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{"id":540,"date":"2015-08-10T15:42:28","date_gmt":"2015-08-10T18:42:28","guid":{"rendered":"http:\/\/finisgeekis.com\/?p=540"},"modified":"2019-02-25T14:54:14","modified_gmt":"2019-02-25T17:54:14","slug":"cultura-otaku-e-cultura-japonesa","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/2015\/08\/10\/cultura-otaku-e-cultura-japonesa\/","title":{"rendered":"“Cultura otaku” \u00e9 cultura japonesa?"},"content":{"rendered":"

Para n\u00f3s, do outro lado do mundo, essa pergunta soa estranha. O Guia da Cultura Japonesa<\/a> carrega uma se\u00e7\u00e3o inteira sobre o assunto (algo de se esperar, j\u00e1 que \u00e9 publicado pela JBC). No bairro da Liberdade em S\u00e3o Paulo mang\u00e1s e merchandise otaku dividem espa\u00e7o com kimonos, mistura para miss\u00f4 e cogumelos shiitake. Mesmo os mais \u00e1vidos “militantes” anti-anime reconhecem seu carimbo nip\u00f4nico: anos atr\u00e1s, um deputado americano<\/a> declarou que a m\u00eddia \u00e9 a prova de que duas bombas n\u00e3o haviam sido suficientes.<\/p>\n

O leitor pode ficar surpreso ao saber que na terra do sol nascente essa opini\u00e3o tem seus contr\u00e1rios. Pol\u00edticos como Shintaro Ishihara, ex-prefeito de T\u00f3quio, aproveitam cada oportunidade para atacar a influ\u00eancia da cultura otaku na “sa\u00fade dos jovens”, a ponto de terem\u00a0trocado farpas <\/a>com gigantes da ind\u00fastria com um projeto de lei de controle da m\u00eddia anos atr\u00e1s. Ishihara n\u00e3o \u00e9 um \u00fanico: para v\u00e1rios japoneses, mang\u00e1 e anime n\u00e3o s\u00e3o cultura japonesa “de verdade”. Para eles, n\u00e3o passariam de pervers\u00f5es ocidentais que retratam – quando n\u00e3o zombam – de s\u00edmbolos nip\u00f4nicos leg\u00edtimos. O “verdadeiro Jap\u00e3o” n\u00e3o usa palavras em ingl\u00eas em seu vocabul\u00e1rio, nem\u00a0baba com garotas estilizadas de pouca roupa\u00a0e her\u00f3is de topetes coloridos. Estes s\u00e3o costumes ocidentais – em especial, americanos – que japoneses abra\u00e7aram por vergonha, ignor\u00e2ncia ou degenera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Por mais hist\u00e9ricos\u00a0que esses cr\u00edticos soem, eles n\u00e3o est\u00e3o 100% errados. H\u00e1 algo de n\u00e3o-japon\u00eas na cultura otaku, que abala a pr\u00f3pria ideia de uma “cultura japonesa”. Por\u00e9m, como em todas as coisas, a verdade \u00e9 sempre mais complicada.<\/p>\n

<\/p>\n

Quando os japoneses foram proibidos de ser japoneses<\/h3>\n

Hiroki Azuma, um autor que j\u00e1 citei aqui<\/a> algumas vezes, tem uma explica\u00e7\u00e3o. Al\u00e9m de cr\u00edtico especialista em cultura otaku, ele \u00e9 o escritor da\u00a0hist\u00f3ria que inspirou o belo anime\u00a0Fractale<\/a>\u00a0<\/em>e \u00e9 parceiro de Takashi Murakami no movimento\u00a0Superflat<\/a><\/em>. Para aqueles que n\u00e3o s\u00e3o familiares com o mundo da arte, Murakami \u00e9 um pintor que incorpora influ\u00eancias da anima\u00e7\u00e3o japonesa e da cultura pop em seus trabalhos. D\u00e1 para perceber, portanto, que para ele a quest\u00e3o \u00e9 pessoal.<\/p>\n

