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Hiroki Azuma – finisgeekis http://www.finisgeekis.com O universo geek para além do óbvio Mon, 25 Feb 2019 17:54:14 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.7.11 https://i2.wp.com/www.finisgeekis.com/wp-content/uploads/2019/02/cropped-logo_square.jpg?fit=32%2C32 Hiroki Azuma – finisgeekis http://www.finisgeekis.com 32 32 139639372 Shinkai e “Kimi no Na Wa”: A ‘era dos otakus’ realmente terminou? http://www.finisgeekis.com/2016/09/12/shinkai-e-kimi-no-na-wa-a-era-dos-otakus-realmente-terminou/ http://www.finisgeekis.com/2016/09/12/shinkai-e-kimi-no-na-wa-a-era-dos-otakus-realmente-terminou/#comments Mon, 12 Sep 2016 22:21:45 +0000 http://finisgeekis.com/?p=10090  

Há algo de podre no reino dos animes. Ou, pelo menos, é o que se diz por aí.

Fãs de Makoto Shinkai, o celebrado diretor de 5 Centímetros por Segundo, devem saber que seu novo filme, Kimi no Na Wa, acaba de ser lançado no Japão. Alguns figurões da indústria já tomaram a internet para despejar seus elogios.

O que talvez não tenham ouvido é que o filme provocou também reações um tanto estranhas.

Hiroki Azuma, um dos principais especialistas em anime no Japão, disse que o filme é a prova de que “a era dos otakus” finalmente acabou.

Nas suas palavras:

Eu concordo completamente com a análise do [Daisuke] Watanabe. [A imaginação] do sekaikei e dos games bishoujo ganharam popularidade nacional ao dar a seus protagonistas vidas pessoais satisfatórias. Mas eu não estou otimista em relação ao que vem depois. Kimi no na Wa parece menos um começo de uma era do que o fim de outra. Para ser sucinto, ao assistir Shin Godzilla Kimi na Na Wa eu senti que a era otaku acabou. A imaginação dos otakus ‘Gainax’ da primeira geração e os otakus ‘sekaikei’ da segunda geração amadureceu. (…) Aquela falta de rumo e de esperança desapareceu completamente. Isto pode ser bom e isto pode ser ruim. Em todo caso, como alguém nascido em 1971 que acompanhou mídia otaku a vida inteira, eu acho que esse ano será visto no futuro como um turning point.

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Como era de se esperar, o comentário causou frisson. Alguns leram nele o julgamento de que a mídia otaku teria “crescido”, e não estaria mais nas mãos de fanboys. Já outros ressuscitaram o velho argumento de Hayao Miyazaki de que otakus são uma praga que precisa acabar.

Outros ainda, imagino, devem ter se perguntado por que raios um “especialista” decidiu implicar com o filme de um dos diretores mais celebrados da animação contemporânea.

Em tempo: otakus podem respirar tranquilos. Azuma não quis dizer que fãs de anime estejam mortos, nem que o anime é uma mídia degenerada. Ele, próprio, está envolvido como poucos na mídia: é o autor da história de Fractale  e publicou livros sobre o mundo dos animes (os quais eu mesmo já comentei aqui antes).

Pelo contrário, o que Azuma está dizendo é algo muito maior e mais importante – porém, não necessariamente mais óbvio.

Para entendê-lo, no entanto, é preciso viajar um pouco pela história do Japão

A era do impossível

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Nos anos 1980, o futuro parecia brilhante para a Terra do Sol Nascente. Enquanto muitas nações amargavam em crises financeiras e políticas, o país contava com uma economia aquecida, uma popular indústria midiática e otimismo para dar e vender.

Para alguns, como o político e escritor Shintaro Ishihara, o Japão estava a caminho de se tornar a próxima grande potência global. No livro O Japão que Sabe Dizer ‘Não’,  defendeu que os japoneses poderiam até mesmo abandonar o vínculo com os EUA nos quais se sustentavam desde 1945.

Em 1995, dois baques colocaram essa visão por terra.

Do primeiro, as imagens falam por si só:

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O Grande Terremoto de Kobe foi o maior tremor  a atingir o Japão desde 1923. Com quase 7 pontos na escala Richter e um saldo de mais de 6000 vítimas, foi uma tragédia sem precedentes para a maioria das pessoas vivas em 1990.

Tal como os nova-iorquinos após o 11/09, os japoneses de 1995 sentiram que seu mundo havia virado de ponta cabeça. Ao saírem nas ruas pela manhã, encontraram uma cena que, até então, esperavam encontrar apenas em filmes de kaiju.

