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Scott Spencer – finisgeekis https://www.finisgeekis.com O universo geek para além do óbvio Mon, 25 Feb 2019 16:48:01 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.7.11 https://i2.wp.com/www.finisgeekis.com/wp-content/uploads/2019/02/cropped-logo_square.jpg?fit=32%2C32&ssl=1 Scott Spencer – finisgeekis https://www.finisgeekis.com 32 32 139639372 “Happy Sugar Life”: até onde você iria para sentir-se vivo? https://www.finisgeekis.com/2018/06/04/happy-sugar-life-ate-onde-voce-iria-para-sentir-se-vivo/ https://www.finisgeekis.com/2018/06/04/happy-sugar-life-ate-onde-voce-iria-para-sentir-se-vivo/#comments Tue, 05 Jun 2018 00:18:38 +0000 http://www.finisgeekis.com/?p=20201

Chiaroscuro é uma técnica artística que exagera o contraste entre luz e sombra. Fora da pintura, a palavra às vezes é usada para descrever histórias que misturam o belo com o feio, o inocente com o perverso, o bem com o mal.

Animes e mangás têm um gosto especial por esse recurso. Em especial, quando contrastam violência com personagens fofas. Pontos a mais se elas forem crianças.

 

Elfen Lied Higurashi o empregam para efeito de choque. Made in Abyss, como medida da arbitrariedade da natureza. Madoka, na reimaginação fáustica da moral de garotas mágicas.

Com Mahou Shoujo Site, esse contraste chegou ao nível exploitation – para desespero de alguns críticos, que vêm nele uma desculpa para o mau gosto e até misoginia.

O destino parece sorrir (ou rosnar) a esses críticos. Pois, logo após Mahou Shoujo Site receber uma adaptação, a temporada de verão 2018 incluirá um lançamento ainda mais polêmico.

Happy Sugar Life, cuja dubiedade está presente desde o título, é uma séries mais intrigantes (e depravadas) a ganhar as telas nos últimos tempos.

Escrito por Tomiyaki Kagisora, o mangá nos apresenta Satou Matsuzaka, uma adolescente de olhos esbugalhados e um sorriso perfeito. Tão perfeito, na verdade, que suspeitamos que algo esteja errado.

Satou é conhecida como uma garota fácil, migrando de parceiro a parceiro com o tédio de quem muda canais de madrugada. Eventualmente, ela se encontra nos braços de uma garota. E descobre uma paz de espírito que homem algum já lhe proporcionou.

Podia ser uma história sobre a descoberta da sexualidade, como tantas que já emocionaram leitores. Não demora muito, porém, para entendermos que se trata de tudo menos isso.

Shio Kobe, objeto dos desejos de Satou, é uma criança na primeira infância. Sua relação não parece ter nada de abertamente sexual, mas até aí, tampouco os sorrisos melosos e vozes mansas de tantos pedófilos.

Ao vermos Shio e Satou enlaçadas em um abraço, afundando no que parece ser um mar escuro, entendemos que sua relação é uma tragédia anunciada, prestes a se deflagrar em nossas mãos.

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As verdades chegam aos poucos, em um passo que nos soa a um só tempo terrivelmente rápido e dolorosamente lento.

“Satou” (砂糖) é japonês para açúcar, que encontra eco no título da série e na paleta tutti-frutti de seus painéis.  Logo no primeiro capítulo, no entanto, nos deparamos com cartazes de uma Shio desaparecida e sacos ensanguentados que presumimos serem corpos.

É a maneira como o mangá nos conta que ultrapassamos uma linha. E que estamos fadados, tal como Alex de Laranja Mecânica, a olhar direto para o abismo.

O mangá já foi descrito como shoujo ai, mas o que chama de “amor” é bem diferente do que fãs do gênero esperam. Na sua compulsão, Sato se mostra uma versão feminina de Barba Azul, com direito a um quarto de segredos ensanguentados.

Sato não deseja Shio mais do que a deseja apenas para si. O cativeiro é o seu ninho de amor: a certeza reconfortante de que, em algum lugar da sua vida, há uma pessoa com olhos só para ela.