\"gero_tan\"<\/a>

Gero tan, de Takashi Murakami<\/p><\/div>\n

Segundo Azuma, tudo come\u00e7a \u2013 como as coisas, no Jap\u00e3o contempor\u00e2neo, geralmente come\u00e7am \u2013 com a Segunda Guerra Mundial. \u00a0Entre 1945 e 1952, o Jap\u00e3o esteve ocupado pelas for\u00e7as armadas dos Estados Unidos. Se por um lado os americanos acabaram com a terr\u00edvel censura do regime de Hirohito, por outro colocaram, eles mesmos, suas proibi\u00e7\u00f5es<\/a>. Obras “indecentes” ou que fizessem apologia ao militarismo eram proibidas de circular. Na pr\u00e1tica, isto significou que uma boa parte da cultura que os japoneses tinham de mais cara fosse banida ou controlada, dos filmes de samurai <\/a>ao pr\u00f3prio shinto\u00edsmo<\/a>, a religi\u00e3o oficial do pa\u00eds.\u00a0De um dia para outro, um povo que se via no dever de se orgulhar da pr\u00f3pria cultura teve de aprender a esquec\u00ea-la. N\u00e3o \u00e9 um trauma f\u00e1cil de se resolver. Para a sorte dos japoneses, eles tiveram uma ajudinha do estrangeiro.<\/p>\n

Nos anos 1970 e 1980, um novo jeito de encarar a arte e o mundo chegou ao Jap\u00e3o. Esta filosofia, criada na Fran\u00e7a para pensar na loucura e histeria das novas m\u00eddias que surgiam, se baseava em uma ideia simples.<\/p>\n

Um dia, no passado, a realidade era apenas o que havia \u00e0 nossa volta. Obras de arte, escritos e entretenimento eram um tempero a mais, um toque de criatividade que curt\u00edamos de quando em quando e que sab\u00edamos separar do mundo que nos cercava.<\/p>\n

Alguns s\u00e9culos depois, a situa\u00e7\u00e3o era outra. R\u00e1dio e TV viraram itens indispens\u00e1veis cujos programas nos acompanhavam dia e noite. Com os walkmen (depois CD players e iPods) a m\u00fasica passou a ser algo presente em cada segundo de nossas vidas. Com as telas (primeiro na sala, depois nos quartos, bolsos e rel\u00f3gios) nosso dia a dia deixou de ser f\u00edsico para abra\u00e7ar o virtual. Programas, desenhos e comerciais n\u00e3o eram mais um tempero: eles haviam se tornado parte da realidade. Pense s\u00f3 em sua inf\u00e2ncia e em quantas mem\u00f3rias voc\u00ea tem de jingles, <\/em>personagens de anima\u00e7\u00e3o, locutores favoritos ou websites. Recentemente, passamos mais tempo com v\u00eddeo, internet e arquivos mp3 do que com um mundo que existe \u201cde verdade\u201d e que podemos \u201ctocar\u201d.<\/p>\n

Essas mudan\u00e7as fizeram a cabe\u00e7a de uma legi\u00e3o de artistas, que criaram uma arte\u00a0acess\u00edvel e criativa, em que nada era o que parecia e a pr\u00f3pria exist\u00eancia era posta em xeque. Neste mundo, personagens interagiam com seres imagin\u00e1rios e manifesta\u00e7\u00f5es dos seus pr\u00f3prios sentimentos. \u00c0s vezes, eles temiam estar ficando loucos. Outras vezes, eles \u201cdescobriam\u201d que s\u00e3o personagens em uma hist\u00f3ria e lutavam para se libertar do autor.<\/p>\n

\"paranoia<\/a><\/p>\n

O resultado \u00e9 uma \u201cfantasia\u201d igual a nenhuma outra. N\u00e3o \u00e9 m\u00e1gica ou coerente como os livros de Tolkien e seus milhares de imitadores. N\u00e3o \u00e9 s\u00e9ria como a low fantasy<\/em> que lida com monstros<\/a> (fant\u00e1sticos ou humanos). N\u00e3o \u00e9 \u201cafei\u00e7oada \u00e0 p\u00e1tria\u201d e politizada como o realismo fant\u00e1stico da Am\u00e9rica Latina. \u00c9, fiel \u00e0 sua origem, uma mistura desvairada de cultura pop, memes, cores vibrantes e doidices aleat\u00f3rias.<\/p>\n

\"paprika-4\"<\/a><\/p>\n

Qualquer semelhan\u00e7a com o anime n\u00e3o \u00e9 mera coincid\u00eancia. Quando os japoneses foram apresentados a essa corrente, algo incr\u00edvel aconteceu.<\/p>\n

A “domestica\u00e7\u00e3o” da cultura pop<\/h3>\n

\"Takashi-Murakami-Gagosian-In-the-Land-of-the-Dead-Stepping-on-the-Tale-of-a-Rainbow-ModeArte\"<\/a><\/p>\n