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Infelizmente, a tragédia não pararia por aí. Apenas dois meses depois, a seita apocalíptica Aum Shinrikyo realizou um ataque terrorista ao metrô de Tóquio.

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Se a ação já foi terrível, o método utilizado elevou o ataque a outro patamar de crueldade. Em vez de bombas, a Aum Shinrikyo fez uso do gás Sarin, uma arma química de destruição em massa que destrói o sistema nervoso sem causar danos físicos.

Em um minuto, milhares de japoneses estavam penduradas no metrô a caminho do trabalho. No instante seguinte, pessoas inexplicavelmente começaram a perder controle de seus sentidos, ficar cegas ou desabar ao chão.

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O atentado foi um dos eventos mais traumáticos na recente história do país. Para alguns, atrás apenas da Bomba de Hiroshima.

A repercussão na cultura japonesa foi gigantesca. O famoso escritor Haruki Murakami realizou uma série de entrevistas com sobreviventes, que publicou como o livro Underground: O Ataque de Gás de Tóquio e a Mentalidade Japonesa. Histórias sobre seitas e atentados à população civil também ganharam as páginas de muitos de seus romances.

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O episódio inspirou ainda vários animes e mangás, incluindo Oyasumi Punpun de Inio Asano, Paranoia Agent de Satoshi Kon e Mawaku Penguindrum de Kunihiko Ikuhara.

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Não dá para ser mais explícito do que estampando a data do atentado em um vagão de metrô

Para a auto-confiança dos japoneses, o ano de 1995 não poderia ter sido pior. O próprio Shintaro Ishihata, então deputado, engoliu seu orgulho e abandonou sua então carreira política.

Se antes se acreditavam acima de qualquer ameaça, o terremoto de Kobe mostrou que a pequena ilha que chamavam de lar poderia desaparecer da noite para o dia – e provavelmente o faria, mais cedo ou mais tarde.

Já o atentado de Tóquio, perpetrado por um grupo fanático religioso (com vínculos com o próprio Ishihata!), mostrou que toda sua modernidade não era suficiente para protegê-los da mais absurda das crendices.

Algo soa familiar? Não é por acaso. Ainda em 1995, essas angústias encontraram seu lugar naquele que logo se tornaria um dos animes mais famosos de todos os tempos.

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Síndrome Pós-Evangelion

Para Hiroki Azuma, o mesmo que agora nos conta sobre o “fim” da era otaku, os traumas de 1995 deram popularidade a um gênero próprio de histórias: o  sekaikei.

Também conhecido como “síndrome pós-Evangelion” por motivos óbvios, esse estilo se caracteriza por um cenário de perigo apocalíptico e pelo drama de um protagonista (geralmente adolescente) em uma relação complicada com uma garota.

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Ameaças de fim de fundo e romances juvenis não são coisa nova. O que separa o sekaikei do que veio antes é o fato de que, nessas histórias, há muito pouco além disso.

O worldbuilding é mínimo; as personagens coadjuvantes, decorativas. Não espere divagações geopolíticas, explicações metafísicas ou personagens tridimensionais. Os protagonistas dos sekaikei estão soltos em um mundo sem nada além de sua crush e de um inimigo descomunal que carrega a humanidade na ponta dos dedos.

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Se você já se flagrou assistindo a um anime e se incomodou com o desperdício de lore ou falta de exposição, saiba que foi proposital. Para o sociólogo Masachi Osawa, a “era do impossível”, como ele chama o Japão pós-1995, foi marcada por uma enorme desconfiança em relação à política e uma dificuldade em criar vínculos com os outros.

Quando o governo não consegue nos manter seguros, não há por quê acreditar que queira nosso melhor. Quando nosso colega de metrô pode se mostrar um terrorista, até mesmo conversar com estranhos se torna uma roleta russa.

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O resultado são protagonistas sem uma comunidade para chamar de sua, sem interesse ou conhecimento de política e sem paciência para olhar muito à frente. Se, como disse Frank Miller, os anos 1980 foram uma época de “ronins”, o Japão dos anos 1990 teve o seu próprio surto de samurais sem mestre.

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É dessa “falta de rumo e de esperança” de que Azuma fala ao dizer que a era dos otakus acabou. De um lado, Makoto Shinkai, que contribuiu ele próprio com o sekaikei no anime A Voice of a Distant Star, parece ter encontrado um antídoto para sua melancolia.

De outro, Shin Godzilla, retorno do clássico dos filmes de kaiju, mostra que o trauma do terremoto finalmente passou. Depois do tsunami e desastre nuclear de Fukushima, a velha lagartixa crescida e seu bafo radioativo não carregam a mesma gravitas.

