Eu tenho Zero Eterno, só falta ler =D De todo modo, por mais cheia de nuances que a realidade seja (e ela sempre é, eu fiz questão de dizer em meu artigo que o Japão certamente era mais do que vendia a propaganda), uma sociedade capaz de gerar kamikazes é uma que eu não gostaria de ver ascender de volta.
]]>Gato de Ulthar:
Eu só faria uma pequena ressalva: nesse caso específico, os vencedores pelo menos parecem mais dispostos a refletir sobre suas ações. O Museu de Pearl Harbor conta o lado japonês da guerra. O bombardeio de Dresden já foi mencionado até em HQ do Capitão América, o mesmo herói que nos anos 1940 esmurrava Hitler. Já no Japão o Massacre de Nanquim, a Marcha da Morte de Bataan e a Unidade 731 são quase sempre ignoradas.
Há também alguns casos em que os perdedores são louvados. A Guerra do Vietnã, o movimento “Lost Cause” no Sul Americano, a Guerra de Inverno na Finlândia e a própria Revolução Constitucionalista em São Paulo, para citar alguns exemplos. Claro, o fato que de que aqueles que evocam esses conflitos são frequentemente acusados de reacionarismo dá força ao seu ponto.
Mexicano:
Dê uma olhada no Zero Eterno (tenho um artigo sobre ele no blog). Ele propõe um olhar bastante diferente sobre os kamikaze e o que os levaram a se matar.
]]>Ter orgulho de quê? De kamikazes? De suicídio coletivo? De continuar matando e morrendo por uma guerra já sabidamente perdida? Os kamizades não foram heróis, os soldados cumprindo seu dever, qualquer que fosse, não importa o quanto acreditassem naquilo que faziam, não morreram e se tornaram heróis. Eles foram vítimas de uma lavagem cerebral produzida pela propaganda imperialista.
Não são heróis os que matam. São heróis os que salvam vidas.
A prova cabal de que não são heróis e que suas mortes não tiveram nenhum propósito para eles em si ou para o bem estar do povo japonês é que a figura do herói é usada justamente para mais campanha imperialista, a mesma que levou a todas essas mortes em primeiro lugar.
]]>Meu comentário foi mais como um “desabafo” em relação a maneira que a história é contada em geral, e em especial ao “medo” dos japoneses se abordar qualquer coisa sobre o tema, sendo Joker Game bastante corajoso por isso. Somente creio que nenhum povo deve ter medo nem vergonha de honrar seus heróis, quantos bravos soldados mostraram seu valor na guerra, sejam nomeados ou não? Atrocidades e crimes de guerra sempre existiram, é só uma questão de se adentrar na história, seja uma tribo indígena do Brasil que há mais de 500 anos massacrava seus rivais, judeus que massacraram os cananeus para conquistar a sua terra prometida, ou os ingleses pilhando e saqueando as cidades na Guerras dos Cem Anos, infelizmente assim é a história do mundo. Mas, isto tudo não deve ser um empecilho para ter orgulho de seu povo e de sua história.
]]>Sem dúvida que se esse anime glorificasse o imperialismo americano ou britânico eu o criticaria por isso também. Mas por razões mais ou menos óbvias isso não acontece. Se a história faz, se os filmes fazem, se pessoas fazem, pode estender minhas críticas à forma como a história é contada, aos filmes, às pessoas. É uma posição de princípio, não de nacionalidade – pelo menos no meu caso. Juro =)
Mas esse artigo é sobre Joker Game, e o meu temor é que ele glorifique o imperialismo japonês, porque foi a impressão que eu tive no primeiro episódio. É só isso que estou criticando.
]]>Mantenho minha preocupação. O anime é lindo, mas pelo menos pelo primeiro episódio a impressão que dá é que o lado bom, honesto e puro é o militar – não o militar em comando, vicioso, estúpido, mas o militar ideal, aquele que está na linha de frente e que aceita de bom grado morrer por seu país. Enfim, o protagonista, não seu comandante gordo trancado em um escritório.
A sua contextualização ficou muito boa! Ela abre ainda mais o leque de possibilidades para a história e de interpretações possíveis. Como eu mesmo disse em meu brevíssimo texto, naturalmente o japonês não era um povo monolítico de pensamento único, isso era apenas propaganda. Eu espero que o anime veja essa propaganda de forma crítica, e espero ver isso no desenvolvimento do protagonista. Mas a história pode ainda optar por outro caminho e dizer que não é que aquilo fosse errado, mas sim que estivesse sendo pervertido e conduzido por pessoas erradas (essa é a desculpa última de todas as ideologias, não é?).
Enfim, gostei muito da parte técnica, mesmo a história é muito interessante se eu desconsiderar os aspectos possivelmente deletérios dela, e vou continuar acompanhando na esperança que seja no fim das contas uma obra que busque criticar de verdade aquela época histórica pela qual o Japão passou.
Em tempos de revisão da interpretação constitucional (como você bem lembrou) e nos quais um anime como Gate não tem o menor pudor em levantar a bandeira do militarismo bondoso japonês, eu tenho os meus motivos para estar ainda desconfiado.
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