Warning: Use of undefined constant CONCATENATE_SCRIPTS - assumed 'CONCATENATE_SCRIPTS' (this will throw an Error in a future version of PHP) in /home/finisgeekis/www/wp-config.php on line 98

Warning: Cannot modify header information - headers already sent by (output started at /home/finisgeekis/www/wp-config.php:98) in /home/finisgeekis/www/wp-includes/feed-rss2.php on line 8
Convenções e Cosplay – finisgeekis https://www.finisgeekis.com O universo geek para além do óbvio Thu, 28 Feb 2019 14:46:09 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.7.11 https://i2.wp.com/www.finisgeekis.com/wp-content/uploads/2019/02/cropped-logo_square.jpg?fit=32%2C32&ssl=1 Convenções e Cosplay – finisgeekis https://www.finisgeekis.com 32 32 139639372 “Make Leeds Medieval”: voltando à Idade Média nos confins da Inglaterra https://www.finisgeekis.com/2018/07/16/make-leeds-medieval-voltando-a-idade-media-nos-confins-da-inglaterra/ https://www.finisgeekis.com/2018/07/16/make-leeds-medieval-voltando-a-idade-media-nos-confins-da-inglaterra/#respond Mon, 16 Jul 2018 23:07:51 +0000 http://www.finisgeekis.com/?p=20279 Medievalista” é o nome que damos àqueles entusiastas da Idade Média que fazem de tudo para reviver o período: LARP, feiras de época, banquetes medievais com direito a hidromel.

Também é o nome que damos aos historiadores especializados em Idade Média. Para esses medievalistas, o importante não é reviver o passado, mas desenvolver explicações científicas para o que aconteceu.

Na sua rotina, não há espaço para espadas, armaduras, pourpoints ou hidromel. Eles passam suas vidas lendo fontes, decifrando textos em latim, fazendo projetos de pesquisa e prestando contas à FAPESP.

Como medievalista do segundo grupo, nunca tive problema com os do primeiro (e admito que, na minha distante adolescência, já troquei espadadas em tardes de LARP.) Mesmo assim, não tenho como negar que nossas tribos raramente se misturam.

A não ser, é claro, que você esteja na cidade de Leeds, nos fundilhos de Yorkshire no norte de Inglaterra durante o International Medieval Congress.

O IMC Leeds, como é conhecido, é simplesmente o maior congresso de história medieval do mundo. Só esse ano foram nada menos que 2800 participantes de mais de 60 países.

Justamente por conta de seu tamanho, o congresso tem uma fama meio dúbia no meio acadêmico. Alguns acreditam que ele se esmera mais no espetáculo do que na qualidade da programação. Mesmo assim, o fato é que muito historiadores (como eu) pagam uma visita de quando em quando para mostrar a cara e saber o que está rolando.

É fato, também, que a feira medieval que armam anualmente — chamada de Make Leeds Medieval (“Faça Leeds Medieval”) pode ser só um espetáculo, mas é um espetáculo bem divertido.

Se deixar sua casa parecida com um castelo é uma ideia que te atrai, a feira de artesanato seria um paraíso para você. Make Leeds Medieval contou com todo tipo de bugiganga histórica a venda. Os produtos variavam de réplicas de joias medievais, baseadas em reconstruções arqueológicas, a instrumentos de época.

Porém, se você quiser voltar para casa com um alaúde, é bom economizar uma grana. Um mero ímã de geladeira na feira não saía por menos de £12. Que dirá um instrumento artesanal?

Felizmente, a festa contou com sua própria equipe de músicos, tocando peças típicas para a alegria dos visitantes.

O instrumento do meio lhe pareceu estranho? Ele é um hurdy-gurdy, espécie de sanfona que se toca girando uma manivela. Por incrível que pareça, alguns historiadores acreditam que ele deriva do violino – com que, de fato, carrega várias semelhanças.

Ben Grossmann, tocador de hurdy-gurdy que já gravou com Loreena McKennitt

O hurdy-gurdy foi tocado ao longo de toda a Idade Média e Moderna e já foi representado na obra de vários artistas, como o pintor holandês Hieronymus Bosch. Musicistas contemporâneos, como a cantora canadense Loreena McKennitt, mantém a tradição viva, usando o instrumento em suas composições.

Hurdy-gurdy no quadro “Os Jardins das Delícias Terrenas” de Bosch

Mas nem só de música se faz uma festa. E visitantes com um espírito aventureiro podiam ter seu dia de caçador, posando com uma ave de rapina.

O estande de falcoaria é algo que já tinha vista na minha última visita em 2014 e que me deixou bastante revoltado. Os pássaros pareciam bastante desconfortáveis debaixo do sol a pino, sobretudo as corujas, acostumadas a dormir de dia. Achei uma grande crueldade animal e me recusei a participar.

Pelo visto, eu não fui o único a reclamar. Nessa edição, as aves ganharam uma proteção extra contra o sol, embora pareçam tão tristes e estressadas quanto antes.

Falando em calor, medievalistas brasileiros ficarão surpresos ao saber que não havia hidromel a venda no festival. Isto talvez tenha a ver com uma política da própria universidade, cujo DCE tem um pub nos subsolos servindo bebidas alcoólicas durante todo o dia. Incluindo a Congress Ale, uma cerveja (meio sem sal) em celebração ao congresso.

Sim, você leu isso direito. Uma universidade tem seu próprio pub. Mostre isto ao seu reitor da próxima vez que ele encasquetar com uma cervejada durante uma festa no campus.

Resultado de imagem para old bar university of leeds

The Old Bar, nos subsolos da Universidade de Leeds

Porém, tanto aqui como na Inglaterra, não é para beber e ouvir música que as pessoas vão a feiras medievais. A Idade Média é estereotipada como uma época de violência, e é justamente o combate que atrai multidões.

Em Leeds, o show ficou por conta da Sociedade de Arqueologia do Combate do Royal Armouries, o maior museu de história militar do Reino Unido. Eles não são meros entusiastas (como eu em meus anos de LARP) mas arqueólogos, que também apresentaram um paper no primeiro dia de congresso.

Em meus tempos de moleque, ver uma apresentação como essa ao vivo seria um sonho realizado. De fato, estaria mentindo se dissesse que o espetáculo não me impressionou. Mas confesso que, quanto mais o tempo passa, mais esse tipo de entretenimento me incomoda.

Não falo aqui da atenção desmesurada que pontos relativamente pouco importantes da história militar recebem (saber manejar uma espada, no final das contas, era bem menos importante do que garantir uma rede logística). Ou o estigma de que a Idade Média foi a era da guerra e da fome, como se fossem Carlos Magno e Ricardo Coração de Leão os orquestradores do Holocausto ou Holodomor.

A imagem de “Idade Média” que esses shows promovem, com seus cavaleiros prateados munidos de espadas longas e alabardas, só surgiu na história humana no final do século XV. Para todos os fins, ela diz mais respeito à Renascença e modernidade que aos mil anos de história que sucederam o fim do Império Romano.

Não é um problema exclusivo de reenactors. De obras clássicos como Excalibur a hits recentes como Game of Thrones e The Witcher, a Idade Média “clássica” com que sonhamos parece ser aquela do instante de seu fim. Que até games orgulhosos de sua pesquisa histórica como Kingdom Come: Deliverance escolheram o século XV para situar-se mostra quão arraigado é esse retrato.

Na cultura popular, a Renascença engoliu a Idade Média.

Isso não é uma crítica direta ao festival de Leeds, que procedeu melhor do que muita gente. Em primeiro lugar porque, ao contrário de outros reenactors, eles têm um motivo muito bom para sonhar com o século XV.

Leeds fica em Yorkshire, um dos epicentros da Guerra das Rosas (1455-1487), um dos maiores conflitos da história da Inglaterra. E, em particular, o palco da Batalha de Towton, um dos enfrentamentos mais sangrentos que o país já sofreu.

Batalha de Towton, em representação contemporânea

Em segundo porque o festival deu conta do recado. A feira contou com expositores inusitados, como um revivalista vestido de sogdiano, uma antiga civilização no que é hoje Irã, Uzbequistão e Tajiquistão.

 

E também uma segunda apresentação de combate, lutando com armas e armaduras da época tardo-romana. Nas palavras dos próprios guerreiros, um show para mostrar de onde os cavaleiros do Rei Arthur vieram, e outro para quando eles aposentaram as esporas.

E por falar em Rei Arthur, é evidente que que o personagem mais icônico das fábulas “medievalistas” daria as caras:

Dragões soltando fumaça pelas ventas é o exato tipo de coisa que deixa alguns historiadores de cabelos em pé com o IMC. Mas não dá para negar que eles (e todo o festival) cumpriram um papel.

Quando a apresentação de combate acabou, vi um garotinho de pouco mais de cinco anos correr de encontro a um dos guerreiros. Ele chorou e se esperneou, dizendo que não queria ir embora. Seus pais só o levaram depois de tirar várias fotos com os dois apresentadores.

Sim, não é a coisa mais científica de todos. Mas talvez instigar essa curiosidade  no coração de uma criança já dê conta do recado. São as novas gerações, afinal de contas, que pesquisarão a história do futuro.

]]>
https://www.finisgeekis.com/2018/07/16/make-leeds-medieval-voltando-a-idade-media-nos-confins-da-inglaterra/feed/ 0 20279
O Finisgeekis na BGS: uma espiada no futuro dos games https://www.finisgeekis.com/2017/10/16/o-finisgeekis-na-bgs-uma-espiada-no-futuro-dos-games/ https://www.finisgeekis.com/2017/10/16/o-finisgeekis-na-bgs-uma-espiada-no-futuro-dos-games/#respond Tue, 17 Oct 2017 00:04:24 +0000 http://finisgeekis.com/?p=19273 Esse domingo foi o último dia da Brasil Game Show, o maior evento de games da América Latina.

Como gamer de carteirinha, é uma convenção que sempre quis conhecer. Como cosplayer, é mais uma oportunidade de ouro para vestirmos nossas personas favoritas. Como paulista, não tinha motivos para dizer não. O Expo Center Norte, afinal, é logo ali.

Esse ano, tive a oportunidade de ouro para embarcar de cabeça nessa Meca dos games. Eu e minha colega Juliana Mouro, arqueóloga do ARISE, decidimos ver por nós mesmos como a magia era feita.

eu e ju

Visitar uma convenção nos últimos dias tem seus prós e contras. O salão de evento pode ficar incrivelmente cheio ou absurdamente vazio.

Fomos esmagados por multidões aqui e ali – e mais de uma vez temi que meu sky hook de Bioshock: Infinite fosse destruído por um passante estabanado. Mesmo assim, a BGS felizmente estava mais próxima do segundo caso. O domingo foi um dia tranquilo.

sony e micosoft

A tranquilidade, no entanto, tem seu preço. Alguns dos expositores já tinham se despedido. A maioria dos convidados especiais também, embora tenhamos conseguido topar com Nolan Bushnell, o lendário criador do Atari.

Nada disso é muito sério. A cada convenção de que participo, sou mais e mais convencido de que são os pequenos expositores que fazem o passeio valer a pena.

Conhecer nossos ídolos é legal, mas há algo especial em ver alguém expondo o fruto de seu próprio trabalho, sem as roupagens da hype. É a maneira como muitas das “lendas” de hoje começaram. Ao passear pela BGS, foi fácil entender o porquê.

Ao longo da tarde, tivemos a oportunidade de conhecer algumas das promessas do mercado indie nacional. Algumas, como Rise of the Foederati, são games incrivelmente ambiciosos, que provam que nossa indústria já começa a superar seu bairrismo.

foederati.jpg

O impressionante mapa de Rise of the Foederati

Até que ponto eles conseguirão a atenção que merecem, obviamente, só veremos no futuro. O que me chamou a atenção foi ver como vários dos autores possuem referências muito claras para suas obras. Seus jogos estão de provas: nos monitores, senti estar assistindo a versões alternativas de God of War, Dark Souls, Ori and the Blind Forest, Mass Effect e outros.

Se isso é útil (quando não vital) para chamar a atenção, pode ser também um calcanhar de Aquiles. Se a resultado final não se equiparar ao material de origem, o tiro pode sair pela culatra.

Originalidade é uma solução, mas nem todos parecem estar na mesma página. Se alguns games, como o hypado Distortions, transbordam de novidade, outros parecem menos seguros de onde ir.

Um expositor, por exemplo, me disse que a mitologia nórdica é pouco explorada em jogos. Porém, entre Hellblade: Senua’s Sacrifice, Banner’s Saga e Jotun (para citar só alguns), não parece ser bem o caso.

O mais incrível, de qualquer maneira, foi notar como vários desses jogos eram empreitadas individuais. Não porque seja novidade que, em tempos de Unity, Construct e RPG Maker, qualquer um pode criar seu próprio jogo.

Pode ser coisa minha, mas me parece mágico ouvir autores contando sobre sua visão, suas referências, seu processo de criação. Por exemplo, conversar com Israel Torgano, criador de Memories of Kami, e descobrir que ouvimos as mesmas músicas para trabalhar.

memories of kami.jpg

(By the way, é a trilha de Nier: Automata)

Infelizmente, mesmo o melhor dos eventos tem seus problemas. E não falo da maneira ríspida como a organização resolveu suas diferenças com o Flux Game Studio, que outros portais já comentaram.

Nesse sentido, nossa experiência com as delegações estrangeiras foi o que mais nos deixou a desejar.

A ideia de que o mundo de games está preso ao eixo EUA/Japão já virou um estereótipo. Coréia é uma potência dos e-sports. China possui um mercado doméstico assombroso, e o Leste Europeu mostra que tem outras cartas além de The Witcher.

Eu e a Juliana estávamos ansiosos para conhecer esse mundo. Infelizmente, seus estandes estavam dispersos de maneira pouco intuitiva. A missão chinesa, por exemplo, ficou ao lado da praça de alimentação, num espaço que parecia o restaurante do Kuga em Shokugeki no Souma.

kuga

Para piorar, nem todos os expositores – desses e de outros estandes – pareciam preparados a responder perguntas. Conversar com desenvolvedores é uma experiência de abrir os olhos. Porém, é um balde de água fria encontrar porta-vozes que não só não conhecem os jogos, como sequer fazem parte dos estúdios.

piotr

Eu e a Juliana com Piotr Bajraszewski da 11 Bit Studios

Felizmente, tivemos um encontro que fez todo o resto valer a pena. Pudemos bater um papo com Piotr Bajraszewski da 11 Bit Studios, criadores de nada menos que This War of Mine, um dos mais celebrados games indies para PC.

Piotr nos contou de seu futuro lançamento, Frostpunk, jogo de estratégia que parte de onde o último hit parou. Enquanto que This War of Mine acompanha um grupo de civis tentando sobreviver durante uma guerra, Frostpunk nos coloca nos pés de uma sociedade inteira batalhando a natureza num futuro pós-apocalíptico.

frostpunk.jpg

O game tecnicamente não está pronto, mas eu nunca o adivinharia pela demo que trouxeram à BGS. Frostpunk parece um jogo complexo e visualmente maravilhoso, sem dúvida uma das minhas maiores apostas do ano que vem.

O que dizer de comentários finais? A BGS vive à altura de sua reputação. Vislumbrar o futuro dos games valeu cada segundo do domingo. Espero ansiosamente por 2018 para poder curtir na íntegra o que experimentar. E pela próxima edição, para poder, mais uma vez, mergulhar nesse mundo de fios, LEDs e muita paixão.

]]>
https://www.finisgeekis.com/2017/10/16/o-finisgeekis-na-bgs-uma-espiada-no-futuro-dos-games/feed/ 0 19273
“Cosplay, Steampunk e Medievalismo”: muito além da fantasia https://www.finisgeekis.com/2017/09/25/cosplay-steampunk-e-medievalismo-muito-alem-da-fantasia/ https://www.finisgeekis.com/2017/09/25/cosplay-steampunk-e-medievalismo-muito-alem-da-fantasia/#comments Mon, 25 Sep 2017 22:16:34 +0000 http://finisgeekis.com/?p=18329 Hoje trago a vocês um artigo um pouco diferente.

Apesar de ser cosplayer e medievalista (do tipo que faz pesquisa acadêmica, não batalha campal), não tenho grandes fetiches pela Idade Média (como leitores do blog estão cansados de saber, é o Japão dos anos 1930 que me ocupa esse espaço).

Mesmo assim, é difícil seguir na profissão sem topar com aqueles que vestem (literalmente) o tabardo de outras épocas.

Qual foi minha surpresa, assim, ao descobrir um livro que unia partes tão diferentes da minha vida. Cosplay, Steampunk e Medievalismolançado mês passado, é um livro que responde a todas as suas dúvidas sobre esses hobbies de performance – mesmos as que você não sabia que tinha.

capa cosplay steampunk medievalismo.jpg

O livro é um fruto do MnemonGrupo de Pesquisa em Memória, Comunicação e Consumo, liderado pela professora Mônica Nunes da ESPM.

O assunto está longe de lhes ser estranho. O grupo publicou outro livro especificamente sobre cosplay anos atrás, além de uma produção expressiva em periódicos acadêmicos.

Cada capítulo foi escrito por um autor diferente – que tentei, no melhor da minha habilidade, identificar nos meus comentários. Os papers são independentes e podem ser lidos em qualquer ordem, à conveniência do leitor.

Se você é um cosplayer, steamer ou revivalista e está interessado no livro pelo assunto, esteja avisado. Este é uma obra científica, direcionada a um público acadêmico. Para os não aclimatados no estilo, seus jargões e formalidade podem assustar.

Mesmo assim, a mera quantidade de depoimentos e curiosidades que o estudo traz já o torna uma leitura divertida e edificante.

asylum steampunk.jpg

Asylum Steampunk Festival em Lincoln, onde pesquisadores do Mnemon fizeram trabalho de campo. Fonte

O livro é resultado de um trabalho de campo realizado em convenções de várias partes do Brasil e também na Inglaterra.

