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{"id":14779,"date":"2017-02-06T18:43:44","date_gmt":"2017-02-06T20:43:44","guid":{"rendered":"http:\/\/finisgeekis.com\/?p=14779"},"modified":"2019-02-25T13:55:15","modified_gmt":"2019-02-25T16:55:15","slug":"historia-da-sua-vida-o-conto-que-inspirou-a-chegada","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/2017\/02\/06\/historia-da-sua-vida-o-conto-que-inspirou-a-chegada\/","title":{"rendered":"“Hist\u00f3ria da Sua Vida”: o conto que inspirou “A Chegada”"},"content":{"rendered":"

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Tudo isso que eu j\u00e1 vi na guerra, (…) tanta falta de sentido, viol\u00eancia… me fez pensar sobre falta de comunica\u00e7\u00e3o. Quer dizer, essa n\u00e3o \u00e9 a raiz de tudo isso? Conflitos, guerras… no final das contas, n\u00e3o \u00e9 tudo quest\u00e3o de linguagem? As palavras que ouvimos e que dizemos e que n\u00e3o s\u00e3o sempre as mesmas. E eu pensei: e se houvesse uma s\u00f3 l\u00edngua \u2013 uma l\u00edngua universal?<\/p>\n<\/blockquote>\n

A sacada\u00a0\u00e9 do xerife Hank Larsson, personagem da\u00a0s\u00e9rie\u00a0Fargo<\/a>. <\/em>\u00c9 uma ideia atraente, em que\u00a0todos n\u00f3s, em algum momento, j\u00e1 devemos ter pensado.<\/p>\n

E se tudo o que houvesse de errado na terra fossem apenas problemas de comunica\u00e7\u00e3o?<\/p>\n

<\/p>\n

E se pud\u00e9ssemos encontrar uma linguagem objetiva, universal, que nos permitisse entender a todos \u2013 e a tudo?<\/strong><\/p>\n

Quem acompanha o\u00a0Oscar 2017 sabe que o exerc\u00edcio j\u00e1 foi colocado em pr\u00e1tica. \u00c9, afinal, o enredo de A Chegada<\/em>, fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica com Amy Adams que\u00a0coleciona indica\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

\"arrival_ver2_xxlg.jpg\"<\/p>\n

O que alguns talvez n\u00e3o saibam \u00e9 que A Chegada <\/em>\u00e9 baseado em um conto de um dos maiores talentos da fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica contempor\u00e2nea. E que, para nossa sorte, j\u00e1 foi lan\u00e7ado no Brasil.<\/p>\n

Hist\u00f3ria da Sua Vida<\/h3>\n

\"hist\u00f3ria<\/p>\n

Ted Chiang<\/a> pode n\u00e3o ser t\u00e3o conhecido como Arthur C. Clarke ou Philip K. Dick, mas n\u00e3o h\u00e1 d\u00favidas de que \u00e9 um dos novos talentos do g\u00eanero. Com apenas quinze textos publicados, j\u00e1 ganhou mais de uma d\u00fazia de pr\u00eamios, incluindo v\u00e1rios Nebula, Hugo e Locus Awards.<\/p>\n

Sua popularidade fala por si s\u00f3: depois do lan\u00e7amento de A Chegada<\/em>, Hist\u00f3ria da Sua Vida<\/a>, <\/em>o conto que o inspirou, se tornou o best-seller n\u00famero 1<\/a> na categoria fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica<\/strong> da Amazon.<\/strong><\/p>\n

\"ted-chiang.jpg\"

O escritor Ted Chiang<\/p><\/div>\n

Chiang n\u00e3o \u00e9 conhecido por lores <\/em>vastas ou trilogias super elaboradas. Seu estilo \u00e9 enxuto, e \u00e9 no conto<\/strong> que encontrou sua melhor express\u00e3o.<\/p>\n

Tal como Jorge Lu\u00eds Borges (cuja obra ele pr\u00f3prio cita), v\u00e1rias de suas hist\u00f3rias giram em torno de inven\u00e7\u00f5es inusitadas que nos convidam a pensar na vida de outra maneira.<\/p>\n

