– Isso \u00e9 verdade \u2013 Uchida disse, rindo \u2013 Mas voc\u00ea simplesmente n\u00e3o entende.<\/em><\/p><\/blockquote>\nNo anime, o di\u00e1logo aparece com pouqu\u00edssimas altera\u00e7\u00f5es. Por\u00e9m, gra\u00e7as \u00e0 linguagem visual de Ishida – e de um competente trabalho de dublagem – n\u00f3s entendemos o tom professoral de Aoyama pelo que de fato \u00e9:\u00a0 o papo-furado de um garoto inseguro, intimidado pelos seus pr\u00f3prios sentimentos.<\/p>\n
A literatura \u00e9 plenamente capaz de passar essas ideias. Infelizmente, a prosa de Morimi n\u00e3o d\u00e1 conta, e seus di\u00e1logos depenados, com poucos (e batidos) verbos de elocu\u00e7\u00e3o, fazem o protagonista parecer um desalmado.<\/p>\n
Que o pr\u00f3prio Morimi n\u00e3o d\u00ea a devida aten\u00e7\u00e3o aos sentimentos das suas personagens n\u00e3o ajuda. Em nenhum lugar isto fica mais claro que no festival de ver\u00e3o. Um epis\u00f3dio presente tanto no romance quanto no filme, mas que n\u00e3o poderiam ter sido apresentados de maneira mais diferente.<\/p>\n
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No livro, a cena se desenrola como uma s\u00e9rie de encontros n\u00e3o relacionados, conforme o elenco da hist\u00f3ria explora as atra\u00e7\u00f5es da noite.\u00a0 Nenhuma destas trocas traz informa\u00e7\u00f5es nova, e a sequ\u00eancia soa apenas repetitiva. Um meandro desnecess\u00e1rio em um romance que j\u00e1 sofre de uma falta de dire\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
No anime, pelo contr\u00e1rio, as personagens s\u00e3o reunidas em uma emboscada digna de uma com\u00e9dia rom\u00e2ntica.<\/p>\n
Aoyama encontra Hamamoto e seu pai, que ainda n\u00e3o conhecia \u2013 ao contr\u00e1rio do livro, em que j\u00e1 haviam sido apresentados. A mulher do consult\u00f3rio surge segundos depois, e Aoyama se v\u00ea espremido dentro do pr\u00f3prio tri\u00e2ngulo amoroso.<\/p>\n
Cada linha de di\u00e1logo \u2013 original do anime \u2013 \u00e9 carregada de duplo sentido.<\/p>\n
\u201cQuer dizer que somos rivais\u201d diz o pai, ao ouvir de Hamamoto que ela e o garoto brincam juntos. \u201cN\u00f3s somos parceiros de pesquisa.\u201d Uma Hamamoto enciumada diz \u00e0 dentista. \u201cQuer dizer que \u00e9 por isso que voc\u00ea deixou de lado a nossa <\/em>pesquisa?\u201d ela diz a Aoyama com um olhar l\u00e2nguido.<\/p>\n<\/p>\n
Atento ao que \u00e9 de fato importante, o roteirista Ueda coloca a bola no campo do Aoyama. O tri\u00e2ngulo amoroso Suzuki-Aoyama-Hamamoto d\u00e1 um passo para tr\u00e1s, substitu\u00eddo por outro: Aoyama e suas duas musas.<\/p>\n
Prova: enquanto que no livro Aoyama irrita Suzuki ao dizer que gosta de Hamamoto, no filme \u00e9 o bully quem sugere que ele tem uma queda pela garota.<\/p>\n
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N\u00e3o adianta se esconder atr\u00e1s dos outros, Aoyama. Nesse filme, \u00e9 voc\u00ea<\/strong> quem deve tomar uma decis\u00e3o sobre seus pr\u00f3prios sentimentos.<\/p>\nE \u00e9, afinal, esse foco em sentimentos que nos leva \u00e0 mudan\u00e7a mais significativa de todas:<\/p>\n