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entrevista – finisgeekis https://www.finisgeekis.com O universo geek para além do óbvio Wed, 08 Sep 2021 22:03:58 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.7.11 https://i2.wp.com/www.finisgeekis.com/wp-content/uploads/2019/02/cropped-logo_square.jpg?fit=32%2C32&ssl=1 entrevista – finisgeekis https://www.finisgeekis.com 32 32 139639372 Entrevista: a Dublin de Joyce entre o passado, presente e futuro https://www.finisgeekis.com/2021/09/08/entrevista-a-dublin-de-joyce-entre-o-passado-presente-e-futuro/ https://www.finisgeekis.com/2021/09/08/entrevista-a-dublin-de-joyce-entre-o-passado-presente-e-futuro/#respond Wed, 08 Sep 2021 21:51:06 +0000 http://www.finisgeekis.com/?p=23020 Hoje trago algo diferente para vocês.

Se acompanham o blog há algum tempo, sabem que sou grande fã da obra de James Joyce. Minha admiração por esse autor já me levou a muitos lugares – por exemplo, a fazer cosplay de suas personagens pelas ruas de Dublin. Nunca, porém, antecipei o privilégio que vivi essa semana.

Junto com meu colega, o arqueólogo Alex Martire, entrevistei ninguém menos que Caetano Galindo, escritor, tradutor e um dos brasileiros mais engajados em tornar a obra do autor acessível ao grande público.

Naturalmente, historiadores e arqueólogos que somos, não podíamos deixar de falar sobre o passado. E falando de Joyce, esse “passado” tem nome e sobrenome: Dublin, Irlanda, 16 de junho de 1904.

Sua obra-prima, Ulisses, é uma recontagem da Odisseia de Homero ambientada na capital irlandesa dessa data. Tão detalhado é o retrato que fez da cidade no começo do século XX que o próprio Joyce disse que, se Dublin desaparecesse, poderia ser inteiramente reconstruída usando apenas sua obra de referência.

Isto, claro, em 1922, quanto o romance foi publicado pela primeira. E quanto a 2022, ano de que rapidamente nos aproximamos? Ulisses continuará a ter relevância quando a cidade que o inspirou deixar de existir, substituída por novas “Dublins”? Ou, melhor dizendo, conseguirá a própria Dublin honrar o pedestal em que Joyce a colocou na medida em que se transforma em outra coisa – e os lugares e edifícios citados no livro deixarem de existir?

A mim e ao Alex, Galindo se mostrou otimista. Disse que, por mais louvável que seja a adoração moderna a Joyce (o Bloomsday, evento dedicado ao autor, é atualmente a segunda maior festividade da Irlanda) não podemos esquecer de que ela é um fenômeno turístico bastante recente. Em 1941, quando Joyce morreu, a recepção na cidade foi fria. E levaria muitas décadas a amornar.

“Essa relação da cidade com o livro [foi] alterada na marra” ele disse, comentando sobre a pressão de leitores e críticos, sobretudo nos EUA, que elevaram Ulisses ao patamar de obra-prima da literatura. “A Irlanda meio que teve de engolir o Joyce de atravessado”.

Galindo também comentou como transformar lugares citados por seus livrosem museus não é o mesmo que preservá-los. A farmácia Sweeney, cenário de um dos capítulos de Ulisses, por exemplo, hoje é um centro cultural que organiza leituras de textos de Joyce. Não seria mais fiel ao espírito do romance que continuasse funcionando como uma farmácia? Onde está a linha entre manter a Joyce de Dublin e imortalizá-la como um monumento empalhado, inerte, que não mais pertence à vida cotidiana das pessoas?

“A [Sweeney’s] sobreviveu?” ele pergunta “É uma coisa fake. É uma coisa criada para se vincular ao fato de que aquelas paredes estão de pé. […] É Dublin se alterando por causa do Ulisses.”

E é nisso, talvez, que está a maior força desse romance de cem anos atrás. Dublin não é apenas o palco da história de Joyce. “A paisagem da cidade mudou” diz Galindo. “Ele sacralizou certos espaços […] Delimitou aqueles lugares como lugares especiais.”

Em tempos em que influencers pregam publicamente que clássicos não servem para nada, não é pouca coisa. Como o sultão de Sandman que barganhou com Morfeu para que seu reino durasse para sempre, Joyce conseguiu a proeza de transportar uma cidade inteira para o mundo dos sonhos.

“O Ulisses vai sobreviver. E aquela cidade vai sobreviver no Ulisses.”

Você pode assistir ou ouvir a entrevista completa na página do ARISE.

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Entrevista: música e escapismo com o “Sofá a Jato” https://www.finisgeekis.com/2021/09/01/entrevista-musica-e-escapismo-com-o-sofa-a-jato/ https://www.finisgeekis.com/2021/09/01/entrevista-musica-e-escapismo-com-o-sofa-a-jato/#respond Wed, 01 Sep 2021 20:25:26 +0000 http://www.finisgeekis.com/?p=23012 Vocês que acompanham o blog sabem que eu tenho uma queda por artistas que tiram algo a mais da cultura pop. Sejam elas romancistas, cosplayers ou poetas, há algo de belo – e valente – em utilizar games, quadrinhos e animes como ponto de partida, não um fim em si. Em uma paisagem midiática cada vez mais dominada pela impessoalidade e por algoritmos, criar é a maneira mais pura de mostrarmos que somos protagonistas das nossas nerdices, não meros consumidores esperando na fila pelo que quer que esteja em oferta.

Foi uma grata surpresa, assim, conhecer o trabalho do Sofá a Jato, banda gaúcha formada por Frederico Demin, João Beal e Yussef Lima, que partiram de referências comuns a toda uma geração de gamers para encontrar sua própria voz no metaverso da cultura pop.

Nessa entrevista exclusiva, eles me contaram sobre como usam música e recursos audiovisuais para replicar a sensação de escapismo gerada pelos games – e sobre o que significa “escapar” em um mundo onde a alienação vem se tornando o novo normal.

Confiram:

A banda Sofá a Jato

O Sofá a Jato é uma banda com uma identidade bastante distintiva, misturando estilos brasileiros com expressões dos games e da cultura pop. De onde veio a ideia por trás do projeto? Vocês poderiam contar um pouco sobre como foi seu percurso até aqui?

O nome da banda iniciou ainda no colégio. A intenção era participar do show de talentos e se divertir. Esse interesse por games sempre esteve presente no grupo, principalmente pela arte que eles transmitem no visual e no som juntos. A gente sempre curtiu o poder imersivo das trilhas sonoras de jogos, o quanto uma boa música fazia a gente entrar mais no mundo do jogo e esquecer a realidade. Acho que foi natural seguir usando características dessas músicas nas nossas composições. Acho que a partir disso que veio a ideia de usar também essas narrativas mais fantasiosas nas letras e tal.

A compositora Yuki Kajiura certa vez disse que animes exigem trilhas sonoras de peso, pois a animação, por si só, não chega aos pés da expressividade do rosto humano vista no cinema live action. Este princípio também é visto em videogames, sobretudo naqueles que não contam com gráficos fotorrealistas. De certa forma, o Sofá a Jato parece fazer o percurso oposto, trazendo recursos visuais para complementar o som. De onde veio a ideia desse conceito multimídia? Do brainstorm até a performance, como ‘nasce’  e se desenvolve uma obra da banda?

Acho que duas obras influenciaram fortemente isso. Uma delas foi o filme Interstella 5555 do Daft Punk, inclusive um anime muito bom. Ali ficou claro desde cedo o poder narrativo em incorporar as diferentes mídias numa mensagem só, parece que ela fica mais poderosa. E também, a banda sempre teve essa ideia de ser uma trilha sonora de um espetáculo. Isso é uma grande influência que surgiu ao assistirmos os show do Pink Floyd/Roger Waters. Nunca foi nosso foco que o público assistisse apenas a banda tocando ao vivo, mas sim, passar essa sensação de estar em uma sessão de cinema ou teatro em que a trilha sonora está sendo tocada ao vivo. Além de tirar o foco da gente. O palco sempre foi meio delicado pra nós, hahahahah.

No seu livro A Composer’s Guide to Game Music, a compositora Winnifred Phillips cita várias maneiras como a música pode afetar nossa percepção do tempo e espaço. Por exemplo, como peças em tons maiores fazem com que ouvintes percebam a passagem do tempo de forma mais lenta, ou que uma dada imagem pode assumir sentidos diferentes dependendo da música que nos embala enquanto a observamos. Vocês usam alguma técnica do tipo para gerar a vibe psicodélica de seus clipes e shows?

Depende de como veio o processo. Com o nosso disco que está pra sair a gente foi mais cuidadoso, até porque ele envolve contar uma história ao longo dele todo. A gente sempre curtiu muito conversar bastante sobre as diretrizes e intenções e em caso de dúvida tentar se guiar por elas, desafiar a criatividade pra tentar passar aquela parte da maneira emocional adequada. Pra isso usamos de tudo, desde mixes mais espaciais pra dar grandeza até acordes suspensos pra dar um ar de aventura e incerteza do que virá. A parte visual tende a vir depois, com muita experimentação, mas de novo, no caso dessas novas músicas elas foram pensadas pra servir a história e as sensações da músicas, sem necessariamente “explicá-las”.

Há não muito tempo, referências a jogos e personagens eram um código que poucos dominavam. Hoje, esta linguagem consolida cada vez mais seu espaço na mídia mainstream. O trabalho do Sofá a Jato, de certa forma, é um reflexo disso. Como vocês enxergam o seu lugar como artistas dentro dessa paisagem cultural em movimento? Existem novas oportunidades ou desafios que vem surgindo?

Temos percebido mais artistas utilizando referências do mundo geek/nerd em suas obras, seja um sample de um anime em alguma música, ou uma letra que fale sobre a jornada de um herói, esse universo está cada vez mais presente na música. Pra nós, eu diria que o maior desafio é como unificar tudo isso através das várias maneiras que temos que entrar em contato com o “mundo”, com as pessoas. Um exemplo são as história em quadrinhos que fazemos pra contar os bastidores da banda, uma maneira de fazer algo divertido e que combina conosco e também achar uma maneira de não aparecer muito, que não é muito a nossa praia, hahaha.

Como fã de games, não posso deixar de notar a referência a trilhas icônicas em seus trabalhos, como Zelda: Ocarina do Tempo e Chrono Trigger. E quanto a trabalhos mais recentes? Existem artistas/compositores contemporâneos na cena nerd cuja obra vocês acompanhem?

Sim, com certeza. Em termos de trilha sonora de jogos, Celeste seria um que vem a memória fácil. Horizon Chase também. Quando vamos jogar RPG usamos a trilha sonora do The Witcher 3, por aí vai. Acho que em termos de influência mais direta, ultimamente voltamos forte às trilhas dos filmes do Studio Ghibli. O compositor Joe Hisaishi é um gênio.

Clipe da música “Lugar” do Sofá a Jato

 ‘Escapismo’ é uma experiência prometida com frequência por jogos eletrônicos. Talvez como resultado da entrada dos games na cena mainstream, ele também se tornou um tema controverso. Se por um lado ele é visto como um refúgio necessário ao estresse e problemas do mundo, há quem diga que o escapismo nos aliena, incentivando-nos a enxergar esses produtos (e a própria vida) com olhos passivos. A obra do Sofá a Jato evoca várias vezes esse tipo de experiência, notavelmente na música “Lugar”. Como artistas, como vocês navegam essa corda bamba?

Então, esse é exatamente o tema do próximo disco, na qual “Lugar” fará parte! A gente julga importante discutir o escape, ainda mais em tempos modernos de alienação e vidas relativamente falsas online. Lidamos com depressão nas nossas vidas e pessoas próximas e achamos que temos uma responsabilidade de trabalhar melhor a ideia do escape, sim. Acho que falar mais a fundo entregaria um pouco o disco então, por enquanto vamos nos segurar!

Conheçam mais sobre o Sofá a Jato em sua página.

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Profissionais do Cosplay: Hannah Éva https://www.finisgeekis.com/2016/09/30/profissionais-do-cosplay-hannah-eva/ https://www.finisgeekis.com/2016/09/30/profissionais-do-cosplay-hannah-eva/#respond Fri, 30 Sep 2016 20:03:54 +0000 http://finisgeekis.com/?p=10999

interview readNessa coluna, eu trago a vocês depoimentos daqueles que, de uma maneira ou de outra, se transformaram em “profissionais” do cosplay. Para alguns, foi uma atividade paralela, uma forma, muitas vezes, de custear os próprios trajes. Para outros, uma segunda vida fazendo aquilo que mais amam. Para outros, ainda, uma profissão à qual se dedicam noite e dia.

Hannah Éva entrou no mundo do cosplay há pouco tempo, mas já produziu trajes simplesmente impressionantes. A cosmaker, que hoje se dedica à confecção em tempo integral, me contou sobre sua rotina, sua experiência como convidada oficial de uma convenção e um pouco sobre a cena do cosplay nos Estados Unidos.

Confiram a entrevista abaixo:

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Qual é a sua idade e há quanto tempo trabalha com cosplay?

Tenho 23 anos e faço cosplay há 2.

Como você se tornou uma cosmaker?

Tornar-se uma cosmaker aconteceu meio por acaso. Eu nunca soube o que eu realmente queria fazer quando crescesse. Porém, independente de eu saber ou de querer, eu sabia que acabaria fazendo algo relacionado à arte, já que era a única coisa em que eu era boa.

Nesses últimos anos, mesmo antes de eu saber o que era cosplay, meu sonho era me fantasiar e ser paga para isso. Eu aprendi a costurar quando fui hospitalizada aos 15 anos. É uma coisa que me foi ensinada como uma terapia. Depois disso, no entanto, eu não pensei muito sobre isto até quando comecei a fazer meu primeiro cosplay. Felizmente, eu aprendo rápido, pois evolui de uma noob a alguém que vive de cosmaking em apenas 2 anos.

Em uma entrevista passada, você mencionou que o cosplay se tornou sua vida inteira. Como cosmaker, qual é a sua rotina? Você trabalha em casa ou tem uma oficina? Quanto do seu tempo você investe nisso? Você divide sua paixão com um outro emprego?

Eu fui diagnosticada com um caso bastante extremo de transtorno bipolar. Eu já tive de largar vários empregos por causa disso. Devido à minha doença, cosmaking se tornou minha única profissão. É muito conveniente ser minha própria chefe, pois eu posso planejar minha vida de acordo com o meu transtorno.

Eu trabalho em casa. Eu tenho um cômodo separado para minhas coisas de cosplay, mas elas tendem a se espalhar por toda a casa. Eu fico doente com frequência e preciso cuidar da minha saúde acima de tudo, mas cada dia em que posso trabalhar eu me dedico aos trajes.

Eu não tenho muita vida social, então me tornei uma espécie de workaholic. Eu me sinto um pouco mal pela minha família e amigos, pois não tenho muito do que falar além de cosplay, já que é basicamente a única coisa na minha vida além dos meus animais de estimação.

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Na sua página, você menciona que aceita encomendas para fantasias de halloween. Apesar da data ser celebrada ao redor do mundo, eu acreditou que os Estados Unidos são um dos únicos países onde se tornou esse evento superpopular, em que mesmo adultos se fantasiam. Cosplayers americanos costumam fazer trajes “casuais” também? Quão fácil é circular entre o mundo do cosplay e outras variedades de confecção?

Eu brinco todo ano dizendo que estou me fantasiando de pessoa normal no Halloween, já que me fantasio em todos os outros dias do ano. É tipo meu dia de folga.

Porém, essa é só uma tentativa triste de esconder o fato de que faz muitos anos que não comemoro Halloween. Eu adoro o feriado, mas nunca me surgiu nada legal na data, nem fui convidada para nenhum evento ou festa. Por outro lado, para meu negócio como cosmaker é ótimo, pois posso alcançar um público mais amplo.

Eu imagino que Halloween seja mais fácil para cosplayers porque nós não sentimos tanto stress em arranjar um traje de última hora se temos alguma coisa no armário. Eu sei que eu usaria o Halloween para fazer um cosplay mais casual em comparação aos que eu levo para convenções. Eu sinto uma pressão absurda sempre que faço um novo cosplay. Halloween é uma forma de extravasar, já que é mais sobre se divertir do que uma opção de carreira.

Eu acho que migrar do cosplay para outros tipos de fantasia é bem fácil. Geralmente, quando você faz cosplay você é uma personagem específica, mas no Halloween a regra é outra. Para quem não faz design de roupas, eu entendo que pode ser um desafio, pois você não tem um plano certo para seguir. Criar fantasias para festivais diferentes pode ser divertido e desafiador, pois você precisa se ater a um tipo específico de fantasia e não fugir das restrições. Eu amo desafios e design de trajes é minha parte favorita do cosmaking, então sempre me animo para fazer fantasias para todo tipo de evento.