Para artistas ansiosos em expor a cultura, modo de vida e desassosegos de seu pa\u00eds, por\u00e9m sem saber como escapar do r\u00f3tulo de “americanizados”, essa nova arte trouxe uma sa\u00edda in\u00e9dita. E se o mundo moderno, os arranha-c\u00e9us, as palavras em ingl\u00eas e\u00a0 os adere\u00e7os modernos \u2013 do celular aos consoles de games \u2013 pudessem se transformar em uma nova cultura? N\u00e3o, obviamente, do jeito que estavam, mas caso fossem modificados um pouco, misturados aos samurai, shamisen e cerim\u00f4nias do ch\u00e1? Afinal, se coisas imateriais j\u00e1 faziam parte da realidade e se n\u00e3o havia mais divis\u00e3o entre o mundo \u201creal\u201d e \u201cdigital\u201d, por que n\u00e3o combinar tudo?<\/p>\n

Desse caldeir\u00e3o surgiu o anime que amamos tanto. O Jap\u00e3o at\u00e9 produzia anima\u00e7\u00f5es antes da guerra<\/a>, mas basta uma olhada para perceber que elas n\u00e3o tinham nada a ver com o universo vibrante de Goku, Sakura e Usagi. Obviamente, o anime n\u00e3o foi a \u00fanica coisa a sair desse choque.\u00a0Outro Murakami, o escritor Haruki, trouxe \u00e0 literatura o que seu xar\u00e1 fez com as artes pl\u00e1sticas. O autor, cuja obra influenciou uma s\u00e9rie de animes, de\u00a0Haibane Renmei<\/a>\u00a0<\/em>a\u00a0Angel Beats!<\/a>, <\/em>a ponto de ser\u00a0diretamente citada\u00a0no surreal\u00a0Mawaru Penguindrum<\/a>,\u00a0<\/em>escreveu hist\u00f3rias\u00a0que trouxeram Johnnie Walker, Coronel Sanders<\/a>, o ataque de g\u00e1s sarin<\/a> no metr\u00f4 de T\u00f3quio e a campanha japonesa na Manch\u00faria<\/a> na Segunda Guerra a um mundo fant\u00e1stico.<\/p>\n

\"livros<\/a>

Livros de Murakami no anime Mawaru Penguindrum<\/p><\/div>\n

Quase cem anos atr\u00e1s, Virginia Woolf disse que a arte s\u00f3 come\u00e7a onde termina a auto-afirma\u00e7\u00e3o. Muito se fala sobre preservar as \u201cra\u00edzes\u201d, celebrar a \u201cnossa cultura\u201d e acabar com as \u201cinflu\u00eancias de fora\u201d. O advento do anime, no entanto, nos passa uma li\u00e7\u00e3o contr\u00e1ria. Afinal de contas, ele deu \u00e0 cultura japonesa algo que ela (com exce\u00e7\u00e3o talvez dos trabalhos do Hokusai<\/a>) nunca antes teve: popularidade inigual\u00e1vel no mundo inteiro. O otaku n\u00e3o tem pa\u00eds. Ele existe em qualquer parte do mundo, tal com os comerciais, mascotes, refer\u00eancias liter\u00e1rias, memes e toda a realidade recortada que celebra.<\/p>\n

\u00c9 importante ter orgulho de onde viemos e de quem somos. Mas \u00e0s vezes, para compartilhar nossa experi\u00eancia, nada \u00e9 melhor do que deixar isso de lado por um instante.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Para n\u00f3s, do outro lado do mundo, essa pergunta soa estranha. O Guia da Cultura Japonesa carrega uma se\u00e7\u00e3o inteira sobre o assunto (algo de se esperar, j\u00e1 que \u00e9 publicado pela JBC). No bairro da Liberdade em S\u00e3o Paulo mang\u00e1s e merchandise otaku dividem espa\u00e7o com kimonos, mistura para miss\u00f4 e cogumelos shiitake. Mesmo […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":546,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"spay_email":"","jetpack_publicize_message":"","jetpack_is_tweetstorm":false},"categories":[576],"tags":[45,53,103,163,171,192,226,296,307,344,375],"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/i2.wp.com\/www.finisgeekis.com\/wp-content\/uploads\/2015\/08\/millenium-actress-cultura-japonesa.jpg?fit=1419%2C798","jetpack_publicize_connections":[],"jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/p9rUzW-8I","_links":{"self":[{"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/540"}],"collection":[{"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=540"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/540\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":21357,"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/540\/revisions\/21357"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media\/546"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=540"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=540"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=540"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}