Warning: Use of undefined constant CONCATENATE_SCRIPTS - assumed 'CONCATENATE_SCRIPTS' (this will throw an Error in a future version of PHP) in /home/finisgeekis/www/wp-config.php on line 98

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/finisgeekis/www/wp-config.php:98) in /home/finisgeekis/www/wp-includes/feed-rss2.php on line 8
Kyoto – finisgeekis https://www.finisgeekis.com O universo geek para além do óbvio Sun, 24 Feb 2019 16:02:19 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.7.11 https://i2.wp.com/www.finisgeekis.com/wp-content/uploads/2019/02/cropped-logo_square.jpg?fit=32%2C32&ssl=1 Kyoto – finisgeekis https://www.finisgeekis.com 32 32 139639372 Uma aventura no Japão #5: o tofu e o sake que você nunca conheceu https://www.finisgeekis.com/2017/06/23/uma-aventura-no-japao-5-o-tofu-e-o-sake-que-voce-nunca-conheceu/ https://www.finisgeekis.com/2017/06/23/uma-aventura-no-japao-5-o-tofu-e-o-sake-que-voce-nunca-conheceu/#respond Fri, 23 Jun 2017 21:49:30 +0000 http://finisgeekis.com/?p=17167 Na minha última coluna, eu trouxe a vocês algumas das atrações mais badaladas (e zicadas) da antiga capital japonesa.

Espero que com isso eu não tenha passado a impressão errada. Kyoto é uma cidade como poucas outras no mundo. Com um pouquinho de esforço – e uma mente aberta – é possível sair do óbvio (e da sobriedade) com muito gosto.

Fushimi é conhecido pelo seu santuário, a atração mais batida – e absurdamente lotada – de todo o Japão. Porém, se você estiver disposto a olhar fora da caixa, verá que o distrito oferece uma senhora imersão em cultura japonesa.

O melhor jeito de começar a aventura é com um passeio de barco. Os jikkokubune são antigos transportes de sake que hoje transportam passageiros, navegando por vielas que parecem a Little Venice em Londres, ou os canais de Amsterdã.

DSC_0155.JPG

DSC_0159.JPG

DSC_0165.JPG

Digo aventura sem aspas: o passeio é completamente em japonês. Não espere encontrar muitos gaijin, mas também não se assuste. Um onegai shimasu ali e um arigatou gozaimasu acolá dão conta de muita coisa. E você não precisará de um guia para curtir o melhor que a viagem tem a oferecer.

Fushimi é famoso por ser o lugar onde Ryoma Sakamoto, um dos heróis da modernização japonesa, foi assassinado por capangas do shogun. Margeando seus canais, é possível ver uma estátua do ativista, assim como o ryokan Teradata, onde ele foi assassinado.

Teradaya_fg2.jpg

Como os jikkokubune já sugerem, no entanto, a estrela do distrito é o sake. Fushimi é o lar de vários produtores do icônico vinho de arroz, incluindo a Gekkeikan, que hospeda um belo museu.

DSC_0212.JPG

Barris de sake no museu da Gekkeikan

Eu e a Vivian somos formados como sommeliers, então sempre fazemos questão de visitar fábricas de bebida mundo afora. Como é de praxe em outros museus, o da Gekkeikan oferece uma degustação de alguns sakes da marca ao fim da visita.

Sake não é uma bebida muito badalada no Brasil. Em parte, porque as marcas mais populares no comércio são bastante ruins. Em parte, também, porque entendê-la é uma tarefa incrivelmente complexa.

Mesmo para mim, acostumado a decorar terroirs da França, o líquido é um grande mistério. Não ajuda o fato dos rótulos serem escritos apenas em kanji – em muitos casos, a mão.

Como leigo, no entanto, posso dizer que gostei do que bebi. O Ginjoshu é um sake mais adocicado, enquanto que o Tama no Izumi Daiginjo é bem seco. O museu também serve “vinho” de ameixa, um fermentado japonês estupidamente doce que parece uma ume (ameixa de onigiri) reimaginada como bebida de festa junina.

sake museum tasting

Bebidas oferecidas na degustação. Fonte

Se você não bebe, outra boa maneira de sair do óbvio é procurar restaurantes especiais, fora do eixo turístico. E não falo do mercado de peixes, nem de franquias gigantes como o Sushi Zanmai.

sushi zanmai.jpg

É o caso do Tousuiro, especializado no ingrediente mais subestimado da culinária japonesa: o tofu.

Não, não faça careta. Se você pensa no tofu como apenas aquele “queijo” gelatinoso feito de soja, é porque nunca o experimentou em seu país de origem.