Tal como Barba Azul, no entanto, não demora para que o segredo de Sato comece a escapar pelas frestas. Na medida em que suas esquisitices chamam a atenção daqueles a sua volta, a garota faz de tudo para preservar seu segredo.

Porém, a cada chantagem, fraude e poça de sangue surge uma nova testemunha, um novo perigo a ser silenciado, uma nova linha a ser cruzada. De um “amor” doentio de início nasce a espiral viciosa de uma obsessão.

Como sua protagonista em sua cruzada doentia, nós também passamos a ver o mundo como um campo minado. Novos personagens são ameaças em potencial, mas também retratos de uma vida destruída.

Entre os parentes, amigos e conhecidos em seu entorno, encontramos vítimas de pedofilia, agressão física, abandono familiar e tortura psicológica. Cada coadjuvante carrega seu próprio peso. Cada sorriso, um trauma dissimulado. Cada sombra, a ameaça de um novo predador.

Happy Sugar Life vem na linha de um conjunto de séries sobre garotas que não hesitam em torturar suas protagonistas. Ceda às aparências por sua conta e risco: o mangá, na verdade, tem pouco a ver com essas obras.

Seus quadros são mais limpos que um quarto de hospital. Tal como uma cena do crime lavada por um psicopata, quase não há uma gota de sangue: apenas a insinuação de que algo está profundamente errado.

Nesse sentido, a vida de Sato tem menos de Mahou Shoujo Site que do arco final de Oyasumi Punpun:  um exame das emoções deturpadas de um grupo de jovens – e as consequências terríveis para suas vidas.

Satou fala de seus parceiros com a casualidade de uma adolescente para quem o sexo não é mais um mistério. É uma imagem realista – e, também, uma lufada de ar fresco diante das virgens improváveis e paródias de Messalinas que povoam os mangás.

É, também, o retrato cínico de uma garota dopada contra seus próprios sentimentos.

Em dada cena, por exemplo, nós a vemos perseguida por uma admiradora. Sato a comprime contra os armários em um beijo violento que nos choca mais que a própria vítima. Depois de alguns minutos de amassos, convence-a a parar de segui-la.

Para Satou, seres humanos são obstáculos, e os gestos de afetos, ferramentas para contorná-los.

Não demora para que nos perguntemos se o que sente por Shio não é uma muleta parecida. E sua relação, longe de “amor”, um estímulo desesperado para dar sentido ao seu vazio.

“Amor – ou é apenas o romance? – é um alucinógeno. É o tapete voador, o truque de corda. É aquilo no singular, e ninguém que o vê – o que significa, é óbvio, acreditar nele – pode esperar continuar o mesmo. […] Houve momentos, David, em que eu pensei que só aquilo, só o fato de vocês dois, não importa o que veio disso, mas apenas ver vocês dois e sentir o que vocês significavam um para o outro e saber que amor é um estado de consciência alterada foi mais do que eu podia honestamente absorver. E aquilo de certa forma destruiu minha vida.”

O trecho vem de Amor sem Fim, romance de Scott Spencer sobre um stalker patológico e o objeto dos seus desejos.

David, seu protagonista, tem muito em comum com a captora de Shio. Ele também ama uma garota e está disposto a tudo para fazer seu amor triunfar.

Ao longo da sua jornada, nós o vemos incendiando casas, provocando a morte de terceiros, destruindo sua família, condenado à cadeia e ao hospício. E, mesmo assim, não conseguimos deixar de torcer por ele.

O fascínio pode ter menos a ver com essas histórias do que com nós mesmos.

A vida realiza sonhos, mas exige concessões. O parceiro perfeito não existe, dizem as páginas de autoajuda. Melhor um pássaro na mão do que dois voando. A mente é seu próprio lugar e em si mesma faz um inferno do céu; um céu do inferno.

E mesmo assim, quem nunca quis mais? Quem nunca desejou viver um amor tão fulminante, tão completo, que ferve nosso sangue e vaporiza o bom senso? Quem nunca desejou viver – e não apenas passar os dias, ainda que isto nos destrua ou destrua aqueles à nossa volta?

Mais: quem nunca cobiçou isso dos outros? Quem nunca espiou um olhar entre amantes, um sorriso satisfeito, um beijo roubado e sussurrou entre os dentes: por que não comigo?