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Você já foi chamada a convenções como uma cosplayer convidada. Você pode contar um pouco da sua experiência? O que uma cosplayer convidada geralmente faz? Como as pessoas geralmente são abordadas para se tornarem convidadas? Quem é o responsável pelo contato?

A experiência foi intimidadora. Eu não sabia o que esperar, e me parecia amedrontador. Quando eu cheguei lá, no entanto, encontrei algumas pessoas incríveis. A outra cosplayer convidada, SuperKayce, me orientou muito.

Como cosplayer convidada, eu ficava disponível para fotos, respondia questões e dava dicas de cosplay. Eu também tive a oportunidade de vender meus prints e outros merchans!

Uma das responsabilidades que eu tive foi moderar uma mesa redonda sobre um assunto da minha escolha. Eu escolhi “Introdução ao Cosplay”, já que era um tópico com o qual eu me identificava como uma “cosplayer noob”.

Como eu nunca havia estado em uma mesa redonda antes, a SuperKayce foi comigo e me deu uma grande ajuda. Ela não só me guiou, mas também me ajudou a coordenar a discussão. Foi uma experiência maravilhosa, e eu realmente espero ter uma outra oportunidade parecida.

Para me tornar uma cosplayer convidada, eu entrei em contato com os organizadores. Eu dei a eles minhas informações de cosplay, e eles me ofereceram um lugar na booth de cosplay.

Você já trabalhou com cosplay fora da cena “geek” propriamente dita? (ex: em eventos corporativos, festas infantis, ações de caridade ou de marketing)?

Eu participei de alguns eventos de caridade como cosplayer e ano passado trabalhei como entertainer no Iola Car Show na cidade de Iola, Wisconsin. É bem divertido fazer esses eventos, mas é uma experiência completamente diferente. Em convenções, você está fantasiada em um ambiente em que usar fantasias é a norma. Nesses eventos, todos os olhares estão sobre você, pois você é a única pessoa usando um traje. Eu tenho um talento natural para performance e não fico envergonhada fácil, então para mim é muito divertido. Eu vou atrás de todas as oportunidades que tenho para usar uma fantasia.

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Para além da realização pessoal, o que uma cosplayer busca em concursos? (Renda, prestígio, networking?) Você participa de muitos concursos? É possível se profissionalizar no âmbito do cosplay sem participar de concursos?

Concursos trazem um sentimento de orgulho – poder dizer que você é uma cosplayer premiada. Fora isso, cosplayers podem receber prêmios maravilhosos, conhecer novos contatos e ter fotos tiradas. Como muitas pessoas assistem aos concursos, você é reconhecida mais do que seria se alguém simplesmente cruzasse com você na convenção.

É definitivamente possível para uma cosplayer se tornar profissional sem participar de concursos. Elas precisam se esforçar um pouco mais para compensar pelos benefícios que perdem, mas muito do cosplay profissional é networking. Eu sofro muito com isso porque fui uma pessoa introvertida a minha vida toda. Não é fácil para mim decidir o que mostrar. Muitas convenções estão mais interessadas nas sua capacidade para networking do que em quantos concursos você participou.

Como você escolhe os concursos nos quais participa, e como se prepara para eles? Você concebe um cosplay específico para cada evento, ou aproveita para mostrar algum projeto que já tenha em andamento?

Se eu tenho de participar um concurso, começo a preparar um cosplay com meses de antecedência. Eu gosto de pesquisar os concursos antes de decidir concorrer, de forma a saber o que esperar. Eu não participo de concursos sempre que vou a convenções. Eu me dedico tanto aos cosplays que faço para competição que às vezes preciso de uma trégua para curtir a convenção em vez de me estressar com um concurso.

Minha estratégia é ser sempre gentil e descontraída para aliviar o stress enquanto estou esperando para ser julgada. Eu me sinto muito confortável quando entro no palco, é como se o mundo inteiro desaparecesse. Eu geralmente preciso perguntar se alguém me aplaudiu, pois não consigo ouvir. Depois que eu desço do palco eu digo a mim mesma que não vou ganhar de jeito nenhum, assim se eu perder não fico desapontada.

Competir é muito divertido, mas existem pessoas que levam a sério demais. Eu notei que quando você está na convenção todo mundo é gentil e amigável, mas assim que você entra na fila do palco muita gente muda de personalidade. Eu sofri bullying a vida inteira, então para mim é fácil reconhecer quando as pessoas estão julgando as outras. Isto é o que eu menos gosto nos concursos. As pessoas deveriam deixar os juízes julgarem. Não importa quão talentosa você seja; é preciso coragem para subir no palco e ser criticada. Nós estamos todos no mesmo barco, então tenha respeito.

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Como, exatamente, funciona o trabalho dos jurados de concursos? Como eles são escolhidos? As diretrizes para avaliação de cosplayers variam de evento para evento, ou existem linhas gerais que são seguidas por todos? Quão formalizadas são as normas de avaliação?

Eu só tive a oportunidade de ser jurada de um concurso de cosplay. Como uma convidada oficial, avaliar os concorrentes foi uma das minhas responsabilidades. Nesse concurso, nós julgamos os competidores baseados em algumas categorias, incluindo presença de palco, originalidade e confecção. Outros concursos pelo país afora têm categorias e sistemas de pontuação diferentes.

Cosplays frequentemente são mencionados em discussões sobre direitos autorais. Em tese, character designs são propriedade de seus respectivos estúdios/editoras, e qualquer lucro sobre eles é vetado a terceiros. Você já teve ou testemunhou algum problema em relação a isso? Você acredita que isso seja um fator limitante para o crescimento da profissão?

Eu gosto de pensar que sempre que crio um novo cosplay estou “desafiando o sistema” de uma certa maneira. Cosplayers são rebeldes totais.

Eu acho sim que isso dificulta para aqueles que querem trabalhar profissionalmente com cosplay. É realmente assustador saber que pode se tornar um problema. Se o negócio de um cosplayer for processado ou fechado eles não terão com o que se sustentar, e isso é apavorante.

Eu não conheço ninguém pessoalmente que tenha tido um problema com isso, mas eu tenho um advogado de copyright com que posso contar caso aconteça comigo. Há coisas que cosplayers e cosmakers estão fazendo para prevenir isso, como divulgar e confeccionar seus trabalhos como inspirações, em vez de réplicas exatas.

Eu pessoalmente morro um pouquinho por dentro sempre que um cliente pede que sua fantasia seja uma cópia exata, mas eu preciso pagar as contas, então eu engulo meu orgulho,. Afinal de contas, eu sou uma designer, não uma copiadora.

Existe alguma atividade relacionada ao cosplay que você quer fazer, mas ainda não fez? Quais são seus horizontes?

Eu não tive oportunidade de ir a muitas convenções. Eu adoraria participar de mais eventos do tipo.

Meu sonho é ir à San Diego Comic Con. A SDCC é a copa do mundo das convenções. Meus objetivos a longo prazo é participar do maior número possível de convenções e viajar ao mundo fazendo cosplay.

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A maioria dos cosplayers usa pseudônimos. Você pode me falar um pouco sobre este hábito? Você sabe qual é a origem da prática?

Ser uma cosplayer permite a uma pessoa ser uma pessoa diferente por um dia. Criar um pseudônimo é apropriadíssimo. Ele também permite à cosplayer separar sua vida normal do dia-a-dia de sua “vida do cosplay”, tal como escritores, atores e outros artistas fazem.

Ter um pseudônimo é muito comum no mundo das artes. Por exemplo, a atriz nascida como Norma Jeane Mortenson usou o pseudônimo de Marilyn Monroe. Um escritor chamado Samuel Clemens adotou o nome de Mark Twain. Eu não sei como isto começou, mas é uma prática comum há muito tempo.

Hannah Éva é seu nome ou seu pseudônimo?

Hannah Éva é meu nome de verdade. Meu nome completo é Hannah Éva Hofmann, mas eu queria encurtá-lo para que fosse mais fácil se referir a mim. Hofmann por algum motivo é incrivelmente difícil para as pessoas soletrarem e Éva é difícil para as pessoas pronunciarem corretamente. Então, tive de escolher qual nome me incomodaria menos quando eu precisasse corrigir alguém. (É tudo brincadeira, claro).

Eu tenho me apresentado como Hannah Éva desde o colégio e tenho muitos prêmios associados ao nome, então achei que não seria bom mudar quando comecei a fazer cosplay. Outro motivo é que eu achei que escolher outro pseudônimo não honraria minha ascendência húngara, da qual tenho muito orgulho.

E você? Trabalha ou trabalhou com cosplay e tem uma história interessante para contar? Entre em contato com a página

Hannah Éva has been cosplaying for a short while, but has crafted some truly astounding costumes so far. A full-time costume designer, Hannah told me about her routine, her experience as a cosplay guest at a convention and her life as a cosplayer in America.

You can read the interview below:

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How old are you and how long have you been working with cosplay?

I am 23 years old and I have been cosplaying for about 2 years.

How did you become a costume maker? Was it something you always wanted to do, or did you get involved with it by chance?

Becoming a costume maker was definitely more by chance. I never really knew what I realistically wanted to be when I grew up but whether I liked it or not I knew it would end up having something to do with art since I felt that was my only skill.

These past few years, even before I knew what cosplaying was, my dream was to be in costume and get paid for it. I learned how to sew while I was in the hospital when I was 15. It was taught to me to be a kind of therapy. After that, though, I didn’t think much of it until I was starting to make my first ever costume.

Thankfully I’m a fast learner because I went from newbie to making a living out of creating costumes in just 2 years.

In a previous interview you mentioned that cosplay became your whole life. As a costume maker, what is your routine? Do you work at home or do you have a workshop? How much of your time do you put into it? Do you reconcile your passion with a day-job?

I am diagnosed with a pretty extreme case of bipolar disorder. I’ve lost jobs because of it before and I ended up having to quit my last job because of it. Because of that, costume design is my only job.

It is very helpful to be my own boss because I have to plan my life around my disorder. I work from home. I do have a separate room for all of my costuming but it tends to spread throughout the house. I do get sick a lot and I have to take care of my health first but every single day that I am able to function I work on costumes.

I don’t have much of a social life so I’ve become a bit of a workaholic. I do feel a little bad for my family and friends because I don’t have much else to talk about other than my costumes because it’s basically the only thing in my life other than my pets.

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In your page, you brought up that you also accept commissions for Halloween costumes. While the date is celebrated around the world, I believe America is one of the few places where it became this massive, highly popular event in which even adults play dress-up. Do many American cosplayers make “casual” costumes as well? How easy it is to circle between the world of cosplay and other varieties of costume making?

I make the joke every year saying that I am dressing up as a normal person for Halloween since I’m in costume just about every other day of the year, kind of like this is my one day off.

However this is just a sad attempt to cover up the fact that I honestly haven’t celebrated Halloween in many years. I absolutely love the holiday but I just never have anything going on or get invited to any events or parties.

Until then, though, it is wonderful for my business as a costume designer because I get to branch out to a wider audience. I can imagine Halloween would be easier for cosplayers because we don’t have to stress so much about getting a costume last minute if we already have some in storage. I know I would use Halloween to have a more casual costume compared to the ones I take to conventions.

I feel an extreme amount of pressure each time I make a new costume. I could use Halloween as a way to keep me grounded since it’s more about having fun than a career choice. I think going from the world of cosplay to other varieties of costume making is fairly easy. Generally when you cosplay you are a specific character, but for Halloween you can be anything. It doesn’t have to be specific. Although for someone who isn’t much of a designer I can see that being a challenge because you aren’t following a plan for the costume.

Creating costumes for different festivals can be fun and challenging because you would follow a specific type of costume and sometimes must stay within those restrictions. Although I love a challenge and designing is my favorite part of creating costumes so I look forward to creating any type for any event.

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You’ve been invited to conventions as a guest cosplayer. Could you tell me a little bit about the experience? What does a guest cosplayer normally do? How does one normally get approached to become a guest? Who does the approaching?

The experience was daunting. I didn’t know what to expect, and it was overwhelming. Once I got there, however, I met some pretty amazing people. My fellow cosplay guest, SuperKayce, really helped guide me.

As a guest, I was available for photo opportunities, answering questions, and giving cosplay advice. I was also able to sell my prints and other merchandise! One of the responsibilities I had was to host a panel discussion on a topic of my choice. I chose “Intro to Cosplay”, since it was fairly easy for me to relate to with my “newbie” cosplayer status.

Since I had never been to a panel before, SuperKayce joined me and was a big help. She not only guided me, but also helped guide the discussion. It was a really amazing experience, and I’m really looking forward to my next guesting opportunity.

My experience becoming a guest at a convention involved me contacting the convention organizers. I gave them my cosplay information, and they offered me a spot at their cosplay booth.

Have you ever worked with cosplay outside the “geek scene” properly speaking (eg.: in corporate events, children’s parties, charity events, marketing stunts)?

I have done some charity events in cosplay and this past year I worked as an entertainer for the Iola Car Show, in Iola, Wisconsin, USA. It is a lot of fun to do these events but it’s a completely different experience. I mean you go from being in costume as the norm to suddenly having all eyes on you because you stand out as the only person in costume. I’m a natural performer who doesn’t get embarrassed easily so I really enjoy it and I cherish every opportunity that I get to be in costume.

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Beyond the personal fulfillment, what does a cosplayer look for in contests (eg.: prizes, prestige, networking)? Is it possible to become a professional cosplayer without participating in contests?

It adds a sense of pride – getting to say you are an award winning cosplayer.

Other than that, cosplayers can get some wonderful prizes, create new contacts, and get their picture taken. Since a lot of people watch the contest you get recognized more than you would if someone happened to pass you by on the convention floor.

It is definitely possible for a cosplayer to be professional without participating in contests. They do have to work a bit harder just to make up for the benefits they miss, but a lot of professional cosplaying is social networking. I definitely struggle with this because I’ve been a very private person my entire life so I struggle trying to come up with material to display. A lot of conventions are interested more in your social networking skills rather than how many contests you’ve won.

How do you choose the contests in which you participate, and how do you prepare yourself for them? Do you conceive a specific cosplay for each event, or do you seize the opportunity to show off ongoing projects?

If I’m going to enter a contest I will have planned a new costume to make months in advance. I like to research the contests before committing to entering so I know what to expect.

I don’t enter the contests every time I go to conventions. I put so much work into the costumes that I compete with and sometimes I just need a break and want to enjoy the convention rather than stress about a contest.

My strategy is to always be kind and joke around to ease the stress while waiting in line to be judged. I feel very comfortable when I get on stage and it’s like the entire world disappears. I usually have to ask if anyone even clapped for me afterward because I can’t hear it. After I get off stage I tell myself that I’m not going to win over and over, that way if I don’t win I’m not as disappointed and if I do win it means so much more.

Competing is a lot of fun but there are so many people that take it so seriously. I’ve noticed that while you’re on the convention floor everyone is so kind and supportive but as soon as you line up to compete a lot of people get so tense. I was bullied all my life so it’s easier for me to recognize when people are being judgmental.

That is my absolute least favorite thing about any contest. People should let the judges do the judging. No matter your skill level it takes guts to walk on stage and be critiqued. We are all on the same boat so be respectful.

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How does the job of a cosplay contest judge work? How are judges chosen? Are the rules for judging cosplays and performances the same throughout the country, or does each convention have its own standards?

I’ve only had the opportunity to judge one cosplay contest. As an official cosplay guest, judging the contest was one of my responsibilities. At this contest, we judged the entries based on a number of categories, including: stage presence, originality, and craftsmanship. Other contests throughout the country have different judging categories and scoring methods.

Cosplay is often mentioned in discussions about copyright law. In principle, character and costume designs belong to their respective IP holders, and any sort of for-profit activity involving them is forbidden. Have you ever had or have you ever witnessed any issues concerning copyright? Do you believe this is a hindrance to those wishing to work professionally with cosplay?

I like to think that every time I create a new costume I’m “sticking it to the man” in a way. Cosplayers are total rebels.

I do believe it makes it difficult for those wishing to work professionally with cosplay. It is definitely frightening to know that it could become an issue. If a cosplayer’s business gets sued or shut down they won’t have much left and that’s a scary feeling. I have yet to know anyone personally that has had an issue with this but I already have a copyright lawyer on my side if it were to ever happen to me.

There are things that cosplayers and costume makers are doing to help prevent this such as marketing or creating their work as inspired creations rather than making the exact costume. I personally die a little inside whenever a client wants their costume to look like the exact copy but I need to pay the bills so I will swallow my pride. After all I’m a designer not a replicator.

Is there any cosplay-related activity you want to do, but haven’t done yet? What are your long-term goals?

I haven’t had an opportunity to go to many conventions, so I would like to attend more of them. My dream would be to attend Comic Con International in San Diego. The SDCC is the World Cup of conventions. My main long-term goals are to attend as many conventions as possible, and travel the world cosplaying.