Para isto, utilizaram o método conhecido como flânerie. A técnica consiste em “passear” pelas convenções com aparente casualidade, de maneira a extrair testemunhos mais espontâneos dos participantes.

Não é a primeira coisa que nos vem à cabeça quando pensamos em pesquisa acadêmica. Entretanto, ao ler os inúmeros depoimentos compilados no livro, é impossível duvidar de seu mérito.

Cosplay, Steampunk e Medievalismo é uma janela ao coração dos hobbies de performance. Mesmo eu, cosplayer há nove anos e LARPer na adolescência, me flagrei descobrindo um universo novo.

Está certo o ditado: quem só conhece sua aldeia não conhece a sua aldeia.

lançamento geek etc.jpg

Lançamento de Cosplay, Steampunk e Medievalismo na Geek.etc.br

Cosplayers desconfiam de quem os olha “de fora”, e com razão. Como Pri Suicun disse na entrevista que deu a mim, quando cosplayers aparecem na mídia, quase sempre são retratados como doentes mentais.

Não é o caso desse livro. Pelo contrário, seu grande mérito é demonstrar que esses hobbies são expressões de desejos que, de uma forma, ou de outra, ardem em cada um de nós: viver sob princípios, encontrar uma comunidade, construir sua própria história.

Estamos todos confinados a uma época que não escolhemos, presos à certeza de que, um dia, tudo acabará. Diante do fim, procuramos um escape. Alguns, na longevidade de um livro. Outros, na efemeridade de uma foto.

Na vida, e não só no palco, todos nós usamos máscaras.

Steampunk: o futuro que nunca chegou

De um ponto de vista histórico, seus capítulos sobre o steampunk e o revivalismo são os mais interessantes.

O livro não é uma propriamente uma história sobre o retrofuturismo. Mesmo assim, traz um prato cheio para quem sempre quis saber mais sobre chaminés fumacentas e goggles acobreados.

Como Dora Carvalho nos conta, embora a estética se baseie em clássicos como Júlio Verne, H.G. Wells e Mary Shelley, sua origem é muito mais recente. O termo surgiu nos anos 1980, em uma tentativa de transportar o cyberpunk à era do gim e do vapor.

O que se buscou foi justamente o underground, o distópico. Nas palavras de Raul Cândido de Souza, co-fundador do Conselho Steampunk de São Paulo entrevistado no livro, um “vapor marginal.”

Steampunk-costumes.jpg

Cosplay, Steampunk e Medievalismo acompanha o fenômeno não apenas nas convenções, mas também nas subculturas que as cercam.

Assim, Wagner Silva se debruçou sobre o colecionismo na cena Steampunk. Lilia Horta, por sua vez, escreve sobre as referências steampunk e medievalistas nos filmes de Miyazaki.

É uma pena que nenhum dos autores tenho abordado a influência do steampunk na cultura pop japonesa como um todo. Embora, dada a complexidade do assunto, não é possível culpá-los por conta disso.

Steampunk, afinal, tem uma longuíssima tradição nos animes, de clássicos como Nadia  a novidades como Kabaneri Princess Principal.  Isto sem falar nos JRPGs, em que tornou espécie de segunda pele.

midgar FFVII

A cidade de Midgar no game Final Fantasy VII

Para além das influências ocidentais, tenho a impressão que essas obras trazem inquietações bem particulares.  Não exatamente de sua bagagem como país asiático, mas do país que foi na virada do século – e que a bomba atômica condenou ao passado.

Como disse Mahiro Maeda, produtor de Last Exile:

Nós tínhamos essa imagem da Alemanha no início do século XX. Nós pensamos que a Alemanha do entreguerras tinha características muito interessantes. As pessoas pensam em algo sombrio e negativo por causa da ascensão do nazismo. Mas tantas coisas apareceram naquela época, como o crescimento rápido das cidades e riqueza. Tecnologia industrial, química, descobertas científicas (…) Eu acho que tudo o que a Alemanha produziu naquele tempo foi extremo e único.

last exile.jpg

Last Exile

É uma visão que também encontra eco no Japão: um país fechado e agrícola que se converteu, quase da noite para o dia, em uma potência industrial, com direito a luz elétrica, ferrovias e encouraçados.

No país que se tornou o primeiro Estado asiático a derrotar um império Ocidental. E herdar, com igual crueldade, seus ideais colonialistas.

Stonewall-Kotetsu.jpg

Kotetsu, primeiro encouraçado da Marinha Imperial Japonesa. Originalmente batizado de CSS Stonewall, construído na França para a Confederação durante a Guerra Civil Americana. Mais steampunk, impossível.

Trata-se de um dilema que o próprio Miyazaki abordou em outro de seus longas, Vidas ao Vento. E que, como o filme bem lembra, teve consequências funestas.

Medievalismo: entre a justiça e a violência

duché de bicolline.jpg

Batalha campal do Duché de Bicolline

A seção sobre medievalismo é igualmente instigante – embora, talvez por influência dos estudiosos em steampunk, tenha dado uma importância desmedida ao país da rainha Vitória.

Luis Martino diz que “não seria de todo errado registrar a data e o local de nascimento do medievalismo na Inglaterra do século XIX”. Na verdade, ele pode ser encontrado desde muito antes – e em muitos outros lugares.

Ele está presente, por exemplo, no romantismo alemão do século XVIII e na Alemanha unificada de Bismarck, que legou não só a história medieval, mas a própria noção de “história” como a conhecemos.

Ele pode ser visto nas fábulas ossiânicas do escocês James MacPherson, inspiradas no herói medieval Óisín. No hábito dos reis da França de batizarem seus filhos como Louis, em homenagem a Clóvis, primeiro rei cristão da Gália Merovíngia. E no uso da Joyeuse, espada de Carlos Magno, nas suas cerimônias de coroação.

Joyeuse_louvre.JPG

Joyeuse em exibição no Museu do Louvre em Paris. A espada foi reformada várias vezes ao longo dos séculos – o que a torna, também, uma recriação medievalista.

Isto sem contar nos “medievalismos” da própria Idade Média. Por exemplo, na Ordem do Garter, irmandade cavalheiresca fundada em 1348 e inspirada nos cavaleiros do Rei Arthur. Ou nas távolas redondas, “feiras medievais” em que membros da corte se fantasiavam de personagens da lenda arturiana.

O revivalismo existe desde que o passado era “presente”.

round table windsor.jpg

Luis está certo, no entanto, ao lembrar que algo muito importante aconteceu na Inglaterra da rainha Vitória.  Diante de poluição, mudanças econômicas e máquinas que não entendiam, muitos oitocentistas preferiram sonhar com um mundo anterior.

Essa “revolta” teve uma expressão no Pré-rafaelismo, movimento que pregava um retorno à Idade Média – estético, mas também moral. Uma tentativa, como explica Cynthia Luderer, de resgatar algo de espiritual a um mundo cada vez mais desencantado.

lady of shalot.jpg

É um retorno com que sonham também os entrevistados pelo livro. Para eles, as mulheres do passado eram “mais femininas”; os homens, “mais cavalheiros”; a vida, mais “justa”.

Em algum lugar do presente, algo importante escapou pelas frestas. Com tabardos e crinolinas, boffers e xícaras de chá, eles estão dispostos a recuperá-lo.

Como diz um dos “guerreiros” citados no capítulo de Sami Neppo:

“para o grupo o lema: In Gladius Victoria Est significa: lute com honra, seja honesto, acuse os golpes, aceite perder, entenda seu erro, treine bastante e não trapaceie. E é isso que faço para a vida.

Isso não significa que medievalistas desejam voltar literalmente ao passado. O objetivo, no final das contas, é resgatar as coisas “boas” que se perderam – e abandonar as “ruins” que não cabem no presente.

Obviamente, distinguir umas das outras é mais difícil do que parece. Ao longo da história do revivalismo,  coisas ditas “ruins” já incluíram a ciência, as liberdades individuais e a própria ideia de progresso.

hitler medieval

Cartaz nazista retratando Hitler como um cavaleiro

É o ponto em que toca Davi de Sá, ao comentar sobre o papel da violência nas leituras sobre a Idade Média. Quando pensamos em medievalistas, quase sempre falamos de aspirantes a guerreiros que se batem com armas de espuma.

É como se mil anos de história tivessem sido caracterizados por um grande morticínio, à exclusão de todas as coisas. E devêssemos, por algum motivo arcano, ver nisso uma espécie de virtude.

Até que ponto é positivo remediar um passado feito só de guerras, razias e combates? Em especial quando estas lutas serviram a propósitos eticamente questionáveis, como as cruzadas?

Infelizmente, essa visão continua muito comum, a despeito dos esforços de historiadores de acabar com o mito da “Idade das Trevas”. É uma imagem, porém, que diz muito mais respeito à nossa mentalidade que a um passado medieval.

Como defendem alguns autores, a projeção dos males do mundo ao “passado” é uma forma de aliviarmos nossas neuras sobre o presente. É muito mais fácil lidar com erros herdados da Idade Média do que admitir que foi a própria modernidade que criou os seus demônios.

Felizmente, nem tudo está perdido. Embora não seja o foco dos grupos estudados pelo Mnemon (apesar disto aparecer em alguns capítulos), o medievalismo também é forte em grupos dedicados à música, gastronomia e outros aspectos da cultura.

hurdy gurdy.jpeg

Revivalista tocando hurdy gurdy no IMC Leeds, um dos maiores congressos de história medieval do mundo

Conclusão: o que tirar disso tudo?

Existe algo em comum entre cosplayers, steamers e medievalistas? A cada página que lia dos pesquisadores do Mnemon, minhas certezas diminuíam.

Como conciliar escapistas que só querem se divertir de steamers politicamente engajados? Revivalistas que idolatram o passado daqueles que não trocariam o presente por nada? Medievalistas que se chamam de cosplayers daqueles que se prezam como uma tribo a parte?

Como conciliar os desejos e testemunhos, às vezes conflitantes, dos próprios fãs? Como explicar um movimento que pregue o retorno aos “valores do passado”, mas que atribui a esse passado valores contemporâneos, como a “tolerância” e o “respeito às diferenças”?

Como todo grande trabalho científico, Cosplay, Steampunk Medievalismo traz mais perguntas que respostas. E é mérito de seus pesquisadores terem tido a humildade para reconhecê-lo.

Como diz Óscar Ruiz no prefácio à coletânea:

Nessa ocasião foram as dinâmicas cosplay de jovens paulistas que se me apresentaram como um conjunto de máscaras que (eu) deveria decodificar como antropólogo e sobre as quais emitir um juízo a respeito do que de fato significavam. Vã ilusão, a antropológica e a minha, de acreditar que podemos dizer algo sobre “o fundo” das coisas, que corresponde à vida cultural de grupos e de pessoas.

Ilusão porque em primeiro lugar nosso próprio etnocentrismo nos obriga a pensar que as coisas, a cotidianidade cosplay, por exemplo, têm algo mais ou significam algo mais do que a própria encenação de imagens que reelaboram a vida social (das pessoas e das coisas). E ilusão também porque seguimos suspeitando que a identidade é algo que está “no fundo” e, portanto, é tarefa disciplinar visibilizá-la, como se fosse uma operação neutra, e não mediada por saberes, poderes e tecnologias próprias.

Ciências sociais, por lidarem com seres humanos, estão sempre à mercê da imprevisibilidade. E jovens, bem diz uma das autores citadas pelo livro, são difíceis de se etiquetar.

Até que ponto tudo isso converge para um denominador comum? E se não converge, como podemos fazer sentido dessa diferença – se nada mais, para entender para onde estamos indo como sociedade?

São questões que darão pano para manga a futuros trabalhos. E que eu, sem dúvida, terei o maior prazer de acompanhar.

]]>
https://www.finisgeekis.com/2017/09/25/cosplay-steampunk-e-medievalismo-muito-alem-da-fantasia/feed/ 2 18329
Profissionais do Cosplay: Kath Cavalcante https://www.finisgeekis.com/2017/07/02/profissionais-do-cosplay-kath-cavalcante/ https://www.finisgeekis.com/2017/07/02/profissionais-do-cosplay-kath-cavalcante/#comments Sun, 02 Jul 2017 15:15:49 +0000 http://finisgeekis.com/?p=17298 Nessa coluna, eu trago a vocês depoimentos daqueles que, de uma maneira ou de outra, se transformaram em “profissionais” do cosplay. Para alguns, foi uma atividade paralela, uma forma, muitas vezes, de custear os próprios trajes. Para outros, uma segunda vida fazendo aquilo que mais amam. Para outros, ainda, uma profissão à qual se dedicam noite e dia.

Kath Cavalcante é alguém que eu não conhecia de nome, mas com cujo trabalho já havia me deparado diversas vezes. A cosplayer é ninguém menos que a coordenadora do Chest of Wondersmaid café que marca presença em vários eventos – e possui até sua própria convenção.

Kath me contou sobre os bastidores do café, seus outros projetos no mundo cosplay e seus horizontes profissionais.

Confiram a entrevista abaixo:

18119054_1366804916721983_8673611451079946336_n

Qual é a sua idade e há quanto tempo trabalha com cosplay?

Tenho 24 anos, faço cosplay desde os 17 e trabalho com cosplay desde o ano passado. Com o maid café, comecei a trabalhar três anos atrás.

Você é a organizadora do maid café Chest of Wonders. Pode contar um pouco sobre seu trabalho? O que rola nos bastidores de um maid café? Que tipos de atividades vocês já realizaram? Quais ainda pretendem realizar?

Nós somos um grupo que faz uma cafeteria em estilo maid, como no Japão, só que fazemos isso em eventos. Temos nosso próprio evento e também participamos com espaço temático nos outros eventos de anime, cosplay, eventos geeks etc. Nós montamos uma mini cafeteria nos eventos para trazer as atrações dos maids cafés japoneses: um café mais fofinho, com uma comida mais decorada e um atendimento mais atencioso, direcionado ao público desse nicho.

Rola bastante coisa nos bastidores, trabalho duro e cansaço, principalmente. Mas é um trabalho duro que a gente faz para nosso público– os “mestres”, como são chamados os clientes do maid café.

Nós também fazemos um evento só de maid cafés, o Maid Café Day. Alugamos um salão e montamos um mega restaurante de um dia, com atrações no palco, lojinhas na parte de fora, brincadeiras, gincanas, concurso de cosplay e muitas outras coisas. Ele já está na terceira edição e terá muitas outras, se der tudo certo.

Chegar até aqui foi difícil. Tivemos de aprender muito com os erros e tudo mais. Nossa pretensão daqui para a frente é participar de eventos ainda maiores, fazer nosso evento crescer e, futuramente, abrir nosso maid café físico, um espaço que seja como um restaurante normal com essa temática e todas as atrações que cabem dentro dela.


16402624_1282665688469240_6448064911657039107_o.jpg

Quão populares são os maid cafés Brasil afora? Vocês realizam alguma espécie de intercâmbio ou projetos conjuntos?

Eu justamente conheci os maid cafés por causa de um maid café que fazia eventos aqui no Brasil. Eu vi isso na internet, daí fui buscando e conhecendo mais e percebi que vários outros faziam eventos Brasil afora. Esses grupos têm feito um trabalho muito legal, mas também muito diferente do que há no Japão. Acredito que se eu consegui me informar a respeito dos maid cafés a partir de um maid café brasileiro de evento é sinal de que são muito populares.

As pessoas também têm conhecido muito os maid cafés por causa da gente. Eu já fiz até uma pesquisa e muitos responderam que não conheciam os cafés antes e passaram a conhecer a partir das nossa atividades.

Eu já cheguei a conversar com outros maid cafés de outros lugares para trocar experiências. Até tem um grupo no Facebook, o Maid Café Brasil, que reúne vários maid cafés de estados diferentes. Mas o máximo que eu já fiz de projeto conjunto foram trocas de divulgação, parcerias na internet, etc.

Há também uma menina que está com a gente atualmente que faz parte de um maid café de Goiânia. Quer dizer, faz parte remotamente, administrando a lojinha eletrônica e coisa do tipo. Como ela nunca teve a oportunidade de participar dos eventos de lá, ela entrou para o nosso também, já que gostamos muito do trabalho dela.

Mas nós temos vontade de fazer eventos em conjunto. Tanto que a proposta do Maid Café Day era a de ser uma convenção dos maid cafés que existem em São Paulo.


18194214_1374116239324184_4298691993835248799_n

Algumas maids do Chest of Wonders me contaram que já houve uma tentativa de se criar um maid café físico no Brasil, nos moldes do que há no Japão. Você prevê iniciativas desse tipo surgindo no futuro?

Não só prevejo, como eu sou uma dessas iniciativas (risos). Nós temos nosso trabalho nos eventos justamente para criar nosso maid café fixo. Pois não tem como tirarmos nosso dinheiro do nada – e mesmo se tivéssemos, se nós não criássemos antes nosso público, nossa credibilidade, ele poderia até fazer sucesso no começo, mas depois as pessoas iriam largar, e ele iria falir.

Não só esse trabalho que a gente faz é um investimento financeiro, mas um investimento também para criar um público, uma fidelidade, uma confiança no nosso trabalho para que a gente possa ter sucesso em um maid café fixo.

Essa tentativa de criar um maid café físico foi feita por meio do Catarse. Eu até cheguei a conversar bastante com a responsável, e ela ainda está tentando fazer isso funcionar de outra maneira. Eu também acho que haverá outras pessoas que tentarão. Muita gente já me falou que seu sonho era criar um maid café, mas nunca vi gente realmente trabalhando para isso, como nós estamos fazendo. Se alguém de fato conseguir abrir um maid café antes do nosso, espero que essas pessoas façam bem feito para não queimar a imagem dos maid cafés no geral.