“Se amor infinito fosse um sonho, seria um sonho que todos nós sonhamos, muito mais que o sonho de não morrer ou de viajar pelo tempo, e se alguma coisa me separou não foram meus impulsos, mas minha teimosia, minha vontade de levar o sonho para além do que tinha sido decidido como seus limites sensatos, de declarar que este sonho não era um truque febril da mente, mas uma verdade pelo menos tão real quanto aquela outra, mais escassa, mais infeliz ilusão que chamamos de vida normal.”

Happy Sugar Life, como outras histórias similares, são às vezes desmerecidas por glamorizarem a perversão. Elas barateiam o sofrimento, dizem os críticos. Romantizam a violência, relativizam a moral.

Eles não estão errados, embora não da forma como imaginam. Pois a verdadeira perversão não é o horror-B das maldades de Satou, mas o que está por trás. O que carrega de honesto, desesperado – e imperdoável.

É desejar sentir tão intensamente que não nos importamos com o quê venhamos a sentir.

É desejar sentir algo que faça o cotidiano parecer uma camisa de força, a ponto de odiarmos a sociedade, as outras pessoas, a própria vida.

Uma perversão tão mais perigosa – e tão mais sedutora – porque é uma imagem de espelho de nossos sentimentos mais nobres.

 

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4 livros para quem curte “Kuzu no Honkai” https://www.finisgeekis.com/2017/03/06/4-livros-para-quem-curte-kuzu-no-honkai/ https://www.finisgeekis.com/2017/03/06/4-livros-para-quem-curte-kuzu-no-honkai/#comments Mon, 06 Mar 2017 20:27:09 +0000 http://finisgeekis.com/?p=15661 Grande sucesso da temporada, Kuzu no Honkai tem colecionado elogios por nos apresentar uma história que não vemos todos os dias: um antirromance.

Enquanto que muitos autores nos trazem amores açucarados e previsíveis, o anime se destacou por trazer personagens imperfeitas, em relações que trazem mais dor que felicidade. Um balde de água fria em um gênero marcado pela idealização.

Antirromances podem ser raros no mundo da anime. Porém, como todos que passaram por uma grande decepção sabem muito bem, amores tóxicos e angustiantes existem desde que o mundo é mundo.

Não é de se esperar, portanto, que já tenham inspirado incontáveis histórias.

Se você ficou fascinado pela mescla de desejo, sonhos despedaçados e amadurecimento  de Kuzu no Honkai e está atrás de obras parecidas, abaixo vão quatro livros que retratam o amor jovem como ele muitas vezes é: triste, enlouquecedor e sexual.

Norwegian Wood – Haruki Murakami

 Norwegian-Wood.jpg– Há pessoas que conseguem abrir seus corações e pessoas que não conseguem. Você é um dos que conseguem. Ou, mais precisamente, você conseguiria se você quisesse.

–  O que acontece quando as pessoas abrem seus corações?

Cigarro pendurado entre os lábios, Reiko juntou as mãos sobre a mesa. Ela estava curtindo aquilo.

– Elas saram.

No Ocidente, Haruki Murakami é conhecido pelos seus livros surrealistas. No Japão, foi esse o romance que o lançou de vez ao estrelato.

Norwegian Wood é a história de jovens recém-saídos da adolescência. Ou, melhor dizendo, chutados escada abaixo ao mundo adulto.

Toru Watanabe e o casal Naoko e Kizuki eram melhores amigos no colégio, até Kizuki misteriosamente cometer suicídio. Prestes a entrar na faculdade e descobrir as alegrias da vida, Toru e Naoko desenvolvem uma relação de confidência, culpa e desejo reprimido.

Dividido entre os traumas do passado e a euforia da vida universitária, Toru se flagra em um triângulo amoroso entre Naoko e a excêntrica Midori, uma garota extrovertida que ameaça  virar sua vida de ponta cabeça.

Haruki Murakami é um dos melhores escritores do Japão, e Norwegian Wood deixa isso bem claro. Transbordando de sinceridade, o romance aborda o drama de jovens que não sabem se amam, não sabem se querem amar, mas precisam de algum afeto nesse mundo louco em que vivemos.