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Most cosplayers use aliases. Could you talk a little bit about this practice? Do you know where it came from?

Being a cosplayer allows a person to be someone different for a day. Creating an alias is only fitting. It also can allow the cosplayer to separate their normal, everyday lives from their cosplay lives, similar to writers, actors, and other artists of all sorts. Having a pen name, or alias, is very common in the arts. For example, an actress born Norma Jeane Mortenson used the alias Marilyn Monroe. A writer named Samuel Clemens used the pen name Mark Twain. I don’t know where it came from, but has been a common practice in the arts for quite a while.

Is Hannah Éva an alias or your real name?

Hannah Éva is my real name. My full name is Hannah Éva Hofmann but I wanted a way to shorten it so it would be easier to refer to me. Hofmann for some reason is incredibly difficult for people to spell and Éva is difficult for people to pronounce correctly, so when I was choosing how to shorten my name, I had to choose which name would bother me the least whenever I was correcting someone (I say that in the most light-hearted way possible).

I’ve been going by Hannah Éva since I was in high school and I have multiple art awards under that name so I didn’t think it would be best to choose a new alias when I decided to start cosplaying. Another reason is that I feel choosing a new name wouldn’t honor my Hungarian heritage that I am very proud of. I’ve gotten so used to introducing myself as Hannah Éva rather than just Hannah.

 

 

 

 

 

 

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Profissionais do Cosplay: Pri Suicun https://www.finisgeekis.com/2016/09/16/profissionais-do-cosplay-pri-suicun/ https://www.finisgeekis.com/2016/09/16/profissionais-do-cosplay-pri-suicun/#respond Fri, 16 Sep 2016 19:01:05 +0000 http://finisgeekis.com/?p=10376

Nessa coluna, eu trago a vocês depoimentos daqueles que, de uma maneira ou de outra, se transformaram em “profissionais” do cosplay. Para alguns, foi uma atividade paralela, uma forma, muitas vezes, de custear os próprios trajes. Para outros, uma segunda vida fazendo aquilo que mais amam. Para outros, ainda, uma profissão à qual se dedicam noite e dia.

Ouvir Pri Suicun falar sobre cosplay, seja em depoimento, seja em seu canal no Youtube, é uma verdadeira imersão no hobby. Há mais de uma década trabalhando no meio, Pri já viu convenções surgirem e desaparecerem, confeccionou figurinos para todos os propósitos e vivenciou histórias das mais cabulosas.

Eu tive o privilégio de lhe fazer algumas perguntas sobre sua experiência, o cosplay no Brasil e o lado que ninguém conta sobre a vida de cosmaker.

Confiram a entrevista abaixo:

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Qual é a sua idade e há quanto tempo trabalha com cosplay?

Tenho 27 anos e trabalho com cosplay há 12 anos xD

Como cosmaker, como é sua rotina de trabalho? Você trabalha em casa ou possui um atelier? Do primeiro contato até a entrega, como funcionam as suas encomendas?

Eu trabalho em casa, normalmente quando tenho encomenda começo a costurar às 8h e tento parar lá pelas 18h… mas nem sempre dá e acabo indo até umas 23h xD Normalmente o cliente me manda mensagem dizendo o que quer e eu faço os orçamentos e digo quando fica pronto. Aí o cliente fecha ou não. Quando é empresa é a mesma coisa.

O que alguém encontrará sem falta em um ateliê/casa de uma cosmaker? O que é necessário para que alguém se dedique a isso seriamente (em termos de espaço, equipamento, etc)?

Pelo menos 1 máquina de costura caseira, inúmeros tecidos organizados num armário ou estante, moldes, réguas… e agenda! Não precisa de muitas coisas, eu comecei dessa forma. Hoje tenho 1 máquina de costura reta industrial, 1 máquina de costura caseira e 1 overlook [para acabamentos], além de um vasto material separado como rendas, botões, tecidos, malhas, colas, tintas, pedrarias…. e tem que manter tudo organizado, pois isso fará o trabalho render.

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Você faz os figurinos para os comerciais da Ubisoft. Você pode contar um pouco sobre sua experiência com a produtora? Como você começou a trabalhar com ela?

Comecei a trabalhar fazendo figurinos pra Ubisoft através da Paramaker [ Parafernalha, Felipe Neto etc]. A empresa fechou um contrato para fazer os comerciais de lançamentos dos jogos  Assassin’s Creed, Splinter Cell Blacklist e Watch Dogs. Foram meses de trabalho enlouquecedor e bem produtivo com inúmeros encontros com o ator que fazia parkuor, além das explicações de como a roupa tinha que ser para o ator não ter problemas para fazer os movimentos, já que no caso de Assassin’s Creed, as gravações sempre foram intensas. Depois dessa, ainda trabalhei por 3 anos fazendo figurinos para todos.

Para além da confecção, você já realizou outros trabalhos envolvendo o cosplay (ex. em convenções, workshops, cursos, etc)?

Eu participo anualmente de ateliês de carnaval, e isso ajuda MUITO para saber novos materiais para figurinos e cosplays no geral. Ainda pretendo lançar um curso falando de tudo o que sei de materiais diversos. Fora isso, já fui palestrar em faculdades, participei de desfiles de moda no Fashion Rio e personagem vivo em festas e lançamentos.

Você já fez algum trabalho relacionado a cosplay fora do mundo “nerd” propriamente dito? (eventos corporativos, festas infantis, filantropia, ações promocionais?)

Sim! Eventos de lançamentos de filmes, lançamentos de brinquedos, palestras sobre moda e cosplay e desfiles de moda no Senac sobre cosplay.

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Você comentou em um depoimento que parou de frequentar concursos depois de ter sido hostilizada por concorrentes. Outra cosplayer que entrevistei me contou que, em seu país, os problemas com falta de fair play se tornaram tão graves que as competições passaram a ter dificuldade em arranjar quórum. Você acredita que esse seja um problema sistemático na cena cosplay brasileira? É comparável aos atritos que ocorrem em outras modalidades artísticas, profissionais ou acadêmicas?

Olha, te falar que pelo que vi, é comum isso ocorrer, ser hostilizado por concorrentes, falarem mal, te difamarem… infelizmente é comum. Depois desse fato que ocorreu comigo, parti para fotografia e… fiquei famosa no DeviantART e logo depois no World Cosplay por ficar sempre no ranking.

Isso gerou outro tipo de intrigas e invejas, mas ninguém via o quanto eu gastava pra investir em fotos, o quando eu comprava de tecidos pra fazer roupas melhores e que fotografavam melhor. É um fato que cosplay se divide em algumas áreas: Cosplay de foto e cosplay de apresentação são os mais comuns, sendo bem raro alguém exercer ambos. No caso de Cosplay de apresentação a concorrência fica ‘pesada’ no nível de tem sempre os mesmos competidores e nunca novos. Os novatos nunca conseguem permanecer ou por falta de preparo ou porque já o envolveram em alguma ‘treta’ fictícia pra o mesmo ficar mal e não querer mais subir no palco. Não estou falando que são todos que fazem isso, mas já vi ocorrer, até porque também sou jurada de cosplay em alguns eventos.

Já vi concorrente jogar suco de uva no cosplay do ‘concorrente’ cuja roupa era branca, para o mesmo perder pontos em fantasia, assim como já vi discussão de pessoas quebrando o cenário de outros concorrentes antes de entrarem no palco. Então SIM, o ‘mimimi’ , a inveja, a falta de caráter é igual em todas as profissões ou áreas em que você vai trabalhar. Só muda a temática.

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Você circula pelo meio cosplay há muito tempo. Ao longo de todos esses anos, o que mudou? O que continua igual? No geral, as coisas melhoraram? Existem problemas recentes que não existiam no passado?

Meio termo xD. As coisas melhoraram no quesito conseguirmos comprar perucas, lentes e cosplays de fora que são bem baratos comparados com aqui [e no caso de peruca é só importação mesmo]. O Ebay, Taobao e AliExpress facilitaram MUITO a vida de todos! Já deu pra ver que os brasileiros não perdem em nada pros cosplayers de fora que vemos em fotos.

Tem problemas novos sim… sempre inventam alguns xD O atual é que comprar cosplay de fora não é dito ‘fazer cosplay’. Gente, isso é bem estúpido…. Se a pessoa não sabe fazer um cosplay do zero, é bem óbvio que ela irá contratar alguém para fazer o cosplay inteiro, seja uma costureira aqui no Brasil ou importar do Taobao. Comprando, importando ou fazendo você mesmo, tudo é cosplay, o que importa é se divertir e não tretar por nada~~ Tem gente que reclama por conta de ‘likes’ no facebook, esses eu costumo até ignorar pois não vale a pena discutir com alguém que só se importa com números de ‘likes’ e não em melhorar o trabalho no geral.

A Jaqueline Abrão, que também tive o prazer de entrevistar  , disse que a Comic Con Experience teve grande importância para divulgar o cosplay no país. De fato, há quem diga que hoje, com nossos eventos de grande porte e alta projeção midiática, vivemos o auge da “cultura nerd”. Por outro lado, há quem argumente que a influência dos grandes veículos de mídia está mudando o meio para pior. Um exemplo citado é o da própria San Diego Comic Con  Segundo algumas pessoas, a popularidade da cena nerd inflacionou os preços de estandes, restringindo o evento às mãos de grandes corporações e alienando os exibitores mais antigos – entre eles, alguns que prestigiavam a convenção desde a primeira edição. Qual é a sua opinião sobre isso? Como você avalia esse momento atual na cena geek/otaku?

Então, eu também fui estande [com empresa] por 10 anos em eventos pelo Brasil. Mudou muito o cenário aqui sim, e lá fora, pois tem uma imensa gama de opções de importação e produtos atualmente.

Na real, o mercado de animes e games é gigantesco, antigamente não sabíamos de nada. Junto com o Ebay e Taobao se abriu um leque de opções do que fazer, no que trabalhar/ importar, e claro, a indústria se movimenta se está dando retorno financeiro.

Logo, sempre haverá mais itens colecionáveis do que vc gosta. Os eventos ajudaram isso a ficar acessível para o público, que não tinha ideia que isso existia. MAS, aí começa a ocorrer o que houve há 3 anos – e que ainda enfrentamos – que é a saturação no mercado e crises.

Entendam a pirâmide: Locais para locação de eventos aumentam os preços para pagar as contas e repassam isso para o organizador. O organizador repassa esse valor dividido entre os estandes/empresas/pessoas jurídicas, no qual esses tem que rever o valor das mercadorias para valer a pena ir ao evento pagando estande, então o produto final chegará mais caro ao consumidor, ao qual já está sem dinheiro por conta da crise financeira no Brasil. Aí nesse caso é esperar essa alta de preços passar junto com a crise.

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Eu fui uma que fechei minha empresa de importação para não ter prejuízo e permaneci com a costura de cosplays e figurinos no geral. E quando passar essa crise, é provável que eu reabra a empresa, assim como muitos amigos meus estão fazendo. E sobre as TVs, nunca vi uma emissora tratar cosplayer como pessoa normal, só vi tratarem como alienados, fuga da realidade e pessoas com problemas. Então eu costumo fugir de imprensas e reportagens xD

Você disse em um depoimento que desenvolveu tendinite e alergia a veludo após mais de uma década confeccionando cosplays. Isto a teria obrigado a limitar suas atividades como cosmaker. Você também comentou que problemas como esses são frequentes com quem trabalha com corte e costura, a ponto de costureiras terem uma vida útil como professionais que raramente passa de 10 anos. Essa é uma questão muita séria, que dificilmente vejo mencionada. Na sua opinião, isso inviabiliza o cosmaking como uma profissão no longo prazo? Existe algo que cosmakers e aspirantes a cosmakers possam fazer para seguir fazendo aquilo que gostam (similar, presumo, ao que é feito no ramo da costura)?

Sim! Isso não é falado nunca, pois você só descobre isso na faculdade de moda xD A vida útil de uma costureira é de 10 anos, após isso é aposentadoria por invalidez. Em todos os casos é comum ter tendinite pelo movimento repetitivo com a tesoura.  Isso dificulta sim o trabalho, eu claramente não costuro hoje como costurava há 5 anos… O que dá para fazer é manter o médico em dia [sim! Ortopédico principalmente] e cortar com luvas próprias [tem umas almofadas onde fica a tesoura xD ] ou cortar com a máquina de corte [aconselhado treinamento antes]. E não extrapolar muito.

É possível para uma cosmaker migrar ou avançar para áreas análogas? Por exemplo, começar a carreira produzindo cosplays e eventualmente trabalhar com vestuário de cinema? Há quem tenha feito isso?

É possível sim, eu mesma fiz figurino pra teatros e carnaval. O importante é saber o que você quer seguir para saber o que fazer na real. Eu sempre gostei de figurino, então qualquer coisa que se encaixe em figurino eu irei fazer de bom grado <3

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A maioria dos cosplayers usa pseudônimos. Você pode me falar um pouco sobre este hábito? Você sabe qual é a origem da prática?

Verdade, eu uso um xD

Talvez porque não queiram usar o seu nome mesmo … Eu gosto do Pri do meu nome e queria colocar Yue [porque é meu personagem favorito], MAS eu via que era muito comum terem nick como Yune, Yune, Yuna, Yue por conta dos personagens mais famosos, então na aula de japonês [quando eu fazia xD ] gostei de ‘Suicun’ que significa ‘despertar da aurora’ ou ‘amanhecer’ e mantive assim xD.

Acho que todos usam outros nomes pra desvincular as vezes da pessoa ‘normal’ pois muitos tem família que não gosta ou muda o ramo de trabalho.. como por exemplo um médico que é ok com cosplay, mas o resto das pessoas com quem trabalha tem o preconceito com o cara vestir cosplay. Mas ele precisa trabalhar como médico, então usa um pseudônimo pra ter o hobby ativo e não ter problemas =)

 E você? Trabalha ou trabalhou com cosplay e tem uma história interessante para contar? Entre em contato com a página.

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Profissionais do Cosplay: Panshi Cosmaker https://www.finisgeekis.com/2016/09/09/profissionais-do-cosplay-panshi-cosmaker/ https://www.finisgeekis.com/2016/09/09/profissionais-do-cosplay-panshi-cosmaker/#respond Fri, 09 Sep 2016 20:08:35 +0000 http://finisgeekis.com/?p=9973 Nessa coluna, eu trago a vocês depoimentos daqueles que, de uma maneira ou de outra, se transformaram em “profissionais” do cosplay. Para alguns, foi uma atividade paralela, uma forma, muitas vezes, de custear os próprios trajes. Para outros, uma segunda vida fazendo aquilo que mais amam. Para outros, ainda, uma profissão à qual se dedicam noite e dia.

marcelo-e-monalisaMarcelo Rocha e Monalisa Medeiros, mais conhecidos como Panshi Cosmaker, não imaginavam que fariam do cosplay a sua vida. O que começou como um passatempo logo se tornou uma profissão: o casal de cosmakers adquiriu seu próprio ateliê e hoje se dedicam integralmente a dar vida a personagens.

Tive a oportunidade de conversar com o Marcelo, que me contou sobre seu início no mundo do cosplay, o passo a passo em levar os figurinos do papel às mãos dos cosplayers e o que pensa sobre o futuro do meio.

Confiram a entrevista abaixo:

Qual é a sua idade e há quanto tempo trabalham com cosplay?

Marcelo Rocha, 37 anos. Trabalho com cosplays há 2 anos e meio.

Monalisa Medeiros, 33 anos. Trabalha há 4 anos na área.

O que os levou a escolherem trabalhar com cosplay? Foi algo que sempre desejaram fazer?

Na realidade, tudo começou de um passatempo, quando a Mona resolveu fazer uma capa de Harry Potter para sua filha ir a uma festa de aniversário do mesmo tema.

Todos elogiaram, e ao postar a foto de sua filha no Facebook muitos curtiram, inclusive uma pessoa do Rio de Janeiro, pai de uma menina que ficou apaixonada quando viu a capa. Pediu que fizesse uma e enviasse para o Rio e pagou o valor solicitado. Assim que recebeu, fez referências positivas ao serviço da Mona, onde criou o interesse de outros usuários do Facebook, e a Mona passou a fazer, nas horas vagas, fantasias do Harry Potter.

Passaram a solicitar outras fantasias, e a Mona foi confeccionando, e o grau de dificuldade e os pedidos, aumentando. Suas horas vagas foram ficando curtas e ela pediu minha ajuda para que eu cuidasse da parte de acessórios e, principalmente, da administração do dinheiro e dos clientes.

No começo achei que era brincadeira, mas vi que era real e passei a assumir aquilo que antes era considerado hobby. Larguei uma carreira de consultor técnico no setor automobilístico, fiz acordo com a empresa que trabalhava há 5 anos e com o dinheiro investi em maquinários, abri firma, regularizei a empresa e aluguei um imóvel comercial, pois o que antes tinha se iniciado num fundo de um quarto de 3m x 6m já não era suficiente para comportar a Panshi.

