Era, como diria Vin\u00edcius<\/a>, um pr\u00e9dio muito engra\u00e7ado. Fam\u00edlias com exatamente seis pessoas ocupavam todos os apartamentos.<\/p>\n\n\n\n Aqui e ali, coisas estranhas come\u00e7am a acontecer. Um homem cuja barba cresce mais r\u00e1pido do que \u00e9 capaz de cort\u00e1-la. Uma pessoa cujas bolha no p\u00e9 viraram mini lagoas \u2013 com girinos e tudo.<\/p>\n\n\n\n \u201c\u00c9 coisa do Dem\u00f4nio\u201d explica uma vizinha de outro pr\u00e9dio. Seis, afinal de contas, \u00e9 o n\u00famero da besta.<\/p>\n\n\n\n As pessoas da cidade come\u00e7am a evitar o pr\u00e9dio. Isolados do mundo, seus moradores criam sua pr\u00f3pria rotina, depois seu pr\u00f3prio banco central e moeda. Com o tempo, decretam independ\u00eancia e criam suas pr\u00f3prias for\u00e7as armadas. Na Ba\u00eda de T\u00f3quio, \u00e9 poss\u00edvel v\u00ea-los em exerc\u00edcios conjuntos com a Marinha Japonesa.<\/p>\n\n\n\n Se a hist\u00f3ria acima a fez perguntar o que diabos acabou de ler, n\u00e3o est\u00e1 sozinha. A historinha vem de um dos contos de People From My Neighbourhood<\/em><\/a> da escritora Hiromi Kawakami.<\/p>\n\n\n\n No papel, o livro \u00e9 um compilado de microfic\u00e7\u00e3o sobre os habitantes de um sub\u00farbio de T\u00f3quio. Na pr\u00e1tica, \u00e9 um \u00e1lbum de retratos t\u00e3o repleto de realismo fant\u00e1stico, absurdo, met\u00e1foras e humor que parece feito sob medida para fritar nossas sinapses.<\/p>\n\n\n\n Esse n\u00e3o \u00e9 um livro escrito com palavras, mas com imagina\u00e7\u00e3o em estado bruto.<\/p>\n\n\n\n\n\n\n\n As pessoas do meu bairro<\/strong><\/p>\n\n\n\n