criou uma meta-lore em latim – o que inclui até seu próprio título. Em outros, é acompanhado por toda uma elocubração filosófica, com direito a rituais, protocolos e menções a personagens históricas.

Dessas últimas, poucas séries apelaram mais para o exotismo do que Mahou Tsukai no Yome, ou The Ancient Magus’ Bride, um mangá despretensioso que conquistou a crítica e será adaptado em anime a partir desse ano. A obra não é só uma coleção do que há de mais peculiar na “magia de anime”, mas uma verdadeira jornada aonde tudo começou.

Através do espelho

ancient-magus-bride-1

Se uma personagem com um crânio de boi no lugar da cabeça não for suficiente para adivinhar, o mangá, escrito e desenhado por Kore Yamazaki, mergulha de cabeça no que há de mais diferente, bizarro e indecifrável no mundo do ocultismo.

A história segue Chise Hatori, uma garota abandonada que é feita escrava e vendida em um leilão. Quem a compra é Elias Ainsworth, um “mago” de aparência inumana (para dizer o mínimo). Ele revela à Chise que  deseja transformá-la em sua aprendiz… e em sua esposa.

ancient magus bride

O que poderia dar pano para um terror exploitation dos mais macabros se desenrola, pelo contrário, em uma história surpreendentemente doce. Chise, que sempre viveu à deriva, vê em Elias a família que nunca teve. O mago revela, para a surpresa de ninguém, que não é humano, e usa a amizade com a garota para tentar compreender o mundo de uma espécie que lhe parece tão estranha.

O que se segue é uma jornada surreal pelo folclore europeu para esgotar qualquer enciclopédia de mitologia. O que xxxHolic fez com o terror japonês, The Ancient Magus’ Bride entrega com o ocultismo ocidental.

Seu mundo paranormal é surpreendente vasto, e inclui de “clássicos” como dragões e fadas a personagens mais obscuros: reimaginações kawaii das selkies (mulheres-foca da mitologia irlandesa) e will-o-wisps (luzes fantasmas),

magus selkie will o wisp.jpg

Titania e Oberon, reis das fadas em Sonhos de Uma Noite de Verão, e personagens recorrentes nos quadrinhos de Neil Gaiman,

magus titania oberon

o Cão Negro, ou barghest, aparição do folclore inglês que inspirou O Cão Dos Baskervilles e que até já fez ponta em The Witcher,

magus black dog

e, como não podia deixar de ser, uma lore extremamente rebuscada, em que “magia” não é apenas truque, mas um sistema filosófico e espiritual próprio, quase uma ciência para um mundo além da razão.

magus magic 1

magus magic 2

The Ancient Magus Bride não inventou esse fascínio com o conhecimento místico. Pelo contrário, ele pode ser visto em obras das mais variadas, de X/1999 e Cardcaptor Sakura a Fullmetal Alchemist e Fate/Stay Night. O site TVtropes.com chegou a afirmar que a magia hermética – como ela foi chamada, em razão de sua proximidade com um movimento de mesmo nome – é hoje mais popular em animes do que em obras ocidentais, a despeito de seu flair inconfundivelmente europeu.

A princípio, é estranho que o país do xintoísmo, dos youkai e de um dos imaginários mais populares da cultura pop atual fosse dar tanta atenção ao folclore de outros lugares.  Porém, em um olhar mais atento é possível ver que esses dois mundos aparentemente tão distantes têm muita coisa em comum.

Aurora dourada

magus mahoujin.jpg

Para entender como o ocultismo ocidental chegou ao Japão, é preciso primeiro entender de onde ele veio.

Como eu já mencionei em uma outra coluna, quando a ciência e tecnologia começaram a mudar o mundo, nem todos gostaram do que viram. Para alguns, o universo misterioso dos mitos e lendas era mais interessante do que as teorias científicas; a vida no campo mais suportável que nas grandes metrópoles, e o respeito à “voz da natureza” era mais digno do que a rotina endiabrada da nova era.

magus landscape.jpg

Alguns viram nisso inspiração para produzir arte, poesia e música. Outros, mais radicais, tentaram ressuscitar religiões do passado. Muitos, horrorizados com as barbaridades do mundo moderno, buscaram um sentido para a vida em outro lugar. Assim, o apelo do ocultismo, em suas mais variadas formas, começou a crescer.

Alguns se satisfizeram com filosofias alternativas. Por exemplo, a teosofia, doutrina mística que buscava entender a natureza e o lugar do ser humano para além do mundo aparente. O movimento ganhou vários adeptos no começo do século XX, inclusive o famoso pintor Piet Mondrian.

piet-mondrian-evolution-t

“Evolução”, de Piet Mondrian

Já outros foram mais além, e preferiram grupos com mais pompa e circunstância. Ao mesmo tempo em que a sociedade se industrializava e as grandes teorias científicas começavam a dar frutos, algumas pessoas começaram a se organizar em seitas ou irmandades, com uniformes e rituais elaborados e um entendimento enciclopédico de magia e sobrenatural.

Foi dessa fonte que o universo estranho, complexo e minuciosamente catalogado da magia nos animes bebeu. Em alguns casos, a inspiração é declarada. Aleister Crowley, um dos mais famosos ocultistas da época, apareceu de nome próprio em Toaru Majutsu no Indexalém de ter sido base para Clow Reed, criador das cartas Clow de Sakura.

clow crowley.jpg

A fascinação com a magia hermética foi tão forte na Europa – em especial na Inglaterra – que pelo menos um livro a considerou como o terceiro componente mais importante da cultura ocidental, ao lado da tradição bíblica e dos saberes greco-romanos.

Mas o que tudo isso tem a ver com o Japão? Acontece que, do outro lado do mundo, outras pessoas tiveram ideias bastante parecidas.

Em defesa da escuridão

junichiro tanizaki

Junichiro Tanizaki

O escritor japonês Junichiro Tanizaki certa vez disse que a diferença entre japoneses e ocidentais estava na sua relação com as sombras. Enquanto que o Ocidente busca a luz, a claridade e o “progresso” acima de todas as coisas, os japoneses aprenderam a aceitar a penumbra.

Isso se dava não só de uma forma literal – ambientes pouco iluminados, o gosto pelo escuro na arte – como em um sentido figurado. Para Tanizaki, a cultura japonesa preferia o misterioso ao revelado, o sutil ao direto, o despojado ao luxuoso,  o imperfeito ao milimetricamente pensado.

Os ocidentais tratam a escuridão como inimiga; os japoneses viviam em harmonia com ela. Os ocidentais se preocupam em modificar o mundo, em torná-lo mais claro e explicável. Os japoneses, por outro lado, viam beleza no misterioso e irregular.

magus pilum murialis.jpg

Se esse lamento lembra o misticismo europeu, não é por acaso. Quando o Japão abriu as portas para o resto do globo, as mesmas seitas, movimentos e filosofias que haviam chachoalhado o velho mundo repetiram o seu sucesso. Pouco a pouco, ao mesmo tempo em que a Terra do Sol Nascente se tornava um país do futuro, cartas de tarô, símbolos alquímicos e palavras em latim ganharam seu espaço na cultura popular.

Não foi só no entretenimento que o ocultismo ganhou adeptos. Mesmo autoridades tradicionais em filosofia oriental se renderam ao seu apelo.

suzuki

D.T. Suzuki

D.T. Suzuki, um dos maiores divulgadores do budismo no Ocidente, não poupou palavras para apontar semelhanças entre o pensamento asiático e essa “contracultura” espiritual europeia. Ele se casou com uma adepta da teosofia e se tornou um ávido leitor de místicos europeus. Em especial, Emanuel Swedenborg, criador de uma seita mística derivada do pensamento cristão.

Na cultura pop japonesa, essas leituras alternativas (quando não conspiratórias) da doutrina da Igreja eventualmente se tornaram inseparáveis à  imagem da magia ocidental. Vide a frequência com que padres e freiras, geralmente com poderes ou armas badass, dão as caras em séries do gênero.

ciel priest

Esse sincretismo pode ser visto a todo momento nos animes. Em X/1999, os Sete Anjos e Selos – em si próprios uma referência ao livro do Apocalipse – combinam poderes inspirados por escolas orientais de ocultismo (como o Onmyoudou) com magia ocidental.

karen X.jpg

Já em Kara no Kyoukai, os ex-colegas da feiticeira Touko são Cornelius Alba, descendente do ocultista alemão Henrich Cornelius Agrippa – famoso a ponto de ganhar menção em Harry Potter – e Soren Araya, um monge budista.

Touko_araya_alba_photo.png

E claro, eles estudaram na Inglaterra

A adoração de animes e mangás por essas correntes do ocultismo são uma das facetas mais divertidas da subcultura que criaram.

Muita gente defende que cultura “otaku” não é cultura japonesa, apenas uma releitura ocidentalizada das tradições do Japão. Com a magia hermética, no entanto, diretores e mangakás fizeram o percurso contrário. Ao se apropriarem de uma convenção importada do ocidente, eles criaram um estilo inconfundivelmente japonês.

De que tiveram sucesso, não há dúvida. Já duas vezes na minha vida, ao falar sobre Paraíso Perdido a amigos otakus, recebi a mesma resposta: “Parece legal. Tem OVA?”

Faça o teste você também. Da próxima vez que ver um círculo mágico, veja qual é a primeira torre que vem à mente: a de Londres ou a de Tóquio.

mahoujin sakura.jpg

]]>
https://www.finisgeekis.com/2016/03/15/o-fascinio-dos-animes-com-a-magia-ocidental/feed/ 2 2797