Mudamo-nos para Santos, alugamos um apartamento próximo ao ateliê que também fica em Santos e hoje estamos na atividade, crescendo a cada dia e buscando sempre desafios.

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Geysa Cardena e Beah Trindade. Créditos: Johnny Photography

Como cosmakers, como é sua rotina de trabalho? Vocês trabalham em casa ou possuem um atelier? Do primeiro contato até a entrega, como funcionam as suas encomendas?

Trabalhamos de segunda a sexta, das 7:30h, quando deixamos os filhos na escola, até as 17h, quando encerro as atividades, pegamos as crianças na escola e voltamos para casa. Enquanto a Mona cuida das crianças, casa e jantar, eu já me preparo para o “segundo tempo”, que seria responder os orçamentos, conversar com os clientes, fazer pesquisa de materiais e cobrar fornecedores via e-mail, ou seja, todo o trabalho burocrático.

Começo às 19h e termino por volta da meia-noite. Frequentemente prolongo o atendimento até as 2h da madrugada pois os clientes potenciais estão disponíveis neste horário, quando voltam da escola, faculdade, ou até mesmo estão jogando online. Os fins de semana são reservados à família, porém quando temos atendimento de clientes locais que solicitam provar o cosplay ou até mesmo tirar medidas e dúvidas pessoalmente, reservamos o sábado no período da manhã para este atendimento especial.

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Temos ateliê próprio. Ele tem o setor de confecção, estoque, oficina de acessórios e atendimento ao público, no próprio setor de confecção. É um prédio com dois andares, e setores isolados.

O primeiro contato com o cliente é através do orçamento. Assim que ele é aprovado, o cliente efetua a entrada é enviamos um contrato com todos os detalhes do que foi concordado e mais um manual de medidas, para que seja feita a aferição. O prazo se inicia após a devolução dos documentos preenchidos e assinados. Feito isso, é confeccionada uma ordem de serviço com todos os dados do cliente, do cosplay e detalhamento de exigências, e esse documento segue para o setor de modelagem.

Já na modelagem, é calculado a quantidade exata de material que será utilizado, para assim criar uma lista de materiais que serão pesquisados entre os fornecedores; encomendamos e logo são faturados juntamente com materiais de outros cosplays. Assim que o material chega, fazemos a distribuição dos materiais para cada cosplay, e no setor de confecção os materiais são cortados e modelados.

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As peças cortadas (no caso tecidos e aviamentos) são enviadas para costureiras terceirizadas, quando a modelagem eh fácil, juntamente com ficha técnica, para identificação das peças. Quando o cosplay é mais elaborado, no caso de haver necessidade de moulage ou utilização de courino, emborrachado e pintura, o cosplay é confeccionado totalmente no ateliê da Panshi.

Quando as peças ganham forma, passamos a entrar em contato com o cliente para descrever o andamento do processo. Não costumamos enviar fotos de cada processo, pois o cliente, ansioso com o resultado, passa a não entender que se trata apenas de processos e não do resultado final, e começa a querer mudar detalhes do cosplay não finalizado.

Tivemos problemas inicialmente com clientes que participaram ativamente do processo de todo cosplay e o resultado não foi como esperado, pois o cliente mudava a todo momento materiais, cores e aviamentos, e quando finalizou não era o esperado; voltamos o cosplay do zero para consertar e tudo saiu melhor conforme nossa autonomia.

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Assim que finalizamos a confecção, o cosplay passa pelo setor de qualidade, onde é conferido as medidas, acabamento, e se tiver algo errado, retorna para a costureira, e só depois que passa pela qualidade enviamos a foto do cosplay pronto para o cliente.

É nessa momento que o cliente pode opinar se gostou do resultado ou se faltou algum detalhe, pois podemos – tanto ele quanto nós – ter uma ideia verdadeira da linguagem de cada parte. O cliente dando o aval, o cosplay é embalado e pesado para cálculo do frete.

O valor é repassado ao cliente que fica encarregado de depositar a quantia, emitimos a solicitação de etiqueta no Sigep (sistema dos correios para as empresas que tem contrato) e aguardamos a retirada do pacote pelo caminhão dos Correios.

Quando o pacote ultrapassa os limites de tamanho permitidos pela ECT, enviamos por transportadora, pois trabalhamos com diferentes empresas onde fazemos a cotação do melhor custo-benefício para o cliente, e também disponibilizamos a retirada feita pelo próprio cliente.

Assim que enviamos o código de rastreio solicitamos ao cliente que informe assim que receber o cosplay, pois oferecemos garantia no caso de divergência de medidas (quando comprovado erro de nossa parte) e em avarias causadas pelo transporte durante a entrega. Neste caso enviamos PAC reverso ao cliente que reenviará o cosplay novamente, sem custo algum, para que efetuemos o reparo.

Ficando pronto, enviamos novamente o produto ao cliente, com frete grátis, e aguardamos o recebimento do produto pelo cliente. Caso o produto apresente discordância pela segunda vez, o cliente fica responsável apenas pelo custo de envio, e na terceira, cobramos taxa de reparos. Nunca aconteceu do produto sofrer avaria pela segunda ou terceira vez, mas temos a política de dar suporte ao cliente no pós-venda sempre que necessário.

Vocês se dedicam integralmente a isso, ou mantém outras profissões?

Nos dedicamos inteiramente à Panshi, eu, Marcelo, Deixei pra trás uma vida inteira que dediquei a área automobilística, fiz diversos cursos, fui professor no SENAI, passei  pelas maiores concessionárias, Taís como Honda, Volkswagen, Ford, Jac, e não me arrependo, pois hoje faço o que gosto, conheço muitas pessoas e me divirto com as novas experiências adquiridas.

Vocês trabalham em dupla. Na prática, como funciona a divisão de tarefas?

Antes, a divisão de tarefas era bem nítida, eu fazia a parte de acessórios, e a Mona, a confecção. Hoje tivemos que remanejar, eu faço toda parte de acessórios, administração, orçamento e a Mona gerência a parte da confecção, pois a costura boa parte é terceirizada para costureiras.

Vocês atendem apenas cosplayers ou também praticantes de outras formas de performance (LARPG, figurinos etc)? Existe um intercâmbio entre o cosplay e estes outros mundos?

Atendemos inicialmente o público geek e cosplayers, o público infantil com fantasias temáticas de aniversário, empresas de animação infantil, empresas de games, figurinos teatrais e uniformes especiais.

Existe uma linha tênue entre o mundo cosplay, onde a pessoa personifica seu personagem favorito por hobby e o comércio do entretenimento, onde o personagem fictício vira um atrativo com fins lucrativos.

Muitos de nossos clientes iniciam a utilização do cosplay por diversão, mas por ser tao fiél acabam sendo chamados para trabalhar com o personagem e são chamados para eventos, festas e freelances.

Que tipo de marketing vocês fazem para seu trabalho? Quais canais vocêm exploram? Quanto de tempo e energia vocês investem nisso?

Investimos pouco, utilizamos Instagram, YouTube, Twitter, Facebook, blogger, para a divulgação dos nossos trabalhos. Mais adiante investiremos mais.

Em adição ao cosmaking, vocês também fazem cosplay, participam de concursos, etc? Esta vivência é necessária para quem deseja entrar no ramo?

 No início, não tínhamos tempo de nos dedicarmos a projetos próprios, pois a dedicação aos projetos de nossos clientes no tomava todo o tempo. No fim do ano passado encontramos tempo de participar de um campeonato de cosplay na cidade do Rio de Janeiro, onde eu ganhei o primeiro prêmio é a Mona, o segundo.

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Créditos: André Pezzino

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Acabamos levando pra casa uma premiação no valor de R$ 4 mil reais, um bom prêmio pra iniciantes! É extremamente importante participar dos eventos. Apesar de nossa participação única, vamos como visitantes comuns aos eventos, para conhecer o público de forma neutra, e saber o que há de novo no mundo geek.

Vocês trabalham exclusivamente com confecção, ou já realizaram outras atividades remuneradas envolvendo o cosplay (ex.: em convenções, workshops etc)? E quanto a estandes em eventos?

Já participamos de oficinas e workshops, sorteios em eventos, mas nada remunerado, na época fizemos para alavancar o nome da empresa. Hoje já não fazemos por falta de tempo.

Você já fizeram algum trabalho relacionado a cosplay fora do mundo “nerd” propriamente dito? (eventos corporativos, festas infantis, filantropia, ações promocionais?)

Sim, já fizemos uma apresentação filantrópica numa escola estadual da cidade, com a apresentação das princesas do Frozen. Já fizemos também doação de cosplay para uma integrante do Doutores da Alegria, no estado do Pará, se não me engano.

Cosplays frequentemente são mencionados em discussões sobre direitos autorais. Em tese, character designs são propriedade de seus respectivos estúdios/editoras, e qualquer lucro sobre eles é vetado a terceiros. Vocês já tiveram ou testemunharam algum problema em relação a isso? Vocês acreditam que isso possa ser um fator limitante para o crescimento da profissão?

Nunca presenciamos ou tivemos conhecimento de problemas relacionados a direitos de imagem de um personagem de anime/filme. Acredito que isto não seja problema, pois se trata de uma homenagem ao personagem favorito, e ninguém que se veste com qualquer personagem se auto-intitula como o “original” ou “verdadeiro”.

Ganha atenção especial aquele que se torna fiel, e nossos clientes acabam recebendo esta atenção. Nunca pensamos que isso poderia vir a se tornar um problema para o crescimento da profissão, isso nunca aconteceu antes.

Como vocês vêem o futuro profissional do cosplay? Vocês acreditam que o mercado esteja crescendo ou diminuindo?

Nós particularmente acreditamos num crescimento monstruoso, principalmente com a popularidade dos jogos online e dos filmes dos nossos heróis do passado, da nostalgia ganhando foco.

Com a facilidade de acesso à informação em nossas mãos, o público tem contato direto com os animes, filmes, jogos, e essa vivência mais agressiva faz com que os jovens queiram entrar no personagem, e os adultos a reviverem o passado numa homenagem saudável aos heróis de infância.

O mercado cresce pra quem acompanha as mudanças, se atualiza com as novas tecnologias, e principalmente, quem tem mente aberta pra receber e processar tudo isso. Nós da Panshi somos tudo isso, e sempre abertos a novas experiências, com o único foco de transformar sonhos em realidade, independentemente em que plataforma seja.

 E você? Trabalha ou trabalhou com cosplay e tem uma história interessante para contar? Entre em contato com a página.

 

 

 

 

 

 

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Profissionais do Cosplay: Kevin Leab Thong https://www.finisgeekis.com/2016/08/26/profissionais-do-cosplay-kevin-leab-thong/ https://www.finisgeekis.com/2016/08/26/profissionais-do-cosplay-kevin-leab-thong/#respond Fri, 26 Aug 2016 15:59:13 +0000 http://finisgeekis.com/?p=9229 interview readNessa coluna, eu trago a vocês depoimentos daqueles que, de uma maneira ou de outra, se transformaram em “profissionais” do cosplay. Para alguns, foi uma atividade paralela, uma forma, muitas vezes, de custear os próprios trajes. Para outros, uma segunda vida fazendo aquilo que mais amam. Para outros, ainda, uma profissão à qual se dedicam noite e dia.

Kevin Leab Thong é um cosmaker que realizou o grande sonho da maioria dos nerds. Ele conseguiu ingressar na indústria de games, a ponto de se tornar community manager da CD Projekt RED na França, seu país natal.

Kevin aceitou bater um papo comigo, no qual conversamos sobre a presença de cosplayers em empresas de videogames, as fronteiras entre cosmakers e figurinistas e seu trabalho em atividades filantrópicas.

Confiram abaixo a entrevista

Qual é a sua idade e há quanto tempo trabalha com cosplay?

Tenho 26 anos desde abril e tenho trabalhado com cosplay desde o meu primeiro cosplay (2011). Eu tive a sorte de ser notado.

Você é um expert em confecção de figurinos e props. O que o motivou a se envolver com essa profissão.

Meu pai e eu sempre adoramos assistir a vídoes de making of e bastidores de filmes e clipes. Nós amamos figurinos e decorações de set. Um dia ele me perguntou se eu queria fazer um traje com ele e aqui estou.

Que tipos de trabalhos relacionados ao cosplay você já realizou? Você aceita encomendas? Quem são seus clientes?

No momento, eu tenho trabalhado essencialmente com a CD Projekt S.A. em vários eventos desde o concurso de cosplay que eles organizaram. Eu também fiz alguns eventos para a EA Games e estou atualmente trabalhando em um projeto com a Amplitude Studio.

Sobre encomendas, eu não tenho uma oficina decente ainda, então eu não consigo trabalhar com isso da forma como eu gostaria, mas no futuro próximo eu provavelmente começarei a aceitar encomendas.

Como você viu acima, meus clientes são majoritariamente companhias de games. Porém, eu ainda estou aberto a outros clientes se eles precisam de mim.

A propósito, eu não sou muito conhecido, então eu contacto diretamente os estúdios para conseguir os jobs 🙂

Você é um community manager para a CD Projekt RED na França. Como você se envolveu com o estúdio? Teve relação com os cosplays de personagens de The Witcher que você fez?

Eu consegui o emprego por meio de uma feliz sequência de eventos. O negócio é que um de meus amigos, Thibault, e eu pedimos ao Marcin Momot (o community manager principal) alguns materiais de referência para fazer um cosplay 3 anos atrás. De lá para cá, nos continuamos em contato e nos tornamos amigos na internet.

Um dia ele sugeriu o trabalho ao Thibault e a mim porque nós sempre fomos ENORMES fãs de The Witcher desde a época dos livros e muito mais depois do primeiro jogo. Portanto, meu job como cosplayer não tem relação direta com meu contrato como community manager. É algo a mais, e eles me pagam por ambos os empregos.

Na sua experiência, quão abertos são os estúdios de videogame para contratar cosplayers e outros fãs? Como o processo geralmente começa? Cosplayers e cosmakers geralmente são contratados pelas companhias se conseguem chamar a atenção ou tomam a iniciativa eles próprios?

Estúdios de games vão ver seu trabalho cedo ou tarde, mas o problema é que existem muitos fãs e muitas criações de fãs. Cosplay é apenas uma entre tantas “fanarts”.

A melhor coisa a se fazer, na minha opinião, é contatá-los diretamente e só dizer “Ei, eu faço cosplays. Eu fiz isso e aquilo. Você está interessado?” Eles são iguais à gente, entusiasmados e humanos. Eles não vão morder, então não há nada a perder tentando.

O processo sempre começa com um contrato ou mesmo com um contrato de confidencialidade, se não existir contrato. Provavelmente significa que você não será pago pelo seu trabalho…

Num editorial recente, a Hayley Williams do Kotaku disse que trabalhos remunerados de cosplay em convenções são minados por cosplayers dispostos a trabalhar de graça, assim como pela mentalidade de que cosplay deve ser feito por amor, não por dinheiro. Você concorda com esse diagnóstico? Se sim, você vê alguma solução?

Eu acho que cosplay é um bom hobby, mas quando você tem o dever de representar empresas ou marcas registradas, então você está trabalhando. Para mim, todo trabalho, não importa qual, deve ser remunerado. Eu não acho que jobs de cosplay são prejudicados por cosplayers dispostos a trabalhar de graça. Empresas pagam por qualidade (talvez nem tanto quando deveriam, mas pagam). Se eles não pagarem, então escolherão algum cosplayer que faça de graça e a qualidade refletirá isso. É uma escolha.

De qualquer forma, nós não podemos ficar irritados com as pessoas que apenas querem ser conhecidas. É problema delas.

Meu primeiro trabalho como cosplayer não foi pago. Eu queria receber, mas eles não me pagaram (brindes não são pagamento). No entanto, ele me ajudou a ser mais bem visto e a adquirir uma imagem mais séria para as empresas.

Sempre existirão pessoas que trabalharão de graça só porque são fãs, ou porque se sentem honradas de serem uma peça no maquinário. Isto nos motiva a ser mais competitivos e a aprender novas coisas para nos tornarmos mais talentosos. Eu acho que é bom pressionar as pessoas a serem melhores em seus trabalhos/hobbies, ou mesmo na vida. Então, se eles quiserem trabalhar de graça, conforme-se com isso e tente fazer melhor.

Você já trabalhou com cosplay for a da cena geek, propriamente dita (ex: em eventos corporativos, festas infantis, iniciativas filantrópicas, campanhas de publicidade)?

Alguns de meus amigos, todos cosplayers e cosmakers talentosos, estão atualmente envolvidos em um calendário cosplay para arrecadar dinheiro para caridade. Eu faço parte do projeto. Chama-se Cosplay for Life 🙂

E quanto a confecção? Você já trajes e props para outros públicos? (reenactment histórico, LARPG, etc?)