Em Hist\u00f3ria da Sua Vida, <\/em>publicado aqui pela Intr\u00ednseca,\u00a0essa inven\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 exatamente um objeto, mas um idioma. No conto, naves misteriosas pousaram na terra. N\u00e3o parecem reagir aos humanos. N\u00e3o dizem a que vieram, nem o que esperam de n\u00f3s.<\/p>\n

Devemos atac\u00e1-los? Expuls\u00e1-los? Esperar at\u00e9 que fa\u00e7am algo?<\/p>\n

\"arrival-touch\"<\/p>\n

As for\u00e7as armadas convocam Louise Banks, uma linguista, para encontrar um jeito de\u00a0se comunicar com os rec\u00e9m-chegados. Em uma trama sem qualquer drama,\u00a0technobabble<\/em>\u00a0ou gordura\u00a0<\/em>de sobra, Chiang nos guia para uma obsess\u00e3o intelectual \u2013 e uma viagem pelo mundo da linguagem.<\/p>\n

O tempo \u00e9 relativo<\/strong><\/h3>\n

Contatos com extraterrestres s\u00e3o frequentes na fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica. Muitas vezes, estes “alien\u00edgenas” s\u00e3o\u00a0humanos em tudo, menos no nome.<\/p>\n

\"klingon.jpg\"<\/p>\n

E n\u00e3o digo apenas em apar\u00eancia. Extraterrestres, Hollywood nos\u00a0conta, s\u00e3o compat\u00edveis conosco em sentimentos, racioc\u00ednio, humor (e at\u00e9 sistemas operacionais)<\/p>\n

\"virus-scene-in-independence-day.jpg\"

Quase imposs\u00edvel fazer um v\u00edrus que funcione para PC e Mac. Mas para o computador da nave de Independence Day? Brincadeira de crian\u00e7a.<\/p><\/div>\n

Hist\u00f3ria da Sua Vida <\/em>\u00e9 feliz ao imaginar seres t\u00e3o diferentes<\/strong> que nos obrigam a rever nossas pr\u00f3pria no\u00e7\u00e3o de \u201cser\u201d, \u201cimagina\u00e7\u00e3o\u201d e \u201cdiferen\u00e7a\u201d.<\/p>\n

Na sua miss\u00e3o para se comunicar com os heptap\u00f3des (como os alien\u00edgenas s\u00e3o chamados), a protagonista descobre que sua mente n\u00e3o tem nada em comum com a nossa<\/strong>. N\u00e3o s\u00f3 em vis\u00f5es de mundo, mas na pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o do tempo. <\/strong><\/p>\n

N\u00f3s, seres humanos, captamos os acontecimentos um ap\u00f3s o outro. A vida, aos nossos olhos, \u00e9 uma jornada linear do nascimento at\u00e9 a morte. Nenhum homem entra no mesmo rio duas vezes: nem o homem \u00e9 o mesmo, nem o rio \u00e9 o mesmo.<\/p>\n

O problema, como f\u00edsicos v\u00eam nos dizendo h\u00e1 mais de um s\u00e9culo, \u00e9 que o \u201ctempo\u201d, na natureza, \u00e9 uma coisa bem mais complicada.<\/p>\n

Para os heptap\u00f3des, ele \u00e9 simult\u00e2neo<\/strong>. Passado, presente e futuro s\u00e3o apreendidos juntos. Suas mentes viajam da inf\u00e2ncia \u00e0 velhice, dos traumas aos momentos de alegria, como se fossem quartos diferentes de uma casa.<\/p>\n

\"2001spaceodyssey133\"<\/p>\n

Louise descobre que seu idioma \u00e9 incompreens\u00edvel justamente porque depende desse entendimento. E qual \u00e9 a sua surpresa ao se tocar que, conforme o aprende, ela come\u00e7a, tamb\u00e9m, a perceber o tempo como os heptap\u00f3des.<\/strong><\/p>\n

A linguista se torna onisciente, capaz de se \u201clembrar\u201d do futuro com a mesma facilidade com que nos recordamos do que comemos ontem. Sua vida inteira \u2013 o casamento, o primeiro beb\u00ea, a morte da filha aos 25 anos \u2013 passa diante de seus olhos.<\/p>\n

