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Kuzu no Honkai – finisgeekis http://www.finisgeekis.com O universo geek para além do óbvio Mon, 25 Feb 2019 16:54:32 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.7.11 https://i2.wp.com/www.finisgeekis.com/wp-content/uploads/2019/02/cropped-logo_square.jpg?fit=32%2C32 Kuzu no Honkai – finisgeekis http://www.finisgeekis.com 32 32 139639372 4 livros para quem curte “Kuzu no Honkai” http://www.finisgeekis.com/2017/03/06/4-livros-para-quem-curte-kuzu-no-honkai/ http://www.finisgeekis.com/2017/03/06/4-livros-para-quem-curte-kuzu-no-honkai/#comments Mon, 06 Mar 2017 20:27:09 +0000 http://finisgeekis.com/?p=15661 Grande sucesso da temporada, Kuzu no Honkai tem colecionado elogios por nos apresentar uma história que não vemos todos os dias: um antirromance.

Enquanto que muitos autores nos trazem amores açucarados e previsíveis, o anime se destacou por trazer personagens imperfeitas, em relações que trazem mais dor que felicidade. Um balde de água fria em um gênero marcado pela idealização.

Antirromances podem ser raros no mundo da anime. Porém, como todos que passaram por uma grande decepção sabem muito bem, amores tóxicos e angustiantes existem desde que o mundo é mundo.

Não é de se esperar, portanto, que já tenham inspirado incontáveis histórias.

Se você ficou fascinado pela mescla de desejo, sonhos despedaçados e amadurecimento  de Kuzu no Honkai e está atrás de obras parecidas, abaixo vão quatro livros que retratam o amor jovem como ele muitas vezes é: triste, enlouquecedor e sexual.

Norwegian Wood – Haruki Murakami

 Norwegian-Wood.jpg– Há pessoas que conseguem abrir seus corações e pessoas que não conseguem. Você é um dos que conseguem. Ou, mais precisamente, você conseguiria se você quisesse.

–  O que acontece quando as pessoas abrem seus corações?

Cigarro pendurado entre os lábios, Reiko juntou as mãos sobre a mesa. Ela estava curtindo aquilo.

– Elas saram.

No Ocidente, Haruki Murakami é conhecido pelos seus livros surrealistas. No Japão, foi esse o romance que o lançou de vez ao estrelato.

Norwegian Wood é a história de jovens recém-saídos da adolescência. Ou, melhor dizendo, chutados escada abaixo ao mundo adulto.

Toru Watanabe e o casal Naoko e Kizuki eram melhores amigos no colégio, até Kizuki misteriosamente cometer suicídio. Prestes a entrar na faculdade e descobrir as alegrias da vida, Toru e Naoko desenvolvem uma relação de confidência, culpa e desejo reprimido.

Dividido entre os traumas do passado e a euforia da vida universitária, Toru se flagra em um triângulo amoroso entre Naoko e a excêntrica Midori, uma garota extrovertida que ameaça  virar sua vida de ponta cabeça.

Haruki Murakami é um dos melhores escritores do Japão, e Norwegian Wood deixa isso bem claro. Transbordando de sinceridade, o romance aborda o drama de jovens que não sabem se amam, não sabem se querem amar, mas precisam de algum afeto nesse mundo louco em que vivemos.

Há Nagasawa, o bon vivant que se gaba de ter dormido com mais de 70 garotas. Há Naoko, que como Hanabi de Kuzu no Honkai sente que o corpo não está em sintonia com sua libido. E há Toru, que como tantos outros homens, fica dividido em criar sua felicidade e “salvar” uma garota perdida.

Norwegian Wood é uma leitura triste, mas de uma tristeza que nos faz sorrir e apreciar melhor a vida. Direto, acessível e pé-no-chão, é um dos melhores romances contemporâneos sobre amadurecimento e despertar sexual.

Uma Outra Educação – Lynn Barberuma outra educação

Mas houve outras lições que Simon me ensinou que eu me arrependo de ter aprendido. Eu aprendi a não confiar nos outros; aprendi a não acreditar no que eles dizem, mas em observar o que eles fazem; aprendi a suspeitar que qualquer pessoa, toda pessoa, é capaz de “viver uma mentira”. Eu passei a acreditar que as outras pessoas – mesmo quando você acha que as conhece bem – são, em última medida, desconhecíveis.

Ao contrário dos outros livros da lista, Uma Outra Educação não é um romance, mas um livro de memórias. Na verdade, um capítulo de um livro de memórias.

Não deixe isso desanimá-lo. A história da adolescência de Lynn Barber é tão inusitada que parece uma obra de ficção.

Lynn é uma adolescente filha de pais caxias, que estudava em um colégio tradicional e sonhava em entrar em Oxford. Sua vida maçante toma uma curva vertiginosa quando conhece Simon, um  adulto charmoso que a introduz ao sexo e à vida boêmia.

Lynn é apresentada a um mundo com o qual até então nunca sonhara: filmes estrangeiros e concertos, restaurantes chiques e fins de semana em Paris. Nem mesmo a carolice de seus pais resistiu ao charme do namorado. Simon era de uma simpatia hipnotizante, e arrebatou sua família com a mesma facilidade com que tomou seu coração.

Tão simpático era, na verdade, que demorou para que Lynn percebesse que alguma coisa estava errada.

Quanto mais o conhecia, menos sua façada de bom-mocismo fazia sentido.  A garota descobriu que ele era um vigarista profissional, vivendo de golpes e desencontros com a lei.

Até que ponto podia confiar em tal sujeito? Seria seu namoro, também, um faz-de-conta elaborado?

Uma Outra Educação é o cenário distópico do que aconteceria a Mugi e Hanabi se seguissem às últimas consequências suas paixonices pelos professores.

Lynn Barber, no entanto, conta sua história com tanto bom humor e leveza que transforma sua tragédia pessoal em uma comédia de erros.

Perspectiva é tudo. Se histórias de formação geralmente são contadas pelos olhos de adolescentes – ou, pelo menos, de adultos saudosos da adolescência – Barber é uma jornalista sexagenária, que trabalhou para a revista masculina Penthouse.

Com maturidade de sobra e papas na língua de menos, ela nos mostra que o mundo é cheio de manipuladores, mas que mesmo o pior dos ardis é, em si próprio, uma educação.

Aos interessados, o livro foi adaptado a um excelente filme em 2009, com o roteiro escrito por ninguém menos que Nick Hornby, de Alta Fidelidade e Um Grande Garoto.

Amor sem Fim – Scott Spencer

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Tudo o que poderíamos ter dito é que você e Jade ainda não estavam prontos, de certa forma, para os prazeres da carne. Mas como nós poderíamos dizer isto quando estávamos praticamente loucos de inveja de seu amor um pelo outro? Vocês eram todos as nossas fantasias românticas subitamente encarnadas; negar vocês teria sido como negar a nós mesmos.

Amor sem Fim começa pegando fogo. Literalmente.

Proibido de ver sua namorada, o adolescente David resolve atear fogo em sua casa. Seu plano? Fingir que estava apenas de passagem, salvar sua família das chamas e readquirir o direito de vê-la.

Sua artimanha cai por terra tão cedo é colocada em prática. David é enviado a um hospital psiquiátrico, onde permanece por vários anos.

Quando é liberado, tenta reencontrar o amor de sua vida. Mal sabe ele que da sua paixão só virão mais tragédias – para ele e para aqueles ao seu redor.

Amor sem Fim é para os romances o que Oyasumi Punpun é para os mangás. Trata-se da história de um jovem que vê seu amor de juventude degringolar em uma espiral de perdas, morte e auto-destruição.

Como na obra-prima de Inio Asano, o sexo é apresentado de forma gráfica e chocante. Que Scott Spencer tenha conseguido juntar tudo isso em uma história tão bela é prova de sua habilidade como escritor.

Ao contrário do que sugere o título, o romance não é uma história sobre amor, e sim obsessão. Obsessão, porém, de um protagonista tão crente em seu próprio delírio que acaba por nos arrancar simpatia.

Grande parte dos “antirromances” nos trazem personagens que não se amam de verdade. Kuzu no Honkai não é uma exceção. Amor sem Fim, no entanto, nos mostra o que acontece quando se ama em excesso.

Há um quê de atraente na devoção de David, e é isto que faz da sua história apavorante. No fundo, no fundo, todos já desejamos matar ou morrer por paixão.

Bestseller na época em que foi lançado, o livro de Scott Spencer foi criminosamente esquecido com o passar dos anos. Duas adaptações horríveis ao cinema mancharam sua reputação com o grande público.  No Brasil, sua edição está há muito esgotada.

Felizmente, em tempos de Kindle e Estante Virtual, o erro pode ser finalmente remediado.

A Instrução dos Amantes – Inês PedrosaA Instrução dos Amantes.jpg

Dinis era triste como os outros são bonitos ou feios. Antes fosse mau, porque a maldade é uma deliberação da vontade, uma reacção à ferida própria dos grandes amantes. A tristeza, quando se apresenta assim de raiz, provoca danos irreparáveis. Porque a tristeza tem um único antídoto de sobrevivência, que é a crueldade.

A Instrução dos Amantes nos mostra um “erro” logo de início. Cláudia apaixona-se por Dinis no funeral da amiga Mariana, que todos pensam ter se suicidado.

Romance de estreia da portuguesa Inês Pedrosa, o livro acompanha um grupo de adolescentes perdidos, encontrados e ludibriados pelo primeiro amor.

Ricardo é o líder cobiçado de um grupo de bad boys (e bad girls). Cláudia é sua namorada, mas não o ama. Dinis, por quem perde a cabeça, é um intelectual blasé que aceita seu corpo, mas desdenha seu amor. Teresa, perdida nos confins da friendzone, ajuda os outros a desencalharem enquanto sonha com seu príncipe encantado.

Se Norwegian Wood e Amor sem Fim trazem à toca as mazelas de Mugi, Hanabi e Akane, A Instrução dos Amantes é sem dúvida o livro de Moca.

Mais inocentes (e um tiquinho mais novos) que os jovens de Murakami e Spencer, as personagens de Pedrosa sofrem a descoberta de que pensar sobre o amor e vivê-lo são duas coisas bem diferentes. Nem sempre conciliáveis.

Como Lynn Barber, Pedrosa encara o amadurecimento como um aprendizado. Mais do que a autora inglesa, no entanto, ela nos mostra como esse processo deixa marcas.

Nas palavras de um crítico português, sua instrução é uma ferida que deixa cicatrizes. Crescer implica em levar tombos e ver nossos sonhos rolarem pelo asfalto. Saímos da experiência mais forte, mas um pouco ralados.

Inês Pedrosa é uma escritora bem portuguesa, e seu livro está recheado de gírias do Velho Continente. Se palavras como “rapariga”, “rezingona” e “goínha” não atrapalharem sua suspensão de descrença, A Instrução dos Amantes não falha em ser uma leitura surpreendentemente agradável.


Embora falem de assuntos parecidos, esses quatro livros possuem muito pouco em comum. Seus autores nasceram e viveram em países diferentes. Como artistas, suas prioridades não poderiam ser mais distantes.

Montando essa lista, no entanto, não pude deixar de perceber uma coisa: as quatro histórias se passam nos anos 1960 e 1970. Justamente a época da Revolução Sexual

A historiadora Mary del Priore, que citei em outro artigo, parece ter razão. A liberdade amorosa trouxe consequências para nossos relacionamentos que nos perseguem até hoje. Nem sempre, esses romances nos mostram, da forma como imaginamos.

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“Kuzu no Honkai” e a ditadura do orgasmo http://www.finisgeekis.com/2017/02/13/kuzu-no-honkai-e-a-ditadura-do-orgasmo/ http://www.finisgeekis.com/2017/02/13/kuzu-no-honkai-e-a-ditadura-do-orgasmo/#comments Mon, 13 Feb 2017 22:04:47 +0000 http://finisgeekis.com/?p=14966

Vez ou outra surge um anime que nos pega  de surpresa.

Para nós, blogueiros, o último sucesso com certeza foi Kuzu no Honkai. Meus colegas Vitor do Otaku Pós-Moderno e Fábio do Anime 21 me contaram que a série não só virou uma sensação, como fizeram suas resenhas quebrarem recordes de tráfego.

A atenção é merecida. A série pode parecer só mais um drama escolar, mas se afunda no tema que nunca falha em despertar interesse – ou polêmicas.

Sexo.

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Kuzu no Honkai, no entanto, não é apenas um pornô softcore. É uma das melhores explorações de sexualidade adolescente que o mundo do anime já trouxe. E que ressalta uma pergunta mais antiga que a modernidade:

O que, afinal, é esse “sexo” que tanto atormenta os jovens?

O sexo nosso de cada dia

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Parte do sucesso de Kuzu no Honkai está em como desafia nossas expectativas.

O anime acompanha Hanabi Yasuraoka e Mugi Awaya, dois colegas do ensino médio. Ambos têm paixonices platônicas por adultos que estão fora de seu alcance. Mugi ama Akane, sua professora de música. Hanabi ama Kanai, figura paterna presente desde a infância.

Impedidos de consumar seus desejos, eles decidem virar “namorados” de mentira, “amigos coloridos” que “usam” um ao outro como substitutos de seus amados. A regra é uma só: independente do que acontecer, eles nunca devem se apaixonar.

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É o roteiro de incontáveis comédias românticas batidas, mas que o anime da Lerche, baseado no mangá de Mengo Yokoyari, vira de ponta cabeça.

Para o desespero de fãs de romance – e alegria dos que detestam a fórmula – Kuzu no Honkai passa longa da história bonitinha de amigos que descobrem a felicidade do amor.

Como disse Jacob Chapman do ANN, este não é um anime sobre amar os outros, mas sobre odiar a si mesmo. Tal como Umibe no Onnanoko de Inio Asano, é sobre jovens que levam o sexo para um caminho auto-destrutivo – e tudo o que perdem no caminho.

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Kuzu no Honkai  não é um anime erótico mais do que um anime sobre o erotismo. É uma história sobre a iniciação sexual: a época tão esperada – e assustadora – das nossas vidas que a grande mídia insiste em retratar com a inocência de um comercial de margarina.

O anime não tem medo de “sujar as mãos” e mostrar episódios pelos quais todos passamos, mas raramente falamos. De uma garota lavando o sêmen que grudou na roupa às dores do vaginismo, ele é um dos retratos mais realistas de sexo que a censura R+ (não-hentai) pode oferecer.

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Mais importante, Kuzu no Honkai aborda as confusões e dilemas pelas quais adolescentes passam ao começarem a vida sexual. E os traumas que sofrem quando exigem de si mais do que seus corpos – e suas mentes – estão dispostos a dar.

A ditadura do orgasmo

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Dizer que adolescência tem tudo a ver com sexo é um dos clichés mais antigos que existem. Mesmo assim, há quem diga que a juventude moderna está bem distante do estereótipo “sexo, drogas e rock n’roll” popularizado por Skins.

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O seriado “Skins”

E não falo apenas da pesquisa que está circulando em grupos otakus, dizendo que os jovens de hoje fazem menos sexo do que nos anos 1960. Há quem diga que, de uma libertação, o sexo virou uma prisão.

A opinião é da historiadora Mary del Priore. Anos atrás, ela escreveu um livro argumentando que a Revolução Sexual quebrou alguns tabus, mas trouxe outros.

Muita coisa mudou, é verdade. A pílula anticoncepcional libertou as mulheres do fardo da gravidez. O sexo antes do casamento se tornou normal. Relações homossexuais passaram (lenta, mas gradualmente) a ser aceitas.

Os jovens dos anos 1960 viraram de ponta cabeça nossa relação com a sexualidade, e sua influência – e a felicidade das gerações futuras – não pode ser subestimada.

Porém, a Revolução Sexual trouxe também outro tipo de fruto. Do “amor livre”, veio a mentalidade que o amor “preso” deveria acabar. Monogamia virou coisa do “rebanho”, não de pessoas “interessantes”. De direito, sexo virou obrigação, e quem não transava – ou não transava o suficiente- passou a ser mal visto.

É a ditadura do orgasmo.

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Kuzu no Honkai mostra com todas as letras a angústia dessa geração. Hanabi e Mugi não se relacionam apenas para aliviar a dor de cotovelo. Eles sentem que precisam transar, mesmo que o sexo não lhes traga nada além de tristeza, dor e ódio próprio.

Nos quadros do anime, vemos preliminares, sexo, “primeiras vezes”. O que não vemos é amor, satisfação ou qualquer tipo de alívio. Não há sequer o prazer vazio que move adolescentes menos torturados de outras histórias.

Se para alguns o sexo é uma fuga ou um veículo de “empoderamento”, para os jovens de Kuzu no Honkai é uma droga: ele os destrói, mas sem ele não conseguem viver.

Da senpai que tirou sua virgindade, Mugi se recorda: “ela se sentia sempre solitária. Não era normal“. Hanabi chega na mesma conclusão por outro caminho. Após uma noite de sexo frustrado, sem conseguir extravasar o desejo, o terror a assombra: ficar sozinha é insuportável.

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As relações de Kuzu no Honkai são extremas, mas as angústias que elas retratam não.

Quem nunca beijou alguém por quem não se atraía para não virar motivo de chacota? Ou insistiu em um namoro insosso pelo medo de ficar sozinho? Ou transou com um (ou vários) desconhecido(s) para depois se sentir sujo e patético, um “pedaço de carne” humano?

Atire a primeira pedra quem nunca, em algum momento da vida, não sentiu, como Mugi, que estava deixando a adolescência escapar pelos dedos? 

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Como disse o filósofo Ryszard Legutko, nossa época criou a impressão de que precisamos estar estimulados 100% do tempo. O problema, como bem disse o Guiper do Otaku Pós-Moderno, é que uma vida de estímulos fáceis traz apenas o tédio.

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Estamos esclarecidos? Ou só confusos?

Mary del Priore publicou A História do Amor no Brasil em 2006. Curiosamente, mais ou menos na mesma época em que a saga Crepúsculo se tornava um fenômeno editorial.

timing não poderia ter sido mais perfeito. A quadrilogia da Stephanie Meyerde fato, é um protesto contra a “ditadura do orgasmo”. A série é uma apologia à castidade, mostrando a virtude de controlar os hormônios e amar do jeito “certo”. De preferência, depois do casamento.

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Teria a historiadora acertado? Dez anos depois, as coisas parecem diferentes. O sexo tem se tornado cada vez mais popular no gênero young adult. Séries como garota ama garoto se gabam de mostrar a sexualidade jovem como ela é. Mesmo o açucarado John Green, de A Culpa é das Estrelas, causou polêmica ao incluir uma cena de sexo oral em Quem é Você, Alasca? 

Claro, o mainstream é uma faca que corta dos dois lados. O interesse pode indicar que estamos encarando o sexo como algo mais normal. Ou, pelo contrário, que nos sentimos perdidos, buscando na arte alguma resposta para nossa confusão.

Como conclui Mary del Priore:

Há grande contraste entre o discurso sobre o amor e a realidade da vida dos amantes. O resultado? Escreve-se cada vez mais sobre a banalização da sexualidade e o desencantamento dos corações enquanto o amor mantém-se um sentimento sutil e importante que continua a fazer sonhar, e muito, muitos homens e mulheres.

O mesmo vale para o sexo. Lolita foi publicado em 1955. O Retrato do Artista Quando Jovemem 1916. O Despertar da Primavera (a peça, não o musical), em 1891(!)Se existe uma “ladra de adolescências” à solta, Mugi não foi sua primeira vítima – e não será a última.

É por isso, talvez, que histórias como Kuzu no Honkai continuarão a ser contadas.

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