Não, mas parece muito divertido! Eu já fiz algumas armas e acessórios para meus cosplays, mas nunca para esse tipo de coisa.

Você participa de concursos de cosplay? Quão importante é o circuito de concursos na vida de um cosplayer?

Eu não sou muito ligado nisso, então só posso dizer que existem dois tipos de cosplayers entre meus amigos que gostam de participar de concursos.

Os primeiros são aqueles que participam porque gostam de competição e querem mostrar seu melhor e tentar ganhar.

Os segundos são os que só querem fazer um bom cosplay e participar para ter um bom palco para mostrar seus trajes, compartilhar seu amor ao cosplay com os outros e ter boas memórias.

Cosplays frequentemente são mencionados em discussões sobre direitos autorais. Em tese, character designs são propriedade de seus respectivos estúdios/editoras, e qualquer lucro sobre eles é vetado a terceiros. Você já teve ou testemunhou algum problema em relação a isso? Você acredita que isso possa ser um fator limitante para o crescimento da profissão?

Essa foi uma das minhas maiores questões no começo, mas eu nunca tive nenhum problema por causa disso. Eu também não acho que isto limitará pessoas a fazerem o que elas querem. Quando você faz props só para você e não ganha nada com isso, você nunca terá problemas.

Cosmakers que vendem seus trabalhos provavelmente são mais afetados por copyright. Eu realmente não sei, desculpa.

Como você vêe o futuro profissional do cosplay? Você acreditam que o mercado esteja crescendo ou diminuindo?

Eu não estou preocupado sobre o seu futuro. Eu quero trabalhar como um figurinista profissional no cinema/teatro ou na indústria de games. Se o cosplay puder me ajudar, então eu continuarei, aprenderei novas coisas e me tornarei mais competente para alcançar esse objetivo.

Eu acho que a diferença entre “cosplayer” e figurinista é bem sutil. O cosplayer faz o role play ou a parte de “modelo” que o figurinista não faz.

Cosplay profissional tem mais a ver com a carreira de modelo e em usar sua imagem para promover coisas, embora também envolva todo o processo de confecção.

Então, na minha opinião, o mercado continuará a crescer lentamente como qualquer outro emprego, e a indústria de games o está incentivando a isso muito bem.

A maioria dos cosplayers usa pseudônimos. Você pode me falar um pouco sobre este hábito? Você sabe qual é a origem da prática?

Haha! Eu não sei porque as pessoas usam apelidos ou de onde surgiu o hábito. Provavelmente foi para proteger sua identidade quando você só quer compartilhar sua paixão na internet.

Você utiliza (ou já utilizou) algum pseudônimo?

O meu é apenas meu nick em videogames… Eu só o criei para ser reconhecido atrás da tela.

Se você tivesse de dar uma dica para alguém que deseja começar a trabalhar com cosplay, qual ela seria?

Apenas tente. A parte mais difícil é se motivar a começar. Quando você tiver feito isso, você verá que não é tão difícil.

E você? Trabalha ou trabalhou com cosplay e tem uma história interessante para contar? Entre em contato com a página

Kevin Leab Thong is a cosplayer and costume maker that accomplished one of geeks’ most coveted dreams. He landed jobs with the gaming industry, and even became a community manager for CD Projekt RED in his home country of France.

Kevin took the time to have a little chat with me. In it, we talked about the involvement of cosplayers with game companies, the threshold between cosplayers and costume makers and his cosplay related work in charity.

You can read the full interview below:

How old are you and how long have you been working with cosplay?

I am 26 since April and I have worked with cosplay since my very first cosplay (2011). I was lucky enough to be noticed.

Youre an expert in costume and propmaking. What prompted you to get involved with this métier?

My father and I have always loved to watch making ofs and behind the scenes from movies and clips. We love costumes and decorations on set. One day he asked me if I wanted to make a costume with him and here I am.

What sort of cosplay related jobs have you performed? Do you accept commissions? Who are your clients?

For the moment, I have essentially worked with CD Projekt S.A. on many events since the cosplay contest which they organized. I also did some events for EA Games and I am currently working on a project with Amplitude Studio.

About commissions, I do not have a decent workshop yet so I cannot work on it as I would like to but in a near future I will probably accept commissions. As you read before, my clients are mainly video game companies. I am still opened to other clients if they need something from me. I am not very well known by the way so I contact directly by myself the studios to get some jobs. 🙂

Youre a community manager for CD Projekt RED in France. How did you end up involved with the studio? Was it related to your work cosplaying The Witcher characters?

I have got the job through a fortunate chain of circumstances. The thing is that one of my friends Thibault and I asked to Marcin Momot the main Community Manager some samples to make a costume 3 years ago and since we stayed in touch and became friends over internet. One day he proposed the job to Thibault and I because we have been HUGE fans of The Witcher since the books and more after the first game. So my cosplay work is not related to my community manager’s contract. It is something plus, and they paid me for both jobs.

In your experience, how open are videogame studios to hiring cosplayers and other fans? How does the process usually begins? Are cosplayers and crafters contacted by the companies if they make an impression, or is it the other way around?

Video games studios will see your work someday for sure, but the problem is that there are so many fans and so many fan creations, and cosplay is just a part of those “fanarts”. The best thing to do, in my opinion is to contact them directly by yourself and just say “Hey, I make costumes. I did that and this. Are you interested?”. They are just like us, passionate and human. They will not bite, so there is nothing to lose by trying.

The process begins always with a contract or even NDA (nondisclosure agreement) if there is no contract. It probably means that you will not be paid for your work…

In a recent op-ed, Kotakus Hayley Williams argued that paid cosplay jobs at conventions are hampered by cosplayers willing to work for free, as well as by the mentality that one should cosplay out of love, not profit. Do you agree with her point? If so, do you see any solutions?

I think cosplay is a good hobby, but when you are charged with representing companies or trademarks, then you are working. To me, each work, no matter what, should be paid. I do not think that the cosplay jobs are hampered by cosplayers willing to work for free. Companies will pay for great quality (maybe sometimes not as much as they should be but they will pay) if they do not then they will pick free cosplayer and the quality which goes with it. It is their choice.

By the way, we cannot be mad at people who just want to be known. It is their problem.

My first job as a cosplayer was not paid, I wanted to but they did not pay me (goodies is not a kind of payment) but it helped me to be better considerated and get a more serious image for companies. There will be always people who will work for free just because they are fans or feel honored to be a little part of the gear. It pushes us to be more competitive and learn more skills to be more talented. I think it is a good thing to push people to be better in their jobs/hobbies even life whatever. So, if they want to work for free then let them, just deal with it and try to be/do better.

Have you ever worked with cosplay outside the geek scene properly speaking (eg.: in corporate events, childrens parties, philantropic initiatives, marketing stunts)?

I have some friends also talented cosplayers and props makers who are currently working on a cosplay calendar to make money for charity. I am a little part of it. It is called Cosplay For Life  🙂

What about costume and propmaking? Have you ever crafted items for other audiences (historical reenactors, LARPers, etc)?

Not at all but it could be fun and entertaining! I have made some weapons and accessories for my costumes but never for things like this.

Do you participate in cosplay contests? How big a part of a cosplayers life are the hobbys contest cycles?

I am not into it, so I can just say that there are two types among my friends who like to do contests.

First the one who participate because she/he likes competition and want to be at her/his best and try to win it.

Secondly the one who just want to make a good costume and participate just to have a good stage to show their costume and share her/his love of cosplay to people and get good memories.

Cosplay is often mentioned in discussions about copyright law. In principle, character and costume designs belong to their respective IP holders, and any sort of for profit activity involving them is forbidden. Have you ever had or have you ever witnessed any issues concerning copyright? Do you believe this is might be a limiting factor to the growth of cosplay as a profession?

It was one of my big question at the begining but I never get any issues because of that. I do not think that it will limit people to make what they want either.

When you make props just for yourself and you do not gain any benefits from it, then you will never have any problems.

Props makers who sell their work are probably more touched by copyrights, I don’t really know sorry.

How do you see the future of professional cosplay? Do you believe the field is shrinking or expanding?

I am not worried about its future. I want to work as a professional costume maker in cinema/theater or in the video game industry. If cosplay can help me, then I will continue and learn new things and be more competent to reach that goal. I think the links between “cosplayer” and costume maker are really thin. The cosplayer does the “role playing” or modeling part that the costume maker do not. Professional cosplay is more like modeling and promote stuff with your image but it still has the whole process of costume making. So, in my opinion it will just continue to slowly grow up like any other new jobs and the video game industry is pushing it very well.

Most cosplayers use aliases. Can you talk a little bit about this practice? Do you know where it came from?

Haha! I do not know why people are using nicknames and where it came from but at the begining it probably to protect your identity when you just want to share your passion on internet.

Do you have an alias? How did you choose it?

Mine (Tanner) is just my nickname in video games… I have made it just to be recognized behind my screen.

If you were to give one tip for someone who wants to start working with cosplay, what would it be?

Just have a try. The hardest part is to push yourself to start and when it will be done you will understand that it was not that hard.

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Profissionais do Cosplay: Jack Abrão https://www.finisgeekis.com/2016/08/19/profissionais-do-cosplay-jaqueline-abrao/ https://www.finisgeekis.com/2016/08/19/profissionais-do-cosplay-jaqueline-abrao/#comments Fri, 19 Aug 2016 21:40:03 +0000 http://finisgeekis.com/?p=9162 Nessa coluna, eu trago a vocês depoimentos daqueles que, de uma maneira ou de outra, se transformaram em “profissionais” do cosplay. Para alguns, foi uma atividade paralela, uma forma, muitas vezes, de custear os próprios trajes. Para outros, uma segunda vida fazendo aquilo que mais amam. Para outros, ainda, uma profissão à qual se dedicam noite e dia.

Jaqueline Abrão é uma cosplayer com um currículo de dar inveja a qualquer um. Promotora de eventos, já atuou em alguns dos encontros mais prestigiosos do país. Na nossa conversa, ela me contou o trabalho de jurada de concursos, o impacto da Comic Con para a cena geek brasileira, a importância de um bom fotógrafo e muito mais.

Confiram a entrevista abaixo:

Qual é a sua idade e há quanto tempo trabalha com cosplay?

Eu tenho 26 anos, faço cosplay a quatro anos, porém como promotora de eventos só iniciei os trabalhos com cosplay após dois anos de experiência na área.

Que trabalhos você já realizou como cosplayer? O que a levou a fazê-los?

A procura das empresas em fazer um evento com diferencial me levou a tornar um hobby cosplay como uma fonte de trabalho, até mesmo porque os figurinos são caros e sem esse dinheiro não seria possível produzir metade dos projetos que eu tenho hoje.

Apresento uma breve relação da minha experiência como promotora de alguns eventos  renomados na área:

Comic Con Experience – Empresa: Hasbro Brinquedos

Brasil Game Show – Empresa: Get Ready

DC Comics Super Hero World Record Event – Empresa: Warner Bros

Feira ExpoMusic – Empresa: Weeplay

Anime Friends – Empresa: Lubss

Comic Con Estandes e Network – Empresa: Omelete

Semana Cosplay – Empresa: Bourbon Atibaia Convention & Spa Resort

AGE PRIME – Empresa: Cooler Master Brasil 

Que tipo de publicidade você faz para o seu trabalho? Que plataformas você usa? Quanto do seu tempo e energia você dedica a isso?

Procuro sempre utilizar a publicidade do Facebook , Instagram e Youtube para promover o meu trabalho. Também é necessário na minha área uma parceria com fotografo que possa produzir boas fotos para portfólio.

Eu dedico quase todos os dias de semana para produção dos figurinos e, no final de semana, tento recuperar os gastos com jobs relacionados ao universo geek.

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Créditos: Eduardo Portas

Você já fez algum trabalho relacionado a cosplay fora do mundo “nerd” propriamente dito? (eventos corporativos, festas infantis, filantropia, ações promocionais?)

Já trabalhei para eventos relacionados a Direito, Música, Festa infantil e área de Estética e Beleza.

Você tem interesse em se engajar em algum tipo de trabalho com cosplay que ainda não fez? Quais são seus horizontes?

Gostaria de viajar para fora do país para conhecer outras culturas/eventos e outras técnicas de produção, quem sabe um dia…

Meus sonhos são grandes, mas infelizmente nessa área você só consegue destaque quando é bilíngue e sabe se promover muito bem. Contatos são fundamentais, então ainda tenho um longo caminho até conseguir alcançar esse objetivo.

Num editorial recente, a Hayley Williams do Kotaku disse que trabalhos remunerados de cosplay em convenções são minados por cosplayers dispostos a trabalhar de graça, assim como pela mentalidade de que cosplay deve ser feito por amor, não por dinheiro. Você concorda com esse diagnóstico? Se sim, você vê alguma solução?

Acredito que tudo vai do foco da pessoa. Se a pessoa mora no interior como é meu caso, estar em um evento sem fins lucrativos em uma cidade grande como São Paulo ou Rio de Janeiro, por exemplo, acaba afetando muito o financeiro da pessoa, então a ajuda de custo do evento com alimentação, transporte e hospedagem é uma moeda de troca para cosplayers poderem estar lá sem prejuízo financeiro.

Existem cosplayers famosos que cobram cachê, e francamente eu não vejo problema algum nisso já que todos nós temos gastos e muito trabalho com a produção do projeto. Seja venda de prints ou trabalho remunerado, vai da sua criatividade saber o que é melhor e justo.

Para além da realização pessoal, o que uma cosplayer busca em concursos? (Renda, prestígio, networking?) Você participa de muitos concursos? É possível se profissionalizar no âmbito do cosplay sem participar de concursos?

Existe uma variação enorme de tribos cosplay, pois como é um hobby varia muito de pessoa pra pessoa. Existe cosplayer que prefere apenas ser modelo fotográfico, outros que gostam do desafio de estar em um palco e interpretar o personagem, outros para quem apenas estar no evento com amigos e se divertir já é suficiente e existe até quem gosta de produzir os acessórios e figurinos, mas só vende o cosplay.

Creio que o sol nasceu para todos, e independente da meta que o cosplayer tem no final o feedback positivo do mesmo é oque importa, pode ser o cosplay mais simples do mundo, todos sem exceção gostam de elogios sobre seu projeto e ter reconhecimento muitas vezes é o que nos motiva a continuar inovando e criando.

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Como, exatamente, funciona o trabalho dos jurados de concursos? Como eles são escolhidos? As diretrizes para avaliação de cosplayers variam de evento para evento, ou existem linhas gerais que são seguidas por todos? Quão formalizadas são as normas de avaliação?

Jurados são selecionados de acordo com a sua especialidade, eu, por exemplo, sou formada como maquiadora profissional, então muitas vezes quando me convidam é exatamente por terem conhecimento de que eu já trabalho com essa área e também produzo maior parte dos meus figurinos principalmente de competição, então tenho conhecimento vasto sobre vários tipos de material.

As diretrizes variam de evento pra evento. Existe normalmente um regulamento do evento que é enviado para jurado antes do concurso, assim podemos observar com calma como serão os critérios de avaliação seguindo padrões do tempo, espaço e conceito do evento. A linha geral de qualquer concurso é referência em foto do personagem, pose no palco para jurado e plateia e a sua interpretação.

A comunidade brasileira de cosplay periodicamente se mobiliza contra queixas de que concursos e veículos midiáticos estariam estimulando hierarquias no hobby. Segundo essa visão, alguns tipos de cosplay (sobretudo os envolvendo armaduras) são mais premiados e recebem uma cobertura maior da mídia do que outros. Você concorda com isso? Você acredita que cosplayers possam estar planejando seus trajes e performances de acordo, para maximizar sua visibilidade?

Creio que os cosplays que estão na área para campeonato pensam minuciosamente em cada detalhe do cosplay, e claro independe do cosplay ser de armadura ou não. O que conta é a complexidade do figurino, o acabamento, os detalhes do mesmo. Ou seja, creio que visibilidade do traje nada mais é que o resultado de um bom trabalho, independente do material escolhido.

Cosplays frequentemente são mencionados em discussões sobre direitos autorais. Em tese, character designs são propriedade de seus respectivos estúdios/editoras, e qualquer lucro sobre eles é vetado a terceiros. Você já teve ou testemunhou algum problema em relação a isso? Você acredita que isso seja um fator limitante para o crescimento da profissão?

Já presenciei problemas do tipo com colegas. As empresas que são licenciadas ou oficiais acabam ficando com receio de uma pessoa sem treinamento acabar relacionando e vinculando uma imagem de um personagem deles sem autorização.

Existe um critério minucioso da empresa para projetos com princesas ou personagens marcante de filmes, então quando trabalhamos em um evento grande infelizmente escolhemos o cosplay a dedo para o stand, pois o direito autoral da marca existe pra isso.

