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Angel Beats – finisgeekis https://www.finisgeekis.com O universo geek para além do óbvio Mon, 25 Feb 2019 18:12:49 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.7.11 https://i2.wp.com/www.finisgeekis.com/wp-content/uploads/2019/02/cropped-logo_square.jpg?fit=32%2C32&ssl=1 Angel Beats – finisgeekis https://www.finisgeekis.com 32 32 139639372 O final de ‘Charlotte’, ou quem tem medo de Jun Maeda? https://www.finisgeekis.com/2015/09/28/o-final-de-charlotte-ou-quem-tem-medo-de-jun-maeda/ https://www.finisgeekis.com/2015/09/28/o-final-de-charlotte-ou-quem-tem-medo-de-jun-maeda/#comments Mon, 28 Sep 2015 21:31:33 +0000 http://finisgeekis.com/?p=751 Dependendo da sua opinião sobre o último episódio de Charlotte, o que você deve estar sentindo pode não ser exatamente ‘medo’, mas alegria, raiva, ódio, confusão, deslumbre ou algum sentimento tão indescritível quanto os enredos  do roteirista.

Jun-Maeda

Jun Maeda

Para quem está por fora, cai bem uma introdução. Jun Maeda é um dos grandes talentos do anime contemporâneo. O roteirista, pioneiro de visual novels, é co-fundador do estúdio Key e assinou vários jogos posteriormente adaptados ao anime, como Air, Clannad, Kanon e Little Busters! Mais recentemente, ele tem se dedicado a produções exclusivas para a telinha e adquiriu grande sucesso com os hits Angel Beats! e Charlotte.

Se não fosse o suficiente, ele também é músico e compositor e assinou uma série de canções de anime, tanto para obras suas quanto para outras séries.

Não há dúvida de que Maeda tem um dom para aquilo que faz. A questão está em suas escolhas. Charlotte, seu novo (e superantecipado) projeto, foi concluído recentemente, deixando uma legião de fãs com o queixo caído. A trama é recheada de twists (para alguns, nem sempre bem-vindos) e aterrissou com um episódio final que já começa a causar estardalhaços na internet.

Se Charlotte é a maior obra-prima de todos os tempos ou uma série medíocre e incoerente é um julgamento que deixo a cargo do leitor. De minha parte, tentarei explicar o que acho que aconteceu e o que isso nos diz sobre o mundo do anime.

Se você já viu Charlotte ou não se importa com spoilers, pode seguir lendo abaixo, onde farei um breve recap e comentário da série. Se, por outro lado, você ainda pretende vê-la e não quer se surpreender,  pule para a terceira parte desse texto.

O enigma de Charlotte

À primeira vista, Charlotte parece uma versão leve e bem-humorada de X-Men – ou para ficar no mundo do anime, Darker Than Black.

Tomori e Otosaka, anos depois.

Tomori e Otosaka, anos depois.

Yuu Otosaka, um adolescente comum, certo dia descobre que tem um poder muito curioso: pode controlar a mente de qualquer pessoas, mas apenas por 15 segundos.

Após alguns desencontros, ele descobre que não está sozinho e acaba integrando uma academia para jovens com dons similares – e igualmente específicos. Uma garota que consegue ficar invisível para uma única pessoa por vez. Um médium que precisa estar encharcado para localizar seus alvos. Um rapaz que corre na velocidade do som, mas é incapaz de frear. Com o humor nonsense que viemos a esperar de Maeda, o resultado é uma fábula cômica de super heróis defeituosos passando por sua puberdade – e, é claro, música.

Isso, obviamente, à primeira vista. De uma hora para outra, a série nos chuta no estômago com uma visão de futuro apocalíptico, um viajante no tempo à la Madoka, um complô de terroristas internacionais, mortes trágicas e cenas de tortura. A escola bucólica de Little Busters! dá lugar a uma versão moe de Arma X, e Otosaka e seus amigos lutam para se esconder de cientistas sádicos que querem usá-los como cobaias humanas.