Na verdade, já existiu um maid café fixo em Manaus. Foi uma coisa mais clean, mais simples. Não tinha tanto essa coisa kawaii japonesa. Era basicamente uma doceria com maids. Não sei por que não deu certo, mas parecia bem legal. Talvez a região não estivesse acostumada a essas coisas kawaii do Japão.

19145862_1420844324651375_6599592396223313801_n.jpg

Você já foi organizadora da balada Nerd Paradise. O que exatamente é uma balada nerd? Como foi sua experiência no evento?

Uma balada nerd pode ser definida como uma balada que envolva qualquer coisa do meio geek. A Nerd Paradise surgiu com a ideia de ser como um evento de anime só que noturno, onde as pessoas também pudessem dançar, beber, paquerar como em uma balada normal.

A experiência que a gente teve foi muito legal, pois conseguimos criar um espaço que agradou a quem gostava de balada e também quem não gostava. Era um lugar pequeno, mas com várias áreas, incluindo espaços de swordplay, games, concurso de cosplay na parte de fora. Tinha atração para todos os gostos.

Organizar essa balada não foi nada fácil. Eu a organizei com mais três pessoas. É bem difícil ter de lidar não só com as responsabilidades, mas também com as pessoas. Foi também uma coisa que não trouxe um retorno, pois foi a primeira vez, e o público não apareceu em peso para lotar o espaço. Mas, como o pessoal gostou bastante, é provável que em uma próxima edição faça mais sucesso.

O problema é que a gente está muito atarefado e está difícil se organizar para montar uma outra edição. Mas a ideia é que ela ocorra sim.

13221482_1108544609166563_5838865992650077453_n.jpg

Que outros trabalhos você já realizou como cosplayer? O que a levou a fazê-los?

Já trabalhei como figurante cosplayer em um seriado da Fox, em um evento corporativo organizado por uma empresa de computadores, e também já fiz um trabalho para a campanha política de um vereador. Esse último foi bem legal, pois foram vários dias, e conseguiu me salvar muito bem das dívidas ocasionadas pela balada nerd.

O que me motivou a fazê-los foi, primeiramente, a questão financeira. O maid café não dá um lucro para mim – o lucro vai justamente para montar nosso próprio maid café. Além disso, eu vendo lentes para cosplay. Também é outro trabalho relacionado à área. Só que é algo bem incerto, né? Então eu precisei fazer esses trabalhos para ganhar um dinheiro. E também porque é legal trabalhar com algo que você gosta e ter um retorno com algo que você fez com suas próprias mãos. Você criou o seu cosplay e pôde mostrar ele para o público, trabalhando e ganhando dinheiro com aquilo. Isso é muito legal.

13719467_1101068806628930_1133950360845977537_o

Você tem interesse em se engajar em algum tipo de trabalho com cosplay que ainda não fez? Quais são seus horizontes?

Eu tenho muita vontade de trabalhar com festas infantis. Pelo menos para ter a experiência de lidar com as crianças. Como elas já gostam de me ver quando eu estou de maid, ser princesa em algum aniversário deve ser muito legal. É uma coisa com que ainda não tive oportunidade de trabalhar.

Também gostaria de ser contratada por algum estande em um evento importante, como a BGS e a CCXP. Eu acho muito gratificante estar ali representando aquela empresa que você admira, que fez aquele jogo de cujo personagem você fez cosplay.

E você? Trabalha ou trabalhou com cosplay e tem uma história interessante para contar? Entre em contato com a página

]]>
https://www.finisgeekis.com/2017/07/02/profissionais-do-cosplay-kath-cavalcante/feed/ 1 17298
Profissionais do Cosplay: Hannah Éva https://www.finisgeekis.com/2016/09/30/profissionais-do-cosplay-hannah-eva/ https://www.finisgeekis.com/2016/09/30/profissionais-do-cosplay-hannah-eva/#respond Fri, 30 Sep 2016 20:03:54 +0000 http://finisgeekis.com/?p=10999

interview readNessa coluna, eu trago a vocês depoimentos daqueles que, de uma maneira ou de outra, se transformaram em “profissionais” do cosplay. Para alguns, foi uma atividade paralela, uma forma, muitas vezes, de custear os próprios trajes. Para outros, uma segunda vida fazendo aquilo que mais amam. Para outros, ainda, uma profissão à qual se dedicam noite e dia.

Hannah Éva entrou no mundo do cosplay há pouco tempo, mas já produziu trajes simplesmente impressionantes. A cosmaker, que hoje se dedica à confecção em tempo integral, me contou sobre sua rotina, sua experiência como convidada oficial de uma convenção e um pouco sobre a cena do cosplay nos Estados Unidos.

Confiram a entrevista abaixo:

hannah-3

Qual é a sua idade e há quanto tempo trabalha com cosplay?

Tenho 23 anos e faço cosplay há 2.

Como você se tornou uma cosmaker?

Tornar-se uma cosmaker aconteceu meio por acaso. Eu nunca soube o que eu realmente queria fazer quando crescesse. Porém, independente de eu saber ou de querer, eu sabia que acabaria fazendo algo relacionado à arte, já que era a única coisa em que eu era boa.

Nesses últimos anos, mesmo antes de eu saber o que era cosplay, meu sonho era me fantasiar e ser paga para isso. Eu aprendi a costurar quando fui hospitalizada aos 15 anos. É uma coisa que me foi ensinada como uma terapia. Depois disso, no entanto, eu não pensei muito sobre isto até quando comecei a fazer meu primeiro cosplay. Felizmente, eu aprendo rápido, pois evolui de uma noob a alguém que vive de cosmaking em apenas 2 anos.

Em uma entrevista passada, você mencionou que o cosplay se tornou sua vida inteira. Como cosmaker, qual é a sua rotina? Você trabalha em casa ou tem uma oficina? Quanto do seu tempo você investe nisso? Você divide sua paixão com um outro emprego?

Eu fui diagnosticada com um caso bastante extremo de transtorno bipolar. Eu já tive de largar vários empregos por causa disso. Devido à minha doença, cosmaking se tornou minha única profissão. É muito conveniente ser minha própria chefe, pois eu posso planejar minha vida de acordo com o meu transtorno.

Eu trabalho em casa. Eu tenho um cômodo separado para minhas coisas de cosplay, mas elas tendem a se espalhar por toda a casa. Eu fico doente com frequência e preciso cuidar da minha saúde acima de tudo, mas cada dia em que posso trabalhar eu me dedico aos trajes.

Eu não tenho muita vida social, então me tornei uma espécie de workaholic. Eu me sinto um pouco mal pela minha família e amigos, pois não tenho muito do que falar além de cosplay, já que é basicamente a única coisa na minha vida além dos meus animais de estimação.

hannah-6

Na sua página, você menciona que aceita encomendas para fantasias de halloween. Apesar da data ser celebrada ao redor do mundo, eu acreditou que os Estados Unidos são um dos únicos países onde se tornou esse evento superpopular, em que mesmo adultos se fantasiam. Cosplayers americanos costumam fazer trajes “casuais” também? Quão fácil é circular entre o mundo do cosplay e outras variedades de confecção?

Eu brinco todo ano dizendo que estou me fantasiando de pessoa normal no Halloween, já que me fantasio em todos os outros dias do ano. É tipo meu dia de folga.

Porém, essa é só uma tentativa triste de esconder o fato de que faz muitos anos que não comemoro Halloween. Eu adoro o feriado, mas nunca me surgiu nada legal na data, nem fui convidada para nenhum evento ou festa. Por outro lado, para meu negócio como cosmaker é ótimo, pois posso alcançar um público mais amplo.

Eu imagino que Halloween seja mais fácil para cosplayers porque nós não sentimos tanto stress em arranjar um traje de última hora se temos alguma coisa no armário. Eu sei que eu usaria o Halloween para fazer um cosplay mais casual em comparação aos que eu levo para convenções. Eu sinto uma pressão absurda sempre que faço um novo cosplay. Halloween é uma forma de extravasar, já que é mais sobre se divertir do que uma opção de carreira.

Eu acho que migrar do cosplay para outros tipos de fantasia é bem fácil. Geralmente, quando você faz cosplay você é uma personagem específica, mas no Halloween a regra é outra. Para quem não faz design de roupas, eu entendo que pode ser um desafio, pois você não tem um plano certo para seguir. Criar fantasias para festivais diferentes pode ser divertido e desafiador, pois você precisa se ater a um tipo específico de fantasia e não fugir das restrições. Eu amo desafios e design de trajes é minha parte favorita do cosmaking, então sempre me animo para fazer fantasias para todo tipo de evento.

hannah-7

Você já foi chamada a convenções como uma cosplayer convidada. Você pode contar um pouco da sua experiência? O que uma cosplayer convidada geralmente faz? Como as pessoas geralmente são abordadas para se tornarem convidadas? Quem é o responsável pelo contato?

A experiência foi intimidadora. Eu não sabia o que esperar, e me parecia amedrontador. Quando eu cheguei lá, no entanto, encontrei algumas pessoas incríveis. A outra cosplayer convidada, SuperKayce, me orientou muito.

Como cosplayer convidada, eu ficava disponível para fotos, respondia questões e dava dicas de cosplay. Eu também tive a oportunidade de vender meus prints e outros merchans!

Uma das responsabilidades que eu tive foi moderar uma mesa redonda sobre um assunto da minha escolha. Eu escolhi “Introdução ao Cosplay”, já que era um tópico com o qual eu me identificava como uma “cosplayer noob”.

Como eu nunca havia estado em uma mesa redonda antes, a SuperKayce foi comigo e me deu uma grande ajuda. Ela não só me guiou, mas também me ajudou a coordenar a discussão. Foi uma experiência maravilhosa, e eu realmente espero ter uma outra oportunidade parecida.

Para me tornar uma cosplayer convidada, eu entrei em contato com os organizadores. Eu dei a eles minhas informações de cosplay, e eles me ofereceram um lugar na booth de cosplay.

Você já trabalhou com cosplay fora da cena “geek” propriamente dita? (ex: em eventos corporativos, festas infantis, ações de caridade ou de marketing)?

Eu participei de alguns eventos de caridade como cosplayer e ano passado trabalhei como entertainer no Iola Car Show na cidade de Iola, Wisconsin. É bem divertido fazer esses eventos, mas é uma experiência completamente diferente. Em convenções, você está fantasiada em um ambiente em que usar fantasias é a norma. Nesses eventos, todos os olhares estão sobre você, pois você é a única pessoa usando um traje. Eu tenho um talento natural para performance e não fico envergonhada fácil, então para mim é muito divertido. Eu vou atrás de todas as oportunidades que tenho para usar uma fantasia.

hannah-4

Para além da realização pessoal, o que uma cosplayer busca em concursos? (Renda, prestígio, networking?) Você participa de muitos concursos? É possível se profissionalizar no âmbito do cosplay sem participar de concursos?

Concursos trazem um sentimento de orgulho – poder dizer que você é uma cosplayer premiada. Fora isso, cosplayers podem receber prêmios maravilhosos, conhecer novos contatos e ter fotos tiradas. Como muitas pessoas assistem aos concursos, você é reconhecida mais do que seria se alguém simplesmente cruzasse com você na convenção.

É definitivamente possível para uma cosplayer se tornar profissional sem participar de concursos. Elas precisam se esforçar um pouco mais para compensar pelos benefícios que perdem, mas muito do cosplay profissional é networking. Eu sofro muito com isso porque fui uma pessoa introvertida a minha vida toda. Não é fácil para mim decidir o que mostrar. Muitas convenções estão mais interessadas nas sua capacidade para networking do que em quantos concursos você participou.

Como você escolhe os concursos nos quais participa, e como se prepara para eles? Você concebe um cosplay específico para cada evento, ou aproveita para mostrar algum projeto que já tenha em andamento?

Se eu tenho de participar um concurso, começo a preparar um cosplay com meses de antecedência. Eu gosto de pesquisar os concursos antes de decidir concorrer, de forma a saber o que esperar. Eu não participo de concursos sempre que vou a convenções. Eu me dedico tanto aos cosplays que faço para competição que às vezes preciso de uma trégua para curtir a convenção em vez de me estressar com um concurso.

Minha estratégia é ser sempre gentil e descontraída para aliviar o stress enquanto estou esperando para ser julgada. Eu me sinto muito confortável quando entro no palco, é como se o mundo inteiro desaparecesse. Eu geralmente preciso perguntar se alguém me aplaudiu, pois não consigo ouvir. Depois que eu desço do palco eu digo a mim mesma que não vou ganhar de jeito nenhum, assim se eu perder não fico desapontada.

Competir é muito divertido, mas existem pessoas que levam a sério demais. Eu notei que quando você está na convenção todo mundo é gentil e amigável, mas assim que você entra na fila do palco muita gente muda de personalidade. Eu sofri bullying a vida inteira, então para mim é fácil reconhecer quando as pessoas estão julgando as outras. Isto é o que eu menos gosto nos concursos. As pessoas deveriam deixar os juízes julgarem. Não importa quão talentosa você seja; é preciso coragem para subir no palco e ser criticada. Nós estamos todos no mesmo barco, então tenha respeito.

hannah-2

Como, exatamente, funciona o trabalho dos jurados de concursos? Como eles são escolhidos? As diretrizes para avaliação de cosplayers variam de evento para evento, ou existem linhas gerais que são seguidas por todos? Quão formalizadas são as normas de avaliação?

Eu só tive a oportunidade de ser jurada de um concurso de cosplay. Como uma convidada oficial, avaliar os concorrentes foi uma das minhas responsabilidades. Nesse concurso, nós julgamos os competidores baseados em algumas categorias, incluindo presença de palco, originalidade e confecção. Outros concursos pelo país afora têm categorias e sistemas de pontuação diferentes.

Cosplays frequentemente são mencionados em discussões sobre direitos autorais. Em tese, character designs são propriedade de seus respectivos estúdios/editoras, e qualquer lucro sobre eles é vetado a terceiros. Você já teve ou testemunhou algum problema em relação a isso? Você acredita que isso seja um fator limitante para o crescimento da profissão?

Eu gosto de pensar que sempre que crio um novo cosplay estou “desafiando o sistema” de uma certa maneira. Cosplayers são rebeldes totais.

Eu acho sim que isso dificulta para aqueles que querem trabalhar profissionalmente com cosplay. É realmente assustador saber que pode se tornar um problema. Se o negócio de um cosplayer for processado ou fechado eles não terão com o que se sustentar, e isso é apavorante.

Eu não conheço ninguém pessoalmente que tenha tido um problema com isso, mas eu tenho um advogado de copyright com que posso contar caso aconteça comigo. Há coisas que cosplayers e cosmakers estão fazendo para prevenir isso, como divulgar e confeccionar seus trabalhos como inspirações, em vez de réplicas exatas.

Eu pessoalmente morro um pouquinho por dentro sempre que um cliente pede que sua fantasia seja uma cópia exata, mas eu preciso pagar as contas, então eu engulo meu orgulho,. Afinal de contas, eu sou uma designer, não uma copiadora.

Existe alguma atividade relacionada ao cosplay que você quer fazer, mas ainda não fez? Quais são seus horizontes?

Eu não tive oportunidade de ir a muitas convenções. Eu adoraria participar de mais eventos do tipo.

Meu sonho é ir à San Diego Comic Con. A SDCC é a copa do mundo das convenções. Meus objetivos a longo prazo é participar do maior número possível de convenções e viajar ao mundo fazendo cosplay.

hannah-1

A maioria dos cosplayers usa pseudônimos. Você pode me falar um pouco sobre este hábito? Você sabe qual é a origem da prática?

Ser uma cosplayer permite a uma pessoa ser uma pessoa diferente por um dia. Criar um pseudônimo é apropriadíssimo. Ele também permite à cosplayer separar sua vida normal do dia-a-dia de sua “vida do cosplay”, tal como escritores, atores e outros artistas fazem.

Ter um pseudônimo é muito comum no mundo das artes. Por exemplo, a atriz nascida como Norma Jeane Mortenson usou o pseudônimo de Marilyn Monroe. Um escritor chamado Samuel Clemens adotou o nome de Mark Twain. Eu não sei como isto começou, mas é uma prática comum há muito tempo.

Hannah Éva é seu nome ou seu pseudônimo?

Hannah Éva é meu nome de verdade. Meu nome completo é Hannah Éva Hofmann, mas eu queria encurtá-lo para que fosse mais fácil se referir a mim. Hofmann por algum motivo é incrivelmente difícil para as pessoas soletrarem e Éva é difícil para as pessoas pronunciarem corretamente. Então, tive de escolher qual nome me incomodaria menos quando eu precisasse corrigir alguém. (É tudo brincadeira, claro).

Eu tenho me apresentado como Hannah Éva desde o colégio e tenho muitos prêmios associados ao nome, então achei que não seria bom mudar quando comecei a fazer cosplay. Outro motivo é que eu achei que escolher outro pseudônimo não honraria minha ascendência húngara, da qual tenho muito orgulho.

E você? Trabalha ou trabalhou com cosplay e tem uma história interessante para contar? Entre em contato com a página

Hannah Éva has been cosplaying for a short while, but has crafted some truly astounding costumes so far. A full-time costume designer, Hannah told me about her routine, her experience as a cosplay guest at a convention and her life as a cosplayer in America.

You can read the interview below:

hannah-3

How old are you and how long have you been working with cosplay?

I am 23 years old and I have been cosplaying for about 2 years.

How did you become a costume maker? Was it something you always wanted to do, or did you get involved with it by chance?

Becoming a costume maker was definitely more by chance. I never really knew what I realistically wanted to be when I grew up but whether I liked it or not I knew it would end up having something to do with art since I felt that was my only skill.

These past few years, even before I knew what cosplaying was, my dream was to be in costume and get paid for it. I learned how to sew while I was in the hospital when I was 15. It was taught to me to be a kind of therapy. After that, though, I didn’t think much of it until I was starting to make my first ever costume.

Thankfully I’m a fast learner because I went from newbie to making a living out of creating costumes in just 2 years.