O Tousuiro oferece vários menus degustação com séries de pratos cuja estrela é o dito cujo. São tofus preparados de todas as formas imagináveis: cru, cozido no vapor, em blocos rígidos, em pastas, fritos como polenta, grelhados e com todo o tipo de acompanhamento.

Se te parecer exótico demais, uma alternativa bem romântica (fica a dica, namorados) é a famosa culinária kaiseki.

1280px-Kaiseki_Kai_Tsugaru_Owani_Onsen_Aomori_pref_Japan04s.jpg

Kaiseki, originalmente, era uma pequena refeição preparada por monges budistas. Hoje em dia, virou o nome de menus-degustação que servem vários pequeninos pratos (em alguns casos, mais de quinze).

Esses restaurantes podem ser encontrados por todo o Japão, mas em Kyoto parecem brotar em toda parte. Reserve uma noite em um desses lugares e você terá uma noite na cidade para nunca mais esquecer: longe das hordas de turistas, servido por garçonetes de kimono e comendo uma das melhores comidas do Japão.

karyo kaiseki 2

karyo kaiseki

Só não se esqueça de reservar – o que, já aviso, não é tão fácil quanto parece. Restaurantes japoneses não costumam fazer reservas pela internet. Os mais tradicionais nem possuem site.

Para garantir um lugar, é preciso ligar – de um endereço japonês, ainda por cima! Isso significa que, muito embora alguns dos endereços sejam bastante procurados, não é sempre possível reservar com antecedência.

Mas não se preocupe: basta pedir para a recepcionista de seu hotel para que faça a reserva para vocês. Não tenha vergonha, elas estão acostumadas.

Os restaurantes kaiseki podem ser bastante salgados (com o perdão do trocadilho). Entretanto, lembre-se que o Japão possui uma excelente comida de rua. Pagando de 500¥ a 1000¥ por uma refeição ao longo da semana, é fácil economizar para um jantar super especial.

Acredite em mim, vale a pena. Aquele sashimi de baigai não reaparecerá na sua frente tão cedo.

Uma Aventura no Japão continua segunda feira. Fique de olho!

]]>
https://www.finisgeekis.com/2017/06/23/uma-aventura-no-japao-5-o-tofu-e-o-sake-que-voce-nunca-conheceu/feed/ 0 17167
Uma aventura no Japão #4: a Kyoto que os guias não mostram https://www.finisgeekis.com/2017/06/19/uma-aventura-no-japao-4-a-kyoto-que-os-guias-nao-mostram/ https://www.finisgeekis.com/2017/06/19/uma-aventura-no-japao-4-a-kyoto-que-os-guias-nao-mostram/#respond Mon, 19 Jun 2017 20:53:00 +0000 http://finisgeekis.com/?p=17088 Ah, Kyoto! Patrimônio da humanidade. Paris do Oriente!

Se você, como eu, é apaixonado pelo Japão, já teve ter ouvido que sua antiga capital é o lugar para se visitar. Se Tóquio é o templo da modernidade, Kyoto é a metrópole da tradição.

Isso tudo é verdade, mas não necessariamente da forma como você imagina. Ao visitar a cidade, percebi que ela é realmente a “Paris do Oriente” – para o bem e também para o mal.

A primeira impressão é a que fica. Para Kyoto, no entanto, isso pode ser problemático. Ao chegar na cidade, é muito provável que você se depare com uma cena como essa:

DSC_6628.JPG

Todo mundo sabe que o kimono é a roupa típica do Japão. Mesmo assim, é um traje cerimonial, usado apenas em ocasiões solenes, como casamentos ou festivais.

Não parece ser o caso em Kyoto. Na antiga capital nipônica, não é preciso sair da estação para ser soterrado por multidões inteiras desfilando seus obis.

Para um gaijin recém-saído de Tóquio, a impressão é que o Shinkansen é, na verdade, uma máquina do tempo. De uma metrópole histérica povoada por maids e homens de terno, chegamos a uma cidade que parece saída do Período Muromachi.

O problema é que tudo mentira.

kimono rental.jpg

Kyoto possui centenas de lojas de aluguel de kimono. As hordas de homens e mulheres vestidos a caráter são na verdade turistas (na sua maioria chineses) que pagaram para viver um “dia de japonês”.

Essas lojas existem por todo o Japão, mas em nenhum lugar são tão numerosas quanto em Kyoto. Não é difícil entender por quê: os destinos turísticos mais famosos do Japão se encontram na antiga capital imperial.