Eventualmente, Otosaka descobre que seu verdadeiro poder consiste em roubar os poderes dos outros, o que o torna o mais versátil e perigoso dos “mutantes.” No último episódio, convencido a acabar com o mal pela raiz, ele assume sua Feiticeira Escarlate interior e decide rodar o mundo roubando os poderes de todos os mutantes e devolvendo-lhes uma vida normal.

no more mutants

Naquele que foi talvez o clímax mais rápido do oeste, nosso protagonista viaja a todos os países do globo, adquire habilidades que comprometem sua sanidade mental, luta contra os impulsos de usar seu poder para conquistar o mundo, completa sua missão, é baleado, deixado para morrer, resgatado e hospitalizado, perde todas as suas memórias, reencontra sua crush do colégio, começa a namorar e vive feliz para sempre. Tudo em 25 minutos.

charlotte ending

Logo de cara, é possível dizer que a visão de Maeda não se adaptou aos 13 episódios que a emissora lhe deu. Sua história poderia (e, muito provavelmente, deveria) ter sido estendida por pelo menos mais uma temporada. Como críticos já notaram, mais coisas acontecem no último episódio do que nos demais 12 combinados.

Todavia, acredito que a raiz da discórdia esteja mais além. Se o trabalho de Maeda às vezes nos parece um enigma, é por que ele mexe com os fundamentos mais essenciais do anime.

nonsense e seus limites

angel-beats-yui-n-hinata-funny

Há duas explicações sobre a sensação estranha que Charlotte nos passa que me parecerem bem convincentes.

A primeira é de Hope Chapman, escrevendo para o Anime News Network. Em sua retrospectiva de Maeda, a colunista notou que o roteirista mostra sua melhor forma com enredos fantásticos, com recurso ao místico e a milagres inexplicados. Criar mundos loucos, que parecem funcionar desafiando qualquer lógica, permitiu a Maeda chegar na fórmula que viria a se tornar sua marca registrada: a mistura de melodrama, humor absurdo, ação e, lógico, muita música.

A questão, para Chapman, é que o roteirista parece estar migrando para histórias mais pés-no-chão. Charlotte estaria na crista da onda, substituindo o misticismo vago de seus trabalhos anteriores por uma trama de conspiração com elementos de ficção científica.

Isso se torna um problema quando as exigências desses outros gêneros não são atendidas. Quando mais um anime se apoiar em explicações “racionais” para as coisas que acontecem nele, mais essas explicações precisarão ser consistentes. Não basta mais apelar à vontade de Deus ou a algum karma universal. Se há uma conspiração terrorista, é preciso que ela tenha uma origem, motivos e modus operandi. Se há efeitos colaterais para poderes super humanos, eles devem ser explicados desde o princípio, não tirados da cartola. Se há uma moral para a história, ela precisa fazer sentido.

Para os críticos de Charlotte, a série pecou nesse quesito. Seus twists, mudanças temáticas e resumos panorâmicos passaram a impressão de um plano inacabado. Em contrapartida, quem relevou a “lore” em favor de seus elementos mais básicos parece ter tido uma impressão muito melhor.

A visão de mundo de Jun Maeda

A segunda explicação vem da obra de Eiji Otsuka, criador de Delivery Service of Corpse e MPD Psycho. Além de mangaká, Otsuka é antropólogo e especialista em cultura otaku e escreveu vários livros sobre o tema.

Em especial, Otsuka dedicou muita tinta para entender o que faz fãs de anime curtirem as histórias que curtem. Para ele, o que está em jogo não é o roteiro, a qualidade dos episódios ou o carisma das personagens. Antes, o X da questão estaria no plano geral, o que ele chamou de “visão de mundo”.