In a previous interview you mentioned that cosplay became your whole life. As a costume maker, what is your routine? Do you work at home or do you have a workshop? How much of your time do you put into it? Do you reconcile your passion with a day-job?

I am diagnosed with a pretty extreme case of bipolar disorder. I’ve lost jobs because of it before and I ended up having to quit my last job because of it. Because of that, costume design is my only job.

It is very helpful to be my own boss because I have to plan my life around my disorder. I work from home. I do have a separate room for all of my costuming but it tends to spread throughout the house. I do get sick a lot and I have to take care of my health first but every single day that I am able to function I work on costumes.

I don’t have much of a social life so I’ve become a bit of a workaholic. I do feel a little bad for my family and friends because I don’t have much else to talk about other than my costumes because it’s basically the only thing in my life other than my pets.

hannah-6

In your page, you brought up that you also accept commissions for Halloween costumes. While the date is celebrated around the world, I believe America is one of the few places where it became this massive, highly popular event in which even adults play dress-up. Do many American cosplayers make “casual” costumes as well? How easy it is to circle between the world of cosplay and other varieties of costume making?

I make the joke every year saying that I am dressing up as a normal person for Halloween since I’m in costume just about every other day of the year, kind of like this is my one day off.

However this is just a sad attempt to cover up the fact that I honestly haven’t celebrated Halloween in many years. I absolutely love the holiday but I just never have anything going on or get invited to any events or parties.

Until then, though, it is wonderful for my business as a costume designer because I get to branch out to a wider audience. I can imagine Halloween would be easier for cosplayers because we don’t have to stress so much about getting a costume last minute if we already have some in storage. I know I would use Halloween to have a more casual costume compared to the ones I take to conventions.

I feel an extreme amount of pressure each time I make a new costume. I could use Halloween as a way to keep me grounded since it’s more about having fun than a career choice. I think going from the world of cosplay to other varieties of costume making is fairly easy. Generally when you cosplay you are a specific character, but for Halloween you can be anything. It doesn’t have to be specific. Although for someone who isn’t much of a designer I can see that being a challenge because you aren’t following a plan for the costume.

Creating costumes for different festivals can be fun and challenging because you would follow a specific type of costume and sometimes must stay within those restrictions. Although I love a challenge and designing is my favorite part of creating costumes so I look forward to creating any type for any event.

hannah-7

You’ve been invited to conventions as a guest cosplayer. Could you tell me a little bit about the experience? What does a guest cosplayer normally do? How does one normally get approached to become a guest? Who does the approaching?

The experience was daunting. I didn’t know what to expect, and it was overwhelming. Once I got there, however, I met some pretty amazing people. My fellow cosplay guest, SuperKayce, really helped guide me.

As a guest, I was available for photo opportunities, answering questions, and giving cosplay advice. I was also able to sell my prints and other merchandise! One of the responsibilities I had was to host a panel discussion on a topic of my choice. I chose “Intro to Cosplay”, since it was fairly easy for me to relate to with my “newbie” cosplayer status.

Since I had never been to a panel before, SuperKayce joined me and was a big help. She not only guided me, but also helped guide the discussion. It was a really amazing experience, and I’m really looking forward to my next guesting opportunity.

My experience becoming a guest at a convention involved me contacting the convention organizers. I gave them my cosplay information, and they offered me a spot at their cosplay booth.

Have you ever worked with cosplay outside the “geek scene” properly speaking (eg.: in corporate events, children’s parties, charity events, marketing stunts)?

I have done some charity events in cosplay and this past year I worked as an entertainer for the Iola Car Show, in Iola, Wisconsin, USA. It is a lot of fun to do these events but it’s a completely different experience. I mean you go from being in costume as the norm to suddenly having all eyes on you because you stand out as the only person in costume. I’m a natural performer who doesn’t get embarrassed easily so I really enjoy it and I cherish every opportunity that I get to be in costume.

hannah-4

Beyond the personal fulfillment, what does a cosplayer look for in contests (eg.: prizes, prestige, networking)? Is it possible to become a professional cosplayer without participating in contests?

It adds a sense of pride – getting to say you are an award winning cosplayer.

Other than that, cosplayers can get some wonderful prizes, create new contacts, and get their picture taken. Since a lot of people watch the contest you get recognized more than you would if someone happened to pass you by on the convention floor.

It is definitely possible for a cosplayer to be professional without participating in contests. They do have to work a bit harder just to make up for the benefits they miss, but a lot of professional cosplaying is social networking. I definitely struggle with this because I’ve been a very private person my entire life so I struggle trying to come up with material to display. A lot of conventions are interested more in your social networking skills rather than how many contests you’ve won.

How do you choose the contests in which you participate, and how do you prepare yourself for them? Do you conceive a specific cosplay for each event, or do you seize the opportunity to show off ongoing projects?

If I’m going to enter a contest I will have planned a new costume to make months in advance. I like to research the contests before committing to entering so I know what to expect.

I don’t enter the contests every time I go to conventions. I put so much work into the costumes that I compete with and sometimes I just need a break and want to enjoy the convention rather than stress about a contest.

My strategy is to always be kind and joke around to ease the stress while waiting in line to be judged. I feel very comfortable when I get on stage and it’s like the entire world disappears. I usually have to ask if anyone even clapped for me afterward because I can’t hear it. After I get off stage I tell myself that I’m not going to win over and over, that way if I don’t win I’m not as disappointed and if I do win it means so much more.

Competing is a lot of fun but there are so many people that take it so seriously. I’ve noticed that while you’re on the convention floor everyone is so kind and supportive but as soon as you line up to compete a lot of people get so tense. I was bullied all my life so it’s easier for me to recognize when people are being judgmental.

That is my absolute least favorite thing about any contest. People should let the judges do the judging. No matter your skill level it takes guts to walk on stage and be critiqued. We are all on the same boat so be respectful.

hannah-2

How does the job of a cosplay contest judge work? How are judges chosen? Are the rules for judging cosplays and performances the same throughout the country, or does each convention have its own standards?

I’ve only had the opportunity to judge one cosplay contest. As an official cosplay guest, judging the contest was one of my responsibilities. At this contest, we judged the entries based on a number of categories, including: stage presence, originality, and craftsmanship. Other contests throughout the country have different judging categories and scoring methods.

Cosplay is often mentioned in discussions about copyright law. In principle, character and costume designs belong to their respective IP holders, and any sort of for-profit activity involving them is forbidden. Have you ever had or have you ever witnessed any issues concerning copyright? Do you believe this is a hindrance to those wishing to work professionally with cosplay?

I like to think that every time I create a new costume I’m “sticking it to the man” in a way. Cosplayers are total rebels.

I do believe it makes it difficult for those wishing to work professionally with cosplay. It is definitely frightening to know that it could become an issue. If a cosplayer’s business gets sued or shut down they won’t have much left and that’s a scary feeling. I have yet to know anyone personally that has had an issue with this but I already have a copyright lawyer on my side if it were to ever happen to me.

There are things that cosplayers and costume makers are doing to help prevent this such as marketing or creating their work as inspired creations rather than making the exact costume. I personally die a little inside whenever a client wants their costume to look like the exact copy but I need to pay the bills so I will swallow my pride. After all I’m a designer not a replicator.

Is there any cosplay-related activity you want to do, but haven’t done yet? What are your long-term goals?

I haven’t had an opportunity to go to many conventions, so I would like to attend more of them. My dream would be to attend Comic Con International in San Diego. The SDCC is the World Cup of conventions. My main long-term goals are to attend as many conventions as possible, and travel the world cosplaying.

hannah-1

Most cosplayers use aliases. Could you talk a little bit about this practice? Do you know where it came from?

Being a cosplayer allows a person to be someone different for a day. Creating an alias is only fitting. It also can allow the cosplayer to separate their normal, everyday lives from their cosplay lives, similar to writers, actors, and other artists of all sorts. Having a pen name, or alias, is very common in the arts. For example, an actress born Norma Jeane Mortenson used the alias Marilyn Monroe. A writer named Samuel Clemens used the pen name Mark Twain. I don’t know where it came from, but has been a common practice in the arts for quite a while.

Is Hannah Éva an alias or your real name?

Hannah Éva is my real name. My full name is Hannah Éva Hofmann but I wanted a way to shorten it so it would be easier to refer to me. Hofmann for some reason is incredibly difficult for people to spell and Éva is difficult for people to pronounce correctly, so when I was choosing how to shorten my name, I had to choose which name would bother me the least whenever I was correcting someone (I say that in the most light-hearted way possible).

I’ve been going by Hannah Éva since I was in high school and I have multiple art awards under that name so I didn’t think it would be best to choose a new alias when I decided to start cosplaying. Another reason is that I feel choosing a new name wouldn’t honor my Hungarian heritage that I am very proud of. I’ve gotten so used to introducing myself as Hannah Éva rather than just Hannah.

 

 

 

 

 

 

]]>
https://www.finisgeekis.com/2016/09/30/profissionais-do-cosplay-hannah-eva/feed/ 0 10999
Profissionais do Cosplay: Victoria Avalor https://www.finisgeekis.com/2016/09/23/profissionais-do-cosplay-victoria-avalor/ https://www.finisgeekis.com/2016/09/23/profissionais-do-cosplay-victoria-avalor/#respond Fri, 23 Sep 2016 20:18:05 +0000 http://finisgeekis.com/?p=10431 interview readNessa coluna, eu trago a vocês depoimentos daqueles que, de uma maneira ou de outra, se transformaram em “profissionais” do cosplay. Para alguns, foi uma atividade paralela, uma forma, muitas vezes, de custear os próprios trajes. Para outros, uma segunda vida fazendo aquilo que mais amam. Para outros, ainda, uma profissão à qual se dedicam noite e dia.

Victoria Avalor é uma modelo americana e cosplayer experiente, há dez anos no hobby. Ela já realizou incontáveis ensaios, jobs em convenções e ações de caridade envolvendo super heróis. Ela também abriu seu próprio negócio interpretando princesas em festas de aniversário.

Victoria também é blogueira e escreveu bastante sobre vários dos mitos que circundam o cosplay “profissional”. Na nossa conversa, ela me contou sobre suas muitas atividades, o tratamento de cosplayers nas convenções americanas e a dificuldade de se ganhar dinheiro com cosplay.

Confiram a entrevista abaixo:

Qual é a sua idade e há quanto tempo está envolvida com cosplay?

Estou na faixa dos 30 anos. Entrei no hobby em 2006.

Que tipos de trabalhos relacionados ao cosplay você já fez ao longo dos anos? Como que as oportunidades surgiram? Você buscou ativamente seus clientes ou foi abordada por eles?

Meu primeiro trabalho pago envolvendo cosplay aconteceu por acidente. Eu estava em uma feira medieval a caráter. Vários fotógrafos pediram para tirar minha foto. Um deles ofereceu me pagar se eu fosse ao seu estúdio para que ele me fotografasse. A partir daí, eu comecei a receber vários tipos de ofertas. Não era algo que eu havia planejado fazer. Aconteceu por acaso.

Desde então, eu me coloquei à disposição, dizendo que estava aberta para projetos. No entanto, não é algo que eu faço regular ou ativamente.

Eu fui uma booth babe oficial da Escrava Leia para a Gentle Giant Studios. Fui contratada para ser a Mulher Maravilha em uma convenção para professores. Já trabalhei como booth babe para vários outros expositores em convenções ao longo dos anos. Já fui paga para posar para artistas e para fotógrafos que queriam me fotografar a caráter. A lista continua.

Você já escreveu bastante sobre a realidade de fazer cosplay por dinheiro. Em particular, você enfatizou que cosplay raramente é um trabalho em tempo integral e que as despesas da confecção podem facilmente superar os ganhos potenciais. É possível viver de cosplay? Qual é o melhor cenário que uma cosplayer pode esperar transformando seu hobby em um emprego?

Não sou a pessoa certa para perguntar sobre transformar esse hobby em um emprego, pois esse nunca foi meu objetivo. Cosplay, para mim, é um hobby. Eu tive sorte por receber oportunidades de trabalho pago, o que sempre foi inesperado. Baseado em minhas observações, posso dizer que se você quer transformar isso em uma profissão, você precisa se transformar em uma marca e se promover de acordo. Mais ainda, você precisa se tornar uma cosmaker. No entanto, eu acho que é bem realista dizer que você não vai conseguir um seguro de saúde ou um plano de aposentadoria fazendo cosplay em “período integral”. E criar e confeccionar ainda custa dinheiro, o que é, eu imagino, a razão pela qual muitos cosplayers começaram a usar financiamento online.

10380500_10205236044639521_1203362387225598288_o.jpg

Quão prevalente é a prática de se contratar cosplayers em convenções americanas? Que tipo de trabalhos eles geralmente fazem? Isto sempre foi assim, ou é um fenômeno relativamente recente?

As Comic Cons nos Estados Unidos não costumavam contratar cosplayers ou convidá-los como atrações. Anos atrás havia uma lista bem pequena de cosplayers que eram incluídos como convidados de convenções. Nos últimos anos, no entanto, isto mudou. Hoje, toda convenção de quadrinhos contrata vários cosplayers. Alguns são pagos para estar lá, outros têm suas despesas cobertas. Alguns simplesmente custeiam do seu próprio bolso. Nem todo cosplayer convidado recebe a mesma oferta.

Num editorial recente, a Hayley Williams do Kotaku disse que trabalhos remunerados de cosplay em convenções são minados por cosplayers dispostos a trabalhar de graça, assim como pela mentalidade de que cosplay deve ser feito por amor, não por dinheiro. Você concorda com esse diagnóstico? Se sim, você vê alguma solução?

Eu acho que o artigo dela é incrível e muito honesto. Eu concordo com todos os pontos. Muitos poucos cosplayers recebem uma viagem com tudo pago para uma convenção em adição ao seu pagamento para estar lá. Eles predam em cima dos cosplayers. Eles fingem que estão te oferecendo uma ótima oportunidade, mas não mencionam que não vão te pagar pelo número de horas que você trabalhará.

Aconteceu recentemente comigo. Eu perdi as contas de quantas ofertas de araque recebi ao longo dos anos. O problema é que eles tentam seduzi-la com promessas de atenção. Isto não funciona comigo e não significa nada. Se você quer que eu trabalhe, você precisa me pagar. Fim da história.

A realidade é que eles estão atrás de voluntários, mas não querem dizer isso porque quebra a ilusão dessa oferta glamurosa que eles tentam te vender. Pessoalmente, eu faço cosplay porque amo. Eu estou me expressando e expressando minha fandom. É isso. Eu não tenho motivo ulterior. Se você recebe ofertas de trabalho pago, vá fundo. Agarre o que for melhor para você. Voluntariar em um evento por algumas horas de graça também não é tão ruim. Só tenha certeza de que não estejam tirando vantagem de você.

13679981_1194412927287280_166754001288506619_o.jpg

Além do cosplay, você é dona de uma empresa de princesas para festa. Você pode me contar um pouco sobre ela? Como começou? Que tipos de serviços você oferece? Quão diferente é interpretar uma princesa em uma festa de aniversário de fazer roleplay como cosplayer?

Eu a inaugurei três anos atrás a partir da sugestão de uma amiga que tocava com sucesso uma empresa similar. Ela me incentivou a começar meu próprio negócio, já que eu tinha vários trajes de princesas e estava envolvida em educação infantil. Ela me ajudou a começar, fazer o marketing e muitas outras coisas.

Eu ofereço aos meus clientes uma performance e várias atividades divertidas para todas as crianças. Interpretar profissionalmente uma princesa é bem diferente de fazer roleplay com uma personagem. Para festas de aniversário, você precisa se sentir confortável e disposta a entrar na casa de um cliente (que é, basicamente, um estranho).

Você precisa ser boa com crianças e saber manter sua atenção durante todo o contrato (geralmente, entre 1h e 2h). Ter sido professora de pré-escola me ajuda muito nesses quesitos. Você precisa ser pontual e professoral em todos os momentos. Você precisa investir em marketing e materal de festa como jogos, música etc. Você precisa investir dinheiro em fantasias de qualidade, perucas, maquiagem e lentes de contato.

Acima de tudo, você precisa ser honesta com você mesma. Ser uma intérprete profissional de princesa não é cosplay. Você precisa ser realista ao selecionar quais personagens você oferecerá aos seus clientes. Isto significa que você precisa ser bem parecida com elas. Ninguém vai pagá-la para interpretar uma princesa se, psicologicamente, você for o exato oposto daquela personagem. A criança não vai acreditar se você não se assemelhar.

12357203_10208532694173699_174921433967026947_o.jpg

Você já se envolveu com várias iniciativas de caridade, notavelmente como coordenadora da Heroes Alliance. Você pode me contar um pouco sobre ela? O que é esta organização e que tipos de atividades vocês fazem?

A Heroes Alliance é um grupo voluntário sem fins lucrativos que existe há 11 anos, com membros em todos os Estados Unidos. Eu fundei a unidade de Eastern Pennsylvania 3 anos atrás. Eu sou a coordenadora, o que significa que é meu trabalho abordar as caridades e hospitais infantis locais e marcar uma visita de super heróis. Eu também gerencio minha equipe de voluntários. Nós oferecemos uma experiência de super herói “na vida real”, basicamente um meet and greet. Se há alguma atividade acontecendo no evento, nós nos envolvemos também. É muito recompensador dedicar uma parte do seu tempo para ser voluntária e trazer alegria a crianças de realmente precisam disso. Nós passamos muito tempo com muitas crianças, incluindo algumas que estão em estado terminal.

11258802_10209641662777221_7893966218120972036_o.jpg

Cosplays frequentemente são mencionados em discussões sobre direitos autorais. Em tese, character designs são propriedade de seus respectivos estúdios/editoras, e qualquer lucro sobre eles é vetado a terceiros. Você já teve ou testemunhou algum problema em relação a isso? Você acredita que isso seja um fator limitante para o crescimento da profissão?