Há Nagasawa, o bon vivant que se gaba de ter dormido com mais de 70 garotas. Há Naoko, que como Hanabi de Kuzu no Honkai sente que o corpo não está em sintonia com sua libido. E há Toru, que como tantos outros homens, fica dividido em criar sua felicidade e “salvar” uma garota perdida.

Norwegian Wood é uma leitura triste, mas de uma tristeza que nos faz sorrir e apreciar melhor a vida. Direto, acessível e pé-no-chão, é um dos melhores romances contemporâneos sobre amadurecimento e despertar sexual.

Uma Outra Educação – Lynn Barberuma outra educação

Mas houve outras lições que Simon me ensinou que eu me arrependo de ter aprendido. Eu aprendi a não confiar nos outros; aprendi a não acreditar no que eles dizem, mas em observar o que eles fazem; aprendi a suspeitar que qualquer pessoa, toda pessoa, é capaz de “viver uma mentira”. Eu passei a acreditar que as outras pessoas – mesmo quando você acha que as conhece bem – são, em última medida, desconhecíveis.

Ao contrário dos outros livros da lista, Uma Outra Educação não é um romance, mas um livro de memórias. Na verdade, um capítulo de um livro de memórias.

Não deixe isso desanimá-lo. A história da adolescência de Lynn Barber é tão inusitada que parece uma obra de ficção.

Lynn é uma adolescente filha de pais caxias, que estudava em um colégio tradicional e sonhava em entrar em Oxford. Sua vida maçante toma uma curva vertiginosa quando conhece Simon, um  adulto charmoso que a introduz ao sexo e à vida boêmia.

Lynn é apresentada a um mundo com o qual até então nunca sonhara: filmes estrangeiros e concertos, restaurantes chiques e fins de semana em Paris. Nem mesmo a carolice de seus pais resistiu ao charme do namorado. Simon era de uma simpatia hipnotizante, e arrebatou sua família com a mesma facilidade com que tomou seu coração.

Tão simpático era, na verdade, que demorou para que Lynn percebesse que alguma coisa estava errada.

Quanto mais o conhecia, menos sua façada de bom-mocismo fazia sentido.  A garota descobriu que ele era um vigarista profissional, vivendo de golpes e desencontros com a lei.

Até que ponto podia confiar em tal sujeito? Seria seu namoro, também, um faz-de-conta elaborado?

Uma Outra Educação é o cenário distópico do que aconteceria a Mugi e Hanabi se seguissem às últimas consequências suas paixonices pelos professores.

Lynn Barber, no entanto, conta sua história com tanto bom humor e leveza que transforma sua tragédia pessoal em uma comédia de erros.

Perspectiva é tudo. Se histórias de formação geralmente são contadas pelos olhos de adolescentes – ou, pelo menos, de adultos saudosos da adolescência – Barber é uma jornalista sexagenária, que trabalhou para a revista masculina Penthouse.

Com maturidade de sobra e papas na língua de menos, ela nos mostra que o mundo é cheio de manipuladores, mas que mesmo o pior dos ardis é, em si próprio, uma educação.

Aos interessados, o livro foi adaptado a um excelente filme em 2009, com o roteiro escrito por ninguém menos que Nick Hornby, de Alta Fidelidade e Um Grande Garoto.

Amor sem Fim – Scott Spencer

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Tudo o que poderíamos ter dito é que você e Jade ainda não estavam prontos, de certa forma, para os prazeres da carne. Mas como nós poderíamos dizer isto quando estávamos praticamente loucos de inveja de seu amor um pelo outro? Vocês eram todos as nossas fantasias românticas subitamente encarnadas; negar vocês teria sido como negar a nós mesmos.

Amor sem Fim começa pegando fogo. Literalmente.

Proibido de ver sua namorada, o adolescente David resolve atear fogo em sua casa. Seu plano? Fingir que estava apenas de passagem, salvar sua família das chamas e readquirir o direito de vê-la.

Sua artimanha cai por terra tão cedo é colocada em prática. David é enviado a um hospital psiquiátrico, onde permanece por vários anos.

Quando é liberado, tenta reencontrar o amor de sua vida. Mal sabe ele que da sua paixão só virão mais tragédias – para ele e para aqueles ao seu redor.