O conceito \u00e9 baseado em uma ideia\u00a0que existe de verdade na lingu\u00edstica. Trata-se da hip\u00f3tese de Sapir-Whorf<\/a>, que sugere\u00a0que forma como nos comunicamos influencia nosso jeito de pensar<\/strong>.<\/p>\n

Claro, linguista nenhum j\u00e1 sugeriu que \u00e9 poss\u00edvel prever o futuro aprendendo uma nova l\u00edngua. Mas isto \u00e9 o de menos. Hist\u00f3ria da Sua Vida <\/em>\u00a0<\/em>n\u00e3o \u00e9 um conto\u00a0sobre a clarivid\u00eancia, mas sobre suas<\/strong>\u00a0consequ\u00eancias<\/strong>.<\/p>\n

Como Louise Banks descobre, por\u00a0sintetizar passado, presente e futuro; aquilo que existe com aquilo que n\u00e3o existe, a l\u00edngua dos heptap\u00f3des \u00e9 perfeitamente objetiva. <\/strong>Como ela mesma diz a um colega:<\/p>\n

\n

\u00a0— Existe alguma coisa assim nos sistemas de escrita humanos?<\/em><\/p>\n

— Equa\u00e7\u00f5es matem\u00e1ticas, partituras de m\u00fasica e dan\u00e7a. Mas s\u00e3o todas muito especializadas; n\u00f3s n\u00e3o conseguir\u00edamos registrar essa conversa usando elas. Mas eu suspeito que, se a conhec\u00eassemos bem o suficiente, conseguir\u00edamos registrar essa conversa na escrita heptap\u00f3de. Eu acho que \u00e9 uma l\u00edngua gr\u00e1fica completa, feita para todos os fins.\u201d<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n

Consegue se imaginar escrevendo em partituras? Explicando seu gosto por comida com uma equa\u00e7\u00e3o? Ver\u00a0r\u00e9us e candidatos pol\u00edticos \u00a0se justificando\u00a0com \u00e1lgebra?<\/p>\n

Com certeza, essa l\u00edngua seria \u201cmelhor\u201d do que as que temos hoje. Mas as pessoas que a usam continuariam a ser humanas? Existe \u201chumanidade\u201d para al\u00e9m da mentira, da ambiguidade… da poesia?<\/p>\n

Os limites de uma l\u00edngua “perfeita”<\/h3>\n

\"sheet<\/p>\n

Uma l\u00edngua “perfeita” resolve muitos problemas. Como violinista, por exemplo, acho o m\u00e1ximo\u00a0saber que existe um sistema que permite que eu registre qualquer som, de uma sonata do Beethoven at\u00e9 a buzina de um caminh\u00e3o.<\/p>\n

O problema \u00e9 que, para o dia-a-dia, n\u00e3o existe\u00a0nada parecido com isso. E algumas das caracter\u00edsticas mais fundamentais da nossa cultura<\/strong> surgiram justamente para remediar essa falta.<\/p>\n

Se cont\u00e1ssemos com uma\u00a0l\u00edngua 100% objetiva, n\u00e3o precisar\u00edamos de met\u00e1foras, hip\u00e9rboles e outras figuras de linguagem. N\u00e3o precisar\u00edamos tampouco de debates ou conversas: afinal,\u00a0a realidade \u00e9 uma s\u00f3 e pode ser conhecida por todos.<\/p>\n

Pior ainda, n\u00e3o existiria nem \u201cvida\u201d. Se j\u00e1 sabemos o que acontecer\u00e1 a cada etapa, tudo o que nos resta \u00e9 esperar o inevit\u00e1vel.<\/p>\n

\u00c9 o que Louise Banks eventualmente descobre, na medida em que sua mente \u00e9 transformada:<\/p>\n

\n

O conhecimento do futuro \u00e9 incompat\u00edvel com o livre-arb\u00edtrio. O que torna poss\u00edvel para mim exercitar a liberdade de escolha tamb\u00e9m me impossibilita de saber o que est\u00e1 por vir. Da mesma forma, agora que eu sei o futuro, eu jamais agirei contr\u00e1ria ao futuro, e isto inclui dizer aos outros o que eu sei: aqueles que sabem do futuro n\u00e3o falam sobre ele. Quem leu o <\/em>Livro das Eras nunca admite t\u00ea-lo lido.<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n