Eu testemunhei pouquíssimos casos de problemas com direitos autorais. Só consigo lembrar de dois. O primeiro foi uma cosmaker que recebeu uma ordem judicial de um estúdio de Hollywood. O segundo foi o de uma cosplayer popular, que foi informada que o criador da personagem que ela interpretava estaria na mesma convenção como convidado. O autor da HQ pediu que ela não fizesse cosplay nem vendesse fotos dela vestida como sua personagem.

E quanto a obras de caridade e festas de aniversário envolvendo super heróis? Você já teve algum problema com donos de direitos autorais a respeito do uso de personagens ou marcas? Os donos de IP (propriedades intelectuais) são mais lenientes em relação a algumas atividades em comparação com outras?

A Heroes Alliance é uma entidade sem fins lucrativos, então não tem problema. Nós não pedimos nem aceitamos dinheiro pelas nossas visitas. É um grupo estritamente voluntário. A Marvel e a DC conhecem o que a gente faz. Nós não somos afiliados a eles e eles entendem isto. Desde que não haja dinheiro envolvido, não há problema em relação ao que fazemos para a comunidade.

Quanto à minha empresa de festas de aniversário, as pessoas não entendem que a maioria dos contos de fada são domínio público. A Disney não escreveu estas histórias. Elas foram escritas centenas de anos atrás pelos Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen e muitos outros autores. A Disney faz releituras destes contos clássicos. Eu não uso o nome nem qualquer arte da Disney no meu negócio. Eu sou uma princesa de contos de fada, e princesas de contos de fada são domínio público.

Como você vê o futuro profissional do cosplay? O que você acha serão os maiores problemas e oportunidades que afetaram o meio nos próximos anos?

Eu peço desculpas se essa resposta parecer grossa, mas eu não me importo com o futuro do cosplay “profissional”. Eu não acho que seja uma profissão. Eu acho que é uma coisa que as pessoas podem fazer no seu tempo livre ou em meio período. As pessoas podem começar seus próprios negócios confeccionando cosplays e props em período integral. Esta é uma profissão, 100%. Porém, cosplay significa vestir-se como uma personagem, e eu não acho que ninguém se veste como uma personagem por 40h semanais e é pago para isso a não ser que você seja um ator ou artista de performance. Isto não é cosplay.

Você mencionou que se tornou uma modelo por meio do cosplay. Quão parecidos são os trabalhos de modelo em relação aos trabalhos pagos como cosplayer? O universo da moda é um caminho viável de carreira para cosplayers que querem diversificar suas atividades?

Trabalhos de modelo e de cosplay não são parecidos, são extremamente diferentes. Se você é contratada como cosplayer, você é geralmente responsável pelo seu traje, peruca, etc. Às vezes você pode ser ressarcida por fazer um cosplay, o que é ótimo. Durante photo shoots, é normalmente só você e seu fotógrafo. Você traz a personagem para a vida, e ela se torna seu guia para como posar e agir. Quando você é paga como modelo, você pode estar no set com dúzias de pessoas ao mesmo tempo. Figurino, cabelo e maquiagem são providenciados. Você precisa vender o que quer que você esteja ali para vender. Pode ser costura, um produto ou mesmo um tema específico.

1496891_10203078835790648_691014139_n

No final de 2014, o quadrinista Pat Broderick fez comentários polêmicos sobre o cosplay. Ele disse que os cosplayers “não trazem nada de valioso” para as convenções e que estão prejudicando a indústria ao roubar atenção dos criadores. Você mesma chegou a expressar seus pensamentos sobre o episódio. Eu acho que falo por todos os brasileiros quando digo que fiquei chocado ao saber do depoimento de Broderick, sobretudo porque figurões da indústria não nos visitam com tanta frequência e, quando vêm, são sempre tratados como celebridades. Este tipo de atrito entre criadores e cosplayers é comum nos Estados Unidos? Outras formas de “trabalho de fã” (fanart, fanzines, webseries etc) são atacadas pelo mesmo motivo?

Não posso falar por todos os criadores, cada um tem sua opinião. Alguns adora cosplayers, outros não. Eu simpatizo com o Pat Broderick porque eu notei que as convenções americanas pararam de dar foco aos próprios quadrinistas. Elas não os chamam como convidados nem lhes dão o respeito que merecem. Eles construíram essa indústria e estão sendo deixados de lado em favor dos cosplayers. Isto não é correto.

Eu estou grata pelas convenções terem abraçado o cosplay, mas ele não pode ser o foco número 1.Se você está na Comic Con, então você precisa se focar em quadrinhos. Eu acho que o Pat Broderick está frustrado, e eu não o culpo. Este é o seu trabalho em período integral. É a sua profissão. Quando as convenções param de chamá-lo como convidado, ele para de ganhar dinheiro para sustentar sua família. Eu não acho que a culpa é dos cosplayers. Este é um problema com os organizadores de convenções. Eles precisam redirecionar seu foco aos homens e mulheres que construíram e criaram a indústria de quadrinhos.

A maioria dos cosplayers usa pseudônimos. Você pode me falar um pouco sobre este hábito? Você sabe qual é a origem da prática?

Eu acho que muitas pessoas, incluindo eu, querem proteger sua identidade e seu nome jurídico. Há muita gente louca no mundo e nós precisamos ter cuidado. Eu conheço uma mulher que estava sendo stalkeada e precisou tomar providências legais. Eu já fui stalkeada e precisei apelar às autoridades. Usar um pseudônimo também ajuda a separar sua vida pessoal do seu hobby. Nem todos os chefes ficariam felizes se vissem fotos de seus funcionários em fantasias.

E você? Trabalha ou trabalhou com cosplay e tem uma história interessante para contar? Entre em contato com a página

Victoria Avalor is an American model and and experienced cosplayer who has been in the hobby for over a decade. She has done countless photo shoots, landed jobs at conventions and participated in charity work involving super heroes. She also owns a princess party business, interpreting fairy tale characters to children.

Victoria also blogs, and has written about many of the myths that surround “professional” cosplay. In our talk, she told me about her many endeavors, the treatment of cosplays at American conventions and the problems in making money with cosplay.

You can read the full interview below:

How old are you and how long have you been working with cosplay?

I am in my 30s. I got into the hobby of cosplay in 2006.

What sort of cosplay-related jobs have you done throughout the years? How did the opportunities arise? Did you actively search for your clients, or were you approached by them?

My first paid cosplay related job happened by accident. I was at the Ren Faire dressed up. Many photographers asked to take my photo. One offered to pay me to come to his studio so he can photograph me. From there, I kept getting different types of offers. It wasn’t something that I set out to do. It happened by chance. Since then I have put myself out there, stating I was available for bookings however it’s not something I regularly and actively seek. I was an official Slave Leia booth babe for Gentle Giant Studios. I was hired to be Wonder Woman at a convention for Teachers. I have worked with many other vendors as a booth babe at conventions through out the years. I’ve been paid to pose for artists at Sketch events. I’ve been paid by photographers who want to photograph me in costume. The list goes on.

You have written extensively about the realities of cosplaying for money. In particular, you have stressed that cosplay is hardly ever a full-time job, and that the expenses of costume making can easily soar above its potential gains. It is possible to live off cosplay? What is the best possible scenario a cosplayer can expect by making a job of her hobby?

I am not the right person to ask about turning this hobby into a job because that has never been my goal. Cosplay to me, is a hobby. I have been fortunate enough to be offered paid work, which was always unexpected. Based on observation I can say that if you want to turn this into a job, you have to turn yourself into a brand and market yourself. You more so have to become a costume maker or prop maker for hire. However I think it’s realistic to say that you don’t get health insurance or a retirement plan by cosplaying “full time”. And it still costs money to craft and create which I suppose is why so many cosplayers start online funding.

10380500_10205236044639521_1203362387225598288_o

How prevalent is the practice of hiring cosplayers in American conventions? What sort of jobs do they usually perform? Was this always a thing, or is it a rather recent phenomenon? 

Comic-Cons in America didn’t normally hire cosplayers or have them as guests. Years ago, there was a very short list of cosplayers who were included on a convention guest list. In the last few years however, that has changed. Every Comic Convention now books multiple cosplay guests. Some are paid to be there, others have their expenses covered. Many simply pay out of pocket. Not every cosplay guest gets the same deal.

In a recent op-ed, Kotaku’s Hayley Williams argued that paid cosplay jobs at conventions are hampered by cosplayers willing to work for free, as well as by the mentality that one should cosplay out of love, not profit. Do you agree with her point? If so, do you see any solutions?

I thought her article was great and very honest. I agreed with all of her points. Very few cosplayers receive an all expense paid trip to a con in addition to being paid to be there. There are many conventions or vendors that will ask you to work for them for zero pay. They prey on cosplayers. They pretend like they are offering you a great opportunity, all the while leaving out the fact that they won’t be paying you for working labor hours.

It just happened to me again recently. I have lost count of how many bogus offers I have received throughout the years. The problem is, they try to seduce you with promises of attention. That does not work with me and means nothing. If you want me to work, you need to pay me. End of story.

The reality is, they are looking for a volunteer but don’t want to say that because it breaks the illusion of this glamorous offer they are trying to sell you. I personally cosplay because I love it. I am expressing myself and my fandom. That’s it. I have no ulterior motive. If you receive paid offers, rock on. Take it if that works best for you. Volunteering at a show for a couple of hours for free isn’t a bad choice either. Just make sure it’s a fair deal and you are not being taken advantage of.

13679981_1194412927287280_166754001288506619_o

Aside from your cosplay endeavors, you own a princess party business. Would you tell me a little bit about it? How did it start? What sort of services do you provide? How different is playing the role of a princess in a birthday party from roleplaying a character as a cosplayer?

I started my business three years ago at the suggestion of a friend who ran her own successful princess party business. She encouraged me to start one of my own since I owned several princess costumes and was in Early Child Hood Education. She helped me get started with marketing and many other things.

I provide my clients with a performance and conduct a series of fun activities for all of the children to enjoy. Being a professional princess performer is very different from role playing as a character. For birthday parties, you must be comfortable and willing to walk into a client’s home (who is essentially a stranger).

You have to be good with children and be able to hold their attention during the duration of the booking (which is anywhere between 1 to 2 hours). Being a former preschool teacher greatly helps in this area. Entertaining at a party can be a lot like running a classroom. You must be punctual and professional at all times. You have to invest in marketing and party supplies such as games, music, etc. You have to put money into high quality costumes, wigs, makeup and contact lenses.

And finally you have to be honest with yourself. Being a professional princess performer is not cosplay. You have to be realistic in selecting which characters you are going to offer your clients and by that, I mean you have to be a close look-a-like. No one is going to pay you good money to impersonate a princess if psychically you are the complete opposite of that character. The children won’t believe it if you don’t look the part.

12357203_10208532694173699_174921433967026947_o

You have been involved in several charity initiatives, notably as a coordinator for the Heroes Alliance. Could you tell me about it? What is the organization, and what sort of activities do you do?

The Heroes Alliance is an 11 year old nationwide non-profit volunteer group. We volunteer at children’s hospitals and charities dressed as superheroes. I chartered the Eastern Pennsylvania branch 3 years ago. I am the coordinator which means that it is my job to reach out to local charities and children’s hospitals and schedule a superhero visit. I also manage my team of volunteers. We offer a “real life” superhero experience, essentially a meet and greet. If there are any activities taking place at the event, we happily dive in. It’s very rewarding to volunteer your time and bring happiness to children who desperately need it. We have spent time with many children, including those who are terminally ill.

11258802_10209641662777221_7893966218120972036_o

Cosplay is often mentioned in discussions about copyright law. In principle, character and costume designs belong to their respective IP holders, and any sort of for-profit activity involving them is forbidden. Have you ever had or have you ever witnessed any issues concerning copyright? Do you believe this is a hindrance to those wishing to work professionally with cosplay?

I have seen very few issues with copyright law. I can only recall two incidents. One craft maker was issued a cease and desist order from a Hollywood Studio. A popular cosplayer was told that the creator of a character she dresses as would be attending the same convention she would be at as a guest. The comic creator demanded she not dress as his character nor sell pictures of herself as his character. Those are the only incidents I have heard of.

What about charity work and birthday parties involving superheroes? Did you ever had any issue with copyright holders over the use of their characters/brands? Are IP holders more lenient towards certain activities?

Heroes Alliance is a non-profit group; therefore there is no issue. We do not make money nor accept money from our appearances. It’s strictly a volunteer group. Marvel and DC Comics are aware of what we are doing. We are not affiliated with them and they understand that. As long as no money is involved, they have no problem with what we are doing for the community.

Regarding my birthday party business, people don’t realize that majority of fairy tales are public domain. Disney did not write these stories. They were written hundreds of years ago by the Brothers Grimm, Hans Christian Andersen and many other writers. Disney does retellings of these classic stories. I do not use the Disney name for my business nor do I use any Disney art work. I am a fairy tale princess and fairy tale princesses are public domain.

How do you see the future of professional cosplay? What do you believe are the main problems and opportunities that are bound to change the scene a few years from now?

I’m sorry if this seems like a rude response but I don’t care about the future of “professional” cosplay. I don’t believe that is a profession. I believe it’s something people can do on the side or part time. People can start their own business making costumes or props full time. That is a profession, 100%. But cosplay means dressing up and I don’t think anyone is dressing up 40 hours a week and being paid for it unless you are an actor or performer. That’s not cosplay.

You mentioned that you became a model through cosplay. How similar are modeling jobs to paid cosplay jobs? Is modeling a viable career path for cosplayers who want to diversify their activities?

Modeling jobs and cosplay jobs are extremely different. They are not the same. If you are being hired as a cosplayer, you are normally responsible for your costume, wig, etc. Sometimes you can be compensated for making a costume, which is great. During photo shoots, it’s normally just you and the photographer. You are bringing a character to life therefore that characters persona is your guide on how to pose and act. When you are being paid as a model, you can be on set with dozens of people. Wardrobe, hair and makeup can be provided. You have to sell whatever it is you are there for. It can be fashion, a product or a particular theme.

1496891_10203078835790648_691014139_n

In late 2014, comic book artist Pat Broderick made some controversial remarks on cosplay. He claimed that cosplayers “bring nothing of value” to conventions and were hindering the industry by stealing the spotlight from original creators. You yourself expressed some thoughts about the debacle. I believe I speak for all Brazilians when I say I was shocked to know of Broderick’s statement, mostly because industry big wigs don’t come our way that often, and are always treated as celebrities when they do. Are these clashes between creators and cosplayers common in America? Do other forms of “fan labour” (art, zines, webseries etc) ever get targeted for similar reasons?

I can’t speak for every creator. Each individual opinion varies. Some creators love cosplayers. Others do not. I sympathize with Pat Broderick because I have noticed that American conventions have stopped focusing on actual comic book creators. They don’t invite them as guests or give them the respect they deserve. They built this industry and they are being pushed aside in favor of cosplayers. That’s not right.

I appreciate that conventions have embraced the hobby of cosplay, however it should not be the #1 focus at a convention. If you are a Comic-Con then you should be focused on actual comics. I think Pat Broderick is frustrated and I don’t blame him. This is his full time job. It’s his profession. When conventions stop booking him, he isn’t making money to feed his family.

I don’t think the fault lies with cosplayers. This is a problem with the Convention Organizers. They need to redirect their focus back onto the men and women who built and created the comic book industry.

Most cosplayers use aliases. Could you talk a little bit about this practice? Do you know where it came from?

I think many people, myself included, want to protect their identity and legal name. There are a lot of crazies in the world and we have to be careful. I know a woman who was being stalked and had to take legal action. I have been stalked and had to go to the authorities. Using an alias also helps in separating your personal like with your hobby. Not everyone’s boss would be okay if they saw pictures of them in costume.

]]>
https://www.finisgeekis.com/2016/09/23/profissionais-do-cosplay-victoria-avalor/feed/ 0 10431
Profissionais do Cosplay: Pri Suicun https://www.finisgeekis.com/2016/09/16/profissionais-do-cosplay-pri-suicun/ https://www.finisgeekis.com/2016/09/16/profissionais-do-cosplay-pri-suicun/#respond Fri, 16 Sep 2016 19:01:05 +0000 http://finisgeekis.com/?p=10376

Nessa coluna, eu trago a vocês depoimentos daqueles que, de uma maneira ou de outra, se transformaram em “profissionais” do cosplay. Para alguns, foi uma atividade paralela, uma forma, muitas vezes, de custear os próprios trajes. Para outros, uma segunda vida fazendo aquilo que mais amam. Para outros, ainda, uma profissão à qual se dedicam noite e dia.

Ouvir Pri Suicun falar sobre cosplay, seja em depoimento, seja em seu canal no Youtube, é uma verdadeira imersão no hobby. Há mais de uma década trabalhando no meio, Pri já viu convenções surgirem e desaparecerem, confeccionou figurinos para todos os propósitos e vivenciou histórias das mais cabulosas.

Eu tive o privilégio de lhe fazer algumas perguntas sobre sua experiência, o cosplay no Brasil e o lado que ninguém conta sobre a vida de cosmaker.

Confiram a entrevista abaixo:

pri 1.jpg

Qual é a sua idade e há quanto tempo trabalha com cosplay?

Tenho 27 anos e trabalho com cosplay há 12 anos xD

Como cosmaker, como é sua rotina de trabalho? Você trabalha em casa ou possui um atelier? Do primeiro contato até a entrega, como funcionam as suas encomendas?

Eu trabalho em casa, normalmente quando tenho encomenda começo a costurar às 8h e tento parar lá pelas 18h… mas nem sempre dá e acabo indo até umas 23h xD Normalmente o cliente me manda mensagem dizendo o que quer e eu faço os orçamentos e digo quando fica pronto. Aí o cliente fecha ou não. Quando é empresa é a mesma coisa.