A visão de mundo inclui todos os elementos “de fundo” que acompanham a série: o gênero, a época em que se passa, a idade das personagens, a existência ou não de conflito, o tom mais cômico ou mais sério, etc. O princípio não é novo. Segundo Otsuka, a relação dos otakus com suas séries favoritas não é muito diferente da relação dos espectadores com o Bunraku, o antigo teatro de bonecos japonês.

bunraku

Peças de Bunraku sempre tinham um “mundo” comum que informava à plateia o que esperar. O “mundo” informava desde as decisões sobre o tipo de enredo a coisas específicas, como os nomes e personalidades das personagens. Era o “mundo”, no final das contas, aquilo que atraía as pessoas. Neste contexto, o objetivo de um autor não era criar uma história do zero, mas fazer uma variação original sobre um tema conhecido.

Para Otsuka, com o anime é a mesma coisa. O que nós chamamos de Mahou Shoujo, Slice of Life, Girls with Guns, Harem não são apenas gêneros, mas “visões de mundo” bem estabelecidas. A consequência são elementos comuns, previsíveis, que se repetem em todas as séries: a sequência de transformação das guerreiras mágicas, os diálogos intermináveis entre oponentes em animes de luta, os esforços das colegiais pra chamar a atenção do senpai, etc. Estes não são apenas clichés, mas aquilo que dá identidade a uma produção, e é a partir deles que a maioria dos otakus escolhe quais séries assistir. Não importa quem seja a garota mágica, o importante é que venda um bom “mundo” de Mahou Shoujo. Não importa qual adolescente pilotará o mecha, o crucial é que o “mundo” de mecha seja convincente. Quando esses detalhes somem, o espectador perde o chão.

O que nem sempre é ruim

O que nem sempre é ruim

Em seu amadurecimento como artista, Jun Maeda parece ter chegado a uma “visão” muito própria. Ela inclui o “mundo” do melodrama japonês, no estilo de Ano Hana e Shigatsu Wa Kimi no Uso, o “mundo’ dos animes de bandas, o “mundo” do humor nonsense e, claro, o “mundo” das visual novels, onde sua carreira começou.

Sua ousadia em misturar elementos tão diferentes é o que faz alguns criticarem seus trabalhos como porcarias incoerentes e outros dizerem que amam o que assistem, embora não saibam por quê.

De qualquer maneira, o que mais chama a atenção é que Maeda não abandonou os elementos comuns. Em seus últimos animes, as personagens centrais cumprem as mesmas funções, como se fossem atores distintos interpretando papeis similares. Há a  cantora moe de temperamento açucarado, a cantora badass de voz grossa e jeito rebelde, o escape cômico com músculos bem definidos, o “salvador” que provoca um glitch na profecia, a líder pavio-curto da irmandade de alunos. E por aí vai.

A aparência e a personalidade de Nao Tomori, respectivamente

A aparência e a personalidade de Nao Tomori, respectivamente

Mesmo o enredo parece seguir padrões conhecidos. Muitos reviewers comentarem do “twist Madoka” que Charlotte apronta em dado momento. O que eles ainda não pensaram é que é possível estarmos diante de um “Twist Madoka” em letras maiúsculas, uma convenção que logo se tornará tão comum quanto a morte trágica do mentor, o beijo romântico na ponte e os “acidentes” dos animes ecchi. A variação se tornou um novo tema.

Se isso, por si só, não for prova do dinamismo dessa nova geração de roteiristas, eu não sei o que seria.

]]> https://www.finisgeekis.com/2015/09/28/o-final-de-charlotte-ou-quem-tem-medo-de-jun-maeda/feed/ 3 751 Lágrimas e Mais Lágrimas https://www.finisgeekis.com/2015/04/20/lagrimas-e-mais-lagrimas/ https://www.finisgeekis.com/2015/04/20/lagrimas-e-mais-lagrimas/#comments Mon, 20 Apr 2015 17:58:30 +0000 http://finisgeekis.com/?p=170 Exclamações de “kawaii!!” não são as únicas emoções de que otakus se vangloriam. Para o observador de fora, pode parecer estranho que uma mídia povoada por cabelos coloridos, espadas gigantescas, robôs de combate e acrobacias sobre-humanas possa despertar sentimentos mais profundos. À exceção dos longa metragens autorais, nosso anime televisivo de cada dia nos oferece, na melhor das hipóteses, uma overdose sensorial; na pior, um passatempo enérgico.  Quando até mesmo os animadores mostram desdém pelo seu próprio meio é porque há alguma coisa errada.

