(Essa é a segunda parte de uma lista. Para ver a primeira, clique aqui.)
Outro da recente leva mainstream que não dá para deixar passar. Além de cenas de ação eletrizantes e um elenco carismático, Attack on Titan entregou uma trilha de peso, com faixas instrumentais marcantes, canções de tirar o fôlego e um dos openings mais populares da história do anime.
Com as devidas menções honrosas a Reluctant Heroes e Bauklötze, é Call Your Name que ganha os louros de grande hino da série. Tocada quando Eren, Mikasa e Armin finalmente ingressam no Survey Corps, a canção acompanha o divisor de águas do anime, o momento em que os jovens – agora soldados formados – se preparam para tomar o ofensiva contra os titãs. Nenhuma faixa é mais fiel ao espírito de heroismo e rebeldia da série como essa.
Esse é um insert song tão marcante que foi “promovido” a ending na segunda metade do anime. E não por acaso.
Tal como outras canções da trilha, Hai Iro no Suiyobi é um cover da banda ARB, interpretada na série pelo fictício trio HHH. Longe de perfumaria, as músicas do grupo cumprem um papel essencial na história. À medida que as peças de quebra-cabeça entram em seus lugares e a fábula surrealista de Penguindrum dá lugar a um drama sobre solidão e terrorismo, o trágico envolvimento das personagens com o HHH começa a se tornar aparente.
Oficialmente, esse é o segundo ending de Chobits, mas uma versão alternativa tocou no episódio 14, acompanhando uma das maiores revelações do seriado.
Usar openings e endings como insert songs não é nenhuma novidade. Seja para poupar verba com o licenciamento de novas canções (como em Sailor Moon e outros animes gigantes de sua época), seja para aumentar a carga dramática de uma cena específica, a prática é comum.
Chobits, no entanto, se destaca pela importância da cena em particular. Em um anime já recheado de romances trágicos e amantes perdidos, Hideki flagra (SPOILER WARNING para um anime de 13 anos) a professora Shimizu nos braços de seu melhor amigo, Shinbo.
Ningyo Hime ainda não tinha sido utilizada como ending até esse ponto, o que só tornou o episódio ainda mais chocante. Nada mal para uma série que, a despeito da temática ecchi, se mostrou uma das mais profundas da CLAMP.
Kaguya Hime não é apenas um dos melhores animes dos últimos tempos, mas uma das animações mais bonitas já feitas. De sua qualidade, basta dizer que é um dos poucos filmes a ter uma nota de 100% no agregador Rotten Tomatoes.
Como eu já disse certa vez, boa parte do charme do longa está no visual, feito para imitar a arte japonesa do período Heian.
A música não ficou para trás, como prova Tennyo no Uta, canção tradicional que acompanha a trajetória da protagonista. Presa em uma vida que não escolheu, vê na melodia um refúgio contra o mundo frio e desumano da nobreza.
Darker than Black é o anime que Charlotte seria caso abrisse mão de seus 12 primeiros episódios e construísse um enredo a partir do último.
O conto de mercenários mutantes, conspirações internacionais e muita ação logo de cara mostra que não está de brincadeira. Já nos seus primeiros episódios nos presenteia com No One’s Home, uma canção lenta e sombria que casa perfeitamente com sua vibe mais adulta.
Como a segunda temporada de True Detective mostrou (a despeito de todos os seus problemas), uma música down com um vocal feminino faz toda a diferença na hora de acertar o tom de um história.
Lain não é uma série abertamente musical, apesar de dispor de um dos melhores openings já feitos. Na maior parte do tempo, o anime preferiu ornar sua estética cyberpunk com uma trilha abstrata, repleta de ruídos e composições atonais.
Isso muda (como bem havia de mudar) no último episódio. Kodoku no SIGNAL é uma surpresa em uma série já repleta de surpresas, um convite à realidade após 13 episódios de um suspense cerebral que nos fez questionar nossa própria lucidez.
Cowboy Bebop é menção obrigatória para qualquer artigo sobre música em animes. A série, justamente considerada uma das melhores já produzidas, superou todas as espectativas com uma trilha variada e criativa que transformou a jornada de seus aventureiros espaciais em um monumento à animação.
Seria possível encher uma seleção inteira apenas com canções da série. No entanto, mesmo comparada aos altíssimos padrões do anime, Call Me Call Me merece uma posição de destaque. O insert song do episódio 24 dá o tom a uma das cenas de separação mais inesquecíveis da telinha.
A faixa é uma colaboração de Yoko Kanno com Steve Conte, o mesmo cantor que emprestou sua voz a Heaven’s not Enough, de Wolf’s Rain. Para alguns, suas músicas para anime foram o auge da carreira de Conte. Entre esses dois exemplos, não tenho como discordar.
Todos os animes têm trilhas. Muitos animes têm trilhas inesquecíveis. Pouquíssimos animes, contudo, têm músicas de tal forma sensacionais que roubam o lugar do roteiro e narram elas mesmas a história.
Noir é uma joia perdida dos idos de 2000, um conto sombrio e intimista sobre duas assassinas profissionais em uma jornada para conhecer o próprio passado. O anime é levíssimo em termos de diálogos e deixa às suas canções a tarefa de comunicar a tensão das cenas e os sentimentos das personagens.
Com qualquer outro compositor é possível que o resultado fosse um fracasso. Para nossa sorte, Noir caiu nas mãos de Yuki Kajiura, uma das musicistas mais icônicas do mundo do anime. Esqueça Tsubasa, Madoka ou Mai-Hime: é em Noir que a compositora mostra aquilo de que é capaz. Melhor que Canta per Me, apenas Canta per Me… ao vivo.
Como não podia deixar de ser, o melhor sempre fica por conta do Studio Ghibli. Whisper of the Heart é uma animação menor e pouco conhecida da trupe de Miyazaki. Em vez de espíritos das florestas e cidades voadoras, o longa acompanha a relação de uma aspirante a escritora com um aprendiz de luthier (fabricante de violinos).
Em dado momento, as personagens fazem uma palhinha e nos dão sua versão de Country Road, clássico de John Denver. Tudo no clipe é perfeito, do acompanhamento do violino ao momento em que os luthiers se unem à cantoria com uma viola da gamba e um alaúde.
Os puristas devem estar se perguntando por que coloquei o link da versão dublada, e não da original. Geralmente dou prioridade ao áudio japonês, mas nesta canção específica não há comparação. Talvez seja o John Denver, mas a performance da dubladora americana de Shizuku é simplesmente a definitiva.
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