O que alguém encontrará sem falta em um ateliê/casa de uma cosmaker? O que é necessário para que alguém se dedique a isso seriamente (em termos de espaço, equipamento, etc)?

Pelo menos 1 máquina de costura caseira, inúmeros tecidos organizados num armário ou estante, moldes, réguas… e agenda! Não precisa de muitas coisas, eu comecei dessa forma. Hoje tenho 1 máquina de costura reta industrial, 1 máquina de costura caseira e 1 overlook [para acabamentos], além de um vasto material separado como rendas, botões, tecidos, malhas, colas, tintas, pedrarias…. e tem que manter tudo organizado, pois isso fará o trabalho render.

pri 4.jpg

Você faz os figurinos para os comerciais da Ubisoft. Você pode contar um pouco sobre sua experiência com a produtora? Como você começou a trabalhar com ela?

Comecei a trabalhar fazendo figurinos pra Ubisoft através da Paramaker [ Parafernalha, Felipe Neto etc]. A empresa fechou um contrato para fazer os comerciais de lançamentos dos jogos  Assassin’s Creed, Splinter Cell Blacklist e Watch Dogs. Foram meses de trabalho enlouquecedor e bem produtivo com inúmeros encontros com o ator que fazia parkuor, além das explicações de como a roupa tinha que ser para o ator não ter problemas para fazer os movimentos, já que no caso de Assassin’s Creed, as gravações sempre foram intensas. Depois dessa, ainda trabalhei por 3 anos fazendo figurinos para todos.

Para além da confecção, você já realizou outros trabalhos envolvendo o cosplay (ex. em convenções, workshops, cursos, etc)?

Eu participo anualmente de ateliês de carnaval, e isso ajuda MUITO para saber novos materiais para figurinos e cosplays no geral. Ainda pretendo lançar um curso falando de tudo o que sei de materiais diversos. Fora isso, já fui palestrar em faculdades, participei de desfiles de moda no Fashion Rio e personagem vivo em festas e lançamentos.

Você já fez algum trabalho relacionado a cosplay fora do mundo “nerd” propriamente dito? (eventos corporativos, festas infantis, filantropia, ações promocionais?)

Sim! Eventos de lançamentos de filmes, lançamentos de brinquedos, palestras sobre moda e cosplay e desfiles de moda no Senac sobre cosplay.

pri-5

Você comentou em um depoimento que parou de frequentar concursos depois de ter sido hostilizada por concorrentes. Outra cosplayer que entrevistei me contou que, em seu país, os problemas com falta de fair play se tornaram tão graves que as competições passaram a ter dificuldade em arranjar quórum. Você acredita que esse seja um problema sistemático na cena cosplay brasileira? É comparável aos atritos que ocorrem em outras modalidades artísticas, profissionais ou acadêmicas?

Olha, te falar que pelo que vi, é comum isso ocorrer, ser hostilizado por concorrentes, falarem mal, te difamarem… infelizmente é comum. Depois desse fato que ocorreu comigo, parti para fotografia e… fiquei famosa no DeviantART e logo depois no World Cosplay por ficar sempre no ranking.

Isso gerou outro tipo de intrigas e invejas, mas ninguém via o quanto eu gastava pra investir em fotos, o quando eu comprava de tecidos pra fazer roupas melhores e que fotografavam melhor. É um fato que cosplay se divide em algumas áreas: Cosplay de foto e cosplay de apresentação são os mais comuns, sendo bem raro alguém exercer ambos. No caso de Cosplay de apresentação a concorrência fica ‘pesada’ no nível de tem sempre os mesmos competidores e nunca novos. Os novatos nunca conseguem permanecer ou por falta de preparo ou porque já o envolveram em alguma ‘treta’ fictícia pra o mesmo ficar mal e não querer mais subir no palco. Não estou falando que são todos que fazem isso, mas já vi ocorrer, até porque também sou jurada de cosplay em alguns eventos.

Já vi concorrente jogar suco de uva no cosplay do ‘concorrente’ cuja roupa era branca, para o mesmo perder pontos em fantasia, assim como já vi discussão de pessoas quebrando o cenário de outros concorrentes antes de entrarem no palco. Então SIM, o ‘mimimi’ , a inveja, a falta de caráter é igual em todas as profissões ou áreas em que você vai trabalhar. Só muda a temática.

pri 2.jpg

Você circula pelo meio cosplay há muito tempo. Ao longo de todos esses anos, o que mudou? O que continua igual? No geral, as coisas melhoraram? Existem problemas recentes que não existiam no passado?

Meio termo xD. As coisas melhoraram no quesito conseguirmos comprar perucas, lentes e cosplays de fora que são bem baratos comparados com aqui [e no caso de peruca é só importação mesmo]. O Ebay, Taobao e AliExpress facilitaram MUITO a vida de todos! Já deu pra ver que os brasileiros não perdem em nada pros cosplayers de fora que vemos em fotos.

Tem problemas novos sim… sempre inventam alguns xD O atual é que comprar cosplay de fora não é dito ‘fazer cosplay’. Gente, isso é bem estúpido…. Se a pessoa não sabe fazer um cosplay do zero, é bem óbvio que ela irá contratar alguém para fazer o cosplay inteiro, seja uma costureira aqui no Brasil ou importar do Taobao. Comprando, importando ou fazendo você mesmo, tudo é cosplay, o que importa é se divertir e não tretar por nada~~ Tem gente que reclama por conta de ‘likes’ no facebook, esses eu costumo até ignorar pois não vale a pena discutir com alguém que só se importa com números de ‘likes’ e não em melhorar o trabalho no geral.

A Jaqueline Abrão, que também tive o prazer de entrevistar  , disse que a Comic Con Experience teve grande importância para divulgar o cosplay no país. De fato, há quem diga que hoje, com nossos eventos de grande porte e alta projeção midiática, vivemos o auge da “cultura nerd”. Por outro lado, há quem argumente que a influência dos grandes veículos de mídia está mudando o meio para pior. Um exemplo citado é o da própria San Diego Comic Con  Segundo algumas pessoas, a popularidade da cena nerd inflacionou os preços de estandes, restringindo o evento às mãos de grandes corporações e alienando os exibitores mais antigos – entre eles, alguns que prestigiavam a convenção desde a primeira edição. Qual é a sua opinião sobre isso? Como você avalia esse momento atual na cena geek/otaku?

Então, eu também fui estande [com empresa] por 10 anos em eventos pelo Brasil. Mudou muito o cenário aqui sim, e lá fora, pois tem uma imensa gama de opções de importação e produtos atualmente.

Na real, o mercado de animes e games é gigantesco, antigamente não sabíamos de nada. Junto com o Ebay e Taobao se abriu um leque de opções do que fazer, no que trabalhar/ importar, e claro, a indústria se movimenta se está dando retorno financeiro.

Logo, sempre haverá mais itens colecionáveis do que vc gosta. Os eventos ajudaram isso a ficar acessível para o público, que não tinha ideia que isso existia. MAS, aí começa a ocorrer o que houve há 3 anos – e que ainda enfrentamos – que é a saturação no mercado e crises.

Entendam a pirâmide: Locais para locação de eventos aumentam os preços para pagar as contas e repassam isso para o organizador. O organizador repassa esse valor dividido entre os estandes/empresas/pessoas jurídicas, no qual esses tem que rever o valor das mercadorias para valer a pena ir ao evento pagando estande, então o produto final chegará mais caro ao consumidor, ao qual já está sem dinheiro por conta da crise financeira no Brasil. Aí nesse caso é esperar essa alta de preços passar junto com a crise.

pri 7.jpg

Eu fui uma que fechei minha empresa de importação para não ter prejuízo e permaneci com a costura de cosplays e figurinos no geral. E quando passar essa crise, é provável que eu reabra a empresa, assim como muitos amigos meus estão fazendo. E sobre as TVs, nunca vi uma emissora tratar cosplayer como pessoa normal, só vi tratarem como alienados, fuga da realidade e pessoas com problemas. Então eu costumo fugir de imprensas e reportagens xD

Você disse em um depoimento que desenvolveu tendinite e alergia a veludo após mais de uma década confeccionando cosplays. Isto a teria obrigado a limitar suas atividades como cosmaker. Você também comentou que problemas como esses são frequentes com quem trabalha com corte e costura, a ponto de costureiras terem uma vida útil como professionais que raramente passa de 10 anos. Essa é uma questão muita séria, que dificilmente vejo mencionada. Na sua opinião, isso inviabiliza o cosmaking como uma profissão no longo prazo? Existe algo que cosmakers e aspirantes a cosmakers possam fazer para seguir fazendo aquilo que gostam (similar, presumo, ao que é feito no ramo da costura)?

Sim! Isso não é falado nunca, pois você só descobre isso na faculdade de moda xD A vida útil de uma costureira é de 10 anos, após isso é aposentadoria por invalidez. Em todos os casos é comum ter tendinite pelo movimento repetitivo com a tesoura.  Isso dificulta sim o trabalho, eu claramente não costuro hoje como costurava há 5 anos… O que dá para fazer é manter o médico em dia [sim! Ortopédico principalmente] e cortar com luvas próprias [tem umas almofadas onde fica a tesoura xD ] ou cortar com a máquina de corte [aconselhado treinamento antes]. E não extrapolar muito.

É possível para uma cosmaker migrar ou avançar para áreas análogas? Por exemplo, começar a carreira produzindo cosplays e eventualmente trabalhar com vestuário de cinema? Há quem tenha feito isso?

É possível sim, eu mesma fiz figurino pra teatros e carnaval. O importante é saber o que você quer seguir para saber o que fazer na real. Eu sempre gostei de figurino, então qualquer coisa que se encaixe em figurino eu irei fazer de bom grado <3

pri 3.jpg

A maioria dos cosplayers usa pseudônimos. Você pode me falar um pouco sobre este hábito? Você sabe qual é a origem da prática?

Verdade, eu uso um xD

Talvez porque não queiram usar o seu nome mesmo … Eu gosto do Pri do meu nome e queria colocar Yue [porque é meu personagem favorito], MAS eu via que era muito comum terem nick como Yune, Yune, Yuna, Yue por conta dos personagens mais famosos, então na aula de japonês [quando eu fazia xD ] gostei de ‘Suicun’ que significa ‘despertar da aurora’ ou ‘amanhecer’ e mantive assim xD.

Acho que todos usam outros nomes pra desvincular as vezes da pessoa ‘normal’ pois muitos tem família que não gosta ou muda o ramo de trabalho.. como por exemplo um médico que é ok com cosplay, mas o resto das pessoas com quem trabalha tem o preconceito com o cara vestir cosplay. Mas ele precisa trabalhar como médico, então usa um pseudônimo pra ter o hobby ativo e não ter problemas =)

 E você? Trabalha ou trabalhou com cosplay e tem uma história interessante para contar? Entre em contato com a página.

]]>
https://www.finisgeekis.com/2016/09/16/profissionais-do-cosplay-pri-suicun/feed/ 0 10376
Profissionais do Cosplay: Panshi Cosmaker https://www.finisgeekis.com/2016/09/09/profissionais-do-cosplay-panshi-cosmaker/ https://www.finisgeekis.com/2016/09/09/profissionais-do-cosplay-panshi-cosmaker/#respond Fri, 09 Sep 2016 20:08:35 +0000 http://finisgeekis.com/?p=9973 Nessa coluna, eu trago a vocês depoimentos daqueles que, de uma maneira ou de outra, se transformaram em “profissionais” do cosplay. Para alguns, foi uma atividade paralela, uma forma, muitas vezes, de custear os próprios trajes. Para outros, uma segunda vida fazendo aquilo que mais amam. Para outros, ainda, uma profissão à qual se dedicam noite e dia.

marcelo-e-monalisaMarcelo Rocha e Monalisa Medeiros, mais conhecidos como Panshi Cosmaker, não imaginavam que fariam do cosplay a sua vida. O que começou como um passatempo logo se tornou uma profissão: o casal de cosmakers adquiriu seu próprio ateliê e hoje se dedicam integralmente a dar vida a personagens.

Tive a oportunidade de conversar com o Marcelo, que me contou sobre seu início no mundo do cosplay, o passo a passo em levar os figurinos do papel às mãos dos cosplayers e o que pensa sobre o futuro do meio.

Confiram a entrevista abaixo:

Qual é a sua idade e há quanto tempo trabalham com cosplay?

Marcelo Rocha, 37 anos. Trabalho com cosplays há 2 anos e meio.

Monalisa Medeiros, 33 anos. Trabalha há 4 anos na área.

O que os levou a escolherem trabalhar com cosplay? Foi algo que sempre desejaram fazer?

Na realidade, tudo começou de um passatempo, quando a Mona resolveu fazer uma capa de Harry Potter para sua filha ir a uma festa de aniversário do mesmo tema.

Todos elogiaram, e ao postar a foto de sua filha no Facebook muitos curtiram, inclusive uma pessoa do Rio de Janeiro, pai de uma menina que ficou apaixonada quando viu a capa. Pediu que fizesse uma e enviasse para o Rio e pagou o valor solicitado. Assim que recebeu, fez referências positivas ao serviço da Mona, onde criou o interesse de outros usuários do Facebook, e a Mona passou a fazer, nas horas vagas, fantasias do Harry Potter.

Passaram a solicitar outras fantasias, e a Mona foi confeccionando, e o grau de dificuldade e os pedidos, aumentando. Suas horas vagas foram ficando curtas e ela pediu minha ajuda para que eu cuidasse da parte de acessórios e, principalmente, da administração do dinheiro e dos clientes.

No começo achei que era brincadeira, mas vi que era real e passei a assumir aquilo que antes era considerado hobby. Larguei uma carreira de consultor técnico no setor automobilístico, fiz acordo com a empresa que trabalhava há 5 anos e com o dinheiro investi em maquinários, abri firma, regularizei a empresa e aluguei um imóvel comercial, pois o que antes tinha se iniciado num fundo de um quarto de 3m x 6m já não era suficiente para comportar a Panshi.

Mudamo-nos para Santos, alugamos um apartamento próximo ao ateliê que também fica em Santos e hoje estamos na atividade, crescendo a cada dia e buscando sempre desafios.

panshi-2

Geysa Cardena e Beah Trindade. Créditos: Johnny Photography

Como cosmakers, como é sua rotina de trabalho? Vocês trabalham em casa ou possuem um atelier? Do primeiro contato até a entrega, como funcionam as suas encomendas?

Trabalhamos de segunda a sexta, das 7:30h, quando deixamos os filhos na escola, até as 17h, quando encerro as atividades, pegamos as crianças na escola e voltamos para casa. Enquanto a Mona cuida das crianças, casa e jantar, eu já me preparo para o “segundo tempo”, que seria responder os orçamentos, conversar com os clientes, fazer pesquisa de materiais e cobrar fornecedores via e-mail, ou seja, todo o trabalho burocrático.

Começo às 19h e termino por volta da meia-noite. Frequentemente prolongo o atendimento até as 2h da madrugada pois os clientes potenciais estão disponíveis neste horário, quando voltam da escola, faculdade, ou até mesmo estão jogando online. Os fins de semana são reservados à família, porém quando temos atendimento de clientes locais que solicitam provar o cosplay ou até mesmo tirar medidas e dúvidas pessoalmente, reservamos o sábado no período da manhã para este atendimento especial.

panshi-1

Temos ateliê próprio. Ele tem o setor de confecção, estoque, oficina de acessórios e atendimento ao público, no próprio setor de confecção. É um prédio com dois andares, e setores isolados.

O primeiro contato com o cliente é através do orçamento. Assim que ele é aprovado, o cliente efetua a entrada é enviamos um contrato com todos os detalhes do que foi concordado e mais um manual de medidas, para que seja feita a aferição. O prazo se inicia após a devolução dos documentos preenchidos e assinados. Feito isso, é confeccionada uma ordem de serviço com todos os dados do cliente, do cosplay e detalhamento de exigências, e esse documento segue para o setor de modelagem.

Já na modelagem, é calculado a quantidade exata de material que será utilizado, para assim criar uma lista de materiais que serão pesquisados entre os fornecedores; encomendamos e logo são faturados juntamente com materiais de outros cosplays. Assim que o material chega, fazemos a distribuição dos materiais para cada cosplay, e no setor de confecção os materiais são cortados e modelados.

panshi-4

panshi-5

As peças cortadas (no caso tecidos e aviamentos) são enviadas para costureiras terceirizadas, quando a modelagem eh fácil, juntamente com ficha técnica, para identificação das peças. Quando o cosplay é mais elaborado, no caso de haver necessidade de moulage ou utilização de courino, emborrachado e pintura, o cosplay é confeccionado totalmente no ateliê da Panshi.

Quando as peças ganham forma, passamos a entrar em contato com o cliente para descrever o andamento do processo. Não costumamos enviar fotos de cada processo, pois o cliente, ansioso com o resultado, passa a não entender que se trata apenas de processos e não do resultado final, e começa a querer mudar detalhes do cosplay não finalizado.

Tivemos problemas inicialmente com clientes que participaram ativamente do processo de todo cosplay e o resultado não foi como esperado, pois o cliente mudava a todo momento materiais, cores e aviamentos, e quando finalizou não era o esperado; voltamos o cosplay do zero para consertar e tudo saiu melhor conforme nossa autonomia.

panshi-10

panshi-iron-2

panshi-iron

Assim que finalizamos a confecção, o cosplay passa pelo setor de qualidade, onde é conferido as medidas, acabamento, e se tiver algo errado, retorna para a costureira, e só depois que passa pela qualidade enviamos a foto do cosplay pronto para o cliente.

É nessa momento que o cliente pode opinar se gostou do resultado ou se faltou algum detalhe, pois podemos – tanto ele quanto nós – ter uma ideia verdadeira da linguagem de cada parte. O cliente dando o aval, o cosplay é embalado e pesado para cálculo do frete.