Eu acredito que se você vai fazer uso desse cosplay como hobby não vejo problema algum, agora se você vai usar para fins lucrativos ai a coisa é mais complicada. Tudo varia do ambiente onde você usa ele.

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Créditos: Danilo Marroni

Como você vê o futuro profissional do cosplay? Você acredita que o meio esteja aumentando ou diminuindo?

Creio que a cada ano a indústria de personagens vivos sempre cresce. O evento da Comic Con trouxe uma grande quantidade de fã reunidos que acabou gerando novos olhares sobre o conceito cosplay. Muitos trabalhos freelance, também, são executados nos dias de hoje em outros eventos e festas e isso é maravilhoso. Espero que um dia as pessoas possam viver apenas do cosplay, isso seria um sonho.

A maioria dos cosplayers usa pseudônimos. Você pode me falar um pouco sobre este hábito? Você sabe qual é a origem da prática?

Alguns praticantes do hobby gostam de separar o seu nome artístico do seu nome real, pois isso evita que eles percam a sua privacidade. A origem do Cosplay é a junção das palavras costume [traje, fantasia] e roleplay [brincadeira, interpretação] , então as pessoas podem utilizar de qualquer nome criativo para expressar a sua identidade artística.

Eu, particularmente, não sou a melhor pessoa para falar sobre esse assunto, pois meu nome artístico é na verdade meu nome real. Particularmente, eu gosto que as pessoas me chamem pelo meu nome quando me encontram nos eventos, acho que se torna uma ponte mais próxima de relação entre eu e a pessoa que me segue na rede social.

E você? Trabalha ou trabalhou com cosplay e tem uma história interessante para contar? Entre em contato com a página

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Profissionais do Cosplay: Chowitsu https://www.finisgeekis.com/2016/08/05/profissionais-do-cosplay-chowitsu/ https://www.finisgeekis.com/2016/08/05/profissionais-do-cosplay-chowitsu/#respond Fri, 05 Aug 2016 20:04:32 +0000 http://finisgeekis.com/?p=8534 Nessa coluna, eu trago a vocês depoimentos daqueles que, de uma maneira ou de outra, se transformaram em “profissionais” do cosplay. Para alguns, foi uma atividade paralela, uma forma, muitas vezes, de custear os próprios trajes. Para outros, uma segunda vida fazendo aquilo que mais amam. Para outros, ainda, uma profissão à qual se dedicam noite e dia.

Chowitsu é uma cosplayer portuguesa que trabalha como cosmaker e já fez várias aparições como cosplayer dentro e fora da cena nerd. Na nossa conversa, ela me contou sobre sua rotina de trabalho, suas experiências como boothbabe em um bar de games, a popularidade do cosplay na mídia portuguesa e muito mais.

Confiram a entrevista abaixo:

Qual é a sua idade e há quanto tempo trabalha com cosplay?

Vou fazer 23 anos este ano. Sou cosplayer há 9 anos e trabalho profissionalmente com cosplay há 2.

Como cosmaker, como é sua rotina de trabalho? Do primeiro contato até a entrega, como funcionam suas commissions?

Normalmente as minhas commissions chegam a partir de gente que já conhece o meu trabalho, amigos que me recomendam ou amigos meus. A primeira coisa que custumo perguntar é para quando e qual é o fato. Dependendo do caso, posso não ter tempo de o fazer.

Neste, caso tento sempre não me comprometer com projetos apertados. Em seguida peço imagem de referência. Dependendo da personagem o fato pode ser muito dificil ou ter materiais caros e esse é um fator que aviso logo de partida, visto que o mais comum é ter clientes com um budget pequeno. Já me aconteceu pedirem um orçamento para armaduras e quererem pagar €50 pelo fato… Isto é o minimo que eu cobro por um blazer.

Depois de perceber se está dentro das possibilidade do cliente eu faço dois orçamentos: o ‘ótimo’ e o ‘mínimo possível’. Por exemplo: já fiz um cosplay de Kenshin extremamente proximo ao filme, inclusive com kimono de linho, mas esse cliente priorizava a qualidade. No entanto, eu poderia ter feito o cosplay em algodão ou poliéster. O resultado não seria tão bom, mas ainda assim não tão fraco a ponto de comprometer a minha imagem como cosplayer e cosmaker.

Depois de encontrar o meio termo, funciono sempre a pré-pagamento para poder comprar os materiais. A entrega até agora tem sido feita em mão nos eventos, ou os clientes vêm até minha casa ou meu atelier para buscar.

Como é o seu processo de pesquisa? Você se guia apenas pelo material de origem ou busca inspiração em outras fontes?

Eu como cosplayer baseio-me quase sempre no material mais ‘oficial’. Como cosmaker, faço sempre o que o meu cliente pede.

Existe um intercâmbio (técnico ou interpretativo) entre cosplayers e praticantes de outras formas de performance (LARPG, reenactment, masquerades das convenções americanas etc)?

Esta pergunta é bastante interessante. Existe imenso! Existem muitos cosplayers de varias áreas diferentes, então acabamos por partilhar com as nossas respectivas áreas e com pessoas que conhecemos.

Recentemente, em 2015, participei como organizadora do Lisbon Game Conference junto com o meu namorado, que me chamou para ajudar. O nucleo da organização deste evento são alunos de engenharia informática. Ele me chamou por estar mais inteirada acerca da cultura pop e dos eventos. Embora eles sejam fãs, não estão tão dentro das organizações e das atividades como os cosplayers. Tirando engenheiros informaticos, já trabalhei com: um bar/gaming lounge; marcas de roupa; empresas audio/visuais; teatro; televisão; etc…

Mas atenção: não é qualquer cosplayer que tem estas oportunidades. Estas parcerias e trabalhos têm de ser criadas e cultivadas pelo cosplayer.

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Créditos: Felix Works

Sua página é escrita em inglês. Isto se deve a razões de networking, ou você também já fez encomendas a clientes internacionais?

Tem a ver com duas coisas. A descrição da minha pagina responde um pouco a isso. Na minha página, eu quero não só divulgar o meu trabalho e conseguir fazer do meu hobbie algo lucrativo (dreamjob <3), quero também poder ajudar o maior número de pessoas a começar! Ser cosplayer é algo que me deu muita motivação e força. Acho um ótimo hobbie que desafia a criatividade e a resolução de problemas. Logo com o inglês consigo alcançar muito mais gente!

Outra parte do porquê ser em inglês é também em razão dos meus possíveis clientes estrangeiros. Até agora tive apenas dois casos, mas para os meus futuros projetos é algo extremamente necessário.

É claro, não me posso esquecer dos meus amigos no estrangeiro com quem partilho informações e técnicas para melhorar.

Que tipo de marketing você faz para seu trabalho? Quais canais você explora? Quanto de seu tempo e energia você investe nisso?

Marketing é um processo extremamente demorado. Diria que hoje me dia passo tanto tempo a criar como a tratar a informação para divuldar online, e infelizmente ainda deveria ser mais agressiva do que sou.

Neste momento podem entrar em contato comigo pela página de Facebook, DeviantArt, My World Cosplay, Youtube, Instagram, E-mail… É muita coisa ao mesmo tempo para tratar. Tenho de manter todas as paginas atualizadas e cada atualização tem de ser minimamente pensada para atrair publico e ser interessante. Inclusive, tiro fotos e as edito previamente. Assim, quando estou numa parte do processo em que não tenho o que mostrar ou não tenho tempo para editar e tratar imagem e texto, posso continuar a relembrar as pessoas da minha existencia.

Entre contactar fotógrafos, marcar shoots, tirar fotos até o processo de criação, tirar as fotos perfeitas, escolher quais gosto mais, editar em photoshop, escrever o texto, editar o texto, saber a que horas tenho de fazer as publicações para mais gente ver… Leva muuuuuito tempo.

Lembro-me de ter lido em sua página sobre seu trabalho em um “S.O.S Cosplay” em uma convenção, fazendo reparos e ajustes em quem precisasse. Este foi um trabalho remunerado? Existe um campo de atuação profissional para cosplayers em convenções (para além dos concursos propriamente ditos?)

Este trabalho em específico não foi remunerado, embora com este meu teste ache que poderá haver espaço para este serviço com algum tipo de remuneração.

Sim, não sei se já ouviste falar de boothbabes. Eu ja trabalhei como uma, fiz um cosplay de uma mascote desse tal bar de gaming e tambem para o LGC estive a tentar que fossem contratados cosplayers para dinamizarem o evento. Visto que era uma confêrencia, e não um evento normal, não havia cosplayers além de nós, que estávamos alí a exercer um serviço à organização.

Antes desse mesmo evento, andei tambem de cosplay pela faculdade com alguns organizadores, a destribuir folhetos sobre o evento para efeitos de marketing. Existem muitas outras funções como estas que podem ser desempenhadas pelos cosplayers.

Mas, para isto acontecer, tem de haver uma consciência por parte dos cosplayers. Eles devem exigir remuneração e trabalhar para tal! Se houver um cosplayer medíocre que não se importa de fazer esse tipo de trabalho e em contrapartida um cosplayer super competente que pede remuneração, as organizações, que não entendem nada deste assunto, vão se contentar com o medíocre. Porque, no final das contas, tudo lhes é igual (as pessoas voltam sempre na proxima edição).

Você já fez algum trabalho relacionado a cosplay fora do mundo “nerd” propriamente dito? (eventos corporativos, festas infantis, filantropia, ações promocionais?)

Sim como já referi fui boothbabe da 1up Bar/Gaming Lounge, fiz vestidos de anjo para uma campanha da Paco Rabbane, vários adereços e roupas para filmes, publicidade e teatros.

Para além da realização pessoal, o que uma cosplayer busca em concursos? (Renda, prestígio, networking?) Você participa de muitos concursos? É possível se profissionalizar no âmbito do cosplay sem participar de concursos?

Num concurso acho que a realização pessoal e a capacidade de networking são a maior valia. No entanto, no meu caso eu participei de poucos concursos devido à hostilidade da propria comunidade às pessoas que participam.

No caso de Portugal, por causa deste tipo de mentalidade das pessoas, os nossos concursos internacionais estão practicamente vazios. A maneira como estas pessoas julgam (muitas vezes os próprios cosplayers com quem conversam e até trocam idéias previamente) é negativa, toxica e impede que os cosplayers queiram representar o seu país.

Para evitar problemas desnecessários, eu me mantenho afastada de concursos. Já participei e adorei, mas, tendo em vista os problemas que tive, já chega.

Porém, vivemos na era da internet. Se alguem se quiser se mostrar, pode não ser em cima de um palco.

Como você escolhe os concursos nos quais participa, e como se prepara para eles? Você concebe um cosplay específico para cada evento, ou aproveita para mostrar algum projeto que já tenha em andamento?

Eu tenho toda uma preparação para eventos e sessões fotográficas. Desde já tento sempre escolher um cosplay adequado ao tempo que vai fazer. Gosto muito pouco de passar frio ou calor…

Depois, quanto maior for o evento, normalmente maior é o fato para poder usá-lo sem alguém levar com uma espada ou um cotovelo na cara.

E, finalmente, se houver um grupo de alguma série e que eu gosto, vou tentar levar algo da mesma série para me poder divertir mais.

Uma semana antes, para não ter problemas, tenho uma rotina de verificar as lentes, a maquiagem e fazer um tratamento à pele mais profundo para não ter ainda mais trabalho de edição no photoshop (essas são aquelas fotos maravilhosas que de vez em quando aparecem na internet).

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Créditos: Felix Works

Uma reportagem sobre a Comic Con Experience em São Paulo atiçou a ira de cosplayers ao se referir a cosplayers com trajes menos extravagantes de “cospobres”, e sugerir que eles haviam escolhido seus personagens como forma de reduzir custos e fugir da crise econômica. De uma forma geral, você acredita que certos tipos de cosplay são considerados superiores a outros pela comunidade? Em caso positivo, você acredita que cosplayers estejam planejando seus trajes e performances de acordo para maximizar sua visibilidade? 

Eu sou a favor da positividade no cosplay. Faço minhas as palavras de uma cosplayer que sigo e que tem um conjunto de sketches de ‘cosplay is’: em uma delas, ela defende todo o tipo de cosplay com uma frase no final: “in the end we are all nerds in a costume trying to have fun”. Acho que alguém que ameace isso está a agir mal, seja uma attention whore ou uma empresa a tentar divulgar o seu evento.

Não se deve dar importância a esse tipo de notícias ou de desafios. Infelizmente, na altura em que estamos, não existe má publicidade. Mesmo que seja horrivel, as pessoas querem ver. Quem faz esse tipo de publicações sabe isso, raramente é algo inocente. A melhor maneira de acabar com este tipo de comentarios é não dar visualizações, comentários, reações a esse tipo de provocação.

Sem dúvida, acho que existem ‘preferidos’ entre a comunidade. Em eventos claramente: anime que esta na moda; armaduras; cosplays de LOL; cosplays despidos. Online: o que quer que seja (pode até ser só uma peruca e lentes) mas a foto tem que ser fofa; o que quer que seja (pode até ser só uma peruca e lentes) mas a foto tem que ser sensual (ou quase pornográfica).

Qualquer cosplayer minimamente inteligente e que quer fazer um negócio vai querer público. Porém, fico agradavelmente surprendida com os cosplayers mais conhecidos no momento que realmente têm qualidade. O caso Jessica Nigri, por exemplo: podem dizer o que quiserem dela, mas é uma excelente crafter.

Cosplays frequentemente são mencionados em discussões sobre direitos autorais. Em tese, character designs são propriedade de seus respectivos estúdios/editoras, e qualquer lucro sobre eles é vetado a terceiros. Você já teve ou testemunhou algum problema em relação a isso? Você acredita que isso seja um fator limitante para o crescimento da profissão?

Na minha opinião, é impossivel as empresas pedirem dinheiro aos cosplayers, pois na verdade todos os cosplays são reinterpretações das personagens. Não existem dois cosplays iguais, e nem é interessante para as empresas, porque iam automaticamente perder os fãs.

Como você vê o futuro profissional do cosplay? Você acredita que o mercado esteja crescendo ou diminuindo?

A minha previsão é que haja uma leve subida e depois uma manutenção de interessados, isto no mercado de anime. O que eu vejo a acontecer cada vez mais é o interesse em cosplays de series americanas. Esse eu acho que vai crescer muito nos próximos anos.

É  uma prática que já toda a gente começa a conhecer. Cá em portugal temos um programa de televisão de um amigo, o Paulo Bastos, que se chama NXT. Ele aborda desenvolvimento tecnológico e varias vezes já abordou o cosplay. Inclusive, esteve na ComicCon Portugal.

Estas séries estão na zona cinzenta das pessoas que gostam de séries, mas não de animes. É suficientemente diferente porque toda a gente conhece, mas não tão ‘esquisito’ quanto anime, logo as pessoas se sentem mais confortáveis a fazer este tipo de cosplay.

Este tipo de fenômeno aconteceu muito agora com Star Wars. Gente que nunca faria cosplay de Haruhi, mas com certeza faz cosplay de Leia, porque é bastante mais aceito, visto que existe muito mais gente a gostar.

De uma maneira geral, cosplayers que não subsistem de cosplay mantém profissões não relacionadas ou buscam áreas em que podem aproveitar seu skillset (como confecção de figurinos, fantasias, artes cênicas etc)?

No meu caso eu descobri a minha profissão por causa do cosplay, mas conheço, por exemplo, uma cosplayer que é enfermeira.

É possível para uma cosmaker migrar ou avançar para áreas análogas? Por exemplo, começar a carreira produzindo cosplays e eventualmente trabalhar com vestuário de cinema? Há quem tenha feito isso?

Eu … XD … Qualquer pessoa pode ser o que quer, ser cosplayer apenas dá um extra. Eu descobri que gostava de fazer roupa por causa de cosplay, tenho uma licenciatura e adoro design de moda, que em muito diverge de cosplay. No entanto, apresentaram-se  várias oportunidades no mundo do cinema e do teatro e também enveredei por ai.

Vejo que várias cosplayers utilizam os serviços de fotógrafos profissionais. Já existe um segmento do mercado de fotos dedicado ao cosplay? E quanto a outras profissões análogas?

Fotografia, especialmente para cosplay, existe, mas é muuuuito dificil singrar nela. Tenho um amigo que faz photoshoots inclusive fez-me a mim e faz um trabalho espetacular. Ele vende prints e calendários, porém ainda não consegue tudo o que gostaria.

Eu tento sempre recompensar de alguma maneira os fotógrafos que chamo para sessões. Acho justo e sei como é complicado remar contra tudo para se poder trabalhar naquilo que se gosta. Acho que quem pode deveria fazer o mesmo.

A maioria dos cosplayers usa pseudônimos. Você pode me falar um pouco sobre este hábito? Você sabe qual é a origem da prática?

No meu caso, eu uso um pseudônimo para me proteger. Não sei como começou o habito, mas para mim é uma especie de proteção.

A partir do momento em que uma pessoa escolhe se expor, ela se sujeita a uma série de comentários e de outras situações.

Quando comecei a entrar em concursos, comecei a receber muita gente nas redes sociais, tive tentativas de acesso ao meu facebook (inclusive estrangeiras), tive stalkers e inclusive num photoshoot que apenas tenho no meu DeviantArt (por ser de biquíni, queria pôr este photoshoot em contexto de arte, dai ter escolhido esta plataforma) um photoshoot que tem mais downloads do que ‘favs’… Este tipo de situação me levou a separar a minha vida mais pessoal da de cosplayer.

De onde veio o seu pseudônimo? Como você o escolheu?

O meu pseudonimo veio de uma personagem que criei na minha jovem adolescência… ‘chow’ quer dizer borboleta. Ora, existe a lenda no japão que a borboleta é um ser que muda o destino das pessoas. A Chowitsu (o meu ‘eu’ cosplayer) foi a minha borboleta que me fez descobrir o que queria fazer, então foi o nome que me fez mais sentido.

E você? Trabalha ou trabalhou com cosplay e tem uma história interessante para contar? Entre em contato com a página

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Profissionais do Cosplay: Kayo Corner https://www.finisgeekis.com/2016/07/22/profissionais-do-cosplay-kayo-corner/ https://www.finisgeekis.com/2016/07/22/profissionais-do-cosplay-kayo-corner/#comments Fri, 22 Jul 2016 20:23:20 +0000 http://finisgeekis.com/?p=8341 interview englishNo mundo nerd, poucos hobbies são tão icônicos quanto o cosplay. Seja em convenções, flash mobs ou mesmo trailers de games, a arte de mimetizar aparências e interpretar personagens se tornou parte inseparável do nosso meio.

Alguns, contudo, ousaram ir além. Vários cosplayers conseguiram realizar aquele que, com certeza, é o sonho de todos nós: fazer daquilo que mais amamos um trabalho.

Nessa nova coluna, eu trago a vocês depoimentos daqueles que, de uma maneira ou de outra, se transformaram em “profissionais” do cosplay. Para alguns, foi uma atividade paralela, uma forma, muitas vezes, de custear os próprios trajes. Para outros, uma segunda vida fazendo aquilo que mais amam. Para outros, ainda, uma profissão ao qual se dedicam noite e dia.

Kayo Corner é uma cosplayer polonesa, participante ávida de concursos europeus e cosmaker. Em nossa conversa, ela me contou sobre a vida de cosmaker, sua paixão pelo ECG e sobre como é o mundo geek na terra de The Witcher.

Confiram a entrevista abaixo:

Qual é a sua idade e há quanto tempo trabalha com cosplay?

Eu tenho 21 anos e faço cosplay desde 2009 🙂

Na sua página de Facebook, você menciona que faz cosplays por encomenda. Quão importantes são estas encomendas na sua rotina? Você vive disto?

Eu sou uma estudante de artes, e meus projetos na faculdade são minha prioridade agora. Eu geralmente pego uma encomenda de prop por mês, de forma que eu possa terminá-la com o resultado desejado sem ter de correr. Eu também faço projetos maiores, mas isto requer prazos mais longos.

Eu aceito encomendas para ganhar dinheiro para meus cosplays – obviamente, não é hobby mais barato do mundo. Esta foi a razão pela qual eu decidi começar a recebê-las.

Como cosmaker, qual é a sua rotina de trabalho? Você trabalha em casa ou tem um ateliê?

Eu sempre começo com uma pesquisa GRANDE e anoto tudo o que preciso comprar/fazer. Na minha opinião, um bom plano é a parte mais importante do cosmaking, pois se eu sei exatamente o que eu vou fazer em um traje, eu trabalho 100x mais rápido. Então eu faço as compras (geralmente em lojas de material de construção) para que eu não tenha de me preocupar se faltará cola ou qualquer outra coisa (mas sempre acontece).

O próximo passo é a confecção em si! Eu trabalho em casa porque eu tenho uma garagem grande, que meu pai transformou em um ateliê (ele é tipo um faz-tudo). Nós a compartilhamos (e às vezes temos problemas com espaço), mas sou eu quem tranca o lugar e trabalha duro por lá na maioria das vezes!

Do primeiro contato do cliente até a entrega do cosplay, como você lida com seus pedidos?

Eu coloquei um anúncio em um site de cosplayers com informação de contato. Esse é o principal canal para os interessados. O Facebook também é útil para encontrar alguns clientes. Os clientes sempre me enviam algumas informações sobre um prop ou traje que eles desejam – fotos de referência, prazo, país onde vivem, dados adicionais, etc. Então nós negociamos um orçamento, pagamento e método de entrega e os materiais que irem utilizar. Quando tudo está pronto, eu começo a reunir os materiais e fazer o traje.

Tudo isso leva tempo, então eu providencio fotos de progresso. Quando a encomenda está pronta, eu envio as fotos das peças finalizadas para o cliente 🙂 É isso!

Você já aceitou encomendas de clientes internacionais, ou você trabalha majoritariamente no seu próprio país?

Não é muito comum na Polônia encomendar cosplays de outras pessoas, então eu trabalho mais com clientes internacionais.

Qual é o seu processo de pesquisa? Você segue exclusivamente o material de origem ou busca inspiração em outros lugares?

Eu sou um pouco obcecada em fazer tudo tão fiel quanto possível, então eu sigo o material de origem. Mas se um cosplay é inspirado por outras fontes da vida real (por exemplos, os trajes de The Witcher), eu também faço minha pesquisa nessas coisas. Quando eu estava fazendo o cosplay de Priscilla, eu li muitos artigos e livros sobre vestimentas nio período histórico que foi inspiração para o seu visual.

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Créditos: MBD Photography

No seu país, existem oportunidades para trabalho como cosplayers em convenções (como hosts, maquiadores, fazendo consertos em trajes)? Você já trabalhou em algo do tipo?

Contratar cosplayers está se tornando mais comum na Polônia a cada dia que passa, e isso é incrível!

Quando você faz um cosplay ligado a uma companhia que te contrata (ex. o cosplay de uma personagem do último jogo de um estúdio) é um trabalho parecido com o de uma hostess. Você fica ao lado de um estande e encoraja as pessoas a visitá-lo.

Também há outras oportunidades. Por exemplo, quando te pedem para fazer um traje para uma modelo ou algo do tipo.

Eu fiz um trabalho assim até agora. Eu estava trabalhando em um parque de diversões vestida como o Soluço do filme Como Treinar o Seu Dragão. Meu trabalho era interagir com as crianças e fazer algumas coisas com elas, como máscaras de super-heróis.

Num editorial recente, a Hayley Williams do Kotaku disse que trabalhos remunerados de cosplay em convenções são minados por cosplayers dispostos a trabalhar de graça, assim como pela mentalidade de que cosplay deve ser feito por amor, não por dinheiro. Você concorda com esse diagnóstico? Se sim, você vê alguma solução?

Eu concordo com a autora do artigo. Eu acho que cosplay obviamente é para se divertir, mas também pode ser uma profissão, e trabalho duro deve ser recompensado.

Trabalhar em um estande como cosplayer é muito mais difícil do que passear por um evento. Usar um cosplay é legal, mas pode se tornar um pesadelo quando você tem de vesti-lo por 8h seguidas com pausas bem curtas.

Eu também não vejo nenhum problema em transformar seu hobby em um trabalho. É o sonho de todo mundo, não é? Você está fazendo algo que você ama para ganhar dinheiro, então você faz seu trabalho com paixão, porque não é só uma obrigação triste. 😀 Unir trabalho a alguma coisa que eu amo é algo que eu própria adoraria conseguir fazer.

Infelizmente, eu não vejo nenhuma solução para o problema mencionado no artigo. Eu acho que ele deve ser lido por todo mundo, para que as pessoas fiquem cientes do problema.

Para além da realização pessoal, o que uma cosplayer busca em concursos? (Renda, prestígio, networking?) Você participa de muitos concursos? É possível se profissionalizar no âmbito do cosplay sem participar de concursos?

Eu, pessoalmente, escolho concursos que me permitem mostrar meus trabalhos em outros países, como o Eurocosplay, ECG (European Cosplay Gathering), etc. Nós não temos seletivas do WCS (World Cosplay Summit) na Polônia, mas se tivéssemos eu participaria sem hesitar! Eu amo conhecer os finalistas de outros países (que são incrivelmente talentosos e experientes), aprender com eles sobre cosmaking, ouvir suas opiniões sobre a comunidade, sobre os lugares de onde vêm, etc.

Participar de eventos como esses também te dá a oportunidade de ser vista por pessoas fora do seu país e divulgar seu trabalho para um público maior.

Eu acho que é possível se tornar um cosplayer profissional sem participar em concursos. Existem tantos cosplayers que os concursos se tornaram menos importantes do que eles eram no passado (é por isso que os prêmios estão ficando maiores). Na Polônia, é importante estar nos maiores eventos e convenções (e ser ativa nas redes sociais) para que as pessoas começem a reconhecê-la mais. Então você precisa pegar alguns contatos. Daí, você já está no caminho para um “trabalho de cosplay” 😀

Conversando com cosplayers para fazer essas entrevistas, encontrei a opinião de que concursos internacionais de cosplay estão sendo prejudicados por uma atmosfera de competição tóxica, que estaria afastando cosplayers. Você concorda com esse julgamento? Você já vivenciou alguma coisa do tipo (seja em primeira mão, seja de colegas)?

Eu já ouvi falar disso, mas nunca vivenciei. Eu definitivamente não concordo com esse julgamento. Minha primeira final do ECG foi a coisa mais inspiradora que já aconteceu comigo. Todos os participantes foram muito prestativos e amigáveis. Nós estávamos torcendo um para o outro nos bastidores, dividindo nossas experiências, etc. As pessoas do ECG são extremamente talentosas, mas também pés-no-chão. Esse concurso foi a razão pela qual eu comecei a trabalhar com ainda mais afinco nos meus cosplayers – eu quero ser estupidamente talentosa que nem meus amigos internacionais.

As finais do ECG são minha melhor memória do mundo do cosplay. É por isso que eu participei das seletivas de novo e ingressei nelas de novo (dessa vez na categoria de grupo, com o meu namorado, The VU)!

 

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Créditos: The VU

 

A comunidade brasileira de cosplay periodicamente se mobiliza contra queixas de que concursos e veículos midiáticos estariam estimulando hierarquias no hobby. Segundo essa visão, alguns tipos de cosplay (sobretudo os envolvendo armaduras) são mais premiados e recebem uma cobertura maior da mídia do que outros. Você concorda com isso? Você acredita que cosplayers possam estar planejando seus trajes e performances de acordo, para maximizar sua visibilidade?

Esse é um problema na Polônia também. Há uma chance maior de ganhar um concurso se o seu cosplay é grande e impressionante de longe, mesmo se é feito porcamente olhando de perto. Para evitar isso, os organizadores das convenções mais importantes escolhem cosplayers bem experientes para integrarem o juri dos seus concursos. Nestes casos, o tamanho deixa de ser relevante. Eles apreciarão confecção de qualidade, e você pode ganhar com qualquer tipo de cosplay.

Alguns cosplayers obviamente escolhem projetos gigantes para ganhar, mesmo se eles não são habilidosos o suficiente para executá-los direito, mas como eu disse, não é um problema nas convenções maiores.

Cosplays frequentemente são mencionados em discussões sobre direitos autorais. Em tese, character designs são propriedade de seus respectivos estúdios/editoras, e qualquer lucro sobre eles é vetado a terceiros. Você já teve ou testemunhou algum problema em relação a isso? Você acredita que isso seja um fator limitante para o crescimento da profissão?

Eu nunca testemunhei nenhum problema envolvendo direitos autorais, mas eu acho que é uma questão importante que todo cosplayer profissional deve ter em mente. Em contrapartida, há muitos casos em que os próprios donos dos designs contratam cosplayers. Então eu acho que existe um problema, mas não é tão limitante como poderia ser.

Como é a cena de cosplay na Polônia? Ainda é um hobby de nicho, ou já ganhou popularidade com o boom da cultura geek na década passada?

A comunidade de cosplay ficou gigante nos últimos anos. Em 2009, quando eu comecei a fazer cosplay, todos os cosplayers se conheciam, o maior prêmio em um concurso era um mug, etc.

Alguns anos depois, o cosplay ficou MUITO popular, da noite para o dia. Todo mundo queria ter um cosplay para passear nas convenções. Algumas pessoas começaram a ver o cosplay como uma oportunidade profissional, então mais e mais trabalhos ligados ao cosplay começaram a aparecer. Até a TV polonesa é hoje super interessada na comunidade cosplay.

No Brasil, muito embora convenções sejam nominalmente dedicadas a alguns nichos, elas funcionam como celebrações da cultura geek como um todo. Independente de seu “propósito”, é possível encontrar de tudo, de cosplayers de anime até trekkies. Na Polônia é a mesma coisa, ou convenções diferentes atendem a tribos diferentes?

Na Polônia é a mesma coisa nesse aspecto. As pessoas usam o cosplay que querem, então não é difícil ver o Comandante Shepard em convenções de anime ou garotas kawaii de mangás em eventos de fantasia 😀

Como você vê o futuro profissional do cosplay? Você acredita que o meio esteja aumentando ou diminuindo?

Eu acho que está definitivamente se expandindo. A mentalidade das pessoas está mudando, e elas pararam de enxergar o cosplay como um hobby para crianças. O número de empregadores em potencial está crescendo a cada dia 😀

É possível para uma cosmaker migrar ou avançar para áreas análogas? Por exemplo, começar a carreira produzindo cosplays e eventualmente trabalhar com vestuário de cinema? Há quem tenha feito isso?

Eu acho que é possível, já que cosplayers são muitas vezes mais talentosos e criativos que figurinistas profissionais. Agora, quando as pessoas se tornarem mais familiares com cosplay, será mais fácil fazer isso. Eu conheço algumas pessoas na Polônia que começaram como cosplayers e agora trabalham com figurino, maquiagem, etc.

Vejo que várias cosplayers utilizam os serviços de fotógrafos profissionais. Já existe um segmento do mercado de fotos dedicado ao cosplay? E quanto a outras profissões análogas?

Não é muito comum na Polônia, mas está começando a crescer lentamente. Hoje em dia, cosplayers e fotógrafos geralmente vendem eles próprios seus prints. No entanto, não muitos cosplayers fazem isso. Fotógrafos de cosplay também são, geralmente, entusiastas pelo hobby e oferecem o tempo de ensaio em troca das fotos.

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Créditos: Studio Zahora

A maioria dos cosplayers usa pseudônimos. Você pode me falar um pouco sobre este hábito? Você sabe qual é a origem da prática?

Eu sei que para algumas pessoas é muito difícil escolher seu pseudônimo. Isto não é surpreendente, já que é como seu segundo nome – as pessoas irão te associar a ele. Eu penso que é como um nome artístico. Uma vez que você o escolha, será muito difícil mudar!

De onde veio o seu pseudônimo? Como você o escolheu?

Eu não pensei muito sobre isso quando o escolhi. Quando eu comecei a visitar convenções era legal ter um apelido. Eu escolhi o nome de uma das minhas personagens favoritas de mangá na época (Yomi) e adicionei a primeira sílaba do meu nome (Karolina). Foi assim que a Kayomi nasceu 😉

Agora eu sou muito mais uma gamer do que uma otaku, mas todo mundo me chama de Kayo (de “Kayomi”), então é impossível mudar. Eu já me acostumei, então está tudo bem. 😀 É também meu apelido na internet.

Minha página de cosplay se chama “Kayo Corner” porque é meu “cantinho” acolhedor 😀 Não era originalmente parte do meu pseudônimo (era só para se referir a esse espaço), mas as pessoas começaram a tratar o corner como parte do apelido, ou até mesmmo meu sobrenome, então agora é mais importante que nunca. Eu nem sei se devo me apresentar como Kayo ou Kayo Corner haha!

E você? Trabalha ou trabalhou com cosplay e tem uma história interessante para contar? Entre em contato com a página

Kayo Corner is a Polish cosplayer and an avid participant in European contests. In our talk, she told me about the life of a craftswoman, her passion for the ECG and the geek scene in the land of The Witcher.

Read the interview below:

How old are you and how long have you been working with cosplay?

I’m 21 years old and I’ve been cosplaying since 2009 🙂

In your page details, you mention you accept commissions. How big a part of your routine are these jobs? Do you make a living out of it?

I’m an art school student, and university projects are my priority right now. I’m usually taking one prop commission per month, so I can finish it with the desired result without a rush. I also make bigger projects, but that requires longer deadlines.

I’m making commissions to earn money for my costumes – It’s obviously not the cheapest hobby in the world. That’s the reason why I even decided to start taking them.

As a cosplay maker, what is your work routine? Do you work at home or do you have a workshop?

I always start with a BIG research and writing down everything I need to buy/do. In my opinion, a good plan is the most important part of costume making, because if I know how exactly I’m going to make a costume, I’m working like 100 times faster. Then I’m making big shopping (mostly in DIY shop) so I don’t have to worry if there won’t be enough glue or something (it always happen anyway).

The next step is actual costume making! I work at home, because I have a big garage there, which my dad changed into a workshop (he is like a handyman). We share it and sometimes we have some problems with space, but I’m the one who locks the place and works hard way more often!

From a client’s first contact to the costume’s delivery, how do you deal with your commissions?

I’ve posted an ad on a website for cosplayers with contact info and that’s the main source for interested people. Facebook is also helpful to find some clients.

Clients send me some information about a prop or a costume they want me to make – reference pictures, deadline, country they are from, some additional info etc. Then we are discussing a quote, payment and shipping method, and materials I’m going to use. When everything’s set I’m starting to collect needed materials and building the costume. It takes time so I provide progress pictures. When the commission is finished, I send the pictures of the finished pieces and send it to a client 🙂 That’s it!

Have you ever accepted commissions from international clients, or do you mostly operate in your country?

It’s not very popular in Poland to order costumes from someone else, so I mostly work with international clients.

What is your research process? Do you follow the source material exclusively or do you look for inspiration elsewhere?

I’m a bit obsessed with making everything as accurate as possible, so I follow the source material. But if costume is inspired by some designs in real life (costumes from The Witcher for example), I’m also doing my research there. When I was making Priscilla costume, I’ve read a lot of articles and books about clothing in the historical period which was an inspiration for her looks.

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Créditos: MBD Photography

In your country, is there a field for cosplay jobs in conventions (as hosts, make-up artists, doing last-minute costume repairs)? Have you yourself ever done this kind of work?

Hiring a cosplayer is getting more common in Poland every day and that’s awesome! It’s usually a job similiar to a hostess when you are making costume connected to a company that is hiring you (eg. A costume of a character from the newest game of a studio) and then you are standing on a stand and encouraging people to visit it.

There are also other offers like a job when you are asked to make a costume for a model or something smilliar.

I’ve done one job like that so far. I was working in a big amusement park dressed as Hiccup from How to Train your Dragon. My job was to interact with children and do some creative activities with them like making foam superhero masks.

In a recent op-ed, Kotaku’s Hayley Williams argued that paid cosplay jobs at conventions are hampered by cosplayers willing to work for free, as well as by the mentality that one should cosplay out of love, not profit. Do you agree with her point? If so, do you see any solutions?

I agree with the article’s author – I think that cosplay is of course for fun, but can also be a profession and hard work should be rewarded. Working on a stand as a cosplayer is mostly harder then usual – wearing a costume for an event is fun, but can be a nightmare when you have to do it for 8 hours straight with a really short breaks. Also, I don’t see any problem with making your hobby a job – it’s everybody’s dream, right? You are doing something you love for living so you are doing your job with passion because it’s not a sad obligation anymore 😀 Connecting work with a thing I’m passionate about is something I’d love to achieve myself.

Unfortunately, I don’t see any solutions for a problem mentioned in the article. I think it should be read by everyone so people would be more aware of it.

Beyond the personal fulfillment, what does a cosplayer look for in contests (eg.: prizes, prestige, networking)? Is it possible to become a professional cosplayer without participating in contests?

Personally, I choose contests which allows you to show your work in other countries later on, like Eurocosplay, European Cosplay Gathering etc. We don’t have World Cosplay Summit selections in Poland, but if we had, I’d participate without hesitation! I just love meeting the finalists form other countries (which are crazily talented and experienced) and learn from them about costume making, hear their opinion about our community, about places they live in etc. Taking part in events like these also gives you a chance to be seen by people outside your country and share your work to a bigger audience.

I think it is possible to become a professional cosplayer without participating in contests. There are so many cosplayers that contests became less important than they were in the past (that’s why rewards are becoming more valuable). In Poland, it’s important to be on the biggest events and conventions (and be active on the social medias) so people will start to recognise you more. Then you need to catch some contacts and you’re en route to get a “cosplay job” 😀

In conducting these interviews, I came across the opinion that international cosplay contests were mired by an unhealthy, toxic competitiveness, which was prompting many cosplayers to refrain from participating. Do you agree with this judgment? Have you experienced anything of the sort (be it first-hand or from colleagues)?

I’ve heard about it, but I didn’t experienced it myself. I definitely don’t agree with that judgement. My first ECG finals were the most inspiring thing that happened to me. Every participant was very helpful and friendly. We were cheering for each other on the backstage, sharing our experiences etc. People there were extremely talented but also down to earth. That contest was the reason why I’ve started to work even harder on my costumes –  I want to be crazily skilled like my international friends.

ECG finals hold my best cosplay memory, that’s why I participated in selections again and took part in the finals (this time in a group category, with my boyfriend The VU)!

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Créditos: The VU

The Brazilian cosplay community periodically flares up with complaints that cosplay contests and news outlets are inciting hierarchies in the hobby. According to this view, certain types of cosplay (chiefly those involving suits of armor) are awarded more often and receive far better media coverage. Do you agree with this? If so, do you believe cosplayers might be planning their costumes and performances accordingly, to maximize their visibility?

It is an issue in Poland as well. There is a bigger chance of winning a contest if your costume is big and impressive from far away, even if it’s done terribly if you look closer. To avoid that, the organizers of more important conventions asks very experienced cosplayers to be the jury of a cosplay contest on their event, so then the size doesn’t matter anymore. They’ll appreciate good craftsmanship and you can win with any kind of costume.

Some cosplayers are obviously choosing giant projects to win, even if they aren’t skilled anough to execute them well, but as I said – it’s not a problem on bigger conventions.

Cosplay is often mentioned in discussions about copyright law. In principle, character and costume designs belong to their respective IP holders, and any sort of for-profit activity involving them is forbidden. Have you ever had or have you ever witnessed any issues concerning copyright? Do you believe this is might be a limiting factor to the growth of cosplay as a profession?

I haven’t witnessed any issue concerning copyright but I think it’s an important issue every professional cosplayer should be aware of. On the other hand, there are many cases when the actual owners of the designs and characters are hiring a cosplayer so it’s not a problem then. Therefore, I think it is an issue, but not as limiting as it could be.

How is the cosplay scene in Poland? Is it still a niche hobby, or has it gained acceptance following last decade’s geek culture “boom”?

Cosplay community became huge according to last few years. In 2009, when I started cosplaying, every cosplayer knew each other, the biggest reward on a contest was a mug etc.

A few years later, cosplay became VERY popular, just like that. Everybody wanted to have a costume on a convention. Some people started to see cosplay as business opportunity, so more and more cosplay-related jobs started to pop out. Even Polish television is now pretty interested in the cosplay community.

In Brazil, even though conventions are nominally geared towards specific niches, they function as celebrations of “geek culture” as a whole. No matter what the event was originally for, one can come across anything from anime cosplayers to trekkies.  It is the same in Poland, or do different conventions cater to different subcultures?

In Poland it’s just like in Brazil in this regard. People take any costume they want, so it’s nothing unusual to see Commander Shepard on anime conventions or cute manga girls on fantasy events 😀

How do you see the future of professional cosplay? Do you believe the field is shrinking or expanding?

I think it’s definitely expanding. People’s awareness is changing and they stop perceiving cosplay as na infantile hobby. The number of potential employers is increasing every day 😀

Is it possible for a cosplayer to reach out and become involved in related professional fields? For example, to start a career making cosplays and eventually work with costume design for cinema or TV? Are there those who have taken this step?

I think it is possible, since cosplayers are sometimes even more skilled and inventive than professional costume makers. Now, when people are getting more aware of cosplay, it should be easier to achieve that. I know a few people in Poland which started as cosplayers nad now they are working as costume makers, make up artists etc.

I have noticed that a lot of cosplayers make use of professional photography services. Is there a dedicated segment of the market geared towards cosplay prints and photoshoots? What about other related professions?

It’s not very common in Poland but it slowly starting to grow. For now, cosplayers and photographers are selling the prints by themselves. Nevertheless, not many cosplayers here are deciding to do it for now. Also, cosplay photographers are usually cosplay passionates and they mostly offer time-for-photos types of contract.

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Créditos: Studio Zahora

 

Most cosplayers use aliases. Can you talk a little bit about this practice? Do you know where it came from?

I’ve seen that sometimes people think very hard about the alias they should choose and it’s nothing surprising, because it’s like your second name – people will associate it with you. I think about it as an artist’s stage name. Once you choose one, it will be very hard to change it!

Where did your alias come from? How did you choose it?

I wasn’t thinking very hard about it. When I started to visit conventions it was just cool to have a nickname. I’ve chosed a name of my favourite manga character back then – Yomi and added the first syllable of my real name (Karolina). That’s basically how Kayomi was born 😉 Now I’m way more into video games than manga & anime, but everybody calls me Kayo (shortcut of Kayomi) so it’s impossible to change it now. I’m used to it so that’s okay 😀 It’s usually also my nickname everywhere on the internet.

My cosplay page is called “Kayo Corner”, because it’s my little working space, my cosy corner 😀 It wasn’t originally part of my alias (it was only defining this little space), but people started to treat the “corner” word as a part of my alias or even sometimes my surname, so it’s more important now and even I don’t know if I should introduce myself as Kayo or Kayo Corner haha!

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Entrevista: escrevendo as quests de ‘Witcher 3’ https://www.finisgeekis.com/2016/05/06/entrevista-escrevendo-as-quests-de-witcher-3/ https://www.finisgeekis.com/2016/05/06/entrevista-escrevendo-as-quests-de-witcher-3/#respond Fri, 06 May 2016 18:56:27 +0000 http://finisgeekis.com/?p=4918

Não há dúvidas de que The Witcher 3: The Wild Hunt é um dos jogos mais impressionantes de memória recente. O blockbuster da CD Projekt RED, baseado em um dos maiores sucessos da fantasia europeia, conseguiu a façanha de combinar um open world imersivo, gráficos de ponta, ação e um dos melhores enredos da história dos games.

The Wild Hunt é um chute no estômago dos que dizem que jogos não conseguem contar boas histórias, ou que narrativas são inimigas do gameplay. Para alguns, o jogo entrega tanto em tantos quesitos que até merece a pergunta: como ele pôde ser feito?

Felizmente, não precisamos mais adivinhar. Pawel Sasko e Mateusz Tomaszkiewicz, quest designers da CD Projekt RED, recentemente fizeram um Q&A em que respondem todas as questões.

Fãs da saga de Geralt de Rivia ou entusiastas de game design interessados em conhecer o processo criativo por trás do game podem ler o artigo na íntegra nos fórums do estúdio.

Abaixo, vão alguns dos destaques da entrevista.

(Cuidado: SPOILERS de Witcher 3)

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Pawel Sasko e Mateusz Tomaszkiewicz

Como uma quest começa? Quais são os estágios do processo de design? Quão complexo é o processo de coordenar todos os componentes que integram uma quest?

Mateusz Tomaszkiewicz (MT): Sempre começa com uma ideia, mas as origens podem ser variadas. Muitas vezes a ideia de base vem da equipe de redação, especialmente quando se trata das quests da história principal, mas às vezes elas vêm direto dos quest designers, como foi o caso da maioria das side quests de Witcher 3.

Claro, nem toda ideia entra no jogo – designers listam suas ideias em pitches de uma ou duas linhas, então nós escolhemos aquelas que têm potencial para ser desenvolvidas.

Depois que nós escolhemos um pitch, ele é reescrito pelo quest designer em um cenário completo. O designer providencia a fundamentação por trás do evento, ideias específicas de cenas, o que deve acontecer em que lugar, etc. Então ele passa por várias iterações – recebe comentários do lead quest designer e dos escritores, é melhorado ou completamente reescrito e, em alguns casos, nós até descartamos tudo neste estágio.

Uma vez aprovado, o quest designer prepara uma lista de assets necessários para implementar aquela quest na engine do jogo – personagens, locais, itens, música, etc. Enquanto os outros departamentos trabalham nesses assets, o quest designer implementa a primeira versão usando assets temporários.

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Foi um desafio equilibrar gameplay cutscenes, de forma que o jogador pudesse ser um participante ativo, e não se sentisse apenas observando um “filme”?

Pawel Sasko (PS): Em todo jogo que gira em torno de um enredo, encontrar um equilíbrio entre exposição da história por meio de diálogos e gameplay é um desafio. No nosso caso, nós sempre tentamos eliminar todas as sequências de gameplay que não têm sentido e quebram o ritmo da narração. É por isso que todas as atividades estão amarradas no enredo, mesmo quando isto significa que nós temos que criar uma sequência customizada para fazer a história mais interativa. (…)

Encontrar um andamento bom para a narração não é fácil. Toda a informação precisa ser dada ao jogador de uma forma clara e concisa, assuntos não podem ser mudados com muita frequência e nós temos que arrumar espaço para a sutileza nas conversas. Isto pode facilmente acabar em uma sequência longa e entediante, então precisamos de atenção. Não é incomum que alguns diálogos tomem literalmente horas de brainstorming para que descubramos a forma mais impactante de apresentar fatos na cena para o jogador.

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Já que The Wild Hunt trouxe a série para o open world, onde o jogador é relativamente livre para  perseguir seu próprio caminho não-linear, como isto afetou o  quest design? Algum desafio em particular? Alguma lição aprendida?

PS: (…) O mundo aberto dita um approach de design bem específico: desde o começo nós precisamos pensar em todos os possíveis caminhos e formas pouco usuais de terminar a quest e ter isso assegurado e funcionando de maneira lógica. É inacreditavelmente fácil estragar as coisas neste ponto – qualquer mudança de asset, localização ou cena pode causar efeitos inesperados na quest (por exemplo: de repente aparecer um novo caminho que permita ao jogar chegar a um local fechado mergulhando ou escalando). Nestes casos, nosso approach foi sempre focado em dar suporte a mais caminhos em vez de bloqueá-los, mas isso consome tanto tempo quanto assets, então temos de ser bem precisos.

Nosso mundo aberto também afetou tremendamenhte nossos cinematic designers- nós tínhamos que prever por quais ângulos certos NPCs poderiam ser abordados, de maneira que a cutscene encaixasse bem com o gameplay. O mesmo se aplica ao clima, animais andando ou horas estranhas do dia em que jogador decidir aparecer e falar com a personagem – todas estas pequenas coisas tiveram de ser levadas em consideração. Nossa equipa de QA nos ajudou tremendamente nisto, encontrando todos os pequenos problemas e consertando-os. Atualmente, nós temos uma ideia bem clara de como fazer estas coisas, mas levamos anos para descobrir.

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Qual foi a quest mais difícil para desenvolver, seja em termos narrativos, seja em termos técnicos? Vocês ficaram felizes com o produto final?


MT: Eu diria que de um ponto de vista técnico foi a Battle for Kaer Morhen. De um ponto de vista narrativo, a quest do Bloody Baron, na qual gastamos um tempo absurdo. Na verdade, Pawel trabalhou nas duas, então ele pode negar ou confirmar minha impressão.

PS: Eu preciso concordar com tudo o que o Mateusz disse. Em 11 anos de carreira como quest designer, eu nunca implementei uma quest tão desafiadora do ponto de vista técnico como a Battle for Kaer Morhen. Desde os primeiros rascunhos no papel nós já sabíamos que seria uma quest gigantesca e complicada, e no final acabou sendo ainda pior do que esperávamos. Os jogadores podiam ter entre 9 e 16 personagens ajudando-os, dependendo de todas as outras coisas que eles haviam feito até lá – e estes personagens podiam aparecer em qualquer combinação. Mais: alguns deles precisavam ter cenas adicionais separadas (por exemplo: o diálogo com Roche e Ves confrontando Letho). Eu precisava me assegurar de que qualquer jogador que trouxesse um grupo único de personagens teria uma experiência de qualidade que ficaria com eles por um longo tempo.(…)

Em termos de escrita, a história do Bloody Baron levou muito tempo para ficar legal. O assunto que nós decidimos abordar era difícil e ambicioso e requeria atenção especial. Karolina Stachya, que a escreveu sozinha, passou muito tempo comigo cuidando das nuances. Tanto Mateusz Tomaszkiewicz quanto Marcin Blacha ofereceram muito feedback e ideias para melhorar a escrita – nós queríamos apresentar a atmosfera de Velen por meio da personagem do Barão e delinear a similaridades entre dois pais que haviam perdido suas filhas (Geralt e o Barão). Todo este esforço acabou valendo a pena, pois a quest ganhou o Golden Joystick Award de melhor momento em um game em 2015.

Para ler o Q&A na íntegra, clique aqui.

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