Ou, talvez, seja porque estamos olhando para o lugar errado.

É notável, nesse caso, a popularidade do melodrama no anime. Não a tragédia sóbria da dita “alta” cultura, mas – o que é, de certa forma, ainda mais surpreendente – o drama pastelão, de reações exageradas e estereotipadas. A trama que se leva a sério demais, e tão bem cumpre a tarefa que parece se tornar outra coisa (um comercial de si mesma, talvez). Ao lado de artistas marciais, garotas mágicas e namoradas perfeitas, os otakus mostram um ponto fraco para lágrimas fáceis, abundantes e sinceras.

O recente Shigatsu wa Kimi no Uso nos traz a história  de um jovem pianista sujeito à violência doméstica durante a infância e ao trauma de amigos sucumbindo a doenças terminais. Ano Hi Mita Hana no Namae o Bokutachi wa Mada Shiranai, ou Ano Hana, para os entendidos, acompanha um grupo de adolescentes disfuncionais cuja infância foi arruinada pela morte de uma colega. Angel Beats, disfarçado de filho ilegítimo de Haruhi Suzumiya e K-ON, retrata um purgatório para jovens que morreram antes de desfrutarem a vida. Já do futurista A Voice of a Distant Star ao mundano The Garden of Words, Makoto Shinkai contou histórias – para alguns, a mesma história várias vezes – da solidão inescapável do mundo contemporâneo.

shigatsu

Nada disso é novo. O nicho já foi fincado há muitos anos com filmes live-action como Love Letter Crying out Love in the Center of the World – e suas respectivas fontes e adaptações. No anime, o gênero bebe de sucessos como Honey & Clover e as visual novels da Key (Kanon, Air, Clannad). Obras, é claro, que empalidecem em tristeza diante da rainha absoluta do melodrama, a incontáveis vezes adaptada – e sugestivamente intitulada – Um Litro de Lágrimas.

Essas obras são tão universais em sua proposta e tão óbvias na entrega que fica até pedante buscar um padrão. Num juízo um tanto simplista, mas nem por isso falso, parece haver uma demanda japonesa por histórias melosas envolvendo entes queridos, passados saudosos e, por algum motivo, os anos 1980.

Para alguns, isso não é uma coincidência. Há quem veja no melodrama um consolo ao Japão contemporâneo, à sensação de que os melhores dias já se passaram e a vida fica mais e mais difícil. Entre crises econômicas, desilusão com o emprego e angústias para com o futuro, resta o palpite de que o mundo era melhor quando as pessoas não tinham celular e salvavam arquivos em disquete. O passado próximo dos anos 1980 seria aqui o limiar entre os dois estágios, o último momento de calmaria antes das complicações. E da nostalgia pelos anos de ouro passa-se à nostalgia pela juventude, pelos entes amados perdidos e, finalmente, pela nostalgia por si só. Chega-se. enfim, à sensação de vazio espiritual dos filmes de Shinkai, um oco tão profundo que faz mesmo do contato humano um alívio passageiro.

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A explicação é plausível, mas não responde por que essas séries se tornaram tão populares no Ocidente. Nem como a comunidade otaku internacional, do alto de sua juventude, irreverência e descaso com as tradições, veio a vibrar com representações tão cafonas de afeto. Ou há algo mais no melodrama, ou há algo em comum entre os millenials ocidentais e a geração X japonesa. Provavelmente ambos.

O segundo ponto é mais evidente. Por mais que reclamem do conservadorismo das gerações passadas, os jovens ocidentais são incrivelmente aferroados à sua memória. O culto aos anos 1990s como um paraíso terreno da infância e cultura pop é arraigado no coração dos nerds. Games e animes de dez anos atrás ganham o status de clássicos não por serem influentes (ou minimamente decentes), mas por carregarem uma espécie de sabedoria ancestral. É lugar comum rir de velhos que comparam tudo ao “seu tempo”. Quando vemos jovens de 20 anos fazendo o mesmo, é sinal de que é hora de pararmos para refletir.