O valor é repassado ao cliente que fica encarregado de depositar a quantia, emitimos a solicitação de etiqueta no Sigep (sistema dos correios para as empresas que tem contrato) e aguardamos a retirada do pacote pelo caminhão dos Correios.

Quando o pacote ultrapassa os limites de tamanho permitidos pela ECT, enviamos por transportadora, pois trabalhamos com diferentes empresas onde fazemos a cotação do melhor custo-benefício para o cliente, e também disponibilizamos a retirada feita pelo próprio cliente.

Assim que enviamos o código de rastreio solicitamos ao cliente que informe assim que receber o cosplay, pois oferecemos garantia no caso de divergência de medidas (quando comprovado erro de nossa parte) e em avarias causadas pelo transporte durante a entrega. Neste caso enviamos PAC reverso ao cliente que reenviará o cosplay novamente, sem custo algum, para que efetuemos o reparo.

Ficando pronto, enviamos novamente o produto ao cliente, com frete grátis, e aguardamos o recebimento do produto pelo cliente. Caso o produto apresente discordância pela segunda vez, o cliente fica responsável apenas pelo custo de envio, e na terceira, cobramos taxa de reparos. Nunca aconteceu do produto sofrer avaria pela segunda ou terceira vez, mas temos a política de dar suporte ao cliente no pós-venda sempre que necessário.

Vocês se dedicam integralmente a isso, ou mantém outras profissões?

Nos dedicamos inteiramente à Panshi, eu, Marcelo, Deixei pra trás uma vida inteira que dediquei a área automobilística, fiz diversos cursos, fui professor no SENAI, passei  pelas maiores concessionárias, Taís como Honda, Volkswagen, Ford, Jac, e não me arrependo, pois hoje faço o que gosto, conheço muitas pessoas e me divirto com as novas experiências adquiridas.

Vocês trabalham em dupla. Na prática, como funciona a divisão de tarefas?

Antes, a divisão de tarefas era bem nítida, eu fazia a parte de acessórios, e a Mona, a confecção. Hoje tivemos que remanejar, eu faço toda parte de acessórios, administração, orçamento e a Mona gerência a parte da confecção, pois a costura boa parte é terceirizada para costureiras.

Vocês atendem apenas cosplayers ou também praticantes de outras formas de performance (LARPG, figurinos etc)? Existe um intercâmbio entre o cosplay e estes outros mundos?

Atendemos inicialmente o público geek e cosplayers, o público infantil com fantasias temáticas de aniversário, empresas de animação infantil, empresas de games, figurinos teatrais e uniformes especiais.

Existe uma linha tênue entre o mundo cosplay, onde a pessoa personifica seu personagem favorito por hobby e o comércio do entretenimento, onde o personagem fictício vira um atrativo com fins lucrativos.

Muitos de nossos clientes iniciam a utilização do cosplay por diversão, mas por ser tao fiél acabam sendo chamados para trabalhar com o personagem e são chamados para eventos, festas e freelances.

Que tipo de marketing vocês fazem para seu trabalho? Quais canais vocêm exploram? Quanto de tempo e energia vocês investem nisso?

Investimos pouco, utilizamos Instagram, YouTube, Twitter, Facebook, blogger, para a divulgação dos nossos trabalhos. Mais adiante investiremos mais.

Em adição ao cosmaking, vocês também fazem cosplay, participam de concursos, etc? Esta vivência é necessária para quem deseja entrar no ramo?

 No início, não tínhamos tempo de nos dedicarmos a projetos próprios, pois a dedicação aos projetos de nossos clientes no tomava todo o tempo. No fim do ano passado encontramos tempo de participar de um campeonato de cosplay na cidade do Rio de Janeiro, onde eu ganhei o primeiro prêmio é a Mona, o segundo.

panshi-7

Créditos: André Pezzino

monalisa.jpg

Acabamos levando pra casa uma premiação no valor de R$ 4 mil reais, um bom prêmio pra iniciantes! É extremamente importante participar dos eventos. Apesar de nossa participação única, vamos como visitantes comuns aos eventos, para conhecer o público de forma neutra, e saber o que há de novo no mundo geek.

Vocês trabalham exclusivamente com confecção, ou já realizaram outras atividades remuneradas envolvendo o cosplay (ex.: em convenções, workshops etc)? E quanto a estandes em eventos?

Já participamos de oficinas e workshops, sorteios em eventos, mas nada remunerado, na época fizemos para alavancar o nome da empresa. Hoje já não fazemos por falta de tempo.

Você já fizeram algum trabalho relacionado a cosplay fora do mundo “nerd” propriamente dito? (eventos corporativos, festas infantis, filantropia, ações promocionais?)

Sim, já fizemos uma apresentação filantrópica numa escola estadual da cidade, com a apresentação das princesas do Frozen. Já fizemos também doação de cosplay para uma integrante do Doutores da Alegria, no estado do Pará, se não me engano.

Cosplays frequentemente são mencionados em discussões sobre direitos autorais. Em tese, character designs são propriedade de seus respectivos estúdios/editoras, e qualquer lucro sobre eles é vetado a terceiros. Vocês já tiveram ou testemunharam algum problema em relação a isso? Vocês acreditam que isso possa ser um fator limitante para o crescimento da profissão?

Nunca presenciamos ou tivemos conhecimento de problemas relacionados a direitos de imagem de um personagem de anime/filme. Acredito que isto não seja problema, pois se trata de uma homenagem ao personagem favorito, e ninguém que se veste com qualquer personagem se auto-intitula como o “original” ou “verdadeiro”.

Ganha atenção especial aquele que se torna fiel, e nossos clientes acabam recebendo esta atenção. Nunca pensamos que isso poderia vir a se tornar um problema para o crescimento da profissão, isso nunca aconteceu antes.

Como vocês vêem o futuro profissional do cosplay? Vocês acreditam que o mercado esteja crescendo ou diminuindo?

Nós particularmente acreditamos num crescimento monstruoso, principalmente com a popularidade dos jogos online e dos filmes dos nossos heróis do passado, da nostalgia ganhando foco.

Com a facilidade de acesso à informação em nossas mãos, o público tem contato direto com os animes, filmes, jogos, e essa vivência mais agressiva faz com que os jovens queiram entrar no personagem, e os adultos a reviverem o passado numa homenagem saudável aos heróis de infância.

O mercado cresce pra quem acompanha as mudanças, se atualiza com as novas tecnologias, e principalmente, quem tem mente aberta pra receber e processar tudo isso. Nós da Panshi somos tudo isso, e sempre abertos a novas experiências, com o único foco de transformar sonhos em realidade, independentemente em que plataforma seja.

 E você? Trabalha ou trabalhou com cosplay e tem uma história interessante para contar? Entre em contato com a página.

 

 

 

 

 

 

]]>
https://www.finisgeekis.com/2016/09/09/profissionais-do-cosplay-panshi-cosmaker/feed/ 0 9973
‘Otakontro’: por dentro de uma convenção de anime https://www.finisgeekis.com/2016/08/31/otakontro-por-dentro-de-uma-convencao-de-anime/ https://www.finisgeekis.com/2016/08/31/otakontro-por-dentro-de-uma-convencao-de-anime/#respond Wed, 31 Aug 2016 21:38:13 +0000 http://finisgeekis.com/?p=9559

Não dá para negar. Convenções são uma das forças vitais da cena otaku. Sem esses espaços para conhecer novos fãs, adquirir merchandise e prestigiar as franquias que amamos, é muito provável que o anime não teria superado o seu terrível estigma de anos atrás.

De lá para cá, muita coisa mudou. Para aqueles que se lembram de como tudo começou, não necessariamente para melhor.

Por um lado, eventos como a CCXP colocaram o Brasil no mapa das grandes convenções. A cobertura midiática da cena otaku nunca foi maior. Nos grandes centros urbanos, eventos nunca foram tão grandes e, a despeito de seus problemas, suas instalações já foram muito piores.

Por outro lado, convenções parecem estar perdendo sua essência. A celebração da cultura japonesa, de protagonista, tem passado ao banco de passageiro. A chegada da velha “cultura pop” à cena mainstream nos levou a um ponto onde é difícil separar uma da outra. Exceto para alguns velhos fãs, que sentem que seu mundo está desaparecendo.

Essa, pelo menos, é a opinião de Pablo Santos, organizador do Otakontro na Baixada Santista. Se você não reconhece a convenção de nome, deve com certeza reconhecê-la de reputação. O evento ganhou popularidade ao se anunciar como um encontro old school, sem a presença de youtubers.

banner_superpub_2.jpg

Eu tive a oportunidade de bater um papo com o Pablo e conhecer mais sobre o evento. Na nossa conversa, ele me contou sobre os bastidores do Otakontro, a penetração dos youtubers na cena otaku, o futuro das convenções e muito mais.

Confiram a entrevista abaixo:

O que é o Otakontro? De onde surgiu a ideia de organizá-lo? De 2009 para cá, como está sendo a resposta do público?

O Otakontro é um encontro de admiradores da cultura japonesa popular como animes, música e jogos. A idéia surgiu em meados de 2009, quando um grupo de amigos resolveu se reunir numa praça pública para conversar sobre o assunto.

O encontro durou até 2011, quando os organizadores originais não puderam seguir com o projeto. O público está sendo 100% receptivo com a idéia, pois não somente na baixada santista mas no país inteiro, vários eventos se dizem de um tema e para garantir público, contratam algumas pessoas que criam conteúdo para o YouTube mas que nem sempre condizem com o tema do evento.

O Otakontro se descreve como um tributo à era de ouro dos eventos de anime na Baixada Santista. Como era esta época? O que fazia dela tão interessante?

A época de ouro dos eventos não é somente na Baixada Santista, mas em todo o país. Era uma época em que as atrações principais eram dubladores e a principal idéia era a reunião de pessoas que gostavam do tema para se conhecer e fazer novas amizades.

O Otakontro já foi caracterizado como o “evento mais old school dos últimos tempos e se propõe a “recuperar a essência oriental” que caracterizava convenções em outras épocas. Muitas pessoas consideram que vivemos no auge da cultura nerd/otaku. Por outro lado, há aqueles que apontam que algumas coisas vêm se perdendo. Ao conhecer o Otakontro, não pude deixar de me lembrar da San Diego Comic Con, e de como alguns de seus exibitores mais tradicionais acabaram afastados quando a popularidade atraiu a atenção das grandes corporações de entretenimento. Como você enxerga a cena de convenções no Brasil? O que você acha que melhorou ou piorou com chegada do universo nerd na cena mainstream?

Acreditamos que a evolução é natural, assim como a expansão, mas para isso, deve-se saber o que fazer e como fazer. Algumas empresas no Brasil pegam temas aleatórios para criar uma convenção e acabam se perdendo sem saber qual a própria proposta. Acredito que o apoio das grandes empresas é algo muito bacana e que esperamos acontecer durante décadas, mas os organizadores devem saber como apresentar isso ao público de forma que não atrapalhe outras atrações e que seja mais um agregador do que um causador de discórdias e críticas negativas entre os visitantes do evento.

flyer_otakontro 2.jpg

Hoje em dia, é muito comum encontrar as palavras “nerd” e “geek” usadas para descrever fãs de todo tipo de cultura pop. O próprio Finisgeekis é fruto dessa mentalidade, abordando desde games da Paradox até literatura japonesa. No entanto, pude perceber que há certa antipatia entre otakus em relação a canais “nerds”. Muitos os acusam de priorizar conteúdo ocidental, no qual têm pouco ou nenhum interesse. Na sua visão, essa distinção entre tribos se reflete no circuito de convenções? Ou parecem ser todos parte de uma mesma comunidade?

Eu particularmente nunca vi algum caso de desrespeito ou menosprezação de alguém em cima de outra pessoa por conta de preferir uma cultura oposta. Muito pelo contrário, geralmente nos eventos você encontra fãs de um lado mais oriental e de um lado mais ocidental conversando, dividindo atividades e socializando de um modo geral sem julgamento de preferências.

Recentemente, tive a oportunidade de entrevistar vários cosplayers e cosmakers como parte do projeto Profissionais do Cosplay . Alguns deles já trabalharam como hosts em eventos otakus ou nerds. Como organizador de uma convenção, como você enxerga essas possibilidades? Cosplayers profissionais já se tornaram uma presença frequente na cena otaku? Aqueles que sonham em trabalhar com isso encontram bastantes oportunidades?

Nós temos o maior carinho e apreço pela comunidade cosplayer, estamos disponibilizando uma sala inteira para estúdio, temos camarins exclusivos e ainda várias outras surpresas que vão ser reveladas a quem for no Otakontro.

Acreditamos que o cosplay além de hobbie é um trabalho no qual a pessoa dedica dinheiro tempo e suor para que saia da melhor forma possível. Hoje o mercado é bem mais amplo, com diversas empresas contratando aqueles que se destacam na arte, especialmente para juri de concursos cosplay. Toda a bancada do Otakontro é formada por profissionais que trabalham já a anos com o cosplay.

A Otakontro em si já contratou cosplayers como promotores, ou pretende fazê-lo em edições futuras? Seus expositores têm o hábito de fazê-lo?

Nosso plano para este ano é mostrar a todos que retornamos e que vamos continuar o trabalho duro por um evento de qualidade. Futuramente, iremos trabalhar não somente com cosplayers durante o evento, mas vamos criar concursos e patrocinar photoshoots algumas vezes durante o ano. Os cosplayers que forem escolhidos ou ganharem os concursos, vão ganhar ensaios completos com direito a editores profissionais e making of em vídeo. Essa é uma surpresa que ainda não anunciamos e vamos explicar melhor após o evento.

banner_maid_cafe_v2.png

Você me contou que a Jaqueline Abrão (que eu também tive o prazer de entrevistar) atuará como jurada do concurso de cosplay na próxima edição do Otakontro. De uma maneira geral, como se dá a escolha dos jurados nesse tipo de atividade? Quem são os responsáveis pela seleção? Quem são os intermediários?

A organização faz um processo de seleção entre os cosplayers que são conhecidos do meio e que possuem boa reputação, tivemos o prazer de encontrar com a Jack durante alguns eventos que comparecemos como público e adoramos o trabalho dela. É um prazer trabalhar com alguém cuja qualidade e responsabilidade precedem sua fama.

Concursos de cosplay são coisas complicadas. O que acontece nos bastidores que os espectadores geralmente não vêem? Quais são os cuidados a serem tomados para que tudo ocorra como deve?

As regras são o ponto principal, todas as cláusulas devem ser claras para que todos os participantes compreendam e aceitem os termos de participação e que isso não se torne uma dor de cabeça nem para os participantes nem para a organização. Especialmente em relação às notas, que devem ser o mais claras possíveis para que não haja acusações de “panelinhas” ou fraude. O concurso cosplay do Otakontro possuiu 11 versões das regras, sendo a 12ª a versão final.

Em várias convenções, profissionais e voluntários já se mobilizaram para oferecer “primeiros socorros” a cosplayers. Em outros países, um dos exemplos mais interessantes é o International Cosplay Corps, uma aliança de cosplayers que perambula eventos com kits de costura e maquiagem, ajudando aqueles que sofrem acidentes com suas fantasias. Esta prática já se tornou comum no Brasil? O Otakontro oferece serviços similares de SOS cosplay? No que ele consiste?

O SOS Cosplay é uma iniciativa que tomamos após conferir que a maioria dos eventos não oferece uma estrutura mínima para que o cosplayer possa se sentir confortável e seguro para poder ir e vir no evento sem temer que o cosplay fique com uma costura solta ou que seja necessário vestir a fantasia apenas na hora do concurso com medo dele se desgastar. Ele consiste em uma área específica dentro da sala cosplay que disponibilizamos, onde teremos diversas ferramentas como cola quente, linhas e agulhas entre outros, para que reparos rápidos possam ser feitos sem problemas, tudo a um custo único de 2 reais por cosplayer, que ganhará um “passe” que dura o evento inteiro.

O Otakontro recebeu bastante cobertura em relação à sua posição em relação aos YouTubers. De fato, estes produtores de conteúdo se tornaram uma verdadeira força midiática, chegando a dominar até mesmo a Bienal do Livro.  Como você enxerga essa preponderância? Você acha que existe uma tentativa deliberada de promover YouTubers em outros segmentos, ou tudo seria apenas uma tentativa de capitalizar sobre sua popularidade?

Como conversamos acima na proposta do evento, não somos “contra” youtubers, mas somos contra a falta de foco dos eventos e falta de estrutura oferecida pelos mesmos. Na ganância de conseguir milhares de jovens e adolescentes como público, um evento em Santos por exemplo, se envolveu com diversas polêmicas envolvendo agressões, confusões, diversos cosplayers sairam com fantasias danificadas entre outros.

Lembrando que o mesmo evento cobra um ingresso que é o mesmo valor de convenções de grande porte de São Paulo. Acreditamos que investir em infra-estrutura, treinamento de staffs e segurança é o essencial para que o evento possa apresentar atrações de peso como Youtubers, o que infelizmente não foi demonstrado nos últimos anos.

Por conta dos assuntos tratados em palco dos youtubers que são geralmente convidados, acreditamos que tudo não passa de tentativas de capitalização sobre a popularidade da pessoa que foi colocada ali, uma vez que não trazem conteúdo relevante pro cenário de cultura oriental.

Com tantos eventos de grande porte abrindo as portas a YouTubers, você acredita que eles estejam buscando novas audiências? Ou há de fato uma correspondência entre os amantes de cultura otaku e os fãs de YouTubers?

Todo evento busca atrair públicos diferentes a cada edição, agora a onda são os Youtubers, em breve, quem sabe, pode ser outro tipo de atração. Os amantes da cultura oriental antes de tudo esperam respeito, boa organização e conforto, isso deve ser a prioridade sempre.

Na sua experiência como organizador do Otakontro, você conseguiu perceber alguma diferença em relação a isso? Seu público alvo é o mesmo que frequenta convenções com YouTubers, ou fazem parte de outra comunidade?