Pense em uma imagem tradicional do “Japão”, e é muito provável que ela seja de Kyoto. É o caso do santuário de Fushimi, onde milhões de turistas (na sua maioria chineses) se amontoam para tirar fotos com a sanha de quem pega o metrô de São Paulo no horário de pico.

fushimi.jpg

Queria tirar foto só do torii? Boa sorte

Ou o célebre Kinkakuji, o Templo do Pavilhão Dourado, que estampa 9 de cada 10 guias turísticos sobre o país.

DSC_6652.JPG

Maravilhoso, né? Seria melhor ainda se fosse o original.

Sim, você leu corretamente. O prédio dourado que serve de para-raios a estrangeiros de kimono é uma cópia. O original foi completamente destruído em 1950 por um noviço piromaníaco.

O episódio foi tão chocante – e bizarro – que serviu de inspiração ao romance O Templo do Pavilhão Dourado do grande escritor Yukio Mishima.

Burned_Kinkaku.jpg

Kinkakuji após o incêndio de 1950

O novo Kinkakuji ainda assim é muito bonito, e serve de fundo para aquela sua foto linda com o kimono.

Ou, caso a grana esteja curta, você pode em vez disso visitar o Kinkakuji do Brasil, uma réplica idêntica do monumento construído em Itapecerica da Serra.

templo-kinkaku-ji-do brasil

Meu sarcasmo pode ter passado a impressão errada, então é melhor que eu diga de pronto: Kyoto é uma cidade espetacular, um dos lugares mais emocionantes que já conheci.

A impressão não é só minha, mas também de Henry L. Stimson, que assim como eu passou sua lua de mel na cidade.

Quem é esse sujeito, você me pergunta? Apenas o secretário de guerra dos EUA durante a Segunda Guerra, que fez o possível e o impossível para que Kyoto não virasse alvo da bomba atômica.

Sim, Kyoto é uma cidade tão maravilhosa que escapou de um apocalipse nuclear. Da próxima vez que seu amigo de exatas disser que museus não servem para nada, esse é o exemplo que você precisa dar.

henry stimson.jpg

O homem que salvou Kyoto

Infelizmente, como toda cidade histórica, Kyoto é hoje vítima de seu próprio sucesso. A invasão de estrangeiros torna o centro histórico um caos, e dá incentivo a toda sorte de “armadilhas de turista” feita para te fazer gastar dinheiro.

Em Gion, o antigo bairro das gueixas, restaurantes cobram pequenas fortunas por comidas que não necessariamente são lá aquelas coisas. Isso sem falar nas gueixas em si, que sofrem assédio frequente nas ruas.

Tive o desprazer de testemunhar um episódio do tipo durante a minha viagem, e o mal-estar ainda não me abandonou. Uma maiko (aprendiz de gueixa) tentou atravessar a rua e foi prontamente emboscada por uma turba de turistas, enfiando flashes e câmeras de iPads em seu rosto como se ela fosse um animal exótico.

geisha assédio.jpg

Não foi na minha viagem, mas não é difícil achar fotos do tipo.  Sério, não seja esse turista

Felizmente, nem todas as “armadilhas de turista” são ruins. Se estiver pensando em pernoitar em Kyoto, fique de olho nos ryokans. São pousadas típicas japonesas com quartos de tatame, com futons nos aposentos e buffets típicos de café da manhã.

Já fiz um post sobre comidas bizarras semana passada, então não entrarei nesse mérito agora. Mas vou dizer apenas uma coisa: se você nunca comeu arroz com flocos de bonito na primeira refeição do dia, você ainda não sabe o que é acordar.

Ryokans são muito cobiçados – e, por causa disso, podem ser bem caros. A boa notícia é que a demanda levou a vários empreendedores a abrir “réplicas” de ryokans, com todas as características dos originais, mas localizados em prédios novos.

Leitores do blog sabem que não é minha proposta fazer propaganda, mas seria omissão da minha parte não recomendar o lugar onde fiquei. O Lucky You, perto da estação Gojo do metrô, é simplesmente um mimo.

lucky you 1.jpg

Lucky You em Kyoto, registrado por outro brasileiro.

Nada melhor para descansar depois de passar o dia sanduichado entre turistas chineses.

Nem todo turismo em Kyoto é farofa. Uma Aventura no Japão volta na sexta-feira, quando vou lhes contar o que fazer para sair da mesmice na cidade imperial.

 

 

 

 

]]>
https://www.finisgeekis.com/2017/06/19/uma-aventura-no-japao-4-a-kyoto-que-os-guias-nao-mostram/feed/ 0 17088