O ano era 1964. \u201cComputadores\u201d, para a maioria das pessoas, ainda eram papo de fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica.<\/p>\n
Foi quando Joseph Weizenbaum, um professor do MIT, prestigiada universidade americana, teve uma ideia fora da caixa: um programa de computador capaz de conversar com seres humanos.<\/p>\n
Sua inven\u00e7\u00e3o era capaz de entender frases digitadas e responder com senten\u00e7as que fizessem sentido.<\/p>\n
Por capricho, resolveu lhe dar um nome humano: ELIZA. Assim era chamada a hero\u00edna de Pigmale\u00e3o<\/a>, <\/em>pe\u00e7a do dramaturgo irland\u00eas George Bernard Shaw. Na obra, Eliza \u00e9 uma mulher das quebradas \u201cadotada\u201d por um mentor que deseja transform\u00e1-la em uma lady.<\/em><\/p>\n Tal como \u201cEliza\u201d, a mo\u00e7a, aprendera a falar como uma senhorita de classe, ELIZA, o software, aprenderia a falar como uma mulher de carne e osso.<\/p>\n Por conveni\u00eancia, deu-lhe a profiss\u00e3o de terapeuta. Afinal de contas, que jeito melhor para entender a fala de humanos que ouvi-los desabafar todos os seus problemas?<\/p>\n <\/p>\n O que come\u00e7ou como um experimento \u2013 para n\u00e3o dizer uma brincadeira \u2013 transformou-se em coisa muito maior. Eliza era t\u00e3o convincente que seus interlocures se convenceram de que possu\u00eda intelig\u00eancia humana. Psic\u00f3logos de respeito escreveram artigos sobre a nova \u201ccolega\u201d. N\u00e3o foram poucos os que desenvolveram sentimentos verdadeiros pelo programa.<\/p>\n O frisson <\/em>ganhou at\u00e9 um nome: efeito ELIZA<\/a>, a tend\u00eancia de projetar emo\u00e7\u00f5es humanas em m\u00e1quinas. Se o software de Weizenbaum hoje \u00e9 lembrado apenas como curiosidade, esta histeria escreveu o nome de seu criador na hist\u00f3ria da tecnologia.<\/p>\n Num mundo em que assistentes virtuais se tornam mais e mais comuns, o efeito ELIZA \u00e9 um fen\u00f4meno que observamos \u2013 quando n\u00e3o experimentamos \u2013 todos os dias. De Chobits <\/em><\/a>a Her<\/em><\/a>, hist\u00f3rias sobre pessoas que se envolvem por computadores j\u00e1 s\u00e3o uma parte do nosso imagin\u00e1rio. A moral destas f\u00e1bulas nem sempre \u00e9 positiva.<\/p>\n