Uma linguagem objetiva, capaz de ver o \u201cplano geral\u201d do universo \u00e9 uma d\u00e1diva inimagin\u00e1vel. Infelizmente, como o Dr. Manhattan de Watchmen<\/em>\u00a0nos mostra, ao cruzar essa linha perdemos algo muito mais importante.<\/p>\n

Cada um de n\u00f3s v\u00ea o mundo com nossos pr\u00f3prios olhos. \u00c9 isso que d\u00e1 sentido \u00e0s nossas discuss\u00f5es, nossas trocas – e mesmo nossa arte. Se tudo o que foi, \u00e9 e ser\u00e1 estivesse diante dos nossos olhos, cada ponto de vista seria indistingu\u00edvel do outro.<\/p>\n

Com onisci\u00eancia, perdemos a multiplicidade.<\/p>\n

\"drManhattan.jpg\"<\/p>\n

A Chegada <\/em>\u00e9 fiel ao conto de Chiang, mas curiosamente deixa isso de lado. Em vez dos conflitos filos\u00f3ficos\u00a0de Louise Banks, temos um thriller <\/em>geopol\u00edtico, em que l\u00edderes globais amea\u00e7am transformar nosso\u00a0primeiro contato em uma guerra planet\u00e1ria.<\/p>\n

\"source.gif\"<\/p>\n

Comunicar-se com os aliens, logo descobrimos, \u00e9 apenas um pretexto. A verdadeira miss\u00e3o da linguista \u00e9 fazer com que nossos pr\u00f3prios l\u00edderes ponham suas diferen\u00e7as de lado e aprendam a trabalhar em equipe.<\/p>\n

\"arrival-louise-ian-and-colonel-weber.jpg\"<\/p>\n

Comparado com seu material de origem, \u00e9 uma hist\u00f3ria muito mais upbeat<\/em>. E, justamente por ser assim\u00a0otimista,<\/em>\u00a0parece \u00e0s vezes \u201ccerta demais\u201d.<\/p>\n

Ao assisti-la nos cinemas, n\u00e3o consegui parar de pensar\u00a0em Solaris<\/a><\/em>, a obra prima de Stanislaw Lem que se tornou outra obra-prima<\/a> do cineasta Andrei Tarkovsky. Para alguns, o 2001: Uma Odiss\u00e9ia no Espa\u00e7o <\/em>da Uni\u00e3o Sovi\u00e9tica.<\/p>\n

\"solaris<\/p>\n

Tal como em Hist\u00f3ria da Sua Vida, Solaris <\/em>fala da tentativa de se comunicar com uma entidade alien\u00edgena. Neste caso, um oceano\u00a0inteiro que parece ter consci\u00eancia\u00a0pr\u00f3pria. Tal como no conto de Chiang, os cientistas percebem que se comunicar com esta criatura \u00e9 mais dif\u00edcil do que parece.<\/p>\n

Eles logo notam\u00a0que \u201cSolaris\u201d, este planeta vivo, est\u00e1 em outro n\u00edvel de realidade, e que sua \u201cl\u00edngua\u201d n\u00e3o \u00e9 um idioma, mas um chamado lovecraftiano.\u00a0Mesmo que possua uma “mente” como a nossa, seu\u00a0racioc\u00ednio n\u00e3o \u00e9 algo\u00a0que podemos (ou desejaremos) ouvir.<\/p>\n

N\u00e3o demora para que descubram que n\u00e3o s\u00e3o eles que est\u00e3o fazendo experimentos com o alien, mas o contr\u00e1rio: \u00e9\u00a0Solaris quem os estuda, invadindo sua mente e brincando com suas mem\u00f3rias, medos e pensamentos.<\/p>\n

\"tarkovsky<\/p>\n

Solaris<\/em> mostra que conhecer o \u201cplano geral do mundo\u201d \u00e9 uma rota para a\u00a0loucura. \u201cDeus\u201d, se ele existe, n\u00e3o \u00e9 um velhinho de barba branca, mas um turbilh\u00e3o de caos, histeria e impot\u00eancia:<\/p>\n