Uma nova era dos otakus

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Levando tudo isso em conta, é difícil negar que muito já mudou desde as angústias dos anos 1990. Pelo contrário, é até estranho pensar que as fantasias apocalípticas do sekaikei se mantiveram firmes e fortes durante todo esse tempo.

Essa é a opinião de Motoko Tanaka, que estudou enredos de anime produzidos nas últimas décadas. Para ela, nos anos 2000 o sucesso de Battle Royale e a repercussão do 11/09 inspirou uma geração de histórias “cão come cão”, com conspirações terroristas ou anti-heróis justiceiros.

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Mais ou menos na mesma época, Lucky Star e depois K-ON! popularizaram uma nova era de otimismo e ficção feel good  que segue forte até os dias de hoje.

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Não era para ser diferente. Como disse Noritoshi Furuichi, o sociólogo favorito de Inio Asano, os jovens japoneses, apesar de todos os pesares, nunca estiveram tão felizes.

Outras gerações podem se preocupar com o fim do mundo, seitas terroristas e reviravoltas políticas. A juventude nipônica de hoje, com amplo acesso à tecnologia, entrada tardia no mercado de trabalho e pais abastados capazes de sustentá-los enquanto “procuram a si mesmos”, tem prioridades mais modestas.

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Pode bem ser que uma época tenha chegado ao fim. Porém, com tanta coisa acontecendo, é mais fácil admitir que novas “eras de otakus”  estejam apenas começando.

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“Cultura otaku” é cultura japonesa? http://www.finisgeekis.com/2015/08/10/cultura-otaku-e-cultura-japonesa/ http://www.finisgeekis.com/2015/08/10/cultura-otaku-e-cultura-japonesa/#comments Mon, 10 Aug 2015 18:42:28 +0000 http://finisgeekis.com/?p=540 Para nós, do outro lado do mundo, essa pergunta soa estranha. O Guia da Cultura Japonesa carrega uma seção inteira sobre o assunto (algo de se esperar, já que é publicado pela JBC). No bairro da Liberdade em São Paulo mangás e merchandise otaku dividem espaço com kimonos, mistura para missô e cogumelos shiitake. Mesmo os mais ávidos “militantes” anti-anime reconhecem seu carimbo nipônico: anos atrás, um deputado americano declarou que a mídia é a prova de que duas bombas não haviam sido suficientes.

O leitor pode ficar surpreso ao saber que na terra do sol nascente essa opinião tem seus contrários. Políticos como Shintaro Ishihara, ex-prefeito de Tóquio, aproveitam cada oportunidade para atacar a influência da cultura otaku na “saúde dos jovens”, a ponto de terem trocado farpas com gigantes da indústria com um projeto de lei de controle da mídia anos atrás. Ishihara não é um único: para vários japoneses, mangá e anime não são cultura japonesa “de verdade”. Para eles, não passariam de perversões ocidentais que retratam – quando não zombam – de símbolos nipônicos legítimos. O “verdadeiro Japão” não usa palavras em inglês em seu vocabulário, nem baba com garotas estilizadas de pouca roupa e heróis de topetes coloridos. Estes são costumes ocidentais – em especial, americanos – que japoneses abraçaram por vergonha, ignorância ou degeneração.

Por mais histéricos que esses críticos soem, eles não estão 100% errados. Há algo de não-japonês na cultura otaku, que abala a própria ideia de uma “cultura japonesa”. Porém, como em todas as coisas, a verdade é sempre mais complicada.

Quando os japoneses foram proibidos de ser japoneses

Hiroki Azuma, um autor que já citei aqui algumas vezes, tem uma explicação. Além de crítico especialista em cultura otaku, ele é o escritor da história que inspirou o belo anime Fractale e é parceiro de Takashi Murakami no movimento Superflat. Para aqueles que não são familiares com o mundo da arte, Murakami é um pintor que incorpora influências da animação japonesa e da cultura pop em seus trabalhos. Dá para perceber, portanto, que para ele a questão é pessoal.

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Gero tan, de Takashi Murakami

Segundo Azuma, tudo começa – como as coisas, no Japão contemporâneo, geralmente começam – com a Segunda Guerra Mundial.  Entre 1945 e 1952, o Japão esteve ocupado pelas forças armadas dos Estados Unidos. Se por um lado os americanos acabaram com a terrível censura do regime de Hirohito, por outro colocaram, eles mesmos, suas proibições. Obras “indecentes” ou que fizessem apologia ao militarismo eram proibidas de circular. Na prática, isto significou que uma boa parte da cultura que os japoneses tinham de mais cara fosse banida ou controlada, dos filmes de samurai ao próprio shintoísmo, a religião oficial do país. De um dia para outro, um povo que se via no dever de se orgulhar da própria cultura teve de aprender a esquecê-la. Não é um trauma fácil de se resolver. Para a sorte dos japoneses, eles tiveram uma ajudinha do estrangeiro.