Infelizmente, grande parte do público que frequenta eventos com youtubers vai por falta de opção. O que queremos atrair é o público que clama por um evento que se preocupe com a infra-estrutura, segurança e diversão em primeiro lugar.

Embora (relativamente) raros no Brasil, alguns YouTubers têm canais dedicados a conteúdo otaku. Você enxerga um possível compromisso entre estes YouTubers “especializados” e a “essência oriental” das convenções de velha guarda?

Sim, conhecemos muitos youtubers que possuem conteúdo totalmente oriental e acreditamos que eles poderiam trazer coisas relevantes aos eventos que fossem chamados. Infelizmente são geralmente trocados por outros Youtubers que possuem mais seguidores e que tratam de assuntos que não condizem em nada com o tema do evento.

Convenções são um paraíso para se comprar todo tipo de merchandise, de camisetas temáticas até figures. Ao mesmo tempo, há no mercado brasileiro uma abundância de produtos não-oficiais. Algumas pessoas, sobretudo colecionadores, acreditam que estes produtos encarecem e dificultam a chegada de merchandise oficial no Brasil. O resultado seria particularmente sentido no segmento de DVDs e CDs, muito comuns em outros lugares do mundo, mas que sofrem para competir com o mercado pirata no país. Você acha que este é um problema solucionável no nível das convenções? Ou acredita que seja uma questão maior, envolvendo as próprias agências de licenciamento?

É difícil conseguir produtos importados no Brasil, mas não impossíveis, tanto que as convenções sempre são sucessos financeiros para qualquer loja. Isto claro, dependendo da convenção. O licenciamento no país é possível, mas é um desafio que poucos estão dispostos a enfrentar.

Da World Con à Comiket, convenções são um dos elementos mais tradicionais da cena nerd/otaku. Como você encara o futuro do seguimento? Existem novos desafios a encarar, novas oportunidades a serem exploradas?

O maior desafio para uma evento é se reinventar e se renovar todo ano. Infelizmente o desgaste é o que mais faz convenções “morrerem”, mas se o organizador souber dirigir bem o navio de acordo com o mercado e ter a sensibilidade de escutar a comunidade, mas sempre mantendo a palavra final, tudo aponta para o sucesso e longevidade do evento.

O Otakontro acontecerá em Santos, dia 11 de Setembro. Para maiores informações, confiram sua página.

]]>
https://www.finisgeekis.com/2016/08/31/otakontro-por-dentro-de-uma-convencao-de-anime/feed/ 0 9559
Profissionais do Cosplay: Kevin Leab Thong https://www.finisgeekis.com/2016/08/26/profissionais-do-cosplay-kevin-leab-thong/ https://www.finisgeekis.com/2016/08/26/profissionais-do-cosplay-kevin-leab-thong/#respond Fri, 26 Aug 2016 15:59:13 +0000 http://finisgeekis.com/?p=9229 interview readNessa coluna, eu trago a vocês depoimentos daqueles que, de uma maneira ou de outra, se transformaram em “profissionais” do cosplay. Para alguns, foi uma atividade paralela, uma forma, muitas vezes, de custear os próprios trajes. Para outros, uma segunda vida fazendo aquilo que mais amam. Para outros, ainda, uma profissão à qual se dedicam noite e dia.

Kevin Leab Thong é um cosmaker que realizou o grande sonho da maioria dos nerds. Ele conseguiu ingressar na indústria de games, a ponto de se tornar community manager da CD Projekt RED na França, seu país natal.

Kevin aceitou bater um papo comigo, no qual conversamos sobre a presença de cosplayers em empresas de videogames, as fronteiras entre cosmakers e figurinistas e seu trabalho em atividades filantrópicas.

Confiram abaixo a entrevista

Qual é a sua idade e há quanto tempo trabalha com cosplay?

Tenho 26 anos desde abril e tenho trabalhado com cosplay desde o meu primeiro cosplay (2011). Eu tive a sorte de ser notado.

Você é um expert em confecção de figurinos e props. O que o motivou a se envolver com essa profissão.

Meu pai e eu sempre adoramos assistir a vídoes de making of e bastidores de filmes e clipes. Nós amamos figurinos e decorações de set. Um dia ele me perguntou se eu queria fazer um traje com ele e aqui estou.

Que tipos de trabalhos relacionados ao cosplay você já realizou? Você aceita encomendas? Quem são seus clientes?

No momento, eu tenho trabalhado essencialmente com a CD Projekt S.A. em vários eventos desde o concurso de cosplay que eles organizaram. Eu também fiz alguns eventos para a EA Games e estou atualmente trabalhando em um projeto com a Amplitude Studio.

Sobre encomendas, eu não tenho uma oficina decente ainda, então eu não consigo trabalhar com isso da forma como eu gostaria, mas no futuro próximo eu provavelmente começarei a aceitar encomendas.

Como você viu acima, meus clientes são majoritariamente companhias de games. Porém, eu ainda estou aberto a outros clientes se eles precisam de mim.

A propósito, eu não sou muito conhecido, então eu contacto diretamente os estúdios para conseguir os jobs 🙂

Você é um community manager para a CD Projekt RED na França. Como você se envolveu com o estúdio? Teve relação com os cosplays de personagens de The Witcher que você fez?

Eu consegui o emprego por meio de uma feliz sequência de eventos. O negócio é que um de meus amigos, Thibault, e eu pedimos ao Marcin Momot (o community manager principal) alguns materiais de referência para fazer um cosplay 3 anos atrás. De lá para cá, nos continuamos em contato e nos tornamos amigos na internet.

Um dia ele sugeriu o trabalho ao Thibault e a mim porque nós sempre fomos ENORMES fãs de The Witcher desde a época dos livros e muito mais depois do primeiro jogo. Portanto, meu job como cosplayer não tem relação direta com meu contrato como community manager. É algo a mais, e eles me pagam por ambos os empregos.

Na sua experiência, quão abertos são os estúdios de videogame para contratar cosplayers e outros fãs? Como o processo geralmente começa? Cosplayers e cosmakers geralmente são contratados pelas companhias se conseguem chamar a atenção ou tomam a iniciativa eles próprios?

Estúdios de games vão ver seu trabalho cedo ou tarde, mas o problema é que existem muitos fãs e muitas criações de fãs. Cosplay é apenas uma entre tantas “fanarts”.

A melhor coisa a se fazer, na minha opinião, é contatá-los diretamente e só dizer “Ei, eu faço cosplays. Eu fiz isso e aquilo. Você está interessado?” Eles são iguais à gente, entusiasmados e humanos. Eles não vão morder, então não há nada a perder tentando.

O processo sempre começa com um contrato ou mesmo com um contrato de confidencialidade, se não existir contrato. Provavelmente significa que você não será pago pelo seu trabalho…

Num editorial recente, a Hayley Williams do Kotaku disse que trabalhos remunerados de cosplay em convenções são minados por cosplayers dispostos a trabalhar de graça, assim como pela mentalidade de que cosplay deve ser feito por amor, não por dinheiro. Você concorda com esse diagnóstico? Se sim, você vê alguma solução?

Eu acho que cosplay é um bom hobby, mas quando você tem o dever de representar empresas ou marcas registradas, então você está trabalhando. Para mim, todo trabalho, não importa qual, deve ser remunerado. Eu não acho que jobs de cosplay são prejudicados por cosplayers dispostos a trabalhar de graça. Empresas pagam por qualidade (talvez nem tanto quando deveriam, mas pagam). Se eles não pagarem, então escolherão algum cosplayer que faça de graça e a qualidade refletirá isso. É uma escolha.

De qualquer forma, nós não podemos ficar irritados com as pessoas que apenas querem ser conhecidas. É problema delas.

Meu primeiro trabalho como cosplayer não foi pago. Eu queria receber, mas eles não me pagaram (brindes não são pagamento). No entanto, ele me ajudou a ser mais bem visto e a adquirir uma imagem mais séria para as empresas.

Sempre existirão pessoas que trabalharão de graça só porque são fãs, ou porque se sentem honradas de serem uma peça no maquinário. Isto nos motiva a ser mais competitivos e a aprender novas coisas para nos tornarmos mais talentosos. Eu acho que é bom pressionar as pessoas a serem melhores em seus trabalhos/hobbies, ou mesmo na vida. Então, se eles quiserem trabalhar de graça, conforme-se com isso e tente fazer melhor.

Você já trabalhou com cosplay for a da cena geek, propriamente dita (ex: em eventos corporativos, festas infantis, iniciativas filantrópicas, campanhas de publicidade)?

Alguns de meus amigos, todos cosplayers e cosmakers talentosos, estão atualmente envolvidos em um calendário cosplay para arrecadar dinheiro para caridade. Eu faço parte do projeto. Chama-se Cosplay for Life 🙂

E quanto a confecção? Você já trajes e props para outros públicos? (reenactment histórico, LARPG, etc?)

Não, mas parece muito divertido! Eu já fiz algumas armas e acessórios para meus cosplays, mas nunca para esse tipo de coisa.

Você participa de concursos de cosplay? Quão importante é o circuito de concursos na vida de um cosplayer?

Eu não sou muito ligado nisso, então só posso dizer que existem dois tipos de cosplayers entre meus amigos que gostam de participar de concursos.

Os primeiros são aqueles que participam porque gostam de competição e querem mostrar seu melhor e tentar ganhar.

Os segundos são os que só querem fazer um bom cosplay e participar para ter um bom palco para mostrar seus trajes, compartilhar seu amor ao cosplay com os outros e ter boas memórias.

Cosplays frequentemente são mencionados em discussões sobre direitos autorais. Em tese, character designs são propriedade de seus respectivos estúdios/editoras, e qualquer lucro sobre eles é vetado a terceiros. Você já teve ou testemunhou algum problema em relação a isso? Você acredita que isso possa ser um fator limitante para o crescimento da profissão?

Essa foi uma das minhas maiores questões no começo, mas eu nunca tive nenhum problema por causa disso. Eu também não acho que isto limitará pessoas a fazerem o que elas querem. Quando você faz props só para você e não ganha nada com isso, você nunca terá problemas.

Cosmakers que vendem seus trabalhos provavelmente são mais afetados por copyright. Eu realmente não sei, desculpa.

Como você vêe o futuro profissional do cosplay? Você acreditam que o mercado esteja crescendo ou diminuindo?

Eu não estou preocupado sobre o seu futuro. Eu quero trabalhar como um figurinista profissional no cinema/teatro ou na indústria de games. Se o cosplay puder me ajudar, então eu continuarei, aprenderei novas coisas e me tornarei mais competente para alcançar esse objetivo.

Eu acho que a diferença entre “cosplayer” e figurinista é bem sutil. O cosplayer faz o role play ou a parte de “modelo” que o figurinista não faz.

Cosplay profissional tem mais a ver com a carreira de modelo e em usar sua imagem para promover coisas, embora também envolva todo o processo de confecção.

Então, na minha opinião, o mercado continuará a crescer lentamente como qualquer outro emprego, e a indústria de games o está incentivando a isso muito bem.

A maioria dos cosplayers usa pseudônimos. Você pode me falar um pouco sobre este hábito? Você sabe qual é a origem da prática?

Haha! Eu não sei porque as pessoas usam apelidos ou de onde surgiu o hábito. Provavelmente foi para proteger sua identidade quando você só quer compartilhar sua paixão na internet.

Você utiliza (ou já utilizou) algum pseudônimo?

O meu é apenas meu nick em videogames… Eu só o criei para ser reconhecido atrás da tela.

Se você tivesse de dar uma dica para alguém que deseja começar a trabalhar com cosplay, qual ela seria?

Apenas tente. A parte mais difícil é se motivar a começar. Quando você tiver feito isso, você verá que não é tão difícil.

E você? Trabalha ou trabalhou com cosplay e tem uma história interessante para contar? Entre em contato com a página

Kevin Leab Thong is a cosplayer and costume maker that accomplished one of geeks’ most coveted dreams. He landed jobs with the gaming industry, and even became a community manager for CD Projekt RED in his home country of France.

Kevin took the time to have a little chat with me. In it, we talked about the involvement of cosplayers with game companies, the threshold between cosplayers and costume makers and his cosplay related work in charity.

You can read the full interview below:

How old are you and how long have you been working with cosplay?

I am 26 since April and I have worked with cosplay since my very first cosplay (2011). I was lucky enough to be noticed.

Youre an expert in costume and propmaking. What prompted you to get involved with this métier?

My father and I have always loved to watch making ofs and behind the scenes from movies and clips. We love costumes and decorations on set. One day he asked me if I wanted to make a costume with him and here I am.

What sort of cosplay related jobs have you performed? Do you accept commissions? Who are your clients?

For the moment, I have essentially worked with CD Projekt S.A. on many events since the cosplay contest which they organized. I also did some events for EA Games and I am currently working on a project with Amplitude Studio.

About commissions, I do not have a decent workshop yet so I cannot work on it as I would like to but in a near future I will probably accept commissions. As you read before, my clients are mainly video game companies. I am still opened to other clients if they need something from me. I am not very well known by the way so I contact directly by myself the studios to get some jobs. 🙂

Youre a community manager for CD Projekt RED in France. How did you end up involved with the studio? Was it related to your work cosplaying The Witcher characters?

I have got the job through a fortunate chain of circumstances. The thing is that one of my friends Thibault and I asked to Marcin Momot the main Community Manager some samples to make a costume 3 years ago and since we stayed in touch and became friends over internet. One day he proposed the job to Thibault and I because we have been HUGE fans of The Witcher since the books and more after the first game. So my cosplay work is not related to my community manager’s contract. It is something plus, and they paid me for both jobs.

In your experience, how open are videogame studios to hiring cosplayers and other fans? How does the process usually begins? Are cosplayers and crafters contacted by the companies if they make an impression, or is it the other way around?

Video games studios will see your work someday for sure, but the problem is that there are so many fans and so many fan creations, and cosplay is just a part of those “fanarts”. The best thing to do, in my opinion is to contact them directly by yourself and just say “Hey, I make costumes. I did that and this. Are you interested?”. They are just like us, passionate and human. They will not bite, so there is nothing to lose by trying.

The process begins always with a contract or even NDA (nondisclosure agreement) if there is no contract. It probably means that you will not be paid for your work…

In a recent op-ed, Kotakus Hayley Williams argued that paid cosplay jobs at conventions are hampered by cosplayers willing to work for free, as well as by the mentality that one should cosplay out of love, not profit. Do you agree with her point? If so, do you see any solutions?

I think cosplay is a good hobby, but when you are charged with representing companies or trademarks, then you are working. To me, each work, no matter what, should be paid. I do not think that the cosplay jobs are hampered by cosplayers willing to work for free. Companies will pay for great quality (maybe sometimes not as much as they should be but they will pay) if they do not then they will pick free cosplayer and the quality which goes with it. It is their choice.

By the way, we cannot be mad at people who just want to be known. It is their problem.

My first job as a cosplayer was not paid, I wanted to but they did not pay me (goodies is not a kind of payment) but it helped me to be better considerated and get a more serious image for companies. There will be always people who will work for free just because they are fans or feel honored to be a little part of the gear. It pushes us to be more competitive and learn more skills to be more talented. I think it is a good thing to push people to be better in their jobs/hobbies even life whatever. So, if they want to work for free then let them, just deal with it and try to be/do better.

Have you ever worked with cosplay outside the geek scene properly speaking (eg.: in corporate events, childrens parties, philantropic initiatives, marketing stunts)?

I have some friends also talented cosplayers and props makers who are currently working on a cosplay calendar to make money for charity. I am a little part of it. It is called Cosplay For Life  🙂

What about costume and propmaking? Have you ever crafted items for other audiences (historical reenactors, LARPers, etc)?

Not at all but it could be fun and entertaining! I have made some weapons and accessories for my costumes but never for things like this.

Do you participate in cosplay contests? How big a part of a cosplayers life are the hobbys contest cycles?

I am not into it, so I can just say that there are two types among my friends who like to do contests.

First the one who participate because she/he likes competition and want to be at her/his best and try to win it.

Secondly the one who just want to make a good costume and participate just to have a good stage to show their costume and share her/his love of cosplay to people and get good memories.

Cosplay is often mentioned in discussions about copyright law. In principle, character and costume designs belong to their respective IP holders, and any sort of for profit activity involving them is forbidden. Have you ever had or have you ever witnessed any issues concerning copyright? Do you believe this is might be a limiting factor to the growth of cosplay as a profession?

It was one of my big question at the begining but I never get any issues because of that. I do not think that it will limit people to make what they want either.

When you make props just for yourself and you do not gain any benefits from it, then you will never have any problems.

Props makers who sell their work are probably more touched by copyrights, I don’t really know sorry.

How do you see the future of professional cosplay? Do you believe the field is shrinking or expanding?

I am not worried about its future. I want to work as a professional costume maker in cinema/theater or in the video game industry. If cosplay can help me, then I will continue and learn new things and be more competent to reach that goal. I think the links between “cosplayer” and costume maker are really thin. The cosplayer does the “role playing” or modeling part that the costume maker do not. Professional cosplay is more like modeling and promote stuff with your image but it still has the whole process of costume making. So, in my opinion it will just continue to slowly grow up like any other new jobs and the video game industry is pushing it very well.

Most cosplayers use aliases. Can you talk a little bit about this practice? Do you know where it came from?

Haha! I do not know why people are using nicknames and where it came from but at the begining it probably to protect your identity when you just want to share your passion on internet.

Do you have an alias? How did you choose it?

Mine (Tanner) is just my nickname in video games… I have made it just to be recognized behind my screen.

If you were to give one tip for someone who wants to start working with cosplay, what would it be?

Just have a try. The hardest part is to push yourself to start and when it will be done you will understand that it was not that hard.

]]>
https://www.finisgeekis.com/2016/08/26/profissionais-do-cosplay-kevin-leab-thong/feed/ 0 9229