\n

Quero dizer um Deus cujas defici\u00eancias n\u00e3o v\u00eam da simplicidade de seus criadores, mas constituem sua caracter\u00edstica mais essencial e imanente. Este seria um Deus limitado na sua onisci\u00eancia e onipot\u00eancia, que poderia errar ao prever o futuro de sua obra, que poderia se ver horrorizado pelos eventos que desencadeou. Este \u00e9 um Deus… aleijado, que sempre deseja mais do que ele pode ter e nunca percebe isto. Que criou rel\u00f3gios, mas n\u00e3o o tempo que eles medem. Que criou sistemas e mecanismos que servem prop\u00f3sitos particulares, mas que superaram estes prop\u00f3sitos e o tra\u00edram. E que criou um infinito que, longe de ser a medida do poder que deveria ter, tornou-se a medida de seu fracasso sem fim. <\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n

A Chegada\u00a0<\/em>brinca com onisci\u00eancia, mas ao contr\u00e1rio do conto de Chiang – e do romance de Lem – \u00a0para por a\u00ed.<\/p>\n

Seu foco \u00e9 obviamente outro. O filme \u00e9 um coment\u00e1rio t\u00edpico sobre a\u00a0nova era Trump, refor\u00e7ando a \u201cfor\u00e7a na uni\u00e3o\u201d e a necessidade de abrir fronteiras. De certa forma, \u00e9 uma vers\u00e3o adulta de Pacific Rim, <\/em>apresentando o globalismo como \u00a0panaceia.<\/p>\n

\u00c9, no entanto, um \u201cglobalismo\u201d bem made in America<\/em>, em que todos falam ingl\u00eas e compartilham os mesmos valores. Mas e se aquilo que nos tornar diverso tamb\u00e9m nos impedir de trabalhar juntos?<\/p>\n

E se nossas l\u00ednguas de fato moldarem nossas vis\u00f5es de mundo, nossas culturas… nossas\u00a0<\/strong>identidades<\/strong>?<\/p>\n

Neste “Admir\u00e1vel Mundo Novo” unificado pela l\u00edngua perfeita, n\u00f3s continuar\u00edamos a ser quem somos? Ou virar\u00edamos uma nova humanidade, modelados por um\u00a0Deus aleijado?<\/p>\n

\"arrival<\/p>\n

A Chegada <\/em>louva a linguagem como ferramenta de uni\u00e3o, mas se esquece de que \u00e9 igualmente\u00a0eficiente como uma arma de aliena\u00e7\u00e3o. As minorias lingu\u00edsticas ao redor do globo, que viram suas culturas desaparecerem sob o jugo de\u00a0pot\u00eancias homogeneizadoras, aprenderam isto do jeito mais dif\u00edcil.<\/p>\n

Sim, n\u00f3s nem sempre nos entendemos. \u00c0s vezes batemos cabe\u00e7a, somos maus com os outros, guerreamos por nada. Mas \u00e9 esta teimosia que nos faz humanos.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Tudo isso que eu j\u00e1 vi na guerra, (…) tanta falta de sentido, viol\u00eancia… me fez pensar sobre falta de comunica\u00e7\u00e3o. Quer dizer, essa n\u00e3o \u00e9 a raiz de tudo isso? Conflitos, guerras… no final das contas, n\u00e3o \u00e9 tudo quest\u00e3o de linguagem? As palavras que ouvimos e que dizemos e que n\u00e3o s\u00e3o sempre […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":14784,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"spay_email":"","jetpack_publicize_message":"","jetpack_is_tweetstorm":false},"categories":[580,17],"tags":[27,86,134,176,226,364,366,382],"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/i1.wp.com\/www.finisgeekis.com\/wp-content\/uploads\/2017\/02\/arrival-header.jpg?fit=1900%2C1651","jetpack_publicize_connections":[],"jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/p9rUzW-3Qn","_links":{"self":[{"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/14779"}],"collection":[{"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=14779"}],"version-history":[{"count":3,"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/14779\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":21258,"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/14779\/revisions\/21258"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media\/14784"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=14779"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=14779"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/www.finisgeekis.com\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=14779"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}