Amor sem Fim é para os romances o que Oyasumi Punpun é para os mangás. Trata-se da história de um jovem que vê seu amor de juventude degringolar em uma espiral de perdas, morte e auto-destruição.

Como na obra-prima de Inio Asano, o sexo é apresentado de forma gráfica e chocante. Que Scott Spencer tenha conseguido juntar tudo isso em uma história tão bela é prova de sua habilidade como escritor.

Ao contrário do que sugere o título, o romance não é uma história sobre amor, e sim obsessão. Obsessão, porém, de um protagonista tão crente em seu próprio delírio que acaba por nos arrancar simpatia.

Grande parte dos “antirromances” nos trazem personagens que não se amam de verdade. Kuzu no Honkai não é uma exceção. Amor sem Fim, no entanto, nos mostra o que acontece quando se ama em excesso.

Há um quê de atraente na devoção de David, e é isto que faz da sua história apavorante. No fundo, no fundo, todos já desejamos matar ou morrer por paixão.

Bestseller na época em que foi lançado, o livro de Scott Spencer foi criminosamente esquecido com o passar dos anos. Duas adaptações horríveis ao cinema mancharam sua reputação com o grande público.  No Brasil, sua edição está há muito esgotada.

Felizmente, em tempos de Kindle e Estante Virtual, o erro pode ser finalmente remediado.

A Instrução dos Amantes – Inês PedrosaA Instrução dos Amantes.jpg

Dinis era triste como os outros são bonitos ou feios. Antes fosse mau, porque a maldade é uma deliberação da vontade, uma reacção à ferida própria dos grandes amantes. A tristeza, quando se apresenta assim de raiz, provoca danos irreparáveis. Porque a tristeza tem um único antídoto de sobrevivência, que é a crueldade.

A Instrução dos Amantes nos mostra um “erro” logo de início. Cláudia apaixona-se por Dinis no funeral da amiga Mariana, que todos pensam ter se suicidado.

Romance de estreia da portuguesa Inês Pedrosa, o livro acompanha um grupo de adolescentes perdidos, encontrados e ludibriados pelo primeiro amor.

Ricardo é o líder cobiçado de um grupo de bad boys (e bad girls). Cláudia é sua namorada, mas não o ama. Dinis, por quem perde a cabeça, é um intelectual blasé que aceita seu corpo, mas desdenha seu amor. Teresa, perdida nos confins da friendzone, ajuda os outros a desencalharem enquanto sonha com seu príncipe encantado.

Se Norwegian Wood e Amor sem Fim trazem à toca as mazelas de Mugi, Hanabi e Akane, A Instrução dos Amantes é sem dúvida o livro de Moca.

Mais inocentes (e um tiquinho mais novos) que os jovens de Murakami e Spencer, as personagens de Pedrosa sofrem a descoberta de que pensar sobre o amor e vivê-lo são duas coisas bem diferentes. Nem sempre conciliáveis.

Como Lynn Barber, Pedrosa encara o amadurecimento como um aprendizado. Mais do que a autora inglesa, no entanto, ela nos mostra como esse processo deixa marcas.

Nas palavras de um crítico português, sua instrução é uma ferida que deixa cicatrizes. Crescer implica em levar tombos e ver nossos sonhos rolarem pelo asfalto. Saímos da experiência mais forte, mas um pouco ralados.

Inês Pedrosa é uma escritora bem portuguesa, e seu livro está recheado de gírias do Velho Continente. Se palavras como “rapariga”, “rezingona” e “goínha” não atrapalharem sua suspensão de descrença, A Instrução dos Amantes não falha em ser uma leitura surpreendentemente agradável.


Embora falem de assuntos parecidos, esses quatro livros possuem muito pouco em comum. Seus autores nasceram e viveram em países diferentes. Como artistas, suas prioridades não poderiam ser mais distantes.

Montando essa lista, no entanto, não pude deixar de perceber uma coisa: as quatro histórias se passam nos anos 1960 e 1970. Justamente a época da Revolução Sexual

A historiadora Mary del Priore, que citei em outro artigo, parece ter razão. A liberdade amorosa trouxe consequências para nossos relacionamentos que nos perseguem até hoje. Nem sempre, esses romances nos mostram, da forma como imaginamos.

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