Nos anos 1970 e 1980, um novo jeito de encarar a arte e o mundo chegou ao Japão. Esta filosofia, criada na França para pensar na loucura e histeria das novas mídias que surgiam, se baseava em uma ideia simples.

Um dia, no passado, a realidade era apenas o que havia à nossa volta. Obras de arte, escritos e entretenimento eram um tempero a mais, um toque de criatividade que curtíamos de quando em quando e que sabíamos separar do mundo que nos cercava.

Alguns séculos depois, a situação era outra. Rádio e TV viraram itens indispensáveis cujos programas nos acompanhavam dia e noite. Com os walkmen (depois CD players e iPods) a música passou a ser algo presente em cada segundo de nossas vidas. Com as telas (primeiro na sala, depois nos quartos, bolsos e relógios) nosso dia a dia deixou de ser físico para abraçar o virtual. Programas, desenhos e comerciais não eram mais um tempero: eles haviam se tornado parte da realidade. Pense só em sua infância e em quantas memórias você tem de jingles, personagens de animação, locutores favoritos ou websites. Recentemente, passamos mais tempo com vídeo, internet e arquivos mp3 do que com um mundo que existe “de verdade” e que podemos “tocar”.

Essas mudanças fizeram a cabeça de uma legião de artistas, que criaram uma arte acessível e criativa, em que nada era o que parecia e a própria existência era posta em xeque. Neste mundo, personagens interagiam com seres imaginários e manifestações dos seus próprios sentimentos. Às vezes, eles temiam estar ficando loucos. Outras vezes, eles “descobriam” que são personagens em uma história e lutavam para se libertar do autor.

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O resultado é uma “fantasia” igual a nenhuma outra. Não é mágica ou coerente como os livros de Tolkien e seus milhares de imitadores. Não é séria como a low fantasy que lida com monstros (fantásticos ou humanos). Não é “afeiçoada à pátria” e politizada como o realismo fantástico da América Latina. É, fiel à sua origem, uma mistura desvairada de cultura pop, memes, cores vibrantes e doidices aleatórias.

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Qualquer semelhança com o anime não é mera coincidência. Quando os japoneses foram apresentados a essa corrente, algo incrível aconteceu.

A “domesticação” da cultura pop

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Para artistas ansiosos em expor a cultura, modo de vida e desassosegos de seu país, porém sem saber como escapar do rótulo de “americanizados”, essa nova arte trouxe uma saída inédita. E se o mundo moderno, os arranha-céus, as palavras em inglês e  os adereços modernos – do celular aos consoles de games – pudessem se transformar em uma nova cultura? Não, obviamente, do jeito que estavam, mas caso fossem modificados um pouco, misturados aos samurai, shamisen e cerimônias do chá? Afinal, se coisas imateriais já faziam parte da realidade e se não havia mais divisão entre o mundo “real” e “digital”, por que não combinar tudo?

Desse caldeirão surgiu o anime que amamos tanto. O Japão até produzia animações antes da guerra, mas basta uma olhada para perceber que elas não tinham nada a ver com o universo vibrante de Goku, Sakura e Usagi. Obviamente, o anime não foi a única coisa a sair desse choque. Outro Murakami, o escritor Haruki, trouxe à literatura o que seu xará fez com as artes plásticas. O autor, cuja obra influenciou uma série de animes, de Haibane Renmei Angel Beats!, a ponto de ser diretamente citada no surreal Mawaru Penguindrumescreveu histórias que trouxeram Johnnie Walker, Coronel Sanders, o ataque de gás sarin no metrô de Tóquio e a campanha japonesa na Manchúria na Segunda Guerra a um mundo fantástico.

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Livros de Murakami no anime Mawaru Penguindrum

Quase cem anos atrás, Virginia Woolf disse que a arte só começa onde termina a auto-afirmação. Muito se fala sobre preservar as “raízes”, celebrar a “nossa cultura” e acabar com as “influências de fora”. O advento do anime, no entanto, nos passa uma lição contrária. Afinal de contas, ele deu à cultura japonesa algo que ela (com exceção talvez dos trabalhos do Hokusai) nunca antes teve: popularidade inigualável no mundo inteiro. O otaku não tem país. Ele existe em qualquer parte do mundo, tal com os comerciais, mascotes, referências literárias, memes e toda a realidade recortada que celebra.

É importante ter orgulho de onde viemos e de quem somos. Mas às vezes, para compartilhar nossa experiência, nada é melhor do que deixar isso de lado por um instante.

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