Tempos atrás, diante da crítica de que o último “jogo” de “arte” do momento não passava de um simulador de caminhada, um comentarista de games chegou a afirmar que só quem viveu os anos 1990 é capaz de entendê-lo. Houve um tempo em que a arte nos trazia experiências novas e nos levava a lugares desconhecidos.  Hoje em dia, “cultura” aparentemente virou privilégio da casta iluminada que jogava Pokémon no gameboy e ouvia Walkman andando nas ruas de San Francisco. Nem todos os países passaram por momentos econômicos parecidos com os do Japão. Para alguns (como o Brasil), a era das vacas gordas só viria vinte anos depois. Mas é óbvio, para a geração do  before it was cool, o apelo do drama nostálgico japonês. Podemos ter chegado a este ponto de lugares distintos, mas falamos a mesma língua.

Aposto que eles entenderiam Gone Home

Há ainda, eu acrescentaria, uma razão menos cínica. A despeito da similaridade com os  “simuladores de caminhada” da indústria de games contemporânea, há nos animes de melodrama pontos de apelo universal. Para além dos finais emotivos e da trilha sonora pesada, eles carregam momentos de sutiliza.

O primeiro dos três curtas de 5 Centimeters per Second é geralmente o mais comentado. De fato, é difícil superar a jornada de um casal de adolescentes ao atravessar o país durante uma nevasca para se encontrarem uma última vez. Mas é o último (e menos badalado) dos curtas que fecha a história com chave de ouro. Os dois jovens, agora crescidos, perderam contato e seguiram com suas vidas. Ao longo de cinco minutos nós os vemos coabitando os mesmos lugares, fazendo compras nas mesmas lojas e atravessando os mesmos cruzamentos. A cidade grande é tão indiferente, e a vida contemporânea tão individualista, que nada disso é suficiente para manter um vínculo. Vivemos na era das conexões, em que esquecer – ou ser esquecido pelo outro – é suficiente para nos distanciarmos para sempre.

ano haha anjouEm Ano Hana, um grupo de jovens tenta reatar as amizades após serem assombrados pelo fantasma de uma amiga morta. Mais interessante que a catarse, no entanto, é observar como cada um deles mudou com a experiência. Uma garota em particular, a eterna nerd do grupo, cresce e se transforma em uma das jovens oferecidas que sempre repudiou. Ela veste uma máscara sedutora sem tirar qualquer prazer do jogo da conquista. Na escola, ganha fama de vadia, e circulam boatos de que faz programa a adultos. Mesmo assim, a atitude é preferível à alternativa: ao se esconder atrás de seu corpo, desvia a atenção dos problemas da mente e da necessidade de superá-los.

Em uma mídia tão preocupada em instigar emoções, é curioso que os momentos menos apaixonados sejam justamente os mais humanos. Por mais pasteurizadas que as séries possam se mostrar, esses pequenos detalhes não são genéricos. Antes, são específicos até demais, e é daí que vem a sua força. Todos temos contradições e somos ainda mais rápidos em apontá-las nos outros. Todos, cada um à sua maneira, tentamos enganar os outros enganando a nós mesmos e apagamos pessoas da vida como se fossem nomes em uma lista de contatos. Nossa geração pode ser cínica e acelerada, mas nem por isso descobriu a pedra filosofal das suas angústias mais básicas. Tolstói certa vez disse que todas as famílias felizes são iguais, mas cada família infeliz é infeliz à sua própria maneira. O mesmo vale, penso eu, para qualquer cenário em que seres humanos cruzem olhares. Enquanto isso for verdade estaremos nos sofás, lenço em mãos e olhos embargados, a torcer pela felicidade de nossos desenhos.

Angel Beats! - ED1.